1. Spirit Fanfics >
  2. Terras selvagens >
  3. O som do lamento

História Terras selvagens - O som do lamento


Escrita por: JaneDi

Notas do Autor


Seth e Mist têm um mau momento.

Capítulo 20 - O som do lamento


“Por favor, permita-me saber primeiro do que se trata, caso seja....” Começou de maneira leve, disfarçando a ansiedade na voz, embora o som retumbante do seu coração ameaçava tomar seus pensamentos.

Eleonor não vacilou, antes, crispou os lábios em uma linha fina. Suas passadas eram largas, decididas e ela andava rápido, passando por pessoas, corredores, portas sem esperar por Mist, até que parou abruptamente quando chegaram ao aposento reservado aos servos que, naquele momento, tiravam sua sesta.

Houve um pouco de confusão quando os empregados viram quem eram e se apressaram ao se pôr em ordem.

“Destaquem uma pessoa para ajudar minha... filha a sair desse ‘estado’” Ordenou praticamente a despejando e quando uma senhora se levantou para cumprir a ordem, saiu rápido, seu manto voando atrás de si como uma capa, sem dá chance para que Mist tivesse a oportunidade de perguntar novamente.

Ela estava muda e foi como um borrão, por quer quando se deu conta estava na banheira do seu próprio quarto sendo ajudada por Lilaf.

“Por favor minha senhora, levante os braços para que eu retire sua camisa” ela pedia e Mist obedeceu automaticamente, mas estava sendo difícil, pois sua respiração estava entrecortada e todos os seus membros estavam tremendo, ela não sabia dizer se era apenas um tremor do choque da notícia ou se ela estava tendo uma espécie de convulsão, na verdade ela não se dava conta de nada, apenas a notícia... apenas “Morte”.

Mas não poderia ser, poderia?! Sua família não estava mesmo em uma dessas áreas de conflito... ou estava?

De repente ela não tinha mais certeza. Sua mente nublada e então mais tremores.

Ela ouvia a voz de Lilaf ao fundo, mas era como se seu espirito não comandasse mais seu corpo, sentiu um par de mãos a agarrar lá e então mais outro. Já não podia distinguir a quem pertenciam as vozes que recitavam alguma coisa a fim de acalma-la, mas eram palavras estranhas, formas estranhas por que ela só pensava na sua família.

Sua irmã Mimi, que era tão doce e tão gentil, estava quase do seu tamanho da última vez que a viu.

Tinha os gêmeos Noar e Mili. Adoráveis bagunceiros, eram como filhotes ansiosos para brincar com qualquer coisa.

Sua mãe que tinha cheiro de flores, tinha mãos calejadas e ainda tão suaves que costumava cantar para ela, pentear seus cabelos embaraçados.

Seu pai, o homem calmo, sensato, inteligente que tolerava todas as suas maluquices de infância.

E mesmo sua avó, que já havia partido, ela pensou nela nos dias que passaram juntas.

Por um momento ela viu sua casa na tribo onde havia crescido estranhamente vazia e quieta. Ela percorreu todos os cômodos, da sala no térreo, a grande cozinha nos fundos com seus fornos altos, os quartos das crianças e então a parte dos pais, mas não encontrou ninguém. Chamou por seus nomes, avisando que estava de volta. Que tudo ficaria bem por quer ela voltou para junto deles, mas ninguém a ouviu. Saiu e foi para o pátio onde brincavam, perto dos jardins de sua mãe e dali saiu para a rua, também deserta e Mist foi ficando cada vez mais ansiosa por não encontrar ninguém. Percorreu as ruas conhecidas, mas estava despovoado, não via uma alma viva.

Eles estariam mortos? Mas porquê? Como?

Ouviu a sua própria voz a gritar e era como se fosse outra pessoa. Gritava por ajuda para encontrar as pessoas. De repente, voltando a sua própria realidade, debatia-se sobre uma superfície macia e quando abriu os olhos estava contra a cama de seu quarto, e uma mulher ruiva curvava-se sobre ela prendendo-a com força.

“shiiiii” ela dizia, “shiiiii, calma minha irmã...” ela cantarolava e aos poucos Mist foi voltando à tona, os olhos arregalados, a garganta seca de gritar e se viu sob o domínio de Elessar.

“Estamos aqui com você” ela disse ainda a segurando com uma força que Mist não atribuiria a uma mulher grávida.

Levou alguns segundos para ela se encontrar.

“Seth?!” Ela conseguiu dizer, mas sua voz saiu arrastada, lenta.

“Quem? ” A ruiva perguntou sem entender e voltando se para as servas que esperavam ao lado da cama, procurou saber do que ela falava.

“O senhor Sethendreck” foi Lilaf que respondeu. A jovem serva estava torcendo uma toalha na mão com força e seu rosto estava branco feito papel.

“Ele está ainda em reunião” ela disse de forma suave, “você deve ter tido um ataque de pânico e sua serva procurou por ajuda” explicou e Mist viu duas outras mulheres em volta da cama. Não fazia ideia de quem eram.

Mas o assalto a sua mente a fez arfar novamente.

“Me diga o que aconteceu! ” Ela pediu a Elessar, segurando forte ao braço que estava apoiado junto ao dela, “por favor, o que houve no sul... quem... quem morreu? ” Suplicou.

Um lampejo de entendimento passou por seus belos olhos, “não se preocupe irmã, trata-se de um grupo de militares, não foram seus antigos pais”

Então Elessar pôs se a explicar que um armazém fora invadido por um punhado de militares e civis que invadiram um armazém de depósito de alimentos e esconderam em uma embaixada afim de contrabandearem para o norte e venderem por um preço mais elevado. O que não contavam era que houvesse esse grupo armado esperando pela emboscada. Não fora mesmo nem perto da onde seus pais moravam.

