1. Spirit Fanfics >
  2. Thank You, Destiny >
  3. O final de cada um dos meus dias

História Thank You, Destiny - O final de cada um dos meus dias


Escrita por: GT_Asher

Capítulo 16 - O final de cada um dos meus dias


Fanfic / Fanfiction Thank You, Destiny - O final de cada um dos meus dias

Seus olhos eram convidativos, como se ela estivesse me dizendo para não me conter. Eu devagar, me aproximei mais e mais do rosto dela, intercalando meu olhar entre seus olhos escuros que pareciam com uma galáxia e seus lábios, levemente separados um do outro. "Você quer mesmo?"

"Por que você pergunta tanto se eu tenho certeza?" Ela questionou, e pela curta e quase inexistente distância entre minha boca e a dela, eu conseguia sentir sua respiração.

"Pra ter certeza de que eu não vou te magoar novamente... Ter feito isso uma vez, já foi a morte pra mim."

"Me responde uma coisa."

"Qualquer coisa."

"Você sentiu algo?"

"Em relação a quê?"

"Aquele beijo." Taeyeon parecia um pouco nervosa e apreensiva com a resposta.

"Não. E você? Resolveu mesmo dar outra chance a ele?"

"Sim."

Se eu achei que ela daria a mesma resposta que eu tivera dado? Achei. Fui surpreendido? Fui. Aquilo me fez recuar na mesma hora, me afastando dela novamente.

"Resolvi dar outra chance a ele como meu amigo. Eu já deixei bem claro a ele, o quanto o término da nossa relação me machucou e que eu segui em frente... Você acha mesmo que eu esqueceria de uma hora pra outra, do que sinto por você?"

"Mas eu achei que--"

"Esse é o problema... Você sempre toma como verdade, o que pensa que está acontecendo. Se você achou mesmo que eu seria o tipo de pessoa que pediria um tempo, só pra me envolver com outra pessoa, então não me conhece nem um pouco."

Eu franzi a testa e baixei a cabeça, como uma criança sendo repreendida pelos pais. Mas não podia fazer muita coisa pois tudo o que ela havia me dito, tinha fundamento. "Me desculpa..."

"Não é com simples palavras que as coisas se resolvem, Joonhwa... Precisa de muito mais que isso."

Eu apenas me calei e assenti de leve. Acho que ela precisava me dizer tudo aquilo e eu estava na obrigação de escutar e aguentar.

Taeyeon voltou o foco para a TV e continuou trocando de canais, até que encontrou um filme qualquer. Eu encarava a tela em minha frente, com um vazio nos olhos, refletindo sobre tudo o que ela me dissera... Acho que só o tempo mesmo, faria ela me perdoar.

Em alguma parte do filme, senti meu celular vibrar no bolso da minha calça e quando o peguei, vi que Seungkyung havia mandado uma mensagem na qual ele dizia que dormiria na casa de Tiffany. Eu virei para avisar à Taeyeon, mas ela já havia adormecido. Decidi por conta própria deixá-la dormir em casa naquela noite e mesmo contra a indicação do médico, eu retirei a tipóia e carreguei Taeyeon em meus braços, até meu quarto. Eu a deitei em minha cama, cobrindo-a com o meu cobertor. Voltei para a sala, para desligar tudo e pegar minha tipóia.

Quando retornei ao quarto, me deitei na cama de Seungkyung e virei de frente para a minha. Por sorte, não era o mesmo lado do braço quebrado. Butter deitou a cabeça sobre o meu braço esquerdo como sempre fazia, e não demorou muito para que ele dormisse. Eu ficava olhando para a figura perfeita à minha frente, desejando dormir na minha cama, como nunca desejei antes.

"Acho que não te conheço mesmo, não é Tae?" Eu perguntava decepcionado comigo mesmo, quase sussurrando, sem esperar por uma resposta.

