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História Texas - Preso no Texas


Escrita por: littlezackary

Notas do Autor


eae pessoal? Vcs devem estar pensando "lá vai ela de novo com esses papo Texas. Um Gerard fazendeiro e um Frank meio sei lá" pois é, lá vou eu de novo! (Nossa essa exclamação soou meio agressiva, mas eu sou um amor, eu juro juradinho)
Pra quem não viu a versao antiga, decidi refazer pq tava mto escroto. Tava mto violento e sem sentido e pra mim as coisas tem q fazer sentido mesmo se tratando de incesto, estupro e afins. E aliás, eu era mto nova quando escrevi os 3 primeiros caps, ai agora relendo com 17 eu fiquei tipo "???????? Como é q eu fui capaz de pensar essas coisa com 13 anos?! WTF ??????????" basicamente, era um Frank deixado na fazenda, um Gerard sedutor com um passado sombrio e um presente não tão limpinho, um Noah(empregado/submisso do Gee) cagao pra cacete e uma Mary(a empregada) com uma personalidade não muito definida, assim como Bert[ nessa versão tds os personagens terão um pq de existir] Algumas mortes, uns estupros ali, acolá, uma enrolaçao pra ter pelo menos 40 caps e eu estava quase ZZZZZZZ. Então reescrevi e repostei. Não vou mudar alguns fatos, como do supermercado, a morte do médico do Frank e outras coisinhas ai... Na ideia original o Frank iria sim se vingar da maldade do Gerard, mas só no último capítulo, depois de mta enrolaçao. Então pensei... Porque não uma vingança gradativa? Daquelas que você degusta e degusta e degusta... Mas haverão empecilhos e tal. E eu quero deixar claro que nas minhas histórias(pretendo escrever muitas Frerards ainda) se um dos dois fizer o mal, ou o elenco de apoio da história, não irão passar ilesos da minha guilhotina da justiça(nossa isso soou mto escroto, mas é o que eu penso) nossa isso aqui ta enorme mas é q eu preciso falar essas coisas... Mas enfim... Acho que eu to esquecendo de falar alguma coisa... Mas depois(ou não) eu lembro. Bem, para os que já leram, espero que gostem dessa versão mais evoluída e madura(e mais lógica) de Texas ,ahhh lembrei, nessa versão o Gerard não matou diretamente a Dolores... Mais pra frente vcs vão entender melhor o que leva ele a determinadas ações e tal. E para os que ainda não leram...
Sejam bem vindos a Texas babys. E muito cuidado com o Gerard.
Boa leitura.

Capítulo 1 - Preso no Texas


-Atira nele! É a sua chance!-Frank grita para Noah, mas este não parece corresponder. Seu olhos estavam congelados de pavor e os pelos de seus braços eriçados pela adrenalina que mais atrapalhou do que colaborou. Impaciente e vingativo, Frank tomou o revolver de suas mãos e atirou. Aquele eco se espalhou com um ressoar que expulsou os pássaros das árvores. O silêncio fora instaurado num ato sangrento e perturbador.

Quando acordou fatigado no carro dos pais, Frank notou uma coincidência. O rádio sintonizado na Indie FM, tocava Cigarrete Daydreams do Cage the Elephant. Não gostava da ideia de coincidências, mas aquela canção sendo reproduzida ali o assustou muito.

Era ela que tocava quando aquele cara o beijou no banheiro do bar. Foi uma loucura, e ele sabia disso. Não iria culpar o álcool, afinal, havia gostado. Mas terminou com sua namorada no dia seguinte. Não fora tão difícil, as coisas já não iam bem entre eles.

Procurou se acomodar melhor no banco. Observou a paisagem. Não era tão desértico como as pessoas pensavam. Haviam algumas casas ao longo da estrada, banhadas de um céu de um azul intenso e sem nuvens, algumas plantações e pastos que geralmente tinha uma fazenda no fundo.

Seu pai dirigia e observava as paisagens. Parecia se recordar de boas coisas, apesar de não ser do Texas. Sua mãe cantarolava, e Frank observava aquela estranha satisfação e alegria dos dois.

Ah... Seus pais. Para começar, os dois nunca quiseram ter filhos, e sempre fizeram questão de deixar isso bem claro para o Frank. Este, por conta disso, cresceu rondado por fantasmas da carência e uma vasta lista de babás que nunca conseguiam ficar por muito tempo por causa do ciúmes que sua mãe tinha com seu marido. Sempre via troca de olhares com as babás- ou pelo menos achava que era olhares maliciosos. Depois da infância, Frank praticamente viveu por si, dependendo apenas do dinheiro dos pais, aguentando insolências e aguardando ansiosamente sua maioridade, que não tardaria a chegar.

