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História Texas - The Frank Effect Pt. 03


Escrita por: littlezackary

Notas do Autor


irra. Um capitulo decisivo estar por vir.

Capítulo 22 - The Frank Effect Pt. 03


7 MESES DEPOIS...

A qualidade do ar parecia ficar baixa quando ele chegava na fazenda. Tinha confiança o suficiente de seu tio para sair, geralmente para representar a empresa em algum compromisso quando não poderia ir, no mais, sempre que conseguia, trazia Noah consigo. Frank de alguma forma se preocupava em mostrar o mundo além daquelas cercas. Queria que o empregado estivesse preparado para dar de cara com o mundo cruel e acelerado que existia lá fora, já que, viver em uma bolha doentia, pode fazer de muitos, loucos.

Não sabia o que era pior. Ficar no ócio ou trabalhar no lugar de seu tio por ele estar se dedicando integralmente à maternidade da namorada. Os casal vivia junto pelo casarão e a novidade da semana era o quarto do bebê. Frank jurou para si mesmo, que seu ódio não atingiria aquela criança, mas de acordo com o que pretendia, ela sair intacta e não afetada era uma missão quase impossível.

Então respirou fundo. Droga, esse era um daqueles momentos em que seu lado humano resolvia aparecer e o fazer dezenas de questionamentos. Como: você ainda está aí, Frank? Ou é apenas um corpo com um cérebro? Seus olhos não são mais aqueles, não é mesmo? Desista. Há uma criança no jogo, agora. Você quer afetar a vida dela quando a pobrezinha  nem começou direito a viver? De que lado você está, afinal? Do bem ou do mal?

Frank se encarou alguns instantes à mais no espelho interno do carro. O ajustou.

- Eu estou do meu lado. – Disse para si mesmo, com um olhar ameaçador. Como se seu coração estivesse fazendo uma tentativa de boicote, mas seu cérebro foi com muito êxito mais rápido e ardiloso.

Saiu do carro, colocando o óculos de sol mesmo sendo final de tarde. O garoto, que agora apresentava um porte um pouco mais adulto, bateu a porta do carro com força, espantando os pombos nojentos que ciscavam a terra. Era impressionante como ele se tornara a personificação do desprezo. Não era para menos; aquele lugar se tornou o símbolo de sua desgraça, do seu limbo. Acordar, dormir... Viver ali, era uma clausura. Como ter a opção de sair do inferno, mas simplesmente não conseguir.

Frank foi observado pelo senhor que cuidava do aras onde estavam todos os cavalos de Gerard. Ele estava escovando os pelos de um, quando ouviu o barulho oco da porta sendo fechada. Olhou-o com curiosidade e certo temor. Ele tinha o porte de um Way. As roupas de um Way. O carro de um Way...

A maldade de um Way...

Rezou para que sua filha, que também trabalhava ali cuidando das plantações, não caísses nas graças do sobrinho vindo de Nova Orleans. Mas relacionamentos... Garotas... Pessoas, eram as últimas coisas que Frank tinha como objetivo na sua juventude.

Para o divertimento de Frank, uma conversa altiva era travada no escritório. Quando se tratava de seu tio e Bert, uma discussão nunca seria notada pois não é do feitio de ambos soltar gritos e quebrar as coisas. Eram como duas rochas, talvez por serem tão parecidos, eram tão próximos. Mas parecia que a rachadura que havia entre os dois finalmente se rompia.

- Você confia demais no seu taco e esse é o seu grande problema. – Ouve a voz de Bert falando. Supôs que era ele quem girava a cadeira de um lado para o outro por conta do barulho de ferrugem que ela fazia.

- E você é sempre pessimista. – Ouviu a voz anasalada de seu tio um pouco além.

- Se tivesse visto a quantidade de coisas que eu já vi e fiz por você, talvez sim, você estaria hoje muito além de pessimista. Eu realmente acho que minha cabeça é de ferro, já a sua parece que se reduziu à uma casca de ovo inútil. Ela vai ter a criança e você vai ser papai.

- É. – Foi a única coisa que o sobrinho ouviu. O silêncio serpenteou a sala e ele conseguiu imaginar seu tio fitando o nada pensando a merda que um filho significava.

- Engraçado. Antes você não permitiu isso. – Bert falou se referindo à Dollores. Mas claro, Frank não fazia a menor ideia ao que ele fazia alusão, provocando uma ruga de dúvida na sua testa.

- O Antes não importa. O que importa é o Agora.

- Essa mulher e essa criança só vieram para te atrapalhar, não para te ajudar, como me disse. Mas está tão desesperado, que optou seguir com a primeira opção que lhe surgiu e isso para alguém como você é pateticamente imprudente. – Escutou um barulho de copo batendo na mesa. Frank não gostava muito de Bert. Aliás, a única pessoa que escapava de seu desprezo era Noah. Porém, ele admirava a sinceridade do amigo de seu tio.

- E o que você me sugere?

