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História Texas - Um pai esperto?


Escrita por: littlezackary

Capítulo 14 - Um pai esperto?


Gerard sabia que o assunto do dia foi o ataque que fez ao Roger McCregor. Isso se alicerçou quando adentrou, ao lado de Frank, no saguão do hotel, recebendo olhares amistosos. Tanto pelo que tinha feito, quanto por sua imagem deplorável, que consistia num óculos escuro para esconder o olho roxo e um arrastar de um perna supostamente machucada. Seu sobrinho usava um curativo menor, no início da raiz de seu cabelo, na extrema esquerda do topo de sua testa. Estava visivelmente cansado e abalado. Relutou muito para adentrar o carro, já que na sua mente, o motorista iria perder o controle e bater novamente contra uma árvore.

Mas mesmo que todos aqueles olhares estivessem queimando suas costas, Way se sentia um tanto animado pelo o que Frank fez no hospital. O beijou, com vontade e desejo. Deixando tudo de ruim que ele tinha feito para si, para trás.

Pelo menos era o que Gerard achava.

Na sua mente ainda inebriada pelo beijo e os lábios de seu sobrinho, aquele era o sinal para se redimir. Para fazer de tudo para que aquele menino, fosse um homem incrível, assim como ele conseguiu ser. Embora a forma na qual conseguiu isso era um tanto quanto não convencional.

Mas já dizia Maquiavel em O Príncipe: os fins justificam ao meios.

E claro que Frank se tornaria um grande homem, bem sucedido e incrível. Só que de um jeito que Gerard não iria gostar nem um pouco e nunca iria imaginar.

Possibilidades à parte, os dois entraram no elevador, ainda calados para irem para o quarto e dormirem, já que a noite não tinha sido muito agradável.

Na mente ainda assustada de Frank pelo acidente, pairava, além do receio de andar de carro novamente, aquela chama infernal de maldade, no qual foi acendida a partir  do momento em que tocou os lábios de Gerard. Claro que fisicamente foi muito bom, ninguém nunca havia o beijado daquela maneira. Mas havia um objetivo muito maior do que ficar excitado ou gostar, naquele contato. E não se sentia nem um pouco mal em começar a enganar seu tio da maneira mais sórdida possível.

E até então isso não despertava medo nele.

Ele só se importava com o quanto sofreu em suas mãos, e que não tardaria em fazer com que ele pagasse por tudo. Claro que seria muito fácil denunciá-lo e mandá-lo direto para cadeia. Porém seu ego não ficaria satisfeito. Seria um pagamento executado do seu jeito. Porque ouviu em algum lugar que, a vingança é um prato que se come frio e se degusta a vida toda.

Mas toda essa questão, não estava fazendo Frank dar espaço aos seus monstros mais sombrios?

Todos tinha os seus. Um deslize, e eles tomavam conta de tudo que você é. Basta uma faísca na palha, para que um incêndio de grandes proporções assole com seu fogo incontrolado.

E foi abrindo a porta, que dava acesso a sala do quarto, que percebeu que alguma coisa estranha estava acontecendo.

Bert, sentado de pernas cruzadas. O cotovelo apoiado nos braços da poltrona, e um olhar não muito receptivo em direção aos dois, que ficaram estáticos na entrada, com sua presença ali.

E McCraken, que sempre fazia aquela cara despreocupada, finalmente, ali, esbanjava uma feição muito irritada e cheia de inconformismo. Gerard reparou que tinha um pacote amarelo e de papel sobre seu colo. Então, também reparou que o pé que pertencia à perna que estava sobre a outra, começou a balançar rápido e impaciente.

-Frank... – Pediu. – Vá para a outra sala e tome um banho. Precisa descansar.

Sem pestanejar, o garoto apenas o olhou rapidamente e andou até as duas portas abertas, onde, de onde estavam dava para ver as suas camas bem arrumadas. Adentrou no cômodo e fechou-as, se encostando nela e lembrando que foi exatamente ali que Gerard havia o tomado de uma maneira um tanto interessante. Tentou se concentrar e ouvir o que  eles conversavam.

Já na sala de visitas, Bert permanecia o encarando. Way fechou a porta atrás de si, jogando o blazer sobre o sofá paralelo à poltrona de McCraken e desabotoou as abotoaduras e tirou o óculos que tinha comprado numa loja em frente ao hospital.

-Como conseguiu entrar aqui? – Se sentou no tal sofá e encarou o amigo que ainda mantinha a mesma expressão. Por ser um tanto grande, Way sentiu suas canelas sendo pressionadas contra a mesa de centro, causando certo desconforto, além da presença inesperada de Bert ali.

-Como um velho daquela idade conseguiu deixar seu rosto desse jeito? – Ignorou a pergunta de Gerard.

-Isso já não importa mais. Não vai responder à minha pergunta? – Passou a mão na coxa, levantando um pouco as sobrancelhas para mostrar ao outro que não estava com muito saco para insolências.