-Estamos chegando...-Seu pai anunciou.

Frank observou o perfil do rosto de seu pai, tentando ter alguma lembrança de como ele era quando ainda era criança. Achava seu pai enorme, mas com tanta indiferença da sua parte e ausência inclusive, ele não conseguiu achar os traços do próprio pai no que se refere a memorias de infância. Aquilo o deixou levemente enraivecido, e estranhou uma troca de olhar ansiosa entre ele e sua mãe.

Mas concluiu que era apenas por quererem muito estar ali. Frank os viu planejar (o que era fora do comum) aquela viajem por meses. Insistindo para que o filho fosse de qualquer maneira. E claro que o garoto teria de ir à contragosto.

Passando mais alguns minutos de estrada, eis que surgia nos olhos de todos dentro do carro, a visão daquela enorme propriedade. Havia uma placa de madeira grossa, onde uma frase pintada com tinta vermelha mostrava:

"FAZENDA LEE WAY, PROPRIEDADE PRIVADA. NÃO ULTRAPASSAR"

Frank achou graça. A única proteção que tinha eram cercas pontiagudas, distribuídas em seus limites de terras à perder de vista. Qualquer saqueador roubaria fácil um boi, um tomate ou um daqueles milhos que estavam plantados e quase prontos para serem colhidos.

Achando aquilo tudo ridículo, Frank ficou imaginando como seria seu tio. Imaginou um homem grandalhão, com cheiro de merda de vaca e botina marrom, daquelas bem caipiras mesmo. Usando um chapéu branco e de abas largas, prontas para ajudar a dar voo a ele, como na história do Dumbo que leu na infância; o elefante que voava com as próprias orelhas. Soltou uma risadinha. Que logo se tornou uma gargalhada sufocada no meio da garganta. Seu pai o fitou através do retrovisor e balbuciou algo, enquanto Frank permanecia viajando na graça da própria piada.

-Garoto maluco... -Linda comentou negando com a cabeça.

Passando pela plantação de milho e soja, finalmente um casarão de madeira podia ser avistado ao longe. A fazenda era vasta, sair dela, só se fosse de carro ou montado na coragem e disposição de um atleta.

Para Frank, o lugar deveria ser tombado por tanta beleza. Tanto pela arquitetura da casa, quanto pela riqueza natural que exalava naquele lugar. Mas isso não tornava sua vontade de voltar para casa, menor. Queria retornar para Nova Orleans, tomar uns goles de cerveja e quem sabe esbarrar com o cara que beijou ele no banheiro do Lana's Bar.

Estacionando e levantando poeira do chão, o carro parou e Frank notou que a porta de entrada estava sendo aberta. Um nervosismo tomou conta dele, aquele quando você não é muito social e sabe que vai ter de cumprimentar uma pessoa desconhecida. Só que você não está nenhum pouco a fim de fazer tal gentileza.

Linda saiu do carro quase num pulo, e o pai de Frank abriu a porta lentamente, cansado por passar horas dirigindo. Frank hesitou. Abriu a porta, mas só teve ânimo para por os pés de fora. De dentro do carro olhou os arredores, vendo aquelas plantações fartas. Com certeza seu tio teria bons lucros naquela colheita.

O homem apertou os olhos para enxergar quem estava saindo do carro. Desceu a soleira e por conseguinte cada degrau de maneira firme e poderosa, deslizando a mão forte e alongada pelo corrimão recém envernizado. Naquele andar confiante e cheio de si, ele se aproximou do irmão. Os dois se fitaram sérios - Frank observava do carro, deram um breve aperto de mãos. O homem acenou gentil, mas sem sorrir para Linda, que praticamente se derretia e provavelmente- pensou Frank, estava bajulando ele.

-E o garoto, não veio com vocês? -Ele perguntou, direcionando seu olhar para o carro.

Frank sentiu um negócio ruim no estômago. Como uma descarga repentina de adrenalina. Antes que seus pais falassem besteira ou gritassem e o fizesse passar vergonha, levantou relutante do banco de trás, andou dois passos e fechou a porta.

Confessou para si mesmo que suas pré impressões sobre ele foram completamente distantes da realidade. Ele trajava uma camisa do Oasis, uma calça jeans e claro, botas. Mas botas como as que ele próprio usava, não botinas de cano médio e com pontas. Ele era alto, branco e parecia não gostar de sorrir.

"O cara tem cabelo vermelho! Como assim?!" Frank pensou.