- Quando a criança nascer, se livre dela. Coloque-a num orfanato ou alguma dessas merdas. – Disse passivamente. Como se o que saísse de sua boca fosse um mero absurdo. – Depois, nos livramos de Lindsay.  E quem sabe de Frank.

O garoto congelou no corredor. Não de medo. Mas ficou estupefato com aquele comentário. Como se sua vida e até mesmo a de Lindsay não valessem nada. Aquilo só o fez enojar ainda mais os dois. 

- Cresson inteira sabe sobre a criança; sobre Lindsay. Se sumirem, vão desconfiar. E você sabe muito bem que eu não abro mão do Frank. – Falou, como se estivesse negociando carros ou animais.

- Você fez a sua escolha, então. – Ouviu Bert dizer isso e se levantar. Já estava pronto para correr quando preciso.

- O que? – Gerard desentendeu.

- Eu já te avisei sobre Lindsay e a gravidez. Essa foi uma derrapagem arriscada e caí entre nós?  Uma burrice. Só não vai ser a maior, pois eu já te avisei sobre Frank: esse garoto vai ser a sua ruína. E essa sim, vai ser a sua maior burrice. Eu não vou me prejudicar por conta da sua imbecilidade. Eu sempre te apoiei independente de qualquer coisa, mas nessa altura da vida, não vou permitir que você foda minha cabeça de novo. Fui compreensivo demais todos esses anos. Virei uma máquina matadora graças à você e as suas tendências. Mas eu não vou cair com você. Estou caindo fora, Gerard. – Um breve silencio se instaurou entre os dois. – Para todos os efeitos, eu nunca existi, não existo e nunca vou existir na sua vida. E não se preocupe: eu tenho ciência de que te dedurar também significa me dedurar e eu não sou retardado ao ponto de fazer isso. Mas eu só te digo uma coisa, Way: seja humano e os seu sentimentos te destruirão.

Gerard entendeu perfeitamente o que Bert quis dizer com sua última frase. Ele sempre fora uma pedra e com tudo que acontecia na sua vida, o sentimentalismo foi aflorado de maneira inédita, o fazendo se recordar de como agia quando jovem.

Seja humano e os seus sentimentos te destruirão. Essa era uma máxima de alta credibilidade.

Frank deu passos rápidos e subiu a escadaria. Menos um, ele pensou ao que abria a porta do quarto e via Noah sentado na sua cama, mordendo os lábios nervosamente. 

- Então?  - Perguntou apreensivo para o amigo.

- Feche a porta. – Ele disse. Frank o fez e depois caminhou no intuito de se sentar ao lado dele. – Eu consegui estes... – Puxou o potinho de vidro do bolso e entregou ao amigo.

- Muito bem Noah. – O sobrinho encarou a embalagem, erguendo-a no ar e analisando os comprimidos redondos e brancos dentro dela.

- Então, agora pode me dizer o que planeja? – Seus olhos azuis imploraram cheios de preocupação. Ele estava com medo de fazer parte de uma coisa que nem sabia ao certo o que era. E se fosse ilegal?! Pensou desesperado. E se ele pretendesse matar o próprio tio?! Não seria a primeira vez...

Frank o analisou por alguns instantes.

- Ainda não é o momento. – Levantou-se da cama rumo ao criado mudo. Noah se levantou, abrindo a porta do quarto e saindo mais frustrado do que quando havia entrado.

Frank por sua vez, puxou a gaveta e tirou de lá uma pasta. A ergueu na altura do rosto e a admirou com um sorriso diabólico e um olhar convencido.

Ao cair no sono, o garoto costumava sonhar  perdido em um lugar repleto de neve. Via Noah correndo, a fugir de algo. Porém ele estava bem longe. Uma distância desesperadora. E de repente ele ia ao chão com um empurrão. Seu corpo afundava na neve e o céu era deprimente e triste. Haviam mãos em seu pescoço... Mas o rosto do dono delas nunca aparecia ou era perceptível.

Acordou em um solavanco. O quarto completamente escuro. Afundou as mãos no rosto e começou a chorar. Não era como se... Pudesse correr para o quarto dos pais e pedir colo. Ele nunca tinha feito isso, de qualquer maneira. E além do mais, não tinha pais. E toda vez que seus olhos estavam abertos enquanto os de outros descansavam noite à dentro, ele chorava para no dia seguinte levantar seco e sem vida. Amargo como fel. Porém há algo de muito impiedoso na madrugada. Ela é silenciosa e amargurada, fazendo-o sentir que é a única vida existente nesse planeta. A sensação de desamparado... A vertigem que a manifestação de um fim trágico causava...

Mas o que lhe restava? A vida o deu aquele grande problema. Frank ainda não sabia, mas seu sofrimento se transformaria em algo grande futuramente. Algo bom para as pessoas.

Todo sofrimento é justificável. Você pode não saber quando o sente, mas ele sempre constrói um ponto forte dentro de si futuramente. E então, olhará para trás e dirá convencido: entendi.

