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História Terceira Chance - She needs me


Escrita por: jaimencanto

Notas do Autor


Enfim capítulo novinho! Agora é novidade pra quem já acompanhava ela lá do wattpad. Espero que gostem, e só para reforçar: não desistam da história por mais que o sofrimento aumente. Eu prometi, e eu realmente não vou decepcioná-las. Boa leitura <3

Capítulo 5 - She needs me


               Cumprimentei as recepcionistas que já me conheciam, e adentrei o hospital sem precisar ao menos me anunciar. Eu carregava uma rosa como sinal de “desculpas pela demora”, esperando que isso fosse suficiente. Assim que parei à porta do quarto, ouvi algumas vozes vindas de dentro dele e bati antes de entrar. Ao abrir a porta, notei que o quarto estava mais cheio do que o normal, e sorri ao ver que Lety estava muito bem acompanhada.

- Ah, olha ele aí! – Carolina sorriu.

- Estavam falando de mim? – Perguntei adentrando o quarto.

- Sim, estávamos preocupadas querendo saber onde você estava.

- Desculpe, me atrasei mais do que imaginei.

               Segui em direção à cama de Lety e sorri ao vê-la. Queria dizer o quanto senti sua falta durante aquela semana em que fiquei longe, mas pensei que não deveria ser tão emotivo com o quarto tão cheio.

- Oi.

- Oi. – Ela sorriu.

- Desculpe o atraso. Pretendia chegar um pouco mais cedo, mas peguei um engarrafamento na estrada. – Entreguei a rosa para ela.

- Obrigada.

               Eu não esperava encontrar Lety com um semblante animado como estava, mas ainda assim me senti péssimo ao perceber que sua aparência estava um pouco mais cansada do que a última vez em que a vi.

- Acho que agora você está em ótima companhia. – Rosa disse.

- Ah não, por favor, não vão. – Lety os olhou.

- Nosso horário de almoço já está terminando. – Ramón disse. – Mas nós voltamos amanhã.

- Prometem?

- Prometemos. – Carolina sorriu.

               Os três se despediram, e assim que saíram do quarto, Lety abaixou a cabeça olhando para a rosa e eu caminhei para o outro lado da cama, me sentando no banco ao lado.

- Como você está?

- Bem. – Ela respondeu sem me olhar. – Mas não tão bem quanto à uma semana atrás.

               Eu a olhei com pesar.

- Como foi passar uma semana com seu primo?

- Bem. Precisamos de um bom tempo para colocarmos o papo em dia.

               Lety não riu. Apenas ergueu a cabeça e me olhou.

- Está sendo demais para você, não é?

- O que? – Perguntei confuso.

- Tudo isso.

- Por que está dizendo isso?

- Porque não tem outra explicação para você ir à uma viagem tão urgente para se encontrar com seu primo. Você sempre diz que é tão difícil vocês dois se encontrarem, e de repente quando tudo acontece você simplesmente fica longe por uma semana e volta como se nada tivesse acontecido.

- Eu pensei que você tivesse entendido. Você disse que entendia e que eu não precisava me preocupar com...

- É claro que disse. Eu não diria para você não ir.

               Eu entendia que Lety estaria chateada. E já estava esperando por isso. Afinal, há uma semana atrás, assim que ela acordou no hospital e Doutor Walter lhe explicou que seu caso estava se agravando, eu fui logo soltando a bomba de que iria me ausentar por uma semana para me encontrar com meu primo. É claro que eu estava me sentindo péssimo por deixa-la por tanto tempo, principalmente depois de tudo o que aconteceu, mas era algo necessário. E eu não teria tomado essa decisão se não fosse tão importante. Depois de um tempo tentando explicar à ela que precisava disso, ela pareceu entender. Mas é óbvio que não seria tão fácil.

- Eu precisava conversar com ele, mas não por esse motivo.

- Por qual motivo então?

               Me aproximei da cama, segurando sua mão.

- Eles vieram te visitar todos os dias? Os três?

- Sim. – Ela respondeu. – Todos os dias eles passam o horário de almoço aqui. Estão sendo muito gentis.

- Estão mesmo. – Sorri. – Ao menos você não ficou sozinha.

- É, ao menos isso.

               Eu não queria vê-la chateada comigo, mas também não poderia tocar muito naquele assunto. Desde que voltei à cidade, cada passo que eu fazia era friamente calculado, e eu não poderia fraquejar ou deixar que Lety desconfiasse de alguma coisa.

- Então... Como tem sido os seus dias aqui? A comida é muito ruim? Aposto que minha comida é um manjar dos Deuses agora, não é?

               Lety me olhou e sorriu, me deixando um pouco mais tranquilo.

- Não é tão ruim assim.