Seu pai se virou para chamar, mas o garoto já se encaminhava em direção aos três que não estavam muito longe. Frank estava com a mão nos bolsos, sentindo o calor tomar sua nuca e gotículas de suor se formarem na sua testa e no meio do seu peito.

O homem o fitou de soslaio, fechou mais ainda a cara e se concentrou no rosto do irmão.

-Este é Frank. Seu sobrinho.-O seu pai falou, mostrando o garoto a Gerard como se fosse uma mercadoria preciosa e cara.

O homem estendeu a mão para um aperto. Frank correspondeu, e quando as duas palmas se abraçaram, o tio apertou com força. Força mesmo. Doeu, mas Frank disfarçou, assim como Gerard evitou olhar para ele, como se não pudesse por seus olhos no garoto.

Ele convidou para que todos entrassem. Frank foi arrastando suas duas malas pelo chão barrento e a mochila surrada nas costas. Subiu as escadas da entrada, passou pela soleira e logo adentrou o casarão de madeira.

A casa era um brinco. Chão encerado, um cheiro adocicado e cítrico de desinfetante e um aroma presente de flores, estas que estavam distribuídas pela casa em vasos de porcelana francesa.

Era algo totalmente contrário à imagem que Frank via em seu tio. Esperava mais bagunça, algo como móveis de couro ou coisas do tipo.

Uma senhora surgiu na porta da sala de jantar. Estava suada e limpava as mãos em um pano de prato, sujo de molho de tomate e sabe-se lá Deus mais o que.

-Essa é a minha funcionária de confiança. Mary.-Gerard apresentou e uma chuva de "olá" "prazer" e um simples "oi" vindo de Frank foram lançados em sua direção, mas logo todos a ignoraram.

Um garoto surgiu do corredor do andar de baixo, ao lado da escada. Frank soltou um arfar assustado. O garoto, numa leve e significativa troca de olhares com seu patrão, sabia exatamente o que teria que fazer. Eram sete malas para carregar.

Ainda assustado com a semelhança do empregado de Gerard -que aparentava ter a mesma faixa etária que Frank, com o garoto que ele beijou no bar, ele se ofereceu para ajudar. O garoto olhou para o homem sério, e este, sem dizer uma palavra e apenas acenar levemente com o queixo,autorizou.

Ninguém notara isso, mas Frank observava a capacidade dos dois de se comunicarem sem nenhuma palavra. Aquele tipo de comunicação levava anos para ser conquistada e aprimorada. Talvez, cogitou nos seu devaneios enquanto subia as escadas, eles se tratassem como pai e filho. E Frank idealizou aquela comunicação entre ele e seu pai. Desejou intimamente e depois achou graça da própria idiotice.

Sorriu novamente, chamando a atenção do outro garoto ao seu lado. Ele tinha uns lábios avermelhados, Frank achou que fosse consequência de uma raspadinha de framboesa que o empregado talvez tivesse tomado. Um par de olhos banhados com as águas azuis do Golfo de Sorriento na Italia, de um azul vívido e marcante. Cabelos com gel, naturalmente loiros e uma pele avermelhada pelo sol constante que insistia em machucar sua pele. Fora a semelhança intensa que ele tinha com o cara do bar.

E era estranho ele se sentir tão impressionado e atraído por um cara. O beijo no bar o deixou abalado e com muitas dúvidas na cabeça. Mas afastou a nebulosidade em sua cabeça, iniciando uma conversa com ele:

-Sou Frank, e você?

O garoto tomou um susto com o contacto, mas disfarçou. Olhou para o hóspede apreensivo tentando parecer gentil.

-Sou Noah. -Respondeu.

Frank esperou mais alguma coisa de sua parte, observando ele girar a maçaneta do quarto que seria de seus pais. Mas nada saiu dele.

-Você é tão jovem. Seus pais também trabalham para meu tio?-Frank perguntou, com aqueles olhos o observando e o queimando pelas costas.

Além de transparente- ao ponto de não conseguir conter as risadas causadas pelas idiotices que pensava, Frank era muito curioso.

Curiosidade que adiante lhe custaria muitas coisas.

-Ham... Aconteceram coisas que me levaram a ficar com ele.

Percebendo que Noah não estava nenhum pouco à vontade com aquele diálogo, e sentindo-se muito mal em deixar ele desconfortável, Frank se calou.

Noah deixou as malas no chão, saiu do primeiro quarto e seguiu pelo corredor. O hóspede apenas o acompanhou.

