1. Spirit Fanfics >
  2. Terras selvagens >
  3. Parte 2

História Terras selvagens - Parte 2


Escrita por: JaneDi

Notas do Autor


Pai e filha tem seu momento.
E bullying.

Capítulo 12 - Parte 2


A primeira imagem que Noar lembrava de sua filha foi quando esta nasceu e lhe foi entregue ainda vermelha e berrando em seus braços. A época então, ele se sentia o homem mais despreparado do mundo para ser pai de uma criança, ao mesmo tempo que poderia jurar seu amor e proteção aquela pequena bolinha.

Agora, vinte anos depois, Mist não era mais seu bebê. Ela havia crescido para se tornar uma bela mulher, diferente de todas as outras, ainda era petulante e teimosa, mas possuía um senso de justiça que sempre o fazia ficar orgulhoso como pai.

“você está bem?” ele perguntou em tom lamentoso, acariciando as bochechas da filha.

Mist deu um breve sorriso para ele, sabia que não era um questionamento evasivo.

“sim, estou muito bem” ela acenou.

Como tem sido aqui? Ele está a tratando bem?” Sabia que lamentar o que havia acontecido não iria adiantar. Quando a carta informando do casamento da filha chegou, bem como os termos em que o ajuste fora feito, uma profunda dor o invadiu. Ele teve tempo de derramar suas lágrimas e pesar a perda da filha, prevendo que ainda a veria e não queria depositar alguma culpa sobre suas escolhas.

“Ele é uma boa pessoa papai, apesar dos pesares, eu não teria aceitado se não soubesse que, aos seus olhos, Sethendreck era um homem justo” ela explicou e Noar viu o quanto sua menina havia amadurecido nesses anos todos e não duvidava de suas palavras e nem da sua motivação.

Ele concordou brevemente. Noar, como embaixador nas terras próximas a fronteiras tinha tido um conhecimento do jovem representante real. Até então, uma criança com uma seriedade e linguagem de adultos, mas com um coração honesto e inocente.

“eu sinto muito que você tenha que ter feito isso” ele lamentou “ não queria que fosse assim”

“Nós nos veremos, o senhor sabe! ” Mist exclamou os olhos começando a lacrimejarem de novo, mas o afastou com o polegar, Seth mesmo havia prometido buscar seus irmãos para passarem uma temporada com eles.

Noar não falou nada, por tudo o que sabia e o que tinha visto nos últimos meses, temia se veria a filha novamente depois dessa visita. Os tempos eram outros e a paz já não era a prioridade entre os dois povos.

“Você está casada agora, pertence a outra família e a outro mundo” disse ao invés.

Mist maneou a cabeça.

“Eu sei... quem diria papai? Imagine vovó me vendo casada, eu daria tudo para ver sua expressão, depois que ela tinha me dito que eu nunca casaria por que não sabia dançar direito” ela brincou.

Noar não pode deixar de rir com as lembranças do passado. Parecia que tinha sido ontem as reclamações de sua sogra sobre os dotes de sua filha mais velha.

“Se bem que ela deve estar se revirando no tumulo ao saber que casei com alguém do norte!”

“Fico feliz que tenha crescido Mist”

No silencio do quarto Mist abraçou o pai, era como nos velhos tempos, era como se estivesse em casa.

....

 

Já era bem tarde da noite quando ela se recolheu. Havia ajudado seu pai e Roi a se ajustarem, fornecendo quartos, um bom banho e uma refeição adequada, queria passar o máximo de tempo com eles, mas o momento exigia repouso e descanso, faria isso outra hora.

Apesar da sua câmara esta escura, havia a lareira que derramava seu brilho dourado sobre o aposento.

“Ainda acordado? ” Ela perguntou ao marido que estava sentando junto ao fogo, apenas de roupão e um livro aberto no colo.

“Esperando que você voltasse” ele respondeu.

“oh, eu estava com papai” disse enquanto se dirigia ao quarto contíguo para trocar suas roupas “é estranho quando é eu que o coloco para dormir” disse, e mesmo que sua voz saísse abafada, ele pode notar o som de riso na voz.

Seth até então não estava em seu melhor humor. Desde a chegada da comitiva que essa sensação ruim estava sobre ele. Sobretudo por Mist dedicar sua exclusiva atenção para os dois. Ele sabia o quanto ela ansiava por esse momento, mas não podia evitar o sentimento amargo que fluía dele, sobretudo ao pensar em Roi sobre o mesmo teto que ele, colocando suas mãos sobre ela, falando sobre o sul, os dois rindo um para o outro.

Ele definitivamente odiava o homem.

Porém, vendo agora seu sorriso leve e sereno, a forma com que parecia calma, como se um peso tivesse sido tirado dos seus ombros, seu próprio coração esfriou.

“Está contente então?” Perguntou se ajustando na cama enquanto afastava as cobertas para ambos deitarem.