               Para a minha sorte, ela se animou em que contar sobre sua rotina no hospital. Nada que eu já não soubesse, já que todos os dias mesmo longe, eu ligava para Doutor Walter para me atualizar sobre o que Lety fazia. Mas, como ela estava realmente empolgada em me contar, eu me aprofundei totalmente no assunto e a enchi de perguntas. Isso a animou um pouco mais, e mesmo com rosto pálido e a aparência cansada, ela ainda era a minha Lety. Buscando algo bom até mesmo em momentos como aquele. Passamos algumas horas juntos e enfim eu pude matar a saudade dela.

               Me deitei à cama com ela e conversamos sobre outras coisas, e para a minha sorte, não tivemos tempo para que ela perguntasse o motivo para minha visita repentina ao meu primo. Depois de um tempo conversando, eu percebi que ela se sentia um pouco melhor e pude me sentir aliviado em poder dar uma passada na loja. Eu a deixei por conta de Zac durante todos aqueles dias, e ele merecia alguns dias de folga por isso.

- Eu volto à noite, ok? – Beijei sua testa com carinho.

- Eu estarei te esperando, nesse mesmo lugar. – Ela sorriu.

               Segui até a porta sorrindo para ela, e acenei antes de sair do quarto. Ela retribuiu o aceno e eu saí, me sentindo o pior dos homens. A cada palavra que eu dizia à ela, a cada vez que ela sorria com algo que eu dizia, parecia uma punhalada em meu peito. Apesar de aparentar estar bem perto dela, eu estava péssimo. Estava sobrecarregado e com coisas demais na cabeça para me sentir ao menos feliz. A única coisa que me fazia continuar, era pensar que Lety seria feliz, e isso já bastava para mim.

 

 

 

 

                                                                          •••

 

 

 

               Terminei de arrumar as coisas na prateleira da loja e Zac se aproximou, me encarando. Esperei que ele dissesse algo, mas ele ficou em silencio por um bom tempo, até eu estar curioso demais para saber porque ele me olhava.

- O que foi?

- Você não foi apenas visitar o seu primo, não é?

- Por que está perguntando isso?

- Porque está diferente.

- Diferente como?

- Não sei. Está... Calado. Pensativo.

- Estou preocupado com a Lety, só isso.

- Não é só isso.

               Suspirei e olhei para ele.

- Por que diz isso, Zac?

- Porque eu tenho conheço a tempo suficiente para saber quando está preocupado com alguma coisa, e isso aconteceu depois que você foi visitar o seu primo. Então não é apenas pela Lety.

- Ela está piorando um pouco mais a cada minuto e a cada segundo. Eu obviamente estou muito preocupado com isso.

- Se está preocupado, me desculpe a pergunta, mas porque você se afastou por uma semana?

               Eu deveria saber que Zac era curioso demais para não perguntar isso.

- Só fui fazer uma visita, só isso. Tinha tempos que não nos encontrávamos. – Caminhei em direção ao balcão e ele me seguiu.

- Mas teve que fazer isso justamente quando o caso de Lety piorou?

               Não o respondi, e passei para o outro lado do balcão.

- Há quanto tempo você me ajuda com a loja, Zac?

- Não sei. Uns... Cinco anos. Você tinha acabado de herdar ela do seu pai quando me chamou para ajudá-lo.

- Você gosta de trabalhar aqui?

- Claro que sim.

- E você é feliz trabalhando aqui?

- Mas por que...?

- Só me responda.

- Sim, eu sou. Paga minhas contas, então isso é mais que suficiente.

- Você venderia essa loja se estivesse no meu lugar?

               Ele me encarou.

- Pode me responder com sinceridade.

- Bom... Se o meu pai tivesse deixado ela para mim, eu...

- Sinceridade, Zac.

- Sim. Eu teria vendido e procurado fazer algo que me agradasse.

- E você sabe porque não vendi a loja?

- Não...

- Porque meu pai sempre gostou muito dela, e sempre disse que um homem deveria honrar as coisas que lhe eram dadas de bom grado.

               Zac me olhou confuso.

- E não me arrependo de ter seguido o seu conselho, mas... Esse conselho é uma grande idiotice.

               Ele me olhou surpreso.

- Com certeza se eu não fosse uma pessoa tão sentimental e honrado à minha família, eu teria vendido essa loja e teria viajado pelo mundo na primeira oportunidade. Mas sabe por que não me arrependo? Porque depois de um tempo trabalhando aqui, eu conheci a Lety. E se eu tivesse vendido a loja e viajado pelo mundo, nunca teria conhecido ela.

               Zac sorriu.

- Mas você não precisa disso. Você venderia a loja, e deveria entrar na faculdade para fazer o que gosta.

- Por que estamos falando sobre isso? Meu pai não tem uma loja nem nada do tipo.

               Sorri divertido.

- Não, não tem.

- Você tem certeza que está bem?

- Sim, estou ótimo.

- Não quer que eu fique para te ajudar?

- Não, você está de folga. Mereceu isso.

- Ok então. Eu... Já vou indo.

- Tudo bem.

- Se precisar de algo, me avise.

- Certo. – Sorri.

- Até logo.

- Até.