Porém, depois de tentar dormir novamente  e conseguir, Frank se deparou com seu tio sentado na borda da sua cama. Os raios de sol se chocavam contra a pele pálida e os cabelos tomavam uma coloração esquisita por falta de retoque. O que fez o garoto se dar conta de que algo estava errado, foi a mão passeando pela lateral de sua coxa. Imediatamente, encolheu-a contra o corpo, seu olhar tomando um leve desespero e seu tronco se erguendo, fazendo o garoto ficar sentado e tenso.

Gerard suspirou com uma risada, virando o olhar debochado para o lado. Por alguns instantes, Frank cogitou que seu tio estivesse pregando uma peça. Mas a teoria caiu por terra quando a figura medonha de seu tio se ergueu e olhou de forma faminta. O garoto se encolheu contra a cabeceira da cama.

Oras. Não era para sentir medo, certo? Tinha Gerard na palma de sua mão. Mas sabia que ele era um exímio quebrador de promessas. Sabia que Way nunca cumpriria em não o machucar mais.

Entrou em estado de choque, quando em questão de segundos foi agarrado pelos pulsos, arrastado e girado contra a cama. Sua cabeça estava sufocava contra o colchão, a mão de Gerard na sua nuca o deixando imobilizado.

Então... Sua calça de moletom foi arrancada. Quando seu cérebro compreendeu a gravidade da situação, começou a se espernear, na tentativa de escapar.

***

Subindo as escadas estava Lindsay.

Ela acariciava a barriga arredondada, dando ênfase ao baixo ventre. Subia com cuidado, pois com todo aquele peso e inchaço, suas pernas não pareciam as mesmas. Porém, quando chegou no topo da escada, ouviu aquele choro infantil abafado.

Sua testa se franziu, o instinto maternal aflorando e a preocupação aumentando à cada passo.

E mais uma porta revelava a sujeira impregnada no ar do casarão.

Os dedos delicados e trêmulos tocaram a superfície da madeira. Um calafrio percorrendo sua espinha ao ouvir o barulho das molas. Um urro controlado. Ela reconhecia aquele murmuro. Empurra a porta de uma vez, seu coração acelerado e sendo acometida de um mal estar. Achou que estava afetando a criança.

Mas ela não acreditou quando viu aquela cena asquerosa. A porta fez um rangido e se chocou contra a parede fazendo um barulho que fez Gerard estagnar. Ele olhou para trás vendo Lindsay com um misto de horror e incredulidade.

Way se ergueu, ofegante, ajustando o jeans e a olhando friamente. De repente, ela o temeu.

Quando Frank se sentiu libertado daquele corpo nojento, ele realmente não se importou com o constrangimento de ter Lindsay o encarando nu. Parecia que haviam feito um buraco com a própria mão no seu corpo. Agarrou os lençóis e virou-se de lado, se encolhendo e chorando.

Lindsay foi dando passos para trás quando Way fez menção de se aproximar. Ela bateu o cotovelo na mesa onde ficavam os vasos, mas a dor que mais parecia um choque fora insignificante diante dos fatos que anteriormente presenciou. Gerard não desistia. Continuava avançando. Os sapatos de salto baixo que ela estava usando para ir até a escola se descolaram de seus calcanhares.

Gerard via ela se aproximar cada vez mais da escada.

- Não me diga que pode explicar. – Ela diz com asco na voz. Seu rosto se transformando em lamúria. Way se questionou o que diabos faria depois daquilo.

- Linz, por favor, me perdoe...

Noah que saía da cozinha depois de tomar café da manhã, estava quase subindo a escada. Ele iria ajudar Mary na limpeza do andar de cima. Mas quando ouviu a voz de seu patrão e Lindsay, congelou na porta e fitou o corrimão que se estendia até o alto e ficava de frente ao cômodo.

Way da mais passos na sua direção. Ela não quer que ele a encoste. Dá mais dois passos rápidos para trás, chegando ao início da escadaria. E se não fosse os seus sapatos, ela teria ficado ali. Porém, com todo seu peso, ela se desequilibrou. Seus braços procuraram apoio no ar, giraram. Sua expressão se tornou de pavor quando se deu conta de que não tinha onde se segurar. Gerard impulsionou o corpo para frente e estendeu o braço a fim de ampará-la. Ela lhe lançou um último olhar de pânico.

E caiu.

Noah ouviu aquele estardalhaço. O gemido de dor de uma voz feminina. Seus olhos se arregalaram com o corpo bolando e a violência do impacto final. Sua cabeça amortecera a queda. Uma quantidade de sangue considerável se espalhava preguiçosamente pelo chão. Seu peito arfava. Seus olhos estavam congelados no teto, mas ainda pareciam vivos. Ela sibilava algo.

Gerard estava chocado no alto da escada. Lindsay estava morrendo.

Assim como sua filha.


Notas Finais


No próximo capítulo; The Frank Effect Pt. 04: Uma ambulância atravessa os portões da fazenda Lee Way. Um personagem odioso reaparece. Frank dá o passo final para seu plano. Gerard recebe notícias não muito agradáveis e uma ligação de alguém importante aos surtos e claro, um bilhetinho sobre sua mesa que lhe deixaria à um passo do abismo.


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