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História Texas - Um Gerard cristão e uma vala na montanha


Escrita por: littlezackary

Capítulo 8 - Um Gerard cristão e uma vala na montanha


O que seria mais frio? A morte; o cabo daquela pistola ou a alma de Gerard? A escuridão; a maldade ou o egoísmo de alguém que quando morresse com certeza iria para o inferno?

Será que a frieza de Way iria suportar o calor do inferno? Duas coisas tão opostas poderiam entrar em um acordo?

Ele supunha que sim. Achava que era capaz de tudo; era capaz de suportar qualquer coisa.

Mas você só sabe como o inferno realmente queima quando está nele.

Frank iria promover seu inferno. Não tardaria.

Aquele corpo ao chão lhe trazia toda a plenitude que era estar vivo. A arma em sua mão representava o poder que tinha para com todos ao seu redor.  Mas os vários olhos que o fitavam das várias janelas da casa, não detonavam admiração.

Frank e Noah estavam apoiados no parapeito da varanda, estagnados e espantados com aquela cena. Havia poucos minutos que McClean havia falado com ele, e vê-lo esparramado no chão, um tiro na testa e um no peito, trouxe todo aquele pavor de Gerard. Do ângulo de visão dos dois, Way estava parado e com os ombros tensos. Respirava forte, isso era nítido. Noah não conseguia cogitar nada, apenas digeria aquela imagem.

Bert abre a porta de entrada. Analisa a situação de longe sem demonstrar nada em seu rosto. Mas sua mente comentava que fora uma decisão não muito bem pensada. Gerard estava se tornando impulsivo? Isso era novo para seu amigo de tantos anos. Desceu as escadas de braços cruzados e tranquilamente. Caminhou até que parou ao seu lado, fitando naturalmente aquele corpo no chão.

-Bela mira. – Balbuciou Bert olhando para a testa do médico.

Este, estava com os olhos arregalados de maneira macabra, a boca aberta com fios de sangue saindo dela por conta do tiro no peito.

Gerard não falou nada.

-Porém, um crime amador. Você não costuma fazer as coisas desse jeito. Antes de mais nada, eu tinha um silenciador na minha mala, era só ter pedido emprestado.

-É eu sei. – Finalmente falou. Voltou a olhar para o céu. – Mas eu tenho um problema com gente que fala demais.

-Mas isso é culpa sua. – Bert falou descruzando os braços e colocando uma mão na cintura.

Way olhou para a janela da sala, e viu Mary parada, o olhando e negando com a cabeça no mais nítidos dos rancores e desprezos. Parecia que ela iria atravessar os vidros daquela janela e abatê-lo como um boi no corredor da morte. Ele sentiu um desconforto.

-Não. Os médicos não devem se meter na vida dos pacientes.

Apontou a arma novamente em direção ao corpo de McClean e se lembrou da última frase que lhe falou:

“Frank vai destruir sua farra e eu vou ajudá-lo”.

-Deveria ter te matado com um fuziu. – Falou tranquilamente para o defunto. Bert o olhou de relance e pensou: “eu ein”. – Você tem um fuziu, não tem Bert?

-Em Grunbury. E o corpo, o que vai fazer? Ele tem família por aqui?

-Ele tem um filho viúvo na Filadélfia e duas netas. – Descansou o braço que apontava a arma para o corpo. – Mas parece que não se importa muito com o pai. Nas escutas telefônicas quem sempre ligava era Benedict... – Deu de ombros.

-Você colocou um grampo nos telefones do cara?

-Tenho que conhecer meus inimigos,Bert. – Olhou rapidamente para seu amigo. – Reconheço o terreno e depois ateio fogo se ele me ameaçar.

-Então você iria ameaçar o Dr.McClean usando a família dele. – Concluiu.

-Exatamente.

-Hm.

-Vamos desovar o corpo. Na montanha. Ninguém vai lá, fica a algumas horas daqui. Vou pegar um saco. – Gerard falou.

-Tudo bem. – Bert respondeu tranquilamente.

