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História Terras selvagens - Parte 3


Escrita por: JaneDi

Capítulo 13 - Parte 3


 

“Espero que o senhor tenha descansado” Seth falou para seu sogro. Era de manhã cedo e o homem mais velho havia pedido uma reunião, ele bem sabia do que se tratava e não pode deixar de sentir uma leve ansiedade com o encontro particular.

“Sim, obrigado, dormi como não fazia há dias” ele disse com uma breve sugestão de um sorriso. Mas Seth vendo as rugas de preocupação e a cor arroxeada por baixos dos olhos, podia adivinhar que ele estava sendo apenas gentil e não realista, o que ele podia compreender completamente, “aliás, você tem uma bela propriedade aqui”

Seth agradeceu, mas esperou para que ele tomasse a dianteira do assunto. Ele iria assumir as responsabilidades que lhe fossem necessárias.

“Foi uma surpresa para mim essa proposta do rei” ele começou dizendo “não esperava que o favor de minha libertação se daria em troca da mão de minha filha” disse por fim.

Seth encarou os olhos do homem “eu sinto muito que isso tenha acontecido dessa forma”.

Noar maneou a cabeça “somos apenas peões, eu vejo isso agora, mas não o culpo. Sua família estava apenas cumprindo ordens, mesmo que sejam de uma oposição mais elevada, estavam fazendo o mesmo que a minha” disse por fim.

Ele não parecia zangado, o embaixador parecia agora um homem derrotado e sem esperança. Era como se parte de sua vida tivesse deixado e Seth se entristeceu pelo homem, sabendo que ele era membro desse esquema.

“Então o senhor acha que nosso casamento não atingiu o objetivo principal que é manter alguma paz?”

“Eu não sou nenhum grande homem, minha influência é mínima, exceto nas tribos das fronteiras. Com o resto do sul, o casamento de Mist não possui valor algum, não temos esse tipo de tradição entre nós” refletiu triste.

Sem saber o que dizer, Seth apenas olhou para as próprias mãos, esperando que ele continuasse.

“O certo é que as rebeliões irão continuar, na prisão ouvir dizer que os impostos serão aumentados e as maquinas retidas na capital, fora as leis que impedem o sul de negociar com qualquer outro país”.

“O senhor acha que irá acontecer uma guerra então” Seth questionou a despeito das próprias dúvidas.

“Não é se, mas quando acontecerá” disse por fim.

Noar viu a sombra escura descer sobre o rosto do homem mais novo. Tinha certeza que Seth sabia as implicações de tudo isso, mas havia uma coisa que o preocupava acima de tudo.

“Só espero que você seja capaz de proteger minha filha” ele não podia fazer mais nada por Mist, com o acordo já concluído e a união consumada, Mist não era mais a sua filha por todos os direitos.

Seth voltou a encará-lo “eu farei isso com minha própria vida” ele disse sério. “eu.. eu sei que nosso casamento se deu de maneira não favorável, mas quero que saiba... eu sinto muito respeito por ela”

Noar assentiu. Era o suficiente. Viu Sethendreck ainda quando este era apenas um garoto mal saído das fraldas. Agora tinha um homem feito a sua frente e sobretudo, viu sinceridade em seus olhos claros, era o precisava.

Ele não era cego quando se tratava de seus filhos. Sabia a muito tempo que Seth acalentava sentimentos pela sua menina. Os olhares roubados, a forma com que perguntava sobre ela... Sempre desconfiou que o jovem político do norte tinha algum interesse em sua filha rebelde, de qualquer forma, nunca poderia imaginar que isso chegaria ao ponto dele estar ali tendo essa conversa com um homem desconfortável a sua frente.

Mas ele viu o que viu. Mist estava bem, saudável e mesmo que pegasse a sugestão de tristeza em seus olhos vivos, sabia que não pelo marido ter feito algo errado, e sim pela distância que a natureza daquela relação impôs sobre seus ombros.

Infelizmente, ele teria que depositar sua confiança nas palavras daquele Rapaz. Provavelmente aquela era a decisão mais difícil que, como pai, teve que fazer.

....

O dia já tinha alcançado algumas e um pálido sol encoberto por nuvens aparecia distante. Nos jardins do lugar, entre flores amarelas e lilases Mist enrolava-se num expeço manto a fim de acompanhar os passos largos de Roi em direção às trilhas mais afastadas do terreno.

“Você poderia fazer a gentileza de me ouvir? ” Ela clamou para ele, “eu estava tão preocupada e tão triste, você não poderia imaginar...”

Ele se voltou para ela, seu olhar pesado e profundo, Mist sempre o achara tão alto e tão bonito e mesmo depois de passar tanto tempo no cárcere ele ainda era cheio de vida e tão imponente.