-Você sabe que, até se eu quiser entrar na Casa Branca, eu entro. – Jogou de forma insignificante o pacote sobre a superfície de vidro da mesa de centro, indicando com o queixo para que pegasse e olhasse o conteúdo que dentro havia.

Gerard o fez, os dedos habilidosos, e que foram de encontro com os papéis que dentro havia.

Frank, que escutava tudo de dentro do outro cômodo, estava mais do que encostado na porta. Pressionava sua cabeça contra ela, para que seu ouvido ficasse bem colado e que nada escapasse de sua audição.

Qualquer informação seria útil para seu plano maligno.

Gerard pegou o último conteúdo e olhou, arregalando os olhos. Uma revolta o tomou, seus dedos começaram a formigar, e aquela sensação de prensa nos seus ombros o fez tencionar as costas. Não sabia mais o que era pior. Se Bert está ali, supostamente para se negar a fazer o que foi pago a fazer, ou ver quem estava na fotografia.

-Você sabia disso, não sabia?! – Frank ouviu a voz de Bert um tanto esganiçada.

-Não. – Gerard falou, percorrendo o olhar pelos traços do indivíduo na imagem. Seu sobrinho quase não conseguiu ouvir sua resposta.

Bert se levantou, colocando a mão na própria testa, contornou a mesa e ficou no espaço entre a porta e aqueles móveis de cores mortas. Andando de um lado para o outro.

-Porra Gerard, é o teu irmão! O pai do Frank, e... Droga, isso é loucura! – Gritou McCraken, fazendo o garoto no outro cômodo tapar a boca pela súbita surpresa.

O que seu pai tinha a ver com Bert ali? O que Gerard fez para que seu amigo fosse com tanto ódio para Houston... Seria aquele papo de alguém investigando sobre as empresas de Gerard que ouviu no corredor do casarão? Seu pai era quem estava investigando? Tudo estava misturado na cabeça de Frank, causando um estardalhaço no pouco de lucidez que havia criado para manter o controle de seus sentimentos.

-Será que... – Gerard também se levantou para pensar melhor e com a mão no queixo. – Ele colocou Frank na minha casa para me espionar? Que na verdade eles não abandonaram o garoto e sim deixaram um cavalo de Tróia debaixo do meu nariz?!

-É possível, mas não acho que seja verdade. Se seu irmão quer te destruir, e se Frank fosse seu informante, a primeira coisa que ele iria fazer era te denunciar para a polícia pelos abusos e pelo McClean. E sem contar que o garoto não tem como se comunicar com ele. Eu e o cara que puxou as informações, somos os únicos a saber da localização do Anthony. E vamos combinar que... O Frank é um bobinho indefeso.

Frank se contorceu de ódio ao que ouviu o último comentário de Bert. E ficou mais indignado ainda por Gerard não o defender. E dizer que não, que ele não era bobinho ou indefeso. Era corajoso e insolente, como qualquer Way seria. Mas seu tio não deixaria de ser egoísta da noite para o dia. Claro que a maior preocupação dele não era o defender, e sim  resolver os seus tão precisos problemas.

O garoto esperou mais alguma coisa. Porém.

Silêncio.

Alguns instantes assim e ouviu a voz de Gerard dizer:

-Continue com a missão.

Que diabos de missão era essa? Aonde seu pai e sua mãe estavam? O que tinha de errado com a empresa de Gerard? O que porra estava acontecendo? Por que não poderia estar lá, dentre eles, argumentando e tentando entender o que estava acontecendo?

-Eu não posso fazer isso Gerard. – Bert disse, com a voz mais calma.

-Você tem que fazer. Se não fizer, ele vai permanecer nos investigando e tudo vai começar a ruir. E se eu for para o buraco, eu vou te arrastar junto.  Afinal, você é um assassino de aluguel. É pago para matar ou dar sustos nas pessoas. Eu paguei, e paguei caro e você vai dar um fim naquele idiota, nem que eu tenha que te levar à força até ele.

Frank se encostou na porta. A mão sobre o peito, digerindo cada palavra de Gerard. Ele sabia que havia beijado um monstro sem coração e egoísta. Sabia que o homem que o criou, mesmo que porcamente, iria morrer e que não poderia fazer nada para evitar. Sabia que estava se arriscando demais enganando Way. E que ele pediria sua cabeça à Bert quando fizesse o que tinha em mente.

Mas como a história mostrou Caros Leitores, Frank preferiu dar espaço aos seus monstros e deixou toda sua integridade de lado. Estava cego pela sede amarga da vingança.

assassino de aluguel

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Seu anjo mau o avisava: aquela informação era muito importante.

E faria parte de seu plano.

Novamente, aquele sorriso diabólico se formou em seus lábios, acompanhados daquele olhar que cintilava de maldade.

-Que a vingança comece. 



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