Na segunda de manhã, Butter me acordou lambendo meu rosto. Procurei pelo meu celular, tateando várias áreas da cama, até que o encontrei e vi que eram 6h da manhã. Olhei para o lado e vi que Taeyeon ainda dormia silenciosamente na minha cama. Eu sorri, querendo continuar observando-a por mais um tempo, mas Butter ficava puxando a manga da minha camisa com a boca, para que eu levantasse. Coloquei minha tipóia e o levei ao quintal como sempre e ao retornarmos para dentro, halmeoni já estava acordada. Eu pedi à ela uma escova de dentes nova, já que ela sempre gostava de ter essas coisas extras em casa. Enquanto ela ia pegar a escova, mandei uma mensagem a Seungkyung pedindo para que quando ele voltasse para casa, trouxesse uma muda de roupa para Taeyeon, junto com as coisas da faculdade. Quando vovó voltou, retornei ao quarto e sentei ao lado de Taeyeon.

Com a ponta dos dedos, tirei as mechas de cabelo que cobriam o rosto dela, deixando somente suas franjinhas, sobre sua testa. Tive que controlar a vontade de beijá-la, pois sabia que não podia. Eu também não tinha coragem para chamá-la, então esperei até que ela acordasse.

Quando acordou, Taeyeon se espreguiçou, ainda se recusando a abrir os olhos.

"Bom dia."

Ela resmungou, pegando a ponta do cobertor e se cobriu por completo. "Que horas são?"

Olhei para a tela do celular e a informei. "Quase 7h. Aqui." Estendi à ela, a escova de dentes.

Ela tirou o cobertor de cima do rosto e olhou, primeiro para mim, depois para o que eu segurava. "Gomawo."

"Seung dormiu na casa de vocês, ontem. Mandei mensagem pra ele, pedindo que trouxesse sua roupa e suas coisas, assim você não precisa voltar até sua casa, antes de ir pra universidade. Halmeoni já fez o café... Vem comer, antes que esfrie." Me levantei e fui para a cozinha, deixando Taeyeon sozinha no quarto.

Me sentei no banco atrás da ilha e enquanto colocava um pouco de café em uma caneca, vovó conversava comigo. "Joon-ah, tem certeza de que quer ir hoje? Pode ficar em casa, por mais algum tempo se quiser..."

"Gwaenchanha, já é difícil não poder fazer muita coisa por causa desse braço. Eu já tô bem melhor e, por mais que o Seung me deixe estudar pelas anotações dele, não quero mais perder aula."

"Tudo bem, então. E como estão as coisas entre você e...?" Vovó apontou com a cabeça para o rumo do meu quarto.

"Complicadas." Deixei um suspiro triste escapar. "Ela ficou mesmo chateada comigo e com razão... Eu tenho sido um babaca com todo mundo, ultimamente." Eu encarava o conteúdo da minha caneca.

"Ei, não diga isso... Vai melhorar." Ela disse, batendo suavemente no dorso da minha mão, com aquele sorriso consolador no rosto.

"O meu maior medo é perdê-la, vovó. O que eu sinto pela Tae é algo muito maior e mais intenso do que qualquer outra coisa que eu já senti antes mas... Acho que não mereço ela."

"E por quê diz isso?"

"Eu alego amá-la sendo que nem a conheço direito e peço que ela confie em mim, quando na verdade, nem consigo fazer o mesmo. Eu a julgo equivocadamente e nem me importo com a opinião dela, antes de sair tomando qualquer decisão, que envolva nós dois... Ela tava certa em tomar a decisão que tomou. Agora que eu parei pra pensar, acho que nem um tempo eu pediria, se estivesse no lugar dela."

Halmeoni não pôde dizer mais nada, visto que Taeyeon havia entrado na cozinha. Nós desconversamos, com vovó trocando de assunto. "Taeyeon-ah, sente-se e tome café com o Joon..." Ela disse à mesma, antes de se virar para mim. "Vou levar o chá do seu avô." Com isso, vovó se retirou, nos deixando a sós.

"Você quer torrada?" Perguntei à ela, pegando duas fatias de pão e indo em direção à torradeira.

"Ah, sim... Pode ser." Taeyeon respondeu, servindo um pouco de café à si mesma. "Seu irmão chega essa semana?"

"Uh? Ah, é."

"Faz muito tempo que vocês não vêem ele?"