Havia uma coleção de vasos distribuídos pelo corredor. Um em cada lado da parede. Apenas os que ficavam no fim do corredor -onde havia uma janela retangular emperrada e que trazia luz natural, tinha flores. Frank apostaria dez dólares que aquilo era obra de Mary, porque até então, aquele tipo de coisa não parecia ser do feitio de Gerard.

-Bem... Este é o seu quarto...-Ele anunciou enquanto abria a porta.

Frank assentiu e entrou. Era muito abafado... Mas tinha uma varanda com vista para toda a fazenda.

-Obrigado... -Ele agradeceu e se voltou para Noah.

-Se precisar de algo, estou a disposição.-Ele falou prestativo e Frank fez que sim com a cabeça, e ele saiu do quarto.

Mais tarde, na hora do almoço, Gerard se desculpou por não poder ficar com eles por mais tempo. Teria que ir para Houston, o convidaram para uma reunião de emergência e teria que "voar" até lá. Mas pela manhã estaria de volta.

Durante esse almoço, Frank se sentia muito desconfortável com o anfitrião da casa. Ele era indiferente e só dirigia a palavra para seu irmão e vez perdida para Linda. Ele sequer perguntava para o sobrinho se estava confortável em seus aposentos.

Frank, não entendia porque sentia tanto ranço da sua frieza.

Gerard já partido para Houston e seus pais trancados no quarto, Frank meditava sobre o que faria no meio daquele nada. Mais cedo, depois do almoço, pediu para que Noah o providenciasse um climatizador, ou um ventilador, qualquer coisa que mandasse embora de vez aquele calor. De prontidão, o garoto o trouxe os dois. Frank quase virou manteiga e derreteu de tão bonitinho que ele achou a disposição daquele garoto.

***

Gerard chegou fatidago em Houston. Uma tensão enorme tomava seus ombros e seus dedos pareciam adormecidos pelas horas segurando aquele volante.

Desejou intimamente ir até a praia, mas estava consideravelmente longe dela e tinha um estranho compromisso para cumprir.

Se instalou no hotel de sempre, o Imperium Houston, um grande prédio branco e detalhes em prata, uma iluminação cromada perto do letreiro e cinco estrelas bem destacadas. Havia uma movimentação de choffers e bagageiros circulando para lá e para cá.

O clima estava ameno e o céu escurecido, dando uma sensação melancólica estranha em Gerard.

E ele não gostava nem um pouco de se sentir daquele modo. Pois toda vez que ele se sentia daquele jeito, logo em seguida sentia uma nostalgia dolorida e amarga, com os fantasmas do passado a rodopiar ao seu redor deixando tudo muito pior.

Gerard preferia a dormência e os prazeres. Principalmente o carnal.

Entrou, fez o check-in com uma recepcionista de olhos gulosos e um assistente abismado com a coloração do seu cabelo. Desprezou os dois e foi em direção aos elevadores.

No seu quarto, tomou um banho e descansou. Observou a paisagem através das grandes janelas envidraçadas, sem nenhuma expressão ou impressão no rosto, típico de seu feitio.

Gerard sempre era muito impassível. Mas não era completamente insensível. Claro que tinha uma tendência excepcional para dar mais passagem para a raiva, fúria e seus derivados.

Mas todos devem ter cuidado com ele. Nunca se sabe o que aquele homem estava pensando exatamente.

Ele era calado e perigoso. Muito perigoso.

Tirou o telefone do bolso e notou a hora no visor.

7:48 p.m

Suspirou e girou o corpo, andando sem nenhuma pressa para saída do quatro.

Esperou na sala reservada do restaurante luxuoso do hotel, com suas rosas brancas dentro de vasos dourados sobre mesas redondas, postas com vários talheres e três tipos de pratos diferentes, fora as quatro taças colocadas em ordem de tamanho.

Para a ocasião, trajou uma camisa social preta, uma calça jeans e um sapato social preto com um detalhe de fivela. Afinal, era uma reunião de emergência de negócios.

Olhou para um quadro pendurado na parede ao seu lado. Entortou um pouco o corpo para visualizar melhor aquela obra de arte.

Eram três moças com trajes da aristocracia francesa de meados do século XVIII. A primeira à esquerda era uma loira de cabelos encaracolados e usava um chapéu azul e segurava um pequeno ramalhete de margaridas. A da extrema direita, parecia ser a mais jovem, estava levemente inclinada e se apoiando com o braço esquerdo. Gerard achou o detalhe das bordas da luva delicada da menina muito bem executada. Seus cabelos eram escuros e os traços infantis davam a ela um ar cheio de graça e inocência.

Mas a do meio...