               Observei Zac se afastar, e me diverti ao ver que ele me olhava até se afastar o suficiente para não me enxergar mais. Balancei a cabeça rindo e peguei um caderno que estava debaixo do balcão, escrevendo algo que eu já sabia que era o óbvio: Zac era uma das pessoas que eu poderia confiar.

 

 

                                                                          •••

 

 

 

               Como havia pouco movimento na loja naquele dia, aproveitei para fechá-la mais cedo e fui até o aquário. Não costumava ir até lá depois que Lety deixou de trabalhar ali, mas sempre fui muito bem tratado pelos seus amigos. A primeira pessoa que encontrei assim que cheguei foi Ramón. Ele estava terminando de separar os alimentos dos peixes, e eu me ofereci para ajudá-lo. Enquanto isso batemos um papo, e eu acabei descobrindo algumas coisas de Ramón que provavelmente nem Lety sabia.

- Eu sou órfão desde os meus sete anos. – Ele disse enquanto trabalhava. – Fui para um orfanato desde então, e lá eu tive que me virar. Comecei trabalhando na peixaria, mas o cara era um babaca. Ele me obrigava a fazer tudo mesmo que eu não ganhasse o suficiente para isso. Ele só me dava algumas moedas para que eu comprasse algo para comer, e à noite ele me deixava dormir no galpão que guardávamos os peixes.

- Você dormia no meio dos peixes?

- Sim. – Ele riu. – Demorou um bom tempo para eu tirar o cheiro de peixe das minhas roupas depois que vim trabalhar aqui, mas acho que por isso fui contratado.

- E quem indicou o aquário para você?

               Eu já sabia a resposta, mas ainda assim queria ouvir de sua boca.

- Foi a Lety. – Ele sorriu me olhando. – Como ela tinha o costume de ir à peixaria nos fins de semana, acabamos conversando muito. Um dia ela viu como o meu ex chefe me tratava, e perguntou porque eu ainda trabalhava para ele. Eu disse que era o único jeito de não morrer de fome, e então ela disse que iria me ajudar. Depois de uns três dias ela voltou dizendo que conseguiu uma entrevista para mim. Eu pensei que não conseguiria, mas depois de uma semana ela voltou dizendo que o cargo era meu.

               Sorri orgulhoso, voltando minha atenção para a comida que eu separava.

- Se não fosse por ela, eu ainda estaria fedendo à peixe e ganhando uma miséria. Ao menos agora eu ganho o suficiente para ter minha própria casa. O cheiro de peixe não tenho certeza se ficou para trás.

               Nós dois rimos.

- Lety foi uma ótima amiga. – Comentei sem olhá-lo.

- Sim, muito. – Ele suspirou. – Devo muita coisa à ela.

               Eu o olhei. Ramón tocou no ponto que eu queria.

- Conhecendo ela tão bem, duvido que ela aceitaria.

- É, eu também. – Ele riu. – Infelizmente, a única coisa que ela precisa, eu não posso dar.

               Continuei a olhá-lo.

- Você a ajudaria mesmo que ela recusasse sua ajuda?

- Eu... Acho que sim. Mas acho que no momento não tenho muito o que fazer.

               Fiquei em silencio, apenas encarando-o.

- Mas, sim. Se eu pudesse fazer algo para ajudar ela, com certeza eu faria. Mesmo que ela dissesse que não era preciso.

               Sorri satisfeito, e logo depois fomos interrompidos quando Carolina se aproximou.

- Ramón, já estamos indo fechar e... Ah! Oi! Eu não sabia que você estava aqui. – Ela sorriu.

- Estava apenas ajudando o Ramón. – Sorri me levantando.

- E obrigado por isso. Terminei o meu trabalho antes do esperado. – Ele riu, pegando os dois baldes de comida. – Vou levar isso lá pra dentro antes de fecharmos.

               Observamos Ramón se afastar, e Carolina virou-se para mim.

- A Lety está bem?

- Sim. Acabei de ligar para ela, e estou indo para o hospital agora.

- Que bom. – Ela sorriu. – Ela sentiu sua falta essa semana.

- É, eu também senti a dela.

- Ela disse que foi a primeira vez que ficaram tanto tempo longe um do outro.

- Foi, foi sim.

               Carolina me encarou por um tempo.

- Posso te fazer uma pergunta, e você não me leva a mal?

- É claro.

- Você... Não se ausentou durante essa semana porque... Queria se afastar de todo esse problema, não é?

               Eu a olhei sem responde-la.

- Quero dizer, eu sei que você está sempre apoiando a Lety em tudo. Mas, desculpe se eu estiver sendo muito sincera e indelicada, é que deu a entender que assim que as coisas mudaram, você meio que... Fugiu. Eu entendo se estiver com medo do que está acontecendo, e entendo que  talvez seja um pouco difícil ver Lety naquela cama. Ela é uma pessoa bem animada, também foi difícil para mim vê-la tão... Frágil.

- Você quer saber se eu pensei em deixa-la porque a doença dela se agravou?

               Ela me olhou, e eu entendi o seu silencio como um “sim”. Sorri divertido e cruzei os braços.

