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História Terras selvagens - O som do lamento, interlúdio


Escrita por: JaneDi

Notas do Autor


Seth tem algumas surpresas

Capítulo 18 - O som do lamento, interlúdio


Seth olhou para a maioria dos homens sentados à mesa com uma ruga de preocupação. As coisas não estavam indo como planejado e, na verdade, muitas coisas que ele havia pensado serem seguras estavam se desfazendo.

Um deles era a formação da atual estratégia para destronar o rei. E seu pai estava na frente disso, apoiado por várias das mais importantes famílias do país. Isso é o porquê dele ter sido chamado à capital, era importante que os dois filhos de Eoghan demonstrassem junto a família todo o poderio necessário para que tal plano obtivesse êxito.

Seth sabia que a atual forma de governo não estava funcionando, mas sabia também que a nova proposta, composta por mais ações militares nos territórios do sul, não era a solução.

O sul possuía mais pessoas que eles, mesmo que o poderio militar pertencesse ao norte, o sul poderia facilmente negociar apoio militar das novas regiões que querem fazer acordos de comércio, acabando com essa desvantagem. Infelizmente, a maioria daqueles lideres tratavam o sul como apenas um punhado de camponeses pacíficos. Bom, ele conheceu o outro lado, sabia que não era assim, as atuais revoltas provaram o ponto.

No entanto, os contras já foram colocados a mesa e a decisão tinha sido tomada. Haveria uma assembleia extraordinária para tratar sobre a falta de alimento entre os líderes de cada casta, ali a nova proposta seria colocada em pauta e Seth poderia ver o quão facilmente ela seria aceita.

A questão era saber qual seria o seu próprio papel. Seth havia casado com uma mulher do sul. Uma forma de barganha do próprio rei, cujas consequências, como o próprio pai de Mist apontou, não teve efeito algum. As revoltas continuam, a fome não cessa, não há abertura de novos meios de comunicação entre os dois lados. Então, ele se perguntava, o que seria deles nessa nova ordem política?

Olhou para o seu pai no alto da plataforma enquanto um outro ancião falava. Não sabia definir se o que sentia por ele era temor ou medo. Uma coisa negativa era quando se vivia na sombra de homens como ele, Seth nunca se achou digno perto dele. Era certamente uma coisa ilógica, afinal, ele não poderia ter escolhido que nasceria num berço de ouro como nasceu, ou nascer em uma família de heróis. Entretanto, sentia como se fosse sua culpa, não ser grande, não ter feito algo extraordinário. E ele notava que as pessoas esperavam isso dele, algo especial.

A coisa era que ele não era.

Por mais que tentasse e se esforçasse, Seth sempre estaria atrás do pai e do seu irmão, seu nome condicionado as glórias da família e não a ele mesmo.

“Você sabe que teria sido mais fácil se tivesse vindo mais cedo para a primeira reunião” seu irmão, que estava sentado ao seu lado falou. “Evitaria todo esse aborrecimento de repetir tudo o que discutimos antes” disse a grosso modo.

Seth só pode abaixar a cabeça. Ele estava certo, ele deveria ter vindo mais cedo, assim como seu pai ordenara. Por outro lado, teria que ter deixado Mist sozinha e isso não fazia parte dos seus planos, “eu realmente sinto pelo que causei” acabou respondendo sem dizer a verdade.

Seu irmão apenas descartou as desculpas com um aceno. Seth e Sin não eram próximos. Parecia pouco os quatro anos de diferença entre um e outro, no entanto, o fato de terem morado juntos somente em um curto período da infância influenciou a distância entre os dois. Assim, não era como ele fosse comentar a vida pessoal com seu irmão mais velho, eles não eram esse tipo de família e duvidava muito que um dia viriam a ser.

Fora mesmo uma surpresa para ele saber que seria tio. Sin e Elessar haviam se casado há alguns anos, tinha feito uma longa viagem para comparecer e foi um evento celebrado por toda a casta, bem diferente do próprio casamento.

“Desculpas não são suficientes” argumentou em reposta “esperamos que você assuma suas novas responsabilidades” sussurrou para o irmão mais novo. “Além do mais, você foi retirado como representante do sul justamente para sua atribuição aqui e não para ficar brincando de casinha irmão! ”

Seth cerrou os dentes, “eu não estava brincando de casinha! ”  Desafiou também em voz baixa, para que os demais não os escutassem.

Sin frisou suas sobrancelhas e encarou o irmão, “você pode dizer o que quiser, mas isso não faz com que o tempo volte. Sua ausência foi sentida, e você sabe que com a nova posição de nosso pai, ele precisará de nosso auxilio e a casta de nossa presença. Portanto, que isso não se repita! ”

De fato, Eoghan e Eleonor tinham chamado sua atenção assim que chegou, ficara claro a decepção deles diante do atraso de sua chegada, sabia que Sin falava a verdade, mas quando estava pronto para responder ao irmão, seu pai decidiu terminar a reunião. E enquanto as pessoas se despediam, Seth aproveitou para sair sem falar com ninguém.