Gerard se sentiu incomodado em olhá- la. Ela tinha cabelos castanho-escuros, um chapéu branco, lábios carnudos e um olhar escuro e ambíguo, que tanto passava a impressão de que ela era espevitada, quanto que era má.

Os fantasmas do passado apareceram. Mas ele logo tirou a atenção deles -algo muito raro e difícil para ele, e olhou o telefone com a tela desligada sobre a mesa. A tocou duas vezes com a ponta do indicador e olhou a hora:

8:13 p.m

Paciente, Way chamou um garçom e pediu uma garrafa do vinho mais envelhecido que o restaurante tinha.

-Perfeitamente senhor.-O garçom fez uma reverência e saiu.

Logo ele voltou, e serviu Gerard. Este provou um pouco, já sentindo uma leve irritação o tomar.

Não suportava atrasos.

E o tempo foi se passando... E passando.

Ele olhou nervoso de raiva para o visor aceso do telefone:

8:37 p.m

Não era possível. Trabalhava com pessoas sérias e que não teriam a audácia de fazer aquilo com ele.

Obstinado a saber o que diabos estava acontecendo, já sabia o que tinha que fazer.

Digitou o número do seu contato, que de tanto precisar dele, decorou. Chamou alguns instantes, e ele atendeu a ligação ofegante.

-Oi Gerard...-Tentou tomar o ar. Gerard ouviu umas risadinhas e revirou os olhos, ao tempo em que sua cabeça processava teorias e suposições.

-Onde está? -Ele perguntou sem nenhuma alteração incomum na voz.

-Dallas. Tive que concertar algumas sujeiras que o administrador babaca da cooperativa daqui fez...

Gerard respirou fundo, tentando controlar aquele calor se espalhando pela sua nuca, como se o diabo estivesse sussurrando atrás de si: "fizeram uma sacanagen com você, seu otário!"

-Você não recebeu o e-mail da banca de "acionistas" da MONO, não é?

Do outro lado, Bert pareceu se levantar de algum lugar e enxotar alguém que estava o importunando o chamando para "voltar para o tapete para terminar de vez o que tinham começado".

-Que e-mail?!-Bert falou abafado. Gerard achou que ele estava com a mão entre a boca e a ponta do seu celular.

-Argh...! Hoje pela manhã me mandaram um e-mail, dizendo que havia uma reunião importante. Um cara novo havia aparecido no Texas. Um estrangeiro!-Gerard enfatizou.

Bert suspirou pesadamente no outro lado.

Havia uma política muito rígida entre os empresários do Texas em relação a estrangeiros que tentavam enfiar o nariz por ali. A maioria era metida em submundos não muito lícitos, e qualquer pessoa de fora dos Estados Unidos poderia acabar com todo o "esquema" de camaradagem.

Era do tipo "eu não conto que você é um mafioso disfarçado de pecuarista, e você não conta que eu mato por posse de terras".

-Ou foi um trote de muito mau gosto... Ou alguém queria te manter longe de Cresson...

Então um estalo veio na mente de Gerard. Cresson e seus hóspedes que recebera sabe-se lá porque.

-Investigue. Me dê o resultado esta noite, faça ligação, rastreie o e-mail. Me ligue de madrugada se for preciso, mas me dê uma resposta. Volto pela manhã para Cresson e espero não ter surpresas. Se tiver algo diferente...-Seus olhos foram tomados de uma escuridão tinhosa.-Todos morrem.

Em Dallas, Bert deu de ombros tranquilamente e respondeu:

-Tudo bem.

***

Noah odiava aquele pincel. Ele era velho e endurecido. Tinha que lembrar de pedir a Gerard para ir em Grunbury para comprar utensílios novos, estavam eles em sua maioria velhos e deteriorados.

O garoto refletia naquele sol matinal, que seu patrão -embora nutrindo uma admiração doentia e submissa pelo tal, só pensava no dinheiro. As coisas que faziam o processo para a grana aparecer, ele não se importava nem um pouco.

O silêncio característico das redondezas das propriedades de seu tão adorado patrão fora interrompido por um arranque empoeirado de pneus de carro. Um carro desconhecido.

O coração do Noah disparou, um medo repentino o tomou os olhos e aquela ordem expressa de maneira ameaçadora ecoava em sua mente:

"Nunca, em hipótese alguma, fale com estranhos sem o meu consentimento!"

Ele deixou o pincel cair no chão, deixando uma nojeira de tinta branca e barro. Ele estava paralisado. Seus olhos arregalados, fitavam atentamente o carro que se aproximava e naquele instante estacionava.