- Não foi por isso. Eu realmente precisei visitar meu primo com urgência.

- Tudo bem, eu acredito. Só... – Ela suspirou. – Não magoe ela, tudo bem? Eu gosto muito de você, porque sei que você faz ela feliz. Mas eu não pensaria duas vezes antes de criar um ódio mortal por você caso você a magoasse.

- Respeito muito sua lealdade à ela, Carolina. – Falei sincero. – Mas eu nunca faria nada para magoar a Lety. Pelo contrário.

- Eu sei. Desculpe, eu não deveria ter pensado isso de você.

- Não precisa se desculpar. Você está protegendo ela, e eu entendo.

- Lety é minha melhor amiga, e ela já fez muito por mim. Acho que por todos nós.

- Eu sei que sim. – Sorri. – Não se preocupe com isso. Mesmo que algumas vezes eu pareça um pouco... Diferente, tudo o que eu faço é totalmente para a felicidade dela.

- Ótimo. – Ela sorriu. – Confio em você.

- Obrigado. É muito bom ouvir isso.

               Não precisei aprofundar a conversa com Carolina como eu pensei. Imaginei que nossa conversa teria que ser mais intensa, justamente por ela ser a melhor amiga de Lety, mas fiquei satisfeito com tudo o que ela me disse. Eu sabia que em qualquer situação, ela ficaria ao lado de Lety para apoiá-la, mesmo que para isso, ela precisasse me odiar para o resto da vida.

- Vocês já estão fechando, não é?

- Sim. Mas se precisar fazer alguma coisa aqui...

- Preciso falar com Fabian. Ele está aqui hoje, não é?

- Está sim.

- Ótimo. Não quero atrapalhar. Nos vemos depois, Carol.

- Certo. Até logo.

               Caminhei pelo corredor, e não precisei olhar para trás para saber que Carolina me olhava confusa. Fabian era o dono do aquário, e poucas vezes nós conversamos desde que Lety e eu começamos a namorar. Não que ele fosse uma pessoa ruim, pelo contrário. Talvez depois de mim, ele era a pessoa que mais elogiava o seu trabalho e seu desempenho no aquário. Ele sabia o quanto Lety amava aquele lugar, e o quanto amava o que fazia. E por isso minha conversa com ele era tão importante. E por isso também precisávamos estar sozinhos, com tempo suficiente para que eu pudesse explicar à ele tudo o que ele precisava saber.

 

 

 

 

                                                                          •••

 

 

 

               A conversa com Fabian foi mais intensa do que eu imaginava, e eu precisei passar em casa antes de ir para o hospital. Precisava ficar um pouco sozinho, e precisava de um banho gelado para esfriar a cabeça. A ultima coisa que eu queria era que Lety notasse que eu estava pensativo e preocupado, assim como Zac notou. Ela me conhecia até do avesso, então eu precisava ser bem convincente. Depois desse tempo para relaxar, ou tentar relaxar, fui até o hospital e Lety ficou animada com minha visita. Novamente ela me contou sobre o que fez, e eu não pude deixar de sorrir ao ouvi-la contando.

               A rotina de Lety era sempre a mesma desde que ela foi para o hospital. Às oito ela acordava para tomar café e para a enfermeira examiná-la. Algumas vezes elas conversavam e outras vezes jogavam cartas até Doutor Walter chegar. Quando ele chegava, ele falava sobre sua saúde, e dizia coisas legais para animá-la de alguma maneira. Até o horário do almoço Lety dormia, segundo ela porque ficar numa cama o dia todo dá sono, mas eu sabia que era por conta da fraqueza que ela sentia mais à cada dia. Depois do almoço, ela recebia a visita dos seus amigos e passava ao menos uma hora com eles todos os dias. Assim que eles iam embora, ela passava a tarde assistindo à televisão (e pela primeira vez em sua vida ela começou a acompanhar novelas, e fazia questão de me contar sobre cada personagem e o que eles fizeram durante o capítulo), e à noite ela novamente caía no sono cedo.

               Eu conhecia sua rotina desde o primeiro dia, quando telefonei para Doutor Walter e ele me contou tudo o que ela fazia, para me tranquilizar de que ela estava sendo bem cuidada. Mas, mesmo sabendo de cada coisa que Lety fazia no seu dia a dia desde que acordava até a hora de ir dormir, eu ouvia com atenção quando ela me falava sobre isso. No momento, esse era o seu único meio de fugir de tudo o que estava acontecendo, e eu não me perdoaria se estragasse o mínimo de animação que lhe restava.

- E acredita que o marido dela estava traindo ela?

- Não! Jura?

- Sim! Eu não acreditei quando vi.

- Mas que cara idiota.

- Totalmente!

               Eu ri enquanto a olhava, e ela me olhou.

- Você deve detestar que nossas conversas chegaram à esse ponto, não é? Sempre critiquei novelas, e agora estou te contando sobre o personagem traindo a esposa.