Mist que já havia se trocado, se virou completamente para ele “estou!”  Disse o olhando nos olhos.

Oh, ela tinha os mais belos olhos que já vira, o tom escuro e profundo da íris, os cílios longos, a simples sugestão do marrom e um brilho sutil que era como se a menina tivesse um segredo guardado, algo divertido e secreto apenas dela.

“e... Sethendreck?” Mist chamou sua atenção.

“hum?” ele disse ainda distraído.

“Obrigada por recebê-los aqui, isso...isso é tudo o que eu precisava” ela disse sincera. E era verdade, Mist não podia querer outra coisa naquele momento, se não a sensação de ter o pai e seu amigo bem.

Mas será que ela não sabia que ele era capaz de fazer tudo por ela? A ceder cada vontade em seu favor, cada desejo, do mais simples ao mais impossível. Se Mist ficasse ao seu lado, se houvesse a certeza em seu coração que ela era toda dele, então Seth sabia que daria tudo o que quisesse.

Mas ele não disse nada e apenas assentiu.

“Mist, eu gostaria de pedir um favor” disse após um momento.

“sim, qual?”

“Eu gostaria que me chamasse de Seth” Era algo que a tempos vinha pensando em fazer e só agora, na intimidade do momento, se sentiu à vontade para tal ato.

Mas Mist se mostrou mais que surpresa.

“Seth? ” Ela perguntou depois que começou a gargalhar profundamente.

Ele piscou diante daquela reação.

“Deus... Seth? É isso mesmo? ” Perguntou rindo, as lágrimas caindo dos olhos.

“Sim, qual o problema? ” Perguntou ofendido.

“É só que seu nome é Sethendreck” disse após continuar rindo, “e Seth apenas, parece sete, você sabe, o numeral! ” e mais uma vez ela gargalhou profundamente.

“Eu sei o numeral, mas meu nome é Seth e não Sete disse ainda sério. Não entendo o porquê daquela explosão.

“Oh, eu sei a diferença, mas a pronuncia é a mesma” ela tentou explicar, mas vendo que ele ainda não entendia a graça da situação, continuou “e sendo seu nome Sete, seu pai se chamava Cinco e seu irmão Seis?” Ela perguntou rindo.

“Entendeu? Cinco, Seis e Sete...”

Seth realmente não via graça na situação, “você bem sabe que o nome do meu pai é....”

“certo, certo, eu apenas estou brincando” disse por fim, “mas não deixa de ser engraçado muito engraçado!”

 “não faça isso, é ofensivo” ele alertou, “eu nunca rir do seu nome”

Mist se virou para ele “por que meu nome é completamente normal” ela apontou “tente fazer alguma piada com ele” o desafiou.

Seth revirou os olhos, aquilo era um absurdo sem tamanho.

“Vamos tente, duvido que haja”.

Ele apertou os lábios e sua mente trabalhava em alguma velocidade “mist... Mist...” tentava fazer alguma coisa com o nome mais não dava.

“viu só?! Meu nome é a prova de piadinhas” disse feliz.

Mas viu que ele ainda não achava graça do fato e parecia chateado.

 “mas por que você quer que eu o chame assim?”

Seth deu de ombros, agora um pouco envergonhado. Ele se ajustou um pouco mais pra cima, como se para ganhar tempo “todos me chamam por Sethendreck e é sempre algo relacionado aos problemas no reino, e bem, só não parece adequado quando você fala comigo” ele explicou ainda sério. Quando era pequeno, seus tutores o chamavam de Seth, quando questionou sobre isso, eles haviam dito que era um nome carinhoso para ele, mas desde então, nunca mais ninguém o chamava assim, de forma carinhosa, ele só queria que ela tivesse esse carinho por ele também, da mesma forma que ele viu com seu pai e aquilo amigo odioso.

Mist pesou suas palavras por um instante, “tudo bem então” ela concordou tentando ganhar alguma seriedade ao pedido dele, que parecia ser algo importante “Seth” ela rolou as palavras nos lábios, mais o mero pensamento a fez sorrir, “mas saiba que toda vez que eu o pronunciar, eu iriei rir”  falou para ele.

Ele encarou a mulher a sua frente. Os cabelos derramados ao seu redor, os olhos brilhantes e a leveza de alma que se encontrava.

“Se isso irá fazer você feliz, então não há problemas” ele disse embalando o seu rosto com as mãos e a beijando delicadamente.

Mist suspirou e aproveitou para se aconchegar no calor de seu corpo.

“Mas quando você mencionava esse seu apelido quando era criança, ninguém na escola tirava sarro? ” Perguntou curiosa.

“No norte a maioria das crianças são educadas em casa” ele disse.

“Que bom então, com esse apelido você não iria durar nas escolas do sul” ela disse feliz.


Notas Finais


Meu atual prazer é torturar Seth.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...