1. Spirit Fanfics >
  2. Terror Noturno >
  3. Terror Noturno - capítulo único

História Terror Noturno - Terror Noturno - capítulo único


Escrita por: arthskies

Capítulo 1 - Terror Noturno - capítulo único


Segundo Sigmund Freud, os sonhos que temos ao dormir são as manifestações dos nossos desejos mais profundos. Quando era jovem eu costumava sonhar com incríveis viagens através do mundo, situações em que eu descobria superpoderes para me livrar do perigo e momentos que vivia com meus personagens preferidos da ficção. Tais aventuras sempre me atraiam para o sono e me via esperando ansiosamente pela noite, para deitar na cama e mergulhar em mundos fantásticos.

Para o psiquiatra Carl Gustav Jung os sonhos são os meios que o nosso inconsciente usa para tentar alcançar um equilíbrio de personalidade. Nessa teoria ele propõe alguns personagens que fazem parte de cada trama vivenciada em sono, tendo eles funções específicas para nos guiar nessa tentativa de compensação.

Mais ou menos na faixa dos dezesseis anos as minhas adoradas aventuras começaram a se transformar em terríveis pesadelos. Não houve nesse período alguma drástica mudança em minha vida, o que fez com que eu questionasse tal declínio. Foi aí que fiz minhas pesquisas a respeito dos sonhos e em várias fontes constatei que o reino de horrores que eu passara a presenciar ao dormir não era exatamente comum.

É normal alguém ter um sonho ruim de vez em quando, uma noite em que não consegue descansar verdadeiramente ou coisa do tipo. Pesadelos recorrentes, no entanto, pode ser sinal de diversos problemas vivenciados no dia a dia do indivíduo. O meu caso nunca fez sentido, uma vez que minha vida era pacífica e relativamente calma. Tive um bom histórico escolar, boa interação com as pessoas ao meu redor, relacionamentos estáveis e saúde razoavelmente positiva.

Nessa época que comecei a questionar o que havia de verdade no cerne do meu ser. Buscava sentido nas perseguições que sofria, nos assassinatos que presenciava e as dores as quais era submetida nas minhas noites de sono. Um erro, aliás, que me levou a cair mais ainda. Já não havia descanso, a exaustão me atingia e o medo me obrigava a continuar desperta. Luzes acesas, água gelada no rosto e qualquer outra coisa que pudesse me distrair.

Obviamente, nem sempre eu podia me dar ao luxo de permanecer acordada. Compromissos me levaram a tentar apagar numa certa noite.  Tomei um comprimido e me joguei entre os cobertores, torcendo para ser totalmente dopada e não me lembrar de nada ao amanhecer. Iludi-me e tenho tais recordações como uma das piores que guardei. Já estava mais ou menos acostumada a ter nos sonhos ruins a presença de seres do sinistro. Enxames de borboletas negras cobrindo meu corpo, sussurros de morte no vazio e possessões que me lavavam a ferir as minhas pessoas mais queridas. Nesta fatídica data, porém, acredito ter tido o que as pessoas chamam de paralisia do sono. Na realidade, torço para que o tenha sido a fim de ter paz no viver. Eu acordei sem lembranças e apenas tendo um pavor indescritível preenchendo meu ser. Não me movi e recordo da nítida presença de uma criatura postada ao lado da minha cama. Estava em pé e no momento me pareceu o diabo em si. Em alguns segundos constatei que sim – era o próprio e parado ali ele me observava como que maquinando mil formas de agonia a infligir. Desejei gritar, desejei me debater, ligar a luz e me por a correr daquele quarto. Por excruciantes segundos meu corpo não respondia a qualquer comando e os olhos do capeta queimavam em minha nuca. Após um breve instante retomei minha consciência e voltei a mim – ou quase.

As noites seguintes não foram melhores, mas nem de longe tão apavorantes. Acordava chutando os pés da cama, com lágrimas nos olhos e verificando cada parte do meu corpo atrás de vermes ou feridas. O incrível sempre foi que ao dormir com outras pessoas por perto eu sofria bem menos desse distúrbio. Acreditei por algum tempo que podia ser algum tipo de medo inconsciente, mas aquela presença confirmou para mim que não havia qualquer explicação racional para meu problema. Eu era perturbada. Não mentalmente, mas por algo. Alguém.

Lembrar-me dessa época sempre é estranho, pois parece algo distante que ocorreu com outra pessoa. Passou da mesma forma que veio – sem explicação, sem qualquer motivo aparente. Às vezes me pego acordando assustada, mesmo tendo sonhado apenas com algo banal como uma discussão de jantar em família. A verdade é que a noite, o sono e o escuro ainda me assombram como aquele ser maligno, a espreita parecendo sempre prontos para surpreender das formas mais terríveis. 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...