"Desde as últimas férias... Nós só conseguimos vê-lo, quando estamos de férias e ele vem pra cá."

"E vocês não voltam a Busan?"

"O Seung vai sempre que pode, já eu, só vou de vez em quando... Gosto de ficar aqui por causa dos dois." Quando as torradas ficaram prontas, eu as coloquei em um prato e levei para Taeyeon. Peguei mais algumas fatias e voltei à torradeira. "Tem geléia, se você quiser."

"Obrigada... Vocês têm muitos amigos, lá?"

"Sim. Alguns deles, nós conhecemos desde que éramos bem pequenos e passamos o colegial inteiro estudando lá. Quando nos formamos, decidimos vir morar aqui com os nossos avós. Nossos pais não questionaram minha decisão, mas nossa minha mãe ficou com um pé atrás por deixar o Seung vir embora... Eles sempre foram muito agarrados. O Jinwoo hyung foi o único que quis ficar em Busan, por mais que o meu pai quisesse que ele viesse conosco."

"Entendi." Ela disse, antes de morder sua torrada com geléia.

"Mas e você? Como conheceu a Tiffany?"

"Ah..." Taeyeon engoliu o que mastigava, antes de continuar. "Meus pais sempre me apoiaram muito em relação às minhas decisões. Eu vim morar em Seoul muito cedo, pra me aperfeiçoar com a música e enquanto eu tentava me estabilizar financeiramente, eles me ajudaram a encontrar um lugar pra morar. Depois que arranjei um emprego, eu disse que daria conta das coisas sozinha e que não precisariam se preocupar comigo..." Ela parou para tomar um pouco de café.

"Quando as contas de casa apertaram, procurei por uma colega de dormitório, mas nenhuma parecia ser alguém cuja convivência seria boa. Eu já estava começando a pensar em desistir de tudo e voltar a morar com os meus pais... Até que um dia, quando eu voltava do trabalho, vi uma garota de cabelos escuros e compridos esperando sentada nas escadas, do lado de fora do portão do meu prédio, com algumas malas rosas, segurando um jornal com algumas marcações. Ela me contou que o sonho dela, a fez se mudar pra Coreia e que como não tinha família aqui, precisava de um lugar no qual pudesse se sentir em casa. A mudança da Fany pra minha casa, funcionou como um combustível. Ela era como uma vitamina pra mim e sempre dava um jeito de animar as coisas, quando perdíamos a motivação. Em feriados como o Natal e Ano Novo, eu sempre a levava comigo pra Jeonju, porque não queria que ela ficasse sozinha no nosso apartamento."

Eu escutava tudo, atentamente. Enquanto tomávamos café, eu pedia à ela que me contasse mais sobre sua vida. Ela me falou da época em que era sonâmbula, do seu sonho de ser locutora quando mais jovem, que escutava o rádio enquanto estudava e que ele havia se tornado uma parte importante da vida dela, que já quis ser professora de matemática, que quando era mais nova, era muito tímida e várias outras histórias. Cada fato sobre ela, me fazia querer estar com ela no momento, para ver acontecer. Tudo sobre ela era interessante e  Taeyeon era uma pessoa incrível. Cada traço de sua personalidade, que eu passava a conhecer, me fazia acreditar que quem tivesse ela por perto, era realmente alguém afortunado e eu poderia ficar escutando ela falar sobre si mesma, o dia inteiro.

No entanto, meu momento "Conhecendo Kim Taeyeon" fora interrompido quando eu escutei a campainha de casa tocar. Eu já havia terminado de tomar café então fui atender à porta, enquanto Taeyeon ainda comia.

"Oi hyung." Seungkyung dissera, entrando em casa.

"Annyeong oppa." Tiffany entrou logo após ele.

"Bom dia. Já tomaram café?"

"Ainda não, saímos cedo pra dar tempo de vir aqui pra Taetae e o Seunggie se trocarem." Tiffany explicou.

"Por que não se juntam à ela? Taeyeon ainda tá na cozinha, terminando de comer."

"Eu preciso tomar banho ainda... Por que você não vai logo comendo algo, Fany-ah?" Seungkyung perguntou, entrando no corredor.