No pátio externo tomou seu tempo para respirar e clarear a própria mente. Desde que chegara uma dor de cabeça tinha aparecido para incomoda-lo e, de alguma forma, sabia que não se tratava de alguma doença.

Foi então que ele a viu.

Sozinha, com as mãos cruzadas, Mist era, de uma maneira gritante, tão diferente das outras pessoas ao redor que não havia como não reconhece-la imediatamente. Com a visão dela, curiosamente, sua dor de cabeça abrandou;

“Pensei que estaria com as outras mulheres” ele falou ao se aproximar. Aparentemente Mist estava ali a espera dele. Já havia notado que ela estava muito mais próxima que o normal, sempre perguntando onde ele estaria, que horas voltaria, onde o encontraria e a todo momento tentava o acompanhar para as reuniões. Ter ela por perto era sempre bom, mas ele sentia que algo não ia bem.

Mist era uma garota com um espírito livre, forte e independente. Certamente, permanecer em torno de tantas pessoas diferentes dela estava tendo seu efeito, foi uma das razões pelo qual adiou o máximo possível sua viajem para a capital.

“Achei que poderia lhe esperar, já que estava por aqui mesmo” ela apontou sem jeito ao redor.

Seth deu um breve sorriso compreensivo, “bom, eu tenho esse tempo livre agora, gostaria de fazer alguma coisa? ”

Ela pareceu pensar um pouco, “nada em particular” respondeu sem jeito. Seth sentia que ela estava desanimada, era como se os últimos dias dela tinham tido o efeito de sugar sua energia outrora borbulhante. Isso o fazia sentir-se mal consigo mesmo.

Olhando ao redor do pátio aberto, subitamente teve uma ideia, “O que achas de conhecer a montanha? ” Desde que chegaram tinham passado pouco tempo juntos, seria uma boa forma de estar em sua companhia, mesmo que por poucas horas.

Mist pareceu duvidar daquela ideia “conhecer? Você quer dizer sair? Com todo esse frio? ”

Ele quis rir, não estava tão frio assim, e até o sol podia se ver através das nuvens.

“Sim, e não está tão frio, se colocar mais um casaco ficará completamente à vontade”.

Ela parecia ainda reticente. A ideia de passar frio atoa era mais enfadonho do que qualquer outra coisa.

“E também posso mostra-la algumas crateras que fazem parte do vulcão que aqui existiu, essas crateras hoje são lagos termais” e então, após uma pausa dramática estratégica “cujas águas borbulham...” completou sabendo o que causaria.

O efeito foi instantâneo: seus olhos se abriram juntamente com a boca que formou um “oh” de surpresa.

“Bom, eu acho que eu tenho que ver isso! ” Ela disse animada.

Seth não pode deixar de sorrir também.

“É uma água que borbulha mesmo? ” Ela perguntou incrédula.

“Sim, tal qual em um grande caldeirão, explodindo na superfície”

“Oh meu deus, como eu não vi isso antes? Como eu não vejo as pessoas indo para lá? ”

Seth hesitou um segundo antes de responder.

“Bem... na verdade não é aconselhável que as pessoas subam para esses lados” Admitiu sem jeito.

Mist parou a caminhada “Você quer dizer que o que estamos a fazer é... proibido?” Perguntou chocada.

“Eu não usaria essa palavra”. Mais hesitação.

“Seth... eu nunca pensei que você faria algo desse tipo” comentou divertida, voltando a acompanha-lo. “Você não é do tipo que segue todas as regras?!”  brincou.

Ele a olhou meio de lado e deu um pequeno sorriso que nem mesmo Mist percebeu, “talvez você ainda não me conhece muito bem então”.


Notas Finais


Hahah adoro Seth impertinente, ele tem esse lado ;D.

Sinto dizer que esse era para ser outro grande capítulo, mas ia ficar bem grande mesmo, maior que o último (poder de síntese, onde estarás?), mas decidir divido-lo em dois para melhor compreensão, espero que não fique confuso :/.

E fiquei mais a vontade com o feedback do último capítulo, obrigada pelas opiniões de vocês! Por ser uma história parte a parte pode ser difícil imaginar para onde isso irá, mas garanto que os capítulos não são atoa, tudo fazendo parte do quadro geral do que será deles (apesar de toda pintura política, familiar e geográfica, ainda trata-se de um romance).

Mais uma vez meu muito obrigado! Até mais (tenho um leve sentimento que vocês irão gostar do próximo capítulo ;)


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