Ele não conseguia agir de maneira alguma. Estava praticamente fora das propriedades... Não poderia dar nenhuma informação para quem quer que fosse...

"Só fale se estiver dentro da propriedade!"

Os vidros eram fumê, o que deixava o coração inocente de Noah ainda mais agoniado.

A porta fora aberta.

Ele achou que teria um troço ali mesmo.

Um pé pequeno tocou o chão barrento e alaranjado. Era um homem baixinho, gorducho e de cabelos pretos, quer dizer, resto de cabelos, pois no centro de seu casco havia uma calvície e um brilho de dar inveja a qualquer careca.

-Olá! -Ele cumprimentou animado e adorável.

Dá até vontade de apertar! Noah pensou.

Ele não parecia uma ameaça. Era fofinho, rechonchudo e sorria com os olhos - uma coisa que Noah raramente via nas poucas pessoas que vira ao longo de sua até então curta vida.

Notando o ainda desespero do garoto, o homem tentou parecer mais gentil ainda:

-Você deve ser o Frank Way. Bem, tenho duas coisas para você...

Noah visualizou mentalmente ele sacando uma arma e então aquele pensamento negro veio em sua mente :

"Noah... Não confie em ninguém. As pessoas de fora, são como lobos em pele de cordeiro. São astutas e perniciosas... Podem te enganar e te levar para longe... Nunca dê abertura..."

Mas o pânico ainda não permitia qualquer movimento seu.

O homem respirou meio derrotado, olhando o mato ao seu redor e provavelmente pensando: "estou no meio do mato e ninguém fala nada. Texas vai me enlouquecer qualquer dia desses. Todo mundo daqui é meio louco... Então..."

-Bem... Estou vendo que está tendo um dia difícil, não é Frank?-Ele concluiu ao quebrar o gelo.-Aqui estão suas duas malas... -Deu a volta e foi até a porta de trás do carro e tirou duas malas de alça enormes, carregou até os pés gelados e suados de Noah e as pousou ali.-Não precisa pagar nada. O serviço está quite! Até mais!-Deu a volta e entrou no seu carro.

Noah, ainda atordoado- mas aliviado, olhou para baixo.

-Malas?

Seus olhos fitaram a entrada da propriedade de maneira confusa.

***

Gerard dirigia em alta velocidade, sentindo o sangue nos olhos e aquela vontade que já conhecia de matar. Matar e destruir tudo que tivesse vida à sua frente, como os furacões que acometia Texas e Nova Orleans com frequência.

Notou um carro passar rapidamente por ele na via de retorno -que não era uma via de fato, já que não haviam placas e nem asfalto.

Isso só significava alguma coisa:

-Algum maldito foi na fazenda!-Ele bradou e depois esmurrou o volante, o que deixou os nós de seus dedos avermelhados.

Pisando um pouco mais no acelerador, ele levantava poeira.

Começou a avistar as cercas brancas à perder de vista. Instantes depois, avistou um Noah atordoado na entrada de sua propriedade, com suas malas perto dos pés.

Parou o carro e abriu a porta com a mesma violência com a qual a fechou, tendo um dos seus raros ataques de fúria a olhos nus.

-O que pensa que está fazendo,uh?-Se aproximou do garoto que o olhou apavorado.

Gerard mesmo com raiva, sempre se perdia naquela imensidão azul e desesperada. Sempre cheia de medo e angústia.

-Eu não... Não eu não...

-De quem era o carro?! Falou com voce?!-Agarrou o menino pela alça do macacão jeans- Aquele carro entrou na propriedade?!-Gerard praticamente babava perto do rosto do garoto. -E essas malas? São suas?!

-Não. Nada do que o senhor falou...

-Explica.-Gerard interrompeu.

-Um homem veio aqui... Deixou essas malas para o Frank... Ele até achou que era eu... Aí saiu. Eu juro que não falei com ele, eu juro!-Ele suplicava.

-Você viu meu irmão, a mulher dele e o garoto hoje?

Noah ponderou em meio ao desespero...

-Eu não vi o seu irmão e a mulher dele... Estava ocupado, fazendo as coisas que o senhor mandou...

-Tudo bem!-Gerard falou impaciente. -Pegue as malas e entre no carro. Deixe a tinta aí. Tem coisas muito sérias acontecendo Noah.

***

Frank observava seu tio chegar com Noah. Mais uma vez tinha o vislumbre dele carregando malas.

Da janela, ele notava certa tensão nos dois. Gerard com aquele cabelo vermelho e seu caminhar forte e decidido e Noah, apressado e medroso como sempre.