"Eu também vou me trocar. Fiquem à vontade." Eu disse, indo para o quarto.

Chegando na cozinha, Tiffany colocou em cima do balcão da ilha, a bolsa que trouxera consigo. "Taetae, bom dia... Aqui estão suas coisas." Ela pegou uma caneca e serviu um pouco de café para si.

"Gomawo, Miyoung." Taeyeon respondeu, deixando a caneca de lado e mexendo na bolsa.

"O que aconteceu pra você precisar de tudo isso e não ter voltado pra casa, ontem?" Tiffany questionou a amiga com uma risada suspeita, levantando uma das sobrancelhas.

"Depois que você saiu com o Seungkyung, eu fiquei entediada então pensei em vir aqui, já que ele não podia sair de casa e provavelmente se sentia entediado também."

"Taetae se você pudesse, ficaria em casa pra sempre, jogando no celular ou colorindo seus livros infantis..." Tiffany desconfiou da mudança de planos da colega de dormitório.

"Eles são livros pra pintura artística." Taeyeon a corrigiu, fazendo Tiffany rir e revirar os olhos.

"Enfim... Como tá indo com o seu tempo?"

"Eu também gostaria de saber."

"Como assim?"

"Ele me deixa confusa. Eu sei que sinto falta dele, das coisas que ele me diz, o que faz por mim, de como ele me faz rir com as bobagens que diz e do quão segura eu me sinto com ele por perto. Eu sinto falta de tudo isso mas..."

"Mas?"

"O erro que ele cometeu me fez duvidar sobre entregar a ele o meu coração e acreditar que dessa vez não vai acontecer o mesmo que aconteceu com o Baekhyun."

"Taetae, você não pode viver com medo de se machucar de novo, pra sempre... Às vezes é preciso dar um tiro no escuro e confiar que tudo vai dar certo."

Taeyeon não respondeu. Ficou absorvendo as palavras de Tiffany.

"Como tá o clima entre vocês?"

"Não sei. Às vezes parece que tá tudo bem, quando sorrimos um para o outro, quando trocamos olhares e então... As coisas ficam tensas de novo e nós passamos a agir como completos estranhos."

Tiffany não teve a chance de replicar, uma vez que eu apareci na cozinha e elas rapidamente encerraram o assunto. "Taeyeon-ah, se você quiser se trocar, eu e o Seung já nos trocamos."

"Ah, ne." Ela pegou a bolsa de cima do balcão e se retirou.

"Oppa, se sente melhor?" Tiffany perguntou entre pausas para mastigar.

"Hm? Ah, sim... Acho que o que faltava era a companhia da sua amiga."

"Como assim?"

"Pelo fato de eu ter passado o fim de semana com ela, foi que eu me senti revigorado." Declarei e Tiffany sorriu. "Mas Tiffany..."

"Sim?"

"Você sabe por quê ela não foi me visitar?"

"Ah, oppa..." Ela hesitava em responder.

"Deixa pra lá. Acho que só ela pode me dizer, não é?" Soltei uma risada sem graça, dando à Tiffany, um mero sorriso.

"Então... Prontos pra ir?" Seungkyung perguntou, adentrando à cozinha.

"Só estamos esperando pela Tae--"

"Não precisam esperar mais." Taeyeon anunciava, aparecendo atrás de mim. Quando me virei, vi que ela estava linda como sempre.

Eu percebi que estava encarando ela por um tempo, então limpei a garganta antes de abrir a boca. "Você pode deixar suas coisas aqui. Como você vai trabalhar depois da aula, eu peço pro Seung levá-las pra você, quando ele sair de casa pra buscar a Tiffany... Assim não precisa ficar carregando peso, o dia todo."

"Ah, tudo bem, obrigada." Ela sorriu brevemente, me entregando a bolsa.

Eu deixei a mesma, em cima da minha cama e voltei para a sala, para pegar minhas coisas e sairmos de casa.

No caminho até o campus, Seungkyung e Tiffany iam na frente como já era de costume e eu e Taeyeon, um pouco atrás.

"Ficou bem em você." Eu comentei.

"Uh?"

"Seu cabelo... A cor, ficou bem em você."