- Eu agradeço muito por isso, porque nunca tive paciência de assistir novelas. Mas com você contando, é muito melhor.

               Lety riu e eu me ajeitei à cama ao seu lado. Percebi quando ela deitou em meu ombro e deu um longo suspiro, um pouco mais demorado do que os outros.

- Tudo bem?

- Sim. Só estou... Um pouco cansada.

- Tudo bem. Se quiser, pode dormir.

- Não, eu quero conversar com você. Já ficamos uma semana longe um do outro. Precisamos matar a saudade.

               Sorri, passando meu braço em volta de seus ombros.

- Sinto muito por não podermos matar a saudade de outra maneira.

- Não precisa se sentir mal por isso.

- Espero que tenhamos tempo para isso.

               Meu sorriso diminuiu, mas por sorte ela não percebeu. Seus olhos se fecharam aos poucos, e quando percebi, ela estava dormindo. Eu queria realmente acreditar que o fato de Lety estar dormindo às sete da noite era algo normal, mas infelizmente não era. Sua respiração estava pesada, e não pude deixar de sentir meu coração apertado com tudo isso. Fechei os olhos por um instante, mas não tive a mesma tranquilidade que Lety para dormir. Tudo que passava em minha cabeça era perturbador demais para que eu tivesse paz e tranquilidade para dormir. Eu pensava em tantas coisas, que mesmo dentro de um quarto absolutamente silencioso, eu sentia que estava em um local totalmente barulhento. Queria que essa péssima sensação durasse apenas as primeiras noites, mas não foi bem assim que aconteceu.

 

 

 

                                                                          •••

 

 

 

 

               A pergunta mais estranha que já me fizeram na vida foi “Essa dor é insuportável, ou é apenas uma dor comum?”. Nunca soube o que responder à uma pergunta desse tipo. Afinal, dor é dor, não é? Não importa se é insuportável, ou se é uma dor que podemos aguentar. Qualquer dor é ruim, seja física ou sentimental. As pessoas costumam dizer “eu te amo tanto que chega a doer”. Ou “Ele é tão lindo que dói”. Ou até mesmo “Eu estou MORRENDO de dor”. Nenhuma dessas frases é sincera. Ninguém sente dor quando ama alguém. Ninguém sente dor por ver alguém de beleza extraordinária. Mas, morrer de dor não parece tão surreal. Uma pessoa que morre com um tiro no peito, ou uma pessoa que morre depois de cair de um prédio de quinze andares certamente sentiu dor antes de morrer, certo? Ou não... Talvez a pessoa morra antes mesmo de sentir dor. Quem sabe? Sempre fui uma pessoa que perde as noites pensando nesse tipo de coisa, mas eu não precisei me aprofundar muito no assunto para saber que sim, há uma possibilidade de alguém morrer de dor.

- Toma. – Zac colocou uma sacola sobre o balcão.

- O que é isso? – Perguntei em voz baixa.

- Um remédio.

- Para...?

- Para essa dor de cabeça sua. Já tem uma semana que você se queixa disso, mas até agora não vi você tomar nenhum remédio.

               Olhei para a sacola e ri.

- Não precisava se preocupar, Zac.

- Eu me preocupo, porque você está péssimo. Acha que não notei que você está demorando muito tempo no banheiro, e até mesmo que você está parecendo aquele bêbado que anda pela praia de madrugada?

- Como assim?

- Você anda bebendo?

- O que?

- Tudo bem se estiver. É normal no seu caso. Lety está em uma situação delicada, você precisa ser forte para ficar ao lado dela. Eu entendo que talvez precise de uma ajuda para aguentar tudo isso. Mas beber logo pela manhã mesmo de ressaca não é o melhor caminho.

               Encarei Zac por um tempo, esperando que ele dissesse que estava brincando. Mas, ele me olhava tão sério, que não pude deixar de rir.

- O que foi?

- Nada. – Falei ainda rindo. – Você tem razão. É melhor eu parar com isso.

- Que bom que entendeu. E tome o remédio. Vai te deixar melhor.

- Eu vou, obrigado.

- Vou ajeitar as prateleiras dos fundos, se precisar de mim.

- Certo.

               Observei Zac afastar e continuei rindo, olhando para o remédio. Sua ingenuidade era tão grande que fazia com que eu tivesse ainda mais certeza que Zac era um ótimo amigo, principalmente por ele pensar que o fato de eu demorar um pouco mais no banheiro, ter dores de cabeças frequentes eram sinais de princípio de alcoolismo. Mal sabia Zac que há muito tempo eu não tomava nem mesmo uma gota de vinho, que dirá coisas mais fortes à ponto de me causar tudo aquilo. Mas, eu não queria preocupa-lo negando sua teoria. Peguei a sacola com o remédio e a guardei embaixo do balcão. Voltei a me escorar sobre ele, tentando me concentrar em algo que não fosse aquela dor de cabeça insuportável, ou no sono fora do normal que eu estava sentindo.

