1. Spirit Fanfics >
  2. Texas >
  3. Tour no casarão e um coração na mão

História Texas - Tour no casarão e um coração na mão


Escrita por: littlezackary

Notas do Autor


Gente, apaguei e repostei capítulos pq eu esqueci de postar esse aqui. Acabei pulando. N sei se perceberam e tal, mas quero pedir desculpas por isso. Eu posto aqui e no wpp e acabei me atrapalhando. Desculpa mesmo

Capítulo 11 - Tour no casarão e um coração na mão


Aquela mão segurando firmemente o cinto de couro denotava a narcisismo e egocentrismo daquele xerife. A farda em tom pastel, o sapato social de bico fino e aquela estrelinha banhada em ouro grudada como um broche no bolso de sua camisa, indicava sua consciência de autoridade ali.

Batia o pé insistentemente na terra batida, encostado no seu carro que tinha as luzes ligadas e girando ao redor. Tinha que mostrar que estava começando a ficar impaciente com aquela cara de tanto faz de Gerard Way na sua frente.

Este, estava de braços cruzados, o encarando sem emoção alguma, mas intimamente preocupado com o que possivelmente viria por conseguinte.

-Então, não vai me convidar para entrar. – Falou, mostrando um sorriso nojento, com uma mistura de dentes podres por mascar folhas de coca e ter os molares em ouro. Muito esquisito.

Way sentiu repulsa com aquela visão. Mais do que aquele verme já o provocava. Conhecia o xerife Carl de outros carnavais. Ele tinha uma cisma genuinamente obsessiva para com Gerard, ao ponto de passar semanalmente na frente da propriedade dele apenas desejando que algo de ruim acontecesse.

Na verdade, ele sentia uma pontinha de inveja de Gerard. O tamanho de sua propriedade, a fama de misterioso que tinha, e aquela imagem bonita. Tinha raiva das mulheres de Cresson que, mesmo sabendo que ele não tinha bom caráter, continuavam se alagando em rios quando pensavam nele.

-Me diga Carl? Isso é mais uma das suas crises de loucura? Por acaso seu superior sabe que está aqui? – Way repetiu o tom sarcástico do xerife, mas sem tanta mágoa na voz.

Carl se mexeu, maroto, e soltou uma risadinha. Seria para ir conquistando seu espaço de autoridade ali? Não se sabe. O que se sabe é que foi desnecessários pois nada para sorrir ali havia, de modo que, competir espaço autoritário com Gerard era muito difícil e nem um pouco cômico.

-Você anda se preocupando muito com autoridades, não é? – Tirou algo do bolso e enfiou na boca. Era um palito de dente. – O que foi isso na sua testa? Por acaso andou escorregando, boneca?

Frank, que estava dentro do quarto, quieto feito uma leoa a espreita de sua presa, caminhou até a varanda, tendo plena consciência de que tinha um policial bem ali, e que poderia ter a chance de contar e provar tudo. Entretanto, não poderia sentir o gosto da vingança. Já sabia que linha de raciocínio iria seguir. Queria degustar o sabor frio e amargo da vingança, ou seria justiça? Deu de ombros e continuou avançando, até encostar o umbigo no parapeito.

Olhou para baixo e tamborilou os dedos na madeira.

-Vamos brincar um pouco titio... – Falou olhando para o xerife, com o brilho de maldade no olhar, cintilando como o fogo do inferno.

Retornando à tensão entre o Xerife Carl e Gerard Way...

O último estava meio inquietado, pois não sabia a que se referia a presença daquele verme ali. As sirenes estavam ligadas, girando e girando. Por sorte, estavam bem longe da saída da propriedade e estavam protegidos por árvores, caso isso não acontecesse, o proprietário da frente seria atraído a espiar.

Carl sabia que estava deixando Way com uma raiva fulminante, pois ainda não tinha dito o motivo de estar ali. Havia falado com a tal Mary, que pouco abriu a boca sobre qualquer coisa.

-Então, não vai me convidar para entrar? Tomar um cafezinho? – Sorriu novamente e enfiou as mãos nos bolso. Por pouco o palito de dente não escapou de seus lábios.

-Não. – Gerard disse calmo.

-Hm... – Murmurou o Xerife. Começou a dar passos, observando todo o seu redor com certo ar impetuoso no rosto. Cuspiu o palito de dente no chão e pigarreou. Olhou para cima, onde ficava a varanda do quarto de Frank, mas apenas viu cortinas se esvoaçando de dentro de um quarto escuro. – Alguém esqueceu a porta da varanda aberta. – Falou sugestivo.

