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História Teus Olhos - Wammy's House


Escrita por: HeloChan

Notas do Autor


Para quem já acompanha a fic pelo Nyah! talvez seja interessante dar uma passadinha de olho, porque eu vou fazer uma ou outra alteração aqui para o melhor desenvolvimento da fic.
Para quem não acompanha, provavelmente é interessante acompanhar por aqui. Se essa fic fosse um livro, eu leria. Sem egocentrismos.

Capítulo 2 - Wammy's House


Um copo de vidro cheio de tinta diluída em água virou e manchou o papel onde eu tentava pintar uma cerejeira de aquarela. Em um breve acesso de raiva, atirei o copo longe e ele quebrou em cinco grandes cacos de vidro que claramente seriam fáceis de colar. Meu peito apertou de remorso e minhas mãos se apressaram em desajeitadamente embrulhar os pedaços de vidro em um jornal e deixá-lo sobre a escrivaninha. Um fiozinho de sangue escorreu por minha mão. Suspirei irritada e voltei meus olhos para a aquarela arruinada. Não estava feia, a água havia espalhado a tinta e as flores da cerejeira pareciam fluir pelo papel como se carregadas pelo vento e, ainda que não fosse nada parecido com as aquarelas meditativas chinesas sobre as quais tinha lido, aquela pintura era muito mais como eu, só precisava de um pouco mais de mim, um pouco de vermelho. Olhei novamente para o sangue e prendi a respiração antes de esfregar o corte aberto pelo papel e deixar o sangue se misturar com água, tinta e flor. Pronto. Caos.

– Hitomi? – Droga! Katy estava vindo me chamar, isso significava que era hora de descer para comer e que eu estava quase atrasada. Na verdade, ainda estava completamente nua, de forma que comecei a me vestir muito rápida e desajeitadamente. – Hitomi? – Obviamente Hitomi não era meu nome real, ninguém usava o nome de registro no Wammy's House. Descobri isso logo que cheguei aqui, quando o nome pelo qual as pessoas se apresentavam não batia com o nome que flutuava sobre suas cabeças. Pessoalmente, escolhi Hitomi como uma ironia pelo que minha mãe fez comigo. Hitomi significa "pupila" e é um nome que se dá para meninas com os olhos particularmente bonitos.

– HITOMI! – Ela jamais desistia de me chamar de manhã. Abri a porta imediatamente depois de estar vestida apenas para ver Katy desviar os enormes olhos azuis para o chão em uma mistura de surpresa e vergonha.

– Que foi?

– Você esqueceu o… – Ela tocou o olho direito.

Droga, Katy tinha uma agonia terrível de me ver sem tapa-olho por causa da cicatriz e do olho quase branco. Procurei o tecido em meus bolsos enquanto pedia desculpas. Que coisa desagradável, Katy e eu quase não nos falávamos e ela já era extremamente tímida e sensível, totalmente desnecessário fazê-la ver coisas dignas de um mangá gore.

– Está no bolso da saia. O direito. – Ela ainda olhava para o chão.

Coloquei rapidamente o tapa-olho preto, no qual tinha colado várias lantejoulas vermelhas e douradas formando uma borboleta. Já que toda a região ao redor do meu olho direito era totalmente destruída, pelo menos eu tinha direito a ter um pouco de estilo extravagante, não?

Peguei minha mochila e desci ao lado de Katy até o refeitório para comer o café da manhã. Ela foi sentar com algumas amigas e eu peguei torradas com geléia e café. Muita geléia na torrada e muito açúcar no café. Mas o cérebro consome muito carboidrato.

Uma cadeira vaga na mesa dos top 3 do Wammy's House. Fui até lá e me sentei para comer.

– Bom dia, Hitomi. – Saudou o louro, Mello, tomando seu chocolate quente matinal. Os outros dois se mantiveram em silêncio. O albino, Near, resolvia um cubo mágico que variava em tons de cinza. O ruivo, Matt, jogava videogames em seu PSP.

– Bom dia, Mello.

De vez em quando, Mello e eu transávamos. Nada muito sério ou regular, só acontecia quando o tédio ia muito fundo na nossa rotina ou quando o tesão não podia ser controlado apenas por masturbação. Era simultaneamente chato e legal tê-lo como opção. Bom pela praticidade de podermos simplesmente entrar no meu quarto e fazer o serviço rapidamente, sem ter que marcar encontros com antecedência, além de sempre termos boas conversas pós-sexo. Ruim porque os outros moradores comentavam nossa relação de amizade colorida, fora os problemas de Matt ter ciúme e de outras garotas me odiarem por "roubar o louro do mercado". Eu não o impedia de transar com outras pessoas e tampouco me preocupava em ser fiel a ele ou a alguém no geral.

Near concluiu o trabalho com o cubo mágico.

– Olá, Hitomi. – Dei um sorriso em retorno ao cumprimento. Do Near eu realmente gostava. Não por ele ser o mais inteligente, apesar de seu cérebro ser absolutamente impressionante, mas porque ele realmente não ligava. O garoto era frio como uma pedra por trás de sua cortesia usual e era isso que colocava acima de Mello. Era isso que o colocava também acima  de mim.  Tive uma súbita vontade de pintá-lo.

Near e Matt saíram, me fazendo perceber a hora tardia em que nos encontrávamos. Quase hora da aula. Acelerei o ritmo da mastigação.