Frank não conseguia parar de achá-lo gracioso. E se questionava a razão de seu tio precisar de malas tão grandes para passar uma noite em Houston.

Afastou da janela quando os perdeu de vista. Caminhou até a varanda e tentou encontrar algum deles, mas já tinham entrado. Frustrado por perder seu vislumbre cheio de devaneios, ele volta ao interior do quarto, sentindo um tédio avassalador.

Sentou na cama, mas sua atenção fora chamada.

No andar de baixo, era travada uma discussão.

Frank não entendia nada. Mas parecia que a coisa era com Mary. Esta gritava em resposta a seu tio, e este, apenas falava alto o suficiente para alguém se irritar e dar na sua cara. Mas o hóspede tinha certeza que a velha não teria coragem para tal. Afinal, ela era apenas uma empregada.

Um silêncio se instaurou. Um nervosismo tomou conta dele, e levantou de supetão da cama sentindo certo pavor da quietude no andar de baixo. Começou a andar pelo quarto e roer as unhas.

"Alguma coisa aconteceu! Alguma coisa aconteceu!" Ele mesmo gritava na própria cabeça.

Então ouviu o ranger das escadas e logo depois passos no corredor. Congelou. Pensou que a chateação de seu tio com certeza tinha um pé em alguma lambança de seu pais, já que eles nunca foram o tipo de flor que se cheira.

Ouviu uma porta ser aberta, um silêncio e logo ela fora fechada com violência. Os passos voltaram a ecoar, e Frank, curioso, começava a se remoer para abrir aquela porta e ficar atualizado sobre o que estava acontecendo ali.

Mas não foi preciso.

Em um súbito movimento, a porta fora aberta, e um Gerard fora si entrava em seu quarto. Frank recuou dois passos, e Noah apareceu atrás dele, com os olhos assustados e ao mesmo tempo pesarosos.

Havia um fogo descomunal no olhar de seu tio, e o pobre sobrinho assustado e acuado não sabia o que fazer para que aquilo parasse. Era uma aflição sem fim.

-Você sabia disso?!-Ele perguntou entre dentes.

-Sa-sabia do que?-Frank perguntou receoso e querendo ir imediatamente no banheiro, morrendo de dor de barriga.

-Do golpe dos seus pais! Ficou aqui para viver uma vida boa não é?!

-An?-Frank passou de assustado para desentendido em um segundo.

Gerard respirou fundo passando a mão nos cabelos vermelhos.

-Noah...-Ele chamou o empregado que de prontidão colocou as duas malas sobre a cama.

Frank analisou as duas malas. Reconhecia elas. Eram suas.

-Mas o que é isso?-Frank perguntou para si, enquanto seu rosto se contorcia em dúvida. -Está me testando, Gerard?-Ele olhou diretamente nos olhos do seu tio sem pestanejar, da maneira mais inquisitória que poderia fazer.

Way recuou mentalmente. Lembrou das conversas com Anthony, seu irmão, por telefone. Coisas como "muleque insolente" , "insuportável" e "birrento" ecoavam na sua cabeça.

Então era isso. Seu irmão o mandara para Houston, com um e-mail falso da MONO para fugir. Sua discussão com Mary foi pelo fato de ela não ter os visto, e ela alegou que dormia no quarto dos fundos com Noah e que dificilmente escutaria alguma coisa e que provavelmente fugiram durante a noite.

"Mas pra que fazer isso? Deixar o filho deles para mim?! O que eu posso fazer com esse troço?!"

-Não... -Foi apenas isso que respondeu.

Frank voltou seu olhar para uma das malas, e puxou seu zíper para abrir. Boa parte das roupas que tinha deixado em casa estavam ali. As meias soquetes, duas botas de inverno, casacos e um sobretudo, dentre outras coisas. Ele não acreditava muito no que estava acontecendo, mas estava juntando alguns pontos em sua cabeça, que fazia seu coração bater mais forte, só que de uma forma negativa e sombria. Seus olhos bateram na segunda, e logo abriu igualmente. A primeira coisa que notou foi o envelope grande. O tomou da mala, sendo observado por olhos atentos. Par de olhos cor verde-sem-graça e um par de olhos que diziam: "mergulhe nesse oceano azul de doçura".

Abriu e notou coisas duras ali dentro.

Primeiro sua carteira de motorista que havia tirado apenas dois meses atrás, o seu cartão da poupança e uma folha de ofício. Percorreu os olhos rapidamente.

-Leia Frank...-Sugeriu Gerard, agora um pouco calmo. Mas ainda aparentava estar aborrecido.