“Eu estou bem” disse por fim, mas havia uma sombra no seu olhar que não confirmava isso. “Mist... eu sinto tanto que isso tenha acontecido com você, é tão injusto! ”

Ela balançou a cabeça “não vamos falar mais sobre isso, eu me conformo quando eu vejo que...”

“Se conforma? ” Ele perguntou amargo e olhou ao redor do espaço como se exasperado “como pode ser tão passiva quando teve que praticamente se.... se vender a esse homem como se fosse alguma mercadoria Mist?”

Ela recuou um passo pelo uso que ele fez das palavras.

“Como ousa? Eu fiz isso por papai e por você! ” Ela falou com raiva “como acha que eu me senti todo esse tempo de mãos atadas sem ter notícias de vocês, sem saber se estariam bem...”

“Você sabe como isso me fez sentir?”  interrompeu irritado, “o quanto eu fui humilhado ao saber quando o oficial chegou que você havia se... havia aceitado essa oferta? Que o preço da minha liberdade era ter que mandar você para o covil mais imundo, mais baixo dessa terra? Casar com esse nortista, sendo uma moeda de troca para calar a opressão que eles têm feito há anos? ”

“Inferno que seja isso! ” Ela explodiu, as lágrimas rolando pelo seu rosto “você acha que eu me importo que isso tenha sido qualquer tipo de estratégia política? Eu faria a mesma coisa mil vezes se necessário! ” Gritou para ele.

“Não...”

“Você sabe o que era ouvir sua mãe Roi, da janela do meu quarto, lamentando a sua perda? ” Perguntou infeliz, “ver meus irmãos tendo a possibilidade de crescerem sem papai por perto? Eu tinha isso em minhas mãos e o fiz porque eu amo vocês!” Ela disse triste.

Roi fechou os olhos por um momento e a puxou em seus braços.

Não disseram nada por um bom tempo. “Eu só não queria que você tivesse que pagar esse preço” disse infeliz.

Ela se afastou e limpou o rosto com a túnica “não quero mais falar sobre isso, prefiro ver vocês bem do que a outra opção”.

Vendo que ele ainda iria protestar, continuou “Roi, você é meu melhor amigo, e foi por isso que fiz o que fiz e nada, nada irá mudar esse fato, sou casada agora e pertenço ao norte” disse mais calma.

Ele negou, seus olhos voando sobre ela, como se pesando as suas próximas palavras “ Está sendo inocente. Você não conhece essas pessoas Mist, você nunca será como elas! São como sanguessugas, apenas se preocupam em roubar e acabar com aquilo que estão a sua volta, veja o sul veja, as nossas terras... e agora você! ”

E então ele parecia transtornado, dando voltas sem sair sem do lugar, “isso não pode ficar assim, tem que haver um jeito, Mist vou levar você de volta para casa de alguma forma! ”

“O quê? ... Não! Eu fiz meus votos, dei a minha palavra e a honra do meu clã! ” Ela respondeu chocada diante daquela sugestão. “No que está pensando, pelo amor de Deus?!”

“Em você Mist! Seu pai pode ter aceito isso, mas eu não! ”

“O que quer dizer com isso? Eu não sou uma criança Roi, trate-me como adulta! Eu sei cuidar de mim mesma”.

“O que quero dizer” ele parou para responder voltando- se a aproximar dela, um estranho brilho no olhar, intenso e forte “é que tudo isso me fez ver como eu…”

Mas ele parou abruptamente quando ambos ouviram passos se aproximando e Roi então se colocou na frente de Mist, o corpo em posição de ataque.

“É apenas Karan” Mist disse ao ver a figura do administrador que se aproximava deles, se desvinculando de Roi.

O homem a olhou como sempre, com cara de poucos amigos, Mist tinha uma leve intuição de que ele não gostava dela. Bem, o sentimento era recíproco.

“Em que posso ajudá-lo?” Perguntou.

“O senhor Sethendreck e seu pai estão a procura dos dois” ele disse após lançar um olhar avaliador sobre ambos, não gostando do que via.

“Já iremos voltar, obrigada” ela disse, mas Karan permaneceu junto a eles.

Ela podia sentir o aborrecimento de Roi por traz dela, mas aproveitou a oportunidade para encerrarem o assunto, já estava se sentindo mentalmente exausta por ter que se explicar para ele, mas do que o necessário.

Marchando, voltaram para dentro de casa, tinha imaginado que algum tempo com Roi iria compensar a tristeza que em breve sentiria pela sua partida, mas ao invés, sentia-se frustrada e com raiva. Parece que as coisas nunca saiam como planejava.


Notas Finais


Eu posso prever algumas atitudes violentas com relação a Roi... e quer saber? Sintam-se a vontade :D :D :D :D


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