***

A primazia de Bert ajudava muito. Usavam calçados especiais, daqueles que  a perícia usava para adentrar em cenas de crimes sem deixar pegadas. A cor e o material eram horríveis, pensou Gerard, mas estavam sendo de suma importância.

O dia amanhecia, e a paisagem era inegavelmente bela. Tons de laranja do céu se misturavam com o da terra que maculavam com uma pá. O corpo estava dentro do saco que Way comprara para colocar bezerros que nasceram mortos. Eram selados e impermeáveis. Sendo assim, não deixavam o cheiro da carne podre exalar.

-Estou quase terminando. – Bert avisou, enquanto Gerard admirava a paisagem.

-Vou te recompensar por isso. – Olhou para o amigo. – Qual o preço?

Bert parou de cavoucar a terra, limpou a testa de suor e tentava recuperar o fôlego.

-Talvez, trinta mil.

Way refletiu.

-Fechado. Te dou dez mil à mais para fechar a empresa dele e mandar um e-mail para o filho dizendo que foi embora para algum lugar do Oriente Médio.

-Oriente Médio? – Achou graça. -Tipo Iraque ou Qatar? – Ele pouco acreditava.

-Tipo Síria.

-Gerard ninguém vai para lá depois que se aposenta. Qatar é mais lógico. O filho dele pode checar...

-O filho dele é um babaca. Vai querer apenas o dinheiro da clínica do pai. Mas faça isso. Diga que ele vai para o Qatar esperar sei lá, a copa do mundo.

-Vou tentar fazer melhor. – Falou voltando a finalizar a vala.

Gerard segurou o corpo pelos pés e Bert os ombros. Jogaram o corpo dentro da cova e Way começou a tapar o buraco com a terra, enquanto o seu amigo arrancava capim do chão para disfarçar a vala e a diferença da cor da areia.

Terminado o “serviço “ os dois ficaram fitando o moimento improvisado. Bert segurava a pá, o vento balançou seus cabelos e sua consciência estava sutilmente pesada. Seu amigo lhe devia muito mais do que 40 mil dólares.

Muito mais.

Sempre sentiu uma coisa estranha por Gerard. Sempre. Haviam coisas que ele por si só não concordava em fazer, mas estando diante dele, fazia de prontidão. Way tinha um poder estranho com as pessoas, as submetia fazer tudo que quisesse. Parecia até um dom sobrenatural.

Sua atenção foi chamada pelo gesto que Gerard fez. O mesmo que fez quando se livraram do corpo de Dollores.

Um sinal da cruz.

Deu uma risadinha.

-Você é doente.

***

Todos estavam sentados na sala. Noah aflito, Mary limpando os móveis compulsivamente, num vai e vem nervoso com uma flanela e Frank indignado e enojado.

Teria que esquecer o que viu. Mas aquele medo o impediu de dormir; e dormir sempre o ajudou a esquecer.

Ninguém dizia uma palavra, apenas aguardavam o dia se fazer mais presente no lado de fora para  permitirem se mover por alguns centímetros e se livrarem do pânico. A tensão ainda pesava os ombros de todos e o garoto se limitava a pensar que eles foram se livrar do corpo em algum lugar.

O telefone toca no escritório.

Noah corre para atender.

-...Alô? – Atendeu preocupado.

-Noah? É Gerard. Tenho uma missão para você. Preciso de mais sacas, aquelas que colocamos os bezerros que nasceram mortos mês passado, uma mangueira nova e alguns fertilizantes para as plantas da Mary que esqueci de comprar antes... Pegue a caminhonete e leve Frank. Não tire o olho dele ouviu?

-Tem certeza que devo levar Frank comigo para Grunbury? Ele não vai tentar fugir de novo?

-Não.

Frank, que escutava atrás da porta, esbanjou um sorriso mau.


Notas Finais


No próximo capítulo: Frank tem uma ideia muito arriscada. Conversas estranhas entre Bert e Gerard ele escuta. Para finalizar? Um certo jantar. Mas não um jantar comum.
Aguardem.

*há algo de errado com Bert?


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