*Na verdade, qualquer uma fica.*

"A-ah... Resolvi mudar um pouco, já tava ficando enjoada do loiro." Ela brincava com algumas mechas do cabelo.

Eu apenas dei-lhe um sorriso de canto. Era difícil continuar uma conversa com ela, nas atuais... circunstâncias. Sabe aquele silêncio chato que eu não gostava nem um pouco? Pois é, ele voltou a aparecer. Eu tentava pensar em algo para falar, mas nada surgia na minha mente e graças a Deus, ela puxou assunto.

"Quando você vai fazer o exame?"

"Ne?"

"Seu braço... Quando é a radiografia?"

"Ah, é em alguns dias. Ainda faltam algumas semanas pra tirar o gesso e começar a fisioterapia."

"Você não aguenta mais não poder tocar, não é?" Ela riu.

"Preciso voltar a escrever... Isso me ajuda a esvaziar a cabeça."

"Já compôs pra alguém?" Ela perguntou, olhando para a frente.

"Não." Respondi, balançando a cabeça em negação.

"Por que?"

"Eu nunca encontrei um bom motivo pra escrever sobre uma pessoa antes."

"Por que fala como se agora, tivesse?"

"Por que talvez eu tenha... E você, Frida Kahlo? Já pensou no meu caso?"

"Ne?"

"Se vai me desenhar, algum dia?"

"A-ah..."

"Que tal se fizermos assim... Eu escrevo pra você e você me desenha, hm?" Eu estendi a mão para ela, como num acordo.

Ela pensou por tempo, antes de apertar minha mão. "Fechado!"

Nós sorrimos e continuamos de mãos dadas. Vendo que tínhamos nos afastado um pouco demais de Seungkyung e Tiffany, Taeyeon começou a apressar o passo para alcançá-los, mas ela fez isso sem soltar minha mão. O que me surpreendeu, foi que perceber que ela tinha força o suficiente para me puxar junto. Eu tentava me equilibrar para não cair e machucar ainda mais o braço mas, para falar a verdade... No fundo, eu não ligava. Aquela rápida caminhada de mãos dadas com ela, sentindo a essência do perfume que ela usava, o choque que me dava por segurar sua mão tão delicada, me faziam querer correr até o infinito, se Taeyeon não me soltasse.

Quando chegamos perto deles, ela percebeu que ainda andávamos de mãos dadas e rapidamente soltou, escondendo as bochechas que haviam corado superficialmente.

"Eu não sabia que você era tão forte." Comentei, ao rir do que acabara de acontecer.

"Ah, mianhae... Eu nem tinha percebido que não tinha soltado você."

"Gwaenchanha, não é como se eu estivesse reclamando também." Eu pisquei à ela e Taeyeon novamente, desviou o olhar para longe.

Chegando no campus, fomos direto para a sala de aula e ao entrar, quase a classe inteira tivera ido me cumprimentar, perguntando se eu estava bem, dizendo que sentiram minha falta e etc. Eu conversei com todos eles, antes do professor Park Jin Young entrar e pedir a todos que fossem para os seus lugares.

"Muito bem, antes de mais nada, Jung Joonhwa..." Ele me chamou.

"Ne?"

"Que bom que se recuperou. Tire logo esse gesso do braço e trabalhe duro, okay?" Ele me deu aquele sorriso amigável de sempre.

"Ne, professor!" Eu assenti com convicção, sorrindo de volta.

"Okay então, antes da aula de hoje começar, eu tenho alguns comunicados importantes. Primeiro, os coordenadores do curso de Música, também conhecidos como os professores de vocês, estarão fazendo uma associação com os pessoal de Artes Cênicas e levaremos vocês a um acampamento social, no próximo final de semana..."

Antes que o professor pudesse continuar, algumas pessoas na sala já se animaram, começando a conversar, dando a ele, trabalho para ter a atenção de todos de volta.

"Okay pessoal, eu sei que vocês se empolgaram, mas acalmem seus ânimos e deixem eu terminar de explicar." Ele pediu e a sala fez silêncio novamente. "Muito bem, como eu dizia, o objetivo desse acampamento é trazer uma maior interação entre os dois cursos, com várias atividades que também contarão nota extra na avaliação semestral de vocês..."