 

 

 

 

                                                                          •••

 

 

 

 

               Consegui aguentar até o fim do dia com todos aqueles problemas, e não poderia de deixar de ir ao hospital como fazia todas as noites. Tudo o que eu queria era deitar na minha cama e tentar dormir um pouco, já que isso não estava sendo fácil naqueles últimos dias. Mas, eu não deixaria de visitar Lety, principalmente porque só consegui aguentar aquele dia cansativo por pensar nela o tempo inteiro. Cumprimentei as recepcionistas como fazia todos os dias, mas antes que eu pudesse ir até o quarto de Lety, ouvi alguém me chamar. Olhei para trás e era Doutor Walter.

- Oi! – Sorri olhando-o.

- Oi. – Ele sorriu, mas não da maneira que eu gostaria. – Que bom que está aqui. Nós... Podemos conversar um pouco na minha sala?

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, Lety está bem. Quero dizer... Na medida do possível.

               Se a tentativa dele foi me tranquilizar, não deu muito certo.

- Podemos? Serei breve.

- Tudo bem.

               Seguimos na direção contrária, até Doutor Walter abrir uma porta e sinalizar para que eu entrasse. Adentrei sua sala e ele logo indicou a cadeira para que eu me sentasse.

- Não quero te preocupar com isso, é que eu prefiro falar com você fora dos corredores.

- Sobre o que é?

               Ele sentou-se pesadamente em sua cadeira e me encarou.

 - Lety está se enfraquecendo cada vez mais.

               Eu o encarei tenso.

- E eu sei que você pediu que eu fosse sincero com você sobre absolutamente tudo, por isso serei bem franco. Se não tivermos um doador em menos de três meses, ela não vai aguentar.

               Pedir para Doutor Walter ser sincero comigo era uma maneira de não permitir que ele escondesse absolutamente nada da doença de Lety. Mas, ouví-lo dizer aquilo foi como um forte soco no estomago, ou um tiro no peito, ou milhões de facadas por todo o corpo. Eu poderia aguentar qualquer coisa, menos pensar na possibilidade de Lety não aguentar por muito tempo.

- Eu sinto muito. Eu não queria que fosse assim, e se estivesse ao meu alcance, eu faria tudo para ajudá-la.

- Eu sei. – Suspirei.

- Não sei se você é um homem de fé, mas...

- Não, não sou. – Falei rapidamente. – Acho que não lembro a ultima vez que eu rezei, para ser franco.

- Entendo. – Ele me olhou com pesar. – Eu realmente sinto muito. Não queria ter que te dizer isso, mas é que eu estou surpreso com a maneira que ela está se esforçando para parecer bem quando você está aqui.

               Continuei a encará-lo.

- Ela está mais fraca a cada dia, e mal consegue se manter acordada por muito tempo. Está se queixando de dores, mas todas as vezes que você está aqui, ela faz o maior esforço possível para parecer bem.

- É, isso é algo que ela faria.

- Isso não é uma coisa ruim, mas... Só quero que você saiba a verdade.

- Obrigado. Apesar de dolorosa, é melhor saber a verdade mesmo.

               Doutor Walter balançou a cabeça concordando.

- Bom... Não quero tomar muito o seu tempo. Ela está te esperando, como sempre. – Ele sorriu. – Ela realmente gosta muito de você.

               Ouvir aquilo não fez com que eu me sentisse melhor. Pelo contrário. Forcei um sorriso e me levantei.

- Eu te acompanho até lá.

               Saímos de sua sala e seguimos para o quarto de Lety. Assim que parei à porta, eu a olhei pela janela do quarto e suspirei pesaroso ao vê-la com uma feição péssima, como se estivesse tentando controlar o cansaço e as dores que provavelmente estaria sentindo. Doutor Walter abriu a porta e assim que ela me olhou, sua feição mudou completamente. Ela sorriu, e aquilo estava acabando comigo.

- Olha só quem chegou! – Doutor Walter sorriu.

- Oi. – Ela continuou sorrindo.

- Oi. – Me aproximei da sua cama. – Como você está?

- Melhor.

               Sua inocência era tão grande, que ela não pensava que eu sempre percebia quando ela estava mentindo.

- Vou deixa-los a sós. Se precisarem de alguma coisa, me chamem. – Doutor Walter fechou a porta, e eu continuei a olhá-la.

- Como foi o seu dia?

               Eu me sentia pior a cada vez que ela tentava ser doce comigo. Eu não deveria estar dessa maneira, mas eu sabia os meus motivos para isso. Lety estava apenas tornando tudo ainda pior, e eu não poderia deixar as coisas chegarem à certo ponto. Mesmo sem planejar, eu precisei fazer algo que jamais pensei em fazer.

- Cansativo. – Respondi caminhando em volta da cama.

- Jura? A loja teve muito movimento?

- Um pouco. Acho que meu cansaço é mais psicológico.

               Eu estava sendo frio, e ela obviamente percebeu isso.

- Sinto muito. – Ela me olhou com pesar. – Eu gostaria de fazer algo para ajudar.