Um alívio invadiu Mist e ela caiu sobre os travesseiros respirando fundo. O momento em que ela pensou que havia sido... foi... foi tão terrível.

Ficou deitada até sua respiração desacelerar, haviam lhe administrado algum tipo de remédio que a fez ficar mais lenta e devagar, até sua fala estava embolorada. As servas saíram, mas Elessar permaneceu ao seu lado, segurando sua mão, ao qual ela era grata.

“Vai ficar tudo bem irmã” ela disse a fim de consola-la.

Mist ergueu o olhar para ela, estranhando a sua presença ali, ao invés de Seth, “como você sabe? ”

Elessar colocou a mão livre sobre sua barriga inchada e pareceu pensar por um momento, “é o que a gente tem que acreditar Mist, caso contrário, o que faz a gente acordar pela manhã se não for a esperança de um dia melhor que o anterior? ”

________________________________________________

 

 

Seu irmão saiu da sala para começar a organizar a reposta ao ataque e sua dor de cabeça voltou.

“O rei permitiu que deslocássemos quinhentos guardas da fronteira para que auxilie Sinclaff nessa retomada” seu pai falou aos homens que se reuniram ali, “iremos fazer isso, aproveitando que eles imaginam que o nosso retardamento se dá pela ausência do rei”

Seth respirou fundo e olhou ao redor, era incrível que tantas pessoas inteligentes juntas não conseguissem ver que aquilo seria um erro sem tamanho.

“Senhor, não seria mais sensato mandar um grupo de negociadores? ” Falou para o pai, “certamente o próprio corpo armado local pode procurar os envolvidos e submete-los a um procedimento criminal, caso contrário seria uma declaração de guerra destacar tantos homens do exército para cuidar de um caso isolado”.

“Não se tornará um caso isolado em breve, nossos representantes afirmam que há uma marcha militante se formando nas tribos mais distantes. O que estamos fazendo é estar um passo à frente” seu pai retaliou.

“Mas se fizermos isso, dessa forma especificamente, haverá mais mortes, Senhor eles não são um povo armado...”

“Não argumentaremos sobre isso” Seu pai o interrompeu, “Precisamos agir agora, ou então será tarde demais”. Seth se calou enquanto ouvia os outros terminarem de levantar os gastos para a eminente viagem dos militares, mas esperou todos saírem para ter oportunidade de falar com ele.

Seguiu o até seu gabinete e permitiu que o secretário particular do pai fechasse a porta para a privacidade dos dois.

“Pai....” ele começou a suplicar, mas foi interrompido pelo próprio homem.

“Senhor’, nós não estamos em casa” ele lembrou em sua voz dura enquanto assinava alguns papeis.

Seth sentiu o rosto arder, mas continuou, “Perdão, ‘senhor’, eu creio que há outras alternativas que mandar Sinclaff juntamente com um exército em resposta. Pelo que entendi não foi um ataque deliberado ao reino...”

“Nós tivemos um momento onde pudemos discutir a melhor estratégia para isso. No entanto você não estava em nenhum lugar Sethendreck, apesar de você ser meu filho e fazer parte deste conselho!

 Onde estava o dia inteiro quando precisei de você aqui? ” Exigiu entrelaçando os dedos sob o queixo, “Por acaso irás me dizer que precisou tratar de assuntos particulares como fizeste quando o ordenei que estivesse na capital há mais de um mês? ”

“Estava situando minha esposa a montanha” ele sabia melhor do que mentir para o pai.

O homem ficou calado por alguns segundos, os olhos sem os deixar e então piscou, “imaginei que fosse um homem feito Sethendreck, e não um rapazola a namorar escondido como fazem alguns da criadagem”.

Seth sentiu o sangue ferver com a comparação, mas sabia quem o homem era, melhor não o desafia-lo.

“eu sinto muito” pediu ao invés, envergonhado e com a cabeça baixa.

“não aceito desculpas quando elas são tomadas por gestos negligentes”

Seth ficou um momento sem fala, “Estou ciente do meu erro, e gostaria de colaborar me colocando no lugar de Sinclaff para tentar negociar um acordo com os rebeldes” disse pensando no que poderia fazer.

“Não, Sinclaff tem experiência militar que você não possui, além do mais, não negociamos com assassinos e ladrões. Seu irmão é o mais qualificado para esta missão e acho que chegamos ao fim dessa reunião”

“Mas senhor...”


“Não!” o fair bradou. “Esquece-te que o tirei como representante há alguns anos justamente para que não tivesses mais contato com o sul? Mas acho que fiz isso tarde demais, visto que não sei de que lado estas! ”

Aquilo o fez fechar as mãos em punho “eu estou do lado da paz, do bom senso...”

“Não existe paz Sethendreck, existe ganhadores e perdedores. Como teu superior e como teu pai sempre o eduquei para mostrar o caminho do vencedor. Lembras-te disso” finalizou levantando-se e ficando cara a cara com o filho mais novo. “Prepara-te que iremos acompanhar o percurso do teu irmão juntamente com o exército pela cidade e, dessa vez, não me faça espera-lo, muito menos procura-lo” finalizou seu discurso e saiu.

Ele ainda ficou no gabinete do fair por alguns segundos tentando se recompor. Fora humilhado pelo pai, mais uma vez.


Notas Finais


Eles são pessoas horríveis.


(feriados <3)


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...