Inevitavelmente, Way olhou. Uma onda incomum de nervosismo o tomou. Ainda bem que Carl não tinha visto Frank.

Ainda.

- Anda logo, diz o que veio fazer aqui? Não tem nada para fazer, não?! – Reclamou.

-Você é muito reclamão. Dá licença... – Empurrou Gerard e caminhou até a soleira que levava à entrada.

Gerard até fez menção de usar um tom mais alto de voz, mas ficaria nítido que não queria de jeito nenhum que ele entrasse, e consequentemente levantaria suspeitas sobre sabe-se lá o que, que Carl estava procurando ali.

Este, entrou com passos rápidos e eufóricos, todo seu aparato fazendo barulho e sequer bateu à porta. Abrindo-a de supetão, assustou Bert e Noah, que disputavam a vitória em um jogo de xadrez.

-Boa noite! – Disse o Xerife animado.

Os dois jogadores se entreolharam perplexos, e  depois fitaram Gerard chegando, logo atrás do desconhecido animado ali. Way assentiu minimamente para Bert, como que para afirmar que tudo estava sob controle.

Estava mesmo?

-O que é isso?! – Mary saiu da cozinha, afobada com o movimento estranho na sala de visitas. Quando viu o rosto de Carl, fez uma careta de desdém. – Ah... – Disse com ar desprezível. – é você...

-É. Sou eu. – Colocou as mãos na cintura e sorriu, exibindo sua arcada dentária, imitando o bordão daquele seriado “Visões da Raven”.

Começou a andar, olhando tudo. Chegou perto da cozinha e olhou para dentro, puxou a porta para ver se não tinha alguém atrás dela. Mas claro que o rangido da escada o chamou a atenção. Aqueles jeans rasgado, a camisa cinza e frouxa, com as mangas tocando os dedos... O cabelo desgrenhado e a única coisa que conseguiu dizer foi:

-A quem devo a honra? – Perguntou fascinado.

Notando isso, Gerard estremeceu de ódio da cabeça aos pés. Começou a salivar, cerrou os punhos. Sentiu aquela sensação estranha nos ombros, que normalmente lhe dava quando estava possesso de ódio. Mas sabia que não poderia explodir ali. Na verdade, ele não entendia. Não compreendia o porque que a ideia súbita de ter alguém olhando Frank; ou o desejando, lhe causara tanta vertigem. Era medo? Medo de ser denunciado? Na sua cabeça, se convenceu erroneamente de que era um lance de ego, onde a ameaça de perder sua posse mais preciosa, o irritava.

Noah, encolhido e encostado na porta da sala de visitas, notou tudo silenciosamente magoado. Em nenhum momento sentiu inveja ou raiva de Frank, mas antes de ele chegar ali, tudo parecia “normal”. E agora, parecia que tudo girava em torno dele; todos gostavam e iam atrás dele. Não tinha mais a preferência de Gerard. Mas ele era tão bom, que não sentiu nada de ruim em relação ao sobrinho de seu patrão, apenas desejou que aquela situação acabasse logo e o detestável Xerife saísse logo dali.

Ao ouvir a pergunta de Carl, o garoto esbanjou o seu mais belo e provocador sorriso. Claro que naturalmente, Frank era capaz de seduzir até mesmo uma pedra, mas não havia nada libidinoso na sua expressão. Era apenas... Cativante. Os dentes alinhados, os lábios...

-Frank. Frank Way. – Desceu o último degrau e apertou a mão do Xerife. Este, ainda de mãos dadas com o garoto, se virou para Gerard, esbanjando seu sorriso sarcástico e uma expressão de porque-não-me-disse-que-tinha-um-parente no rosto.

Gerard revirou os olhos e fitou Bert. McCraken o olhou sem expressão alguma enquanto Carl os fitava, mas quando este voltou seu olhar para o garoto, arregalou os olhos e sussurrou para o amigo um “se controle”.

-Frank,Way... – Balbuciou o Xerife pausadamente. – Você é o que dele? Filho? – Arqueou as sobrancelhas.

-Não. Sou sobrinho. – Largou a mão do Xerife e colocou as suas para trás, apoiando seus pulsos em sua lombar e mexendo os dedos nervosamente.

-É uma pena que tenha o mesmo sangue que ele... – Fez um biquinho de pêsames e apontou para trás.

-É, é uma pena mesmo. – Frank concordou, olhando diretamente para Gerard. Algumas celulas de Way morreram com aquele comentário seguido de um olhar de desprezo. – Quer dar uma tour no casarão?

-Claro.

Os dois começaram a andar.