               “Não faça isso, Lety. Por favor. Não piore as coisas.”

- É, eu também. – Respondi sem olhá-la.

- Você não acha melhor ir para casa descansar um pouco?

- Não adianta eu ir para casa. Vou perder minha noite de sono do mesmo jeito, como todos os dias.

               Não tive coragem de olhá-la, mas com certeza ela se assustou com o modo que falei com ela.

- Estive conversando com Doutor Walter. – Falei ainda sem olhlá-la. – Ele me disse que você está se esforçando grande parte do tempo para parecer bem.

- Ele disse isso?

- Sim.

- Bom... Eu não estou.

- Ele é um médico, Lety. Ele sabe quando você não está bem. Você não precisa fingir o tempo todo, principalmente para mim.

               Dessa vez eu a olhei, e me arrependi. Ela me olhava magoada, com os olhos marejados.

- Só não quero te deixar preocupado.

- Um pouco tarde para isso, não é?

               Lety abaixou a cabeça e suspirou.

- Eu não queria estar assim, também. Não é minha culpa.

- Não é sua culpa que esteja nessa situação, mas é sua culpa que você tente fingir estar bem o tempo inteiro. Ninguém consegue fingir por muito tempo.

- Mas eu sim. – Ela me olhou, dessa vez com certa raiva. – E eu vou continuar fingindo enquanto eu puder.

- Pra que? Pra que isso?

- Porque já passo o dia inteiro nessa droga de cama! Quando alguém vem me fazer companhia, eu quero no mínimo parecer um pouco animada para meus dias não se tornarem um completo inferno.

- E você acha que fingir estar bem vai adiantar alguma coisa? Todos sabem da sua situação, principalmente eu!

               Ela se calou, me olhando ainda magoada e brava.

- Você tem um problema, Lety, é que você não gosta de preocupar as pessoas. Mas já parou para pensar que na sua situação, você não tem esse privilégio?

- Eu sinto muito se estou te preocupando, mas se está tão incomodado com isso, então não deveria se preocupar!

- E acha que é fácil assim?

- Mas o que foi que deu em você?

               Eu a olhei, e por pouco não me desculpei por tudo o que tinha dito. Mas, me desculpar significava piorar ainda mais as coisas, e eu não poderia fazer isso.

- Eu só estou cansado. De tudo isso.

- De tudo isso? – Ela riu sarcástica. – E como você acha que eu estou? Como se estivesse de férias na Disney?

               Fiquei em silencio, sem saber o que responder.

- Eu sabia que em algum momento você iria se cansar. Quer saber de uma coisa? Você não precisa ficar se não quiser. Não precisa passar por tudo isso. Eu falei para você fazer uma escolha, e você escolheu ficar. Mas eu deveria saber que você não ficaria para sempre como disse.

               Continuei em silencio.

- Não quero te obrigar a ficar ao meu lado se isso está te deixando tão estressado e tenso. A intensão é apenas piorar, e se você já não está aguentando agora, que dirá mais pra frente?

- É, eu acho que você tem razão.

               Ela me olhou incrédula.

- Eu não imaginei que seria tão difícil para mim te ver nessa situação. Não sabia que seria péssimo me sentir tão culpado por não poder fazer nada para te ajudar, e ainda ter que ver você fingir que está tudo bem.

- Eu estou fingindo que está tudo bem porque é isso que me dá forças! – Ela aumentou a voz. – Você nunca entenderia isso!

- Eu nunca entenderia? Você não sabe de metade das coisas que já passei e passo!

- Ah não? Então esses dois anos de relacionamento foram em vão!

- Quem sabe?

- Eu sei! E vendo você dizer todas essas coisas agora, tenho certeza de que não te conheço bem o suficiente.

- Realmente, você não me conhece.

               Lety respirou fundo e eu temi que estivesse indo longe demais. Mas, depois de um tempo em silencio, ela virou o rosto para o lado.

- Eu quero que você vá embora.

               Continuei a olhá-la, sem responder.

- Não quero mais que você venha aqui se isso está te deixando tão mal. Eu não preciso que você tenha pena da minha situação.

               Aquelas foram as piores coisas que já disse para Lety desde que nos conhecemos, mas isso era apenas o começo. Eu precisava ser forte para passar por tudo aquilo, ou eu não conseguiria chegar até onde pretendia. Em silencio, caminhei em direção à porta do quarto e olhei para trás. Por mais que eu não quisesse ter a lembrança de Lety magoada e decepcionada, apenas isso me faria continuar para onde eu deveria ir. Eu não poderia dizer nada, porque qualquer coisa que eu dissesse naquele momento seria mentira. E a única verdade que eu conseguiria dizer, eu não poderia. Abri a porta do quarto e saí o mais rápido que pude, para não hesitar e voltar atrás com tudo. O coração de Lety estava fraco, mas o meu estava em pedaços.