Frank olhou Gerard por alguns instantes inexpressivo. Logo depois olhou para Noah, que o encorajou com um leve sorriso.

-Querido Frank...-Seu estômago revirou na primeira frase ridiculamente escrita em itálico- passamos muito tempo cogitando essa possibilidade. Desde que era criança. Eu queria um internato, mas seu pai passou a metade da vida em um e odiaria(pelo menos é o que ele me diz) que você fosse para um. Então mandamos rastrear Gerard, que é estranho igual a você e não terá nenhum empecilho para poder suportá-lo até seus 18 anos. Sua vida será ótima e nós seguiremos a nossa. Boa sorte e espero que não nos encontremos mais.-Frank olhou para o nada.

Gerard ousou se aproximar. Anthony de fato conseguiu o surpreender. Noah sentia muita pena, queria poder fazer algo, mas não podia.

Os pais o abandonaram na cara de pau. Claro que para Frank, isso havia acontecido muito antes. Antes da carteira de habilitação, de deixar Nova Orleans, antes do Texas. Antes de Gerard.

Isso era um golpe fatal para Frank. Ele se sentia um nada, solto ao léu, e mesmo que seu tio, sangue do seu sangue estivesse ali, estagnado a sua frente, ele se sentia desamparado e sem chão, sem teto, sem absolutamente nada para se apoiar e não cair.

Não tinha contatos, e com certeza seus pais se livraram da casa onde moravam. O dinheiro na sua polpança não era o suficiente para começar a própria vida. Só tinha dois mil dólares nela. Estava no meio do nada, com um tio estranho que mal conhecida.

Estava ferrado. Fodido.

Cambaleou. Mas teve tempo de se sentar na beirada da cama novamente...

-Frank?-Gerard o chamou.

Mas a única coisa que ele conseguia pensar esvaiu de sua boca sem querer:

-Estou preso no Texas.


Notas Finais


E então, o que acharam? To mto ansiosa pra saber dkskjsjsksnsnsllslalallsksjd
*Quero deixar claro que o trecho inicial que está em itálico não é o final da história. É só um ponto importante.
*Bem, esse hotel não existe para via de dúvidas. E MONO é o nome da empresa de Gerard, que ele usa como se fosse um "codigo" quando se trata de seus negócios de "camaradage" com outros empresários do Texas.
*Cresson e Grunbury existem!
*As palavras/ frases marcadas em negrito são pistas[ou distrações 😏]
*Cigarrete daydreams é uma música mto boa, da mta vontade de pensar na vida e outras músicas da banda são muito legais também
*não foquem no boy que o Frank beijou no bar, nem na namorada[que virou ex] dele. Eles são o que eu chamo de detalhes/elenco de apoio. Eles servem apenas para dar os choques de realidade, no caso, Frank vivia super "tranquilo" em Orleans e é obrigado a morar com o titio no meio das vaca
*Desculpem se as piadinhas (como a do Dumbo e a dor de barriga do Frank) não foram engraçadas. Eu não tenho senso de humor, enfim :3
*e eu vou logo avisando que vai ter sim estupro(não leiam isso como se eu estivesse pulando de alegria e animada em ter q narrar estupro). Mas é necessário. E o Gerard não vai ser um maníaco doidao estuprador(como na outra versão [ai q vergonha da antiga versão] ta?), mas ele vai fazer essa atrocidade sim.
*E SE VC SOFREU UM ESTUPRO(eu espero do fundo do meu coração que não) OU SOFREU ABUSOS SEXUAIS, OU SOFRE, DENUCIE. ISSO DEIXA MARCAS ETERNAS NA SUA ALMA E NÃO DEIXE QUE DESTRUAM SUA VIDA POR CAUSA DISSO. LEMBREM-SE: DENUNCIEM QUALQUER TIPO DE VIOLÊNCIA.
*Eu to falando sério pessoal. Sério mesmo. Não deixem pra depois o que vcs podem fazer agora, hoje!
*to falando essas coisas pq vai ter coisas pesadas aqui e eu não quero desencadear coisas ruins em ninguém. Aqui é so entretenimento. E não quero ter uma história denunciada pq né...
Enfim...
Mano eu falo demais desculpas, ces n iriam me aguentar falando td isso...
Resumo do próximo capítulo: Um certo médico é chamado para a Fazenda Lee Way, um Frank observador se depara com marcas não muito convencionais em certo personagem, muitas andanças noturnas nos corredores do casarão e um descuido com uma certa mochila surrada que pode arruinar tudo.
Espero poder causar pequenos infartos. Tchau e bjs p vcs 💕💕


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