– Quer fazer algo depois da aula?

– Claro. – A bem da verdade, eu geralmente optaria por companheiras mulheres, mas Mello servia bem e absolutamente sabia o que estava fazendo, além de ser um passaporte para o pseudo-círculo-social dos top 3 do Wammy's.

As salas de aula do orfanato eram muito bem equipadas, obviamente havia uma preocupação enorme em preparar todos ali para, um dia, um de nós ser eleito por L como seu sucessor. Todos sabíamos que o mundo precisava de um grande gênio, ou um pequeno grupo destes, a quem recorrer em momentos de desespero. Essa casa existia desde a Era Vitoriana, quando foi construída pelo grande Sherlock Holmes. Chegou a ser derrubada e o orfanato foi desativado durante uma época e depois Quilish Wammy a reconstruiu com o nome de Wammy's House quando o nome L começou a atuar nas investigações.

Me sentei em uma das cadeiras da frente, perto de Near, que montava bonequinhos com borracha e cola. Tirei de meu bolso um bloco de papéis de origami e comecei a dobrar. As aulas do Wammy's eram completamente voltadas para estimular o pensamento de forma que a primeira coisa que aprendemos aqui foi o que nos estimula a refletir o mais intensamente que pudermos como indivíduos. Near gosta de brinquedos, Matt gosta de videogames, eu gosto de artes. À partir disso, somos capazes de pensar elementos que são difíceis de acessar sem deixar o subconsciente aflorar. Além disso, aprendemos muito de forma prática, deixando a teoria para ler voluntariamente na biblioteca para agregar conhecimento prévio. Há um acompanhamento psicológico para que possamos nos preparar para lidar com casos completamente abissais. Temos que estar preparados para refletir friamente sobre coisas que detetives normais mal teriam coragem de olhar. Quando L capturou meu pai, ele teve de olhar por trás de uma série de homicídios impensavelmente sanguinolentos. Teve que buscar relações inacreditáveis, ainda que eles tenham se conhecido no Wammy's desde crianças. Foi por isso que eu ganhei meu lugar aqui. E meu estigma.

A filha de Beyond Birthday, o Assassino do Boneco de Palha, como uma dos quatro principais candidatos a suceder o grande L. Impensável.

Era no psicológico que Mello perdia de Near. Era no psicológico que eu perdia de Matt. Não que eu tivesse algum transtorno, mas eu era realmente estourada e, algumas vezes, excessivamente empática. No ponto de empatia eu perdia para Mello.

A aula de química usualmente envolvia encontrar evidências em materiais específicos à partir dos materiais disponíveis, que eram usualmente os encontrados em um laboratório de alta tecnologia, mas frequentemente tínhamos de nos virar com aquilo disponível em uma cozinha qualquer. Naquele dia, o objetivo era achar uma prova para acusar um assassino por meio de um pedaço de tecido. Joguei nele um reagente que indicava que tinha sido exposto a ácido sulfúrico, material no qual o corpo da vítima tinha sido encontrado. O tom de azul marinho da amostra era dois tons acima da roupa usada pela vítima. Terminei.

A aula de educação física alternava entre natação, luta e técnicas de escapismo - ou combinações dos três acima -. No geral, tínhamos que ficar resistentes e poder sobreviver a situações complicadas. O professor nos ensinava artes marciais que variavam entre golpes potencialmente fatais e imobilização. Às vezes tínhamos aulas de danças diversas, uma vez que a socialização podia contribuir em alguns casos. É claro que alguns de nós eram capazes de socializar, mas a maioria era realmente um show de horrores. Seriamente, quase todos estavam em plena adolescência, com os hormônios à flor da pele e eu e Mello éramos dos poucos que transavam.

Falando no chocólatra, ele era quase sempre meu parceiro nas aulas de luta, uma vez que éramos ambos estourados e frequentemente acabávamos usando força demais ou nos empolgando. Não era incomum acabar o dia na enfermaria. Foi assim que nos conhecemos. Na enfermaria.

Voltei minha atenção para a luta. Ele desferiu um soco e eu agachei para chutar sua perna. Ele quase caiu, mas conseguiu saltar e se equilibrou. Me levantei mas, sem o senso de profundidade, não previ que o chute do louro pegaria meu pescoço. Caí quase dando uma cambalhota de costas e me impulsionei para levantar rápido, desviando com o braço esquerdo o soco que ia levar no olho de forma que me aproximei o bastante para socar a garganta de Mello e aproveitar a brecha para girar seu braço e torcê-lo para trás. Num segundo ele estava no chão. No outro tinha conseguido desfazer o golpe e me atirar por cima de seu ombro, de forma que estava totalmente imobilizada antes que pudesse reagir.

– Lenta.– Provocou. Me debati furiosamente, mas ele era muito maior e mais forte que eu. Inferno.

O apito do professor interrompeu a luta e o louro me largou. Se estivéssemos lutando com varas ou espadas de madeira, o resultado seria outro, pois eu era muito mais rápida. Podia vencer Mello, desde que não fosse pega em um golpe que me prendesse, porque não era capaz de me soltar.


Notas Finais


Gostaram? Por favor, comentem. Preciso dos comentários como parâmetro (e pra não desanimar, né?)
Beijos!


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