-Aqui é o corredor que dá acesso ao escritório, a sala de jantar e o quarto dos empregados. Logo atrás de nós tem a escada que leva até os quartos. – Frank disse, empolgado.

-Hm. Belo casarão.

Gerard os acompanhava, analisando cada gesto de seu sobrinho e imaginando variadas e discretas maneiras de acabar com Carl de uma vez por todas.

-O que quer Carl? – A voz de Gerard foi alta e clara. Ameaçadora também.

-Me deixa admirar um pouco mais dessa casa, Way. Não tem mal nenhum nisso, ou tem? – Se virou enquanto falava, num tom sugestivo e igualmente ameaçador.

Frank não podia negar, estava se divertindo muito.

Ele tá com o cu na mão, pensou o garoto.

-Vamos voltar. – O menino disse, olhando fulminante para seu tio.

Os três voltaram para perto da escada, indo em direção ao pequeno corredor do lado esquerdo da escada, que dava acesso a o que? O porão.

Agora sim o coração de Gerard acelerou. Ele ainda não tinha mandado Noah limpar o chão fétido do lugar. Lá, havia vômito e sangue respingado no chão, um prato cheio para Carl o investigar.

Frank parou subitamente de andar.

-Afinal, porque está aqui? – Perguntou para Carl.

-Oras, vocês não ficaram sabendo? – Disse em tom de surpresa. Uma falsa e ensaiada surpresa. – A única clínica da região fechou. Hoje pela manhã eu estava passando por lá, e estava tudo fechado. Ninguém sabe para onde ele foi... Então eu fiz algumas perguntas... Para algumas pessoas daqui.

O estômago de Frank revirou ao lembrar do dia em que Benedict morreu.

-Pessoas? Aqui quase não tem ninguém. – Gerard afirmou confiante, para levantar suspeitas sobre a versão do Xerife.

-AS PESSOAS – enfatizou – Disseram que o último lugar que ele foi visto, indo em em direção à sua propriedade. Já perguntei para seu vizinho aí da frente e ele disse que o Dr.McClean nem pisou lá. Então, pela lógica, ele veio até aqui...

-Ele veio sim. – Interrompeu Frank.

Bert estava tranquilo até ali. Ele estava olhando aquilo quieto, mas quando ouviu aquela intromissão do garoto, quis enforcar ele ali mesmo, pela petulância. Estava arriscando todos ali, todos. Arriscando inclusive a própria pele.

Gerard repetiu mentalmente para respirar fundo... Respirar fundo.... Respire fundo, não mate ninguém... Não mate ninguém...

-Ah, ele veio? – Carl abriu aquele sorrisão “lindo” e doentio. – Ele veio consultar alguém aqui?

-Euzinho. Eu estava – Pigarreou. – Com problemas de evacuação. – Abriu um sorriso.

Ao tempo em que o sorriso do garoto remexia algo muito intenso dentro de Gerard, também fazia com que ele quisesse arrancar sua cabeça fora e deixá-la rolar montanha a baixo.

-Hm. E depois? – Carl perguntou, analisando a porta do porão de forma desconfiado.

-Ele foi embora. – Respondeu Gerard.

O Xerife olhou rapidamente para Way e depois tornou sua atenção à porta.

-Vejamos o que há aqui...

Sua mão foi indo em direção à maçaneta velha. O coração de Gerard acelerou; um gota de suor escorreu por sua testa. Bert engoliu em seco; Noah sentia o nervosismo afetar seu abdômen e Frank mordia o lábio inferior, ansioso pelo estrago que aquela porta poderia causar na vida de seu tio.

Foi indo...

Indo...

Mas o rádio de Carl apitou. Ele desistiu da maçaneta e atendeu.

Gerard se sentiu infinitamente aliviado.

-Xerife Carl, pedido de reforços na rodovia principal, um acidente envolvendo seis carros... – Uma voz masculina disse ofegante do outro lado da linha.

Todos podiam ouvir.

-Ok... – Respondeu mal humorado. – Estou a caminho.

Frank que estava animado, foi tomado por um torpor perigoso. Queria ver o circo pegar fogo, mas desta vez não houve o êxito desejado.

-Vejo que tem que ir embora, Xerife. – Gerard diz, com um breve sorriso convencido no rosto, ao que cruzava os braços.

Daquela vez ele tinha ganhado.

Daquela vez.

-Hm. – Murmurou Carl com desdém.
Frank passou por todos, e subiu rapidamente as escadas. Noah o acompanhou.

-Estou indo agora. – Se aproximou de Gerard. Ficou bem pertinho de seu rosto. Way se inclinou para trás com nojo. – Mas sei que vou voltar.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...