 

 

 

                                                                          •••

 

 

 

               Eu me lembro de quando tinha dez anos. Meu cachorro Mike foi atropelado enquanto eu brincava na rua com ele. Foi a pior cena que eu já tinha visto, e chorei durante uma semana. Sem parar. Minha avó chegou a pensar em me levar à uma psicóloga, mas por fim eu consegui superar. Desde então, nunca mais chorei. Por absolutamente nada. Até eu chegar em casa naquela noite depois da discussão com Lety. Eu me sentia um idiota. Eu me sentia o pior ser humano do mundo. Pensar que Lety estava magoada e que a culpa tinha sido minha, só me deixava pior. Eu tentava focar em pensar que eu estava fazendo a coisa “certa”, embora parecesse totalmente errada. Eu precisei fazer aquilo, mas ainda assim eu estava com a pior sensação do mundo. Descontei todos os anos que fiquei sem chorar, e chorei por precisar desabafar. Eu não poderia contar à ninguém sobre o que me incomodava, sobre meus medos, sobre meus planos. A única pessoa que sabia de tudo, estava à quilômetros de mim, e estava me esperando. Mas, eu não poderia chegar chorando como um louco. Não queria que ninguém me visse daquela maneira, por isso minha casa foi o meu refúgio.

               Chorei tanto que senti meus olhos pesados, assim como minha consciência. Lavei o rosto para tentar aliviar, mas era impossível que ninguém reparasse que eu havia chorado. Meu coração estava partido, minha cabeça doía ainda mais. Os enjoos ficaram piores, e tudo o que eu queria era terminar de fazer o que eu tinha começado. Me sentei ao sofá da sala e encarei o chão por um tempo, me lembrando de cada momento maravilhoso que passei com Lety ali. Eu nunca me esqueceria de como me alegrava vê-la andando pela sala com minha camisa, ou indo até a cozinha preparar um café. Nunca me esqueceria de como era acordar pela manhã e vê-la sorrindo para mim, dizendo que estava me olhando dormir. Ao menos eu tinha ótimas coisas para me lembrar, e foi isso que me deu forças para me acalmar e esperar até as sete. Meu relógio apitou quando os ponteiros se posicionaram no lugar certo, e como planejado, a campainha tocou.

               Me levantei satisfeito por ter feito a escolha certa de pessoa pontual, e que eu poderia confiar em deixar tudo em suas mãos, inclusive Lety. Antes de abrir a porta, respirei fundo para tentar me manter o mais forte possível, e a abri.

- Oi. – Zac sorriu.

- Oi. – Retribuí o sorriso. – Você é realmente pontual.

- Você disse tantas vezes que era importante que eu estivesse aqui às sete.

- É, eu disse. – Abri mais a porta. – Entre.

               Zac passou por mim e eu fechei a porta, me virando para ele. Sua atenção foi voltada para a mala ao lado, que já estava pronta apenas esperando que eu terminasse o que precisava fazer.

- Então... É mesmo verdade. – Ele me olhou. – Está deixando tudo?

- Ainda não. Não tudo. – Sorri pegando um envelope sobre a mesinha, entregando-o a ele. – Não abra ainda.

- Tudo bem.

- Está se lembrando do que te pedi, não e?

- Sim. Sem perguntas, apenas concorde com tudo o que eu te pedir.

- Isso. E o principal...

- Cuide da Lety e a proteja com a sua vida.

- Sim. – Sorri, batendo em seu ombro. – Você é o meu melhor amigo, Zac. Não teria outra pessoa que eu confiasse tanto para pedir o que te pedi.

- Obrigado, mas... Você tem certeza? Quero dizer, não sei o que você está fazendo, e eu prometi não fazer perguntas. Mas... A Lety vai ficar péssima quando souber que você foi embora.

               Meu sorriso diminuiu.

- Acho que no momento é isso o que ela quer.

- O que? Por que?

               O olhei divertido e ele bufou.

- Sem perguntas. Entendi.

               Olhei em volta e dei um longo suspiro, querendo me lembrar de cada cômodo e cada parte especial que havia ali. Tudo me lembrava Lety, e ninguém mais. Olhei para Zac e sorri, percebendo seu medo e confusão enquanto me olhava.

- Não se preocupe, eu expliquei tudo na carta.

- Isso que me preocupa. Quando eu ler, vai ser tarde demais para tentar te impedir de fazer o que quer que seja.

- Não quero que você me impeça, por isso vai ler a carta depois. Eu já tomei minha decisão.

               Zac suspirou e eu o abracei.

- Você é um ótimo amigo, Zac. Merece todas as coisas boas desse mundo.

- Por que isso está parecendo uma despedida? – Perguntou retribuindo o abraço.

               Gargalhei e me afastei, bagunçando o cabelo dele.

- Não se esqueça, faça tudo o que te pedi.

- Tudo bem.

               Ele olhou para a carta e voltou a me olhar.

- Sei que prometi não perguntar nada, mas... O que você está fazendo, hein?

               Olhei para toda a casa e sorri triste, colocando as mãos no bolso.

- Estou dando a Lety a única coisa que ela mais precisa.

 

 



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