 Com isso, um coro de decepção foi instalado na sala. "Como eu disse são pontos extras logo, quem não quiser ir, fique à vontade." Ele foi até sua mesa e retirou uma pilha de folhas da bolsa, passando de fila em fila entregando algumas a cada aluno. "Aos interessados, é só preencher esse formulário e entregar a algum outro professor ao longo dessa semana ou no máximo, a mim na próxima segunda-feira."

Quando ele terminou de entregar os formulários, voltou para a frente da sala e começou a dar sua aula.

Na hora do intervalo, fui até a máquina de bebidas do refeitório e só peguei uma lata de refrigerante, porque estava com saudades de ir ao jardim mas antes que eu pudesse sair, alguém puxou a lata da minha mão, me fazendo virar.

"Ei, o que você--"

"Não vai comer nada?" Taeyeon perguntou.

"Não tô com muita fome e queria ir ao jardim, já que faz tempo que não vou lá."

"Você pode ir depois, mas agora tem que comer." Ela me virou e me empurrou em direção ao caixa.

Depois que pegamos nossa refeição, nos sentamos na mesma mesa que Seungkyung e Tiffany.

"Pode devolver minha lata?" Eu estendi a mão à Taeyeon, vendo que ela ainda a segurava.

"Uh? A-ah, aqui..." Ela riu, entregando-a a mim.

"Então, vocês vão nesse acampamento?" Seungkyung perguntou.

"Acho que sim, pode ser também uma forma de ampliar nossos conhecimentos sobre a música e as diferentes áreas que ela abrange." Taeyeon disse.

"É, vai ser legal interagir com outras pessoas também..." Tiffany adicionou.

"Pontos extras nunca são demais, não é mesmo?" Seungkyung soltou um riso abafado. "Mas e você hyung?"

Eu, que até agora apenas prestava atenção na minha comida, levantei a cabeça quando ouvi Seungkyung falar comigo.

"Uh?"

"Também vai ao acampamento?"

"Acho que não..."

"Por quê não?" Taeyeon parou de comer e virou-se para mim.

"A-ah, com esse braço eu não vou conseguir fazer muita coisa nem participar das atividades." Eu expliquei à ela, antes de desviar o olhar dela, por conta do nervosismo inesperado que estava começando a sentir.

"Ah~~ hyung, se você não for, não vai ter graça alguma." Seungkyung lamentou.

"Eu ainda tô pensando, tá bom?" Me inclinei para a frente e sorrindo, baguncei o cabelo dele.

Enquanto eles continuavam conversando, eu tentava comer o mais rápido possível, para dar tempo de ir ao jardim antes do retorno da aula e eu já estava começando a ficar habilidoso com a mão esquerda, mas não derrubar tudo antes de chegar à minha boca, ainda era um desafio e tanto. Taeyeon queria me ajudar a comer novamente e quase conseguiu, se não fosse pela interferência de Seolhyun... E Baekhyun.

"Taengoo-ya, onde você esteve o final de semana inteiro? Tentei ligar, mas você não atendia o celular..." Baekhyun comentou, sentando-se ao lado da mesma.

"Uhhh... E-eu... Ss-só assisti a alguns filmes e fiz alguns biscoitos." Ela respondeu, tentando conter o sorriso que crescia em seu rosto. Diferente de mim, que sorria como um pateta, lembrando dos dois dias que passei com ela.

"Oppa! Posso te ajudar com isso?" Seolhyun pegou meus hashis, enquanto se sentava ao meu lado.

"Tá tudo bem, eu consigo sozinho, Seolhyun-ah." Eu sorri para ela, estendendo a mão, pedindo meus hashis de volta.

"Aniyo, gwaenchanha... É um prazer pra mim, ajudar o oppa." Ela respondeu, levando um pouco de arroz à minha boca.

Mesmo relutante, eu aceitei a ajuda dela. Seolhyun ficou bem contente em me ajudar a comer. Taeyeon, no entanto, pareceu estar um tanto quanto incomