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História Teus Olhos - Capítulo 4 - Pergunte ao Mestre


Escrita por: HeloChan

Notas do Autor


E.... Temos mais um capítulo! Gente, obrigada pelos comentários no último capítulo, me deu uma fortalecida pra continuar. Continuem assim!
Bem... Estou em época de vestibulares e estou nervosa, está difícil escrever... Bem, Sem mais delongas, aqui vai mais um capítulo.

Capítulo 5 - Capítulo 4 - Pergunte ao Mestre


Desisti de voltar à aula depois do almoço, a notícia sobre meu pai tinha sido demais para mim e o ideal era dormir um pouco e depois ver L. Talvez até sair do orfanato por algumas horas, sumir até por alguns dias ou coisa parecida. Precisava urgentemente pensar em como agir diante de B em alguns dias, precisava saber como me seguraria de pé depois de qualquer coisa que me tirasse a base. Eu acreditava em minha capacidade, na minha própria força de superar qualquer adversidade… No Wammy's House, éramos treinados inclusive para suportar qualquer tipo de tortura física ou psicológica e, com meu passado, eu tinha uma base muito forte para me agarrar às minhas crenças. Mas e se essas crenças fossem abaladas por algo que B me contasse?

Mello já tinha ido para a sala, tirando qualquer chance de aliviar meu estresse com sexo, então teria de dar outro jeito de relaxar. Talvez música? Pessoalmente, não gostava de ouvir música para esquecer do mundo, era desrespeitoso usar a composição de uma pessoa para tirar os pensamentos da cabeça, sem apreender nada do que estava ali envolvido. Mas a situação pedia. Raramente ouvia música clássica, ou sequer alguma forma de música, mas acabei colocando Bach para tocar naquela hora. Qual era mesmo o nome da peça? Variações de Goldberg.

A peça tinha uma história estranha… Um nobre tinha contratado Bach para compor uma peça não muito curta, mais facilmente reconhecível que pudesse ajudar a resolver seu problema de insônia. Então Bach compôs um tema musical curto para o cravo e fez uma série de variações sobre ela. Usualmente, compositores faziam em torno de seis variações, alguns extrapolaram e fizeram até dez. Bach fez quinze. Em seguida, compôs uma introdução. Para que compor uma introdução depois de terminar uma peça? Bem… para as outras quinze variações que ele fez em seguida. Foram trinta variações do mesmo tema curto para um solo de cravo. Se o nobre não teve seu problema de insônia resolvido por isso, o caso não tinha solução.

Eu não ouvia música clássica com frequência, repito, e tampouco era uma especialista no assunto, mas era difícil não respeitar uma figura tão disposta a ultrapassar os limites da música. Bem, afinal eu não estaria desrespeitando o propósito inicial da peça ao usá-la para dormir. A peça realmente dava sono. Meus olhos foram fechando, ardendo a cada piscada mais longa enquanto o som do cravo que saia distorcido pela caixa de som ruim se tornava mais e mais vago em minha mente.

Acordei do sono pesado e sem sonhos quando uma música diferente começou a tocar, cerca de uma hora e meia depois. Tinha a saliva ácida e meu fígado parecia incomodado pelo sono fora de hora, pois a bile queimava toda a minha garganta insuportavelmente, de forma que tomei alguns bons goles da garrafa de água que ficava ao lado de minha cama. Lavei o rosto e parei para me observar diante do espelho.

Eu estava mais pálida que o normal e meu cabelo estava terrivelmente desgrenhado. Meu olho estava vermelho de sono ou era apenas uma impressão causada pela cor natural da íris? Talvez estivesse inchado mesmo, afinal eu andava dormindo muito mal nos últimos dias. Poderia ser TPM? Eu lembrava uma foto que tinha da minha mãe. Ela era bonita. Tinha os traços do povo de Okinawa, com lábios grossos e pele mais escura, os olhos bem puxados e cabelos lisos muito compridos que emolduravam um rosto redondo, mas com as maçãs bastante marcadas. Na foto, me lembro bem, ela segurava um crucifixo. Meus olhos eram maiores e os cílios eram mais cheios. Eu era mais branca também. Mas continuava muito semelhante a ela, com os lábios grossos e o nariz um pouco largo e os cabelos muito lisos e, naquele momento, muito compridos, envolvendo meu rosto redondo com as maçãs bastante saltadas.

Suspirei diante do espelho, encarando a mim mesma. Tirei a roupa toda e deixei no quarto. Voltei para o banheiro com a camisa larga que usava para pintar quando estava frio demais para ficar pelada. Peguei uma tesoura grande com ponta e um pente em uma das gavetas. Molhei o cabelo na pia mesmo e acertei minha franja, cortando-a até cerca de um dedo acima da linha das sobrancelhas e cortei o resto das longas madeixas na altura do queixo. me penteei, tirando os restos de fios já cortados que teimavam em fazer nós nos outros para se prenderem a mim. Tinha ficado bonitinho, marcando minhas maçãs da face e fazendo minhas bochechas parecerem boas de apertar. Meus olhos estavam mais visíveis também. E a cicatriz. Às vezes eu pensava em tatuar algo sobre ela para escondê-la, mas ao mesmo tempo queria mostrá-la para o mundo. Não faria isso, pelo menos até ver meu pai e saber absolutamente tudo sobre mim.

Mas talvez eu pintasse o cabelo mais tarde. Teria que comprar tinta na farmácia e não podia ir com o uniforme do orfanato, então me enfiei em uma calça jeans e uma regata, coloquei meu velho all star meio rasgado e fui para as escadas, subindo até o último andar, para o quarto incrivelmente espaçoso que pertencia a L. Bati na porta e aguardei por um momento, mas não houve resposta. Eu sabia que ele estava lá dentro, no entanto, uma vez que era possível ver o movimento da sombra do detetive caminhando de um lado para o outro na frente da porta. Como caminhava descalço, raramente era possível ouvir seus passos exceto pelo leve estalo do suor dos pés aderindo ao chão de madeira. L não permitia que ninguém entrasse em seu quarto a não ser as crianças pequenas e os cinco primeiros colocados na lista de sucessão e mesmo assim apenas Near e Mello tinham sua real consideração.

Uma vez que eu usava sapatos, o detetive abriu a porta antes de eu bater. Apesar de sua postura curvada e compleição física magra, ele era forte e rápido, percebia e filtrava tudo em volta com uma velocidade inexplicável. L tinha, no máximo, trinta e cinco anos. Como meu pai. Pensando bem, meu pai era muito jovem quando eu nasci. Tinha o que? Dezessete anos?

– Hitomi. – Era mais uma constatação do que qualquer outra coisa. Ele deve ter imaginado que Mello me contaria sobre meu pai antes dele. Tinha contado ao louro propositalmente?

Apenas o encarei. L tinha olheiras muito profundas sob os olhos negros e todas as vezes em que o vi ele estava usando as mesmas roupas. O cabelo era um caos, parecia mais um ninho de rato do que qualquer outra coisa.

– Você cortou o cabelo.

– Achei que estava parecida demais com a minha mãe.

– Por que não faz um piercing? – Ele está me dando conselhos estéticos? Não que fosse necessariamente um mau conselho, mas era inesperado demais para que ele não estivesse me enrolando.

– Meu pai. – Não precisaria falar mais do que aquilo para que ele entendesse.

Indicou com a mão uma poltrona confortável na qual sentei, colocando as pernas sobre o assento e apoiando os braços nos joelhos como uma criança. Não importava o que se dissesse, a posição realmente incentivava o raciocínio e, para conversar com um gênio, é importante ter raciocínio rápido.

– Hitomi, antes de começarmos é importante que você saiba conscientemente que eu não desejo separar você de seu pai. – Ele se sentou na cama, também com os calcanhares encostando na bunda.

Obviamente que eu entendia, mas aquela era apenas uma meia verdade. Me separar de meu pai era o meio para que L atingisse seus fins, que no caso eram impedir que um assassino mundialmente conhecido persuadisse sua aprendiz a traí-lo. Me separar de B não era o objetivo final, portanto, mas não deixava de ser uma meta a ser cumprida. Mas os fins justificam os meios?

– Eu não tenho nenhuma intenção de trair sua linhagem, L. Sou forte o bastante para aguentar o que quer que ele me diga.

– Hitomi, é preciso muito cuidado na hora de considerar sua força interior. A arrogância já derrubou mais homens do que é possível contar.

Pela primeira vez, L me pareceu inquieto. A figura séria que podia se sentar imóvel durante dias se levantou e voltou a andar pelo quarto com sua postura curvada que lhe tirava pelo menos dez centímetros de altura. Deu pelo menos três voltas na parede da janela, tempo durante o qual permanecemos no mais absoluto silêncio. Teria o grande L encontrado um assunto a respeito do qual não era capaz de falar?

– Akane. – O nome pelo qual ele me chamou me pegou desprevenida. – Existe um grande segredo que mesmo eu não consegui arrancar da boca de seu pai, não importando quais os meios que usei. E eu tentei todos eles.

Permaneci em silêncio, embora tivesse tentado proferir palavras.

– B foi minha maior decepção e também meu maior orgulho. Sinceramente, se eu não tivesse contactado Naomi Misora, jamais poderia tê-lo capturado ainda vivo. Ele realmente superou meu cérebro sozinho e, por mais que tenha feito as coisas que fez, não posso negar que foram feitos grandiosos.

– O que isso tem a ver? Ele chegou nesta casa para te superar.

– Ele jamais poderia ter feito isso apenas com o cérebro. Levaria muito mais tempo de preparação do que realmente levou. Mesmo quando eu te trouxe para cá, sabia exatamente onde B estava e o que fazia, eu o perdi apenas dois meses antes dos assassinatos. Não haveria tempo de ele achar as vítimas e pensar nos enigmas. O que ele fez, Hitomi, foi algo de sobrenatural.

– Meus olhos…?

– Tenho certeza de que tem algo a ver com isso. Hitomi, você me falou de números que flutuam sobre a cabeça das pessoas e de nomes… Você sabe os nomes de todos? Como isso funciona?

– Eu não sei como funciona. Eu vejo o rosto das pessoas e eu sei o nome delas, vejo letras e números flutuando sobre suas cabeças. L, você conheceu meu pai quando ele entrou aqui, deve pelo menos saber mais alguma coisa…

– Eu não sei, nunca falamos sobre isso. Eu sabia que os olhos vermelhos eram algo mais do que uma falha de melanina, mas jamais tinha imaginado… Sinceramente chegaria a cogitar que essas visões poderiam mesmo ser um sintoma de esquizofrenia, caso você não tivesse também me chamado pelo nome quando nos conhecemos.

Não era ali que eu queria chegar.

– L, eu quero conhecer meu pai. – Claro que eu o conheci quando era pequena, mas acho que só vemos os pais como pessoas que conhecemos depois dos quinze anos de idade.– Não me importo com os danos causados, essa é a verdade eu preciso conhecer.

Ao invés de me responder imediatamente, ele tirou do frigobar no canto do quarto uma generosa fatia de bolo e começou a comer. Alguns minutos se passaram, durante os quais ele me ofereceu várias vezes um pouco de bolo, mas desde que ele me chamou de Akane eu não tinha estômago para digerir nada. Havia um nó em minha garganta que me impedia de falar… Não que eu fosse de chorar muito, pelo contrário, mas às vezes as lágrimas vêm e elas não podem ser negadas. A não ser é claro que você esteja na frente de L. Não se deve chorar na frente de L.

– Você vai. Mesmo que more aqui e Watari tenha assumido sua guarda, B conseguiu o que queria, contornar a lei para te ver. – De repente aqueles olhos brilhantes miraram dentro dos meus, capturando completamente minha atenção, quase me congelando por dentro. Me senti nervosa, incapaz de reagir. – Vale a pena avisar, no entanto, que ver B não vai te fazer se sentir mais segura ou confortável. Ele pode ter sido um pai para você quando tinha quatro anos, mas ele mudou.

– Eu não quero segurança ou conforto, eu quero a verdade. Se quisesse segurança e conforto não estaria morando aqui, teria desertado há anos. Você me ensinou a sempre procurar a verdade, L.

Ser detetive não era isso? Buscar a verdade e exercer a justiça? Superar os obstáculos, ser perseverante e chegar ao final da história como vitoriosa? A vitória em ser detetive não estava em buscar a verdade por trás dos fatos?

Voltou a ficar quieto. Continuar a argumentar a partir daquele ponto era como colocar novamente ao fogo uma carne já queimada.


Notas Finais


E aí, gente? Gostaram da minha leitura do L? Está à altura do original? O diálogo dele com a Hitomi ficou decente em relação aos diálogo do L do Ohba-sensei?
Até a próxima, gente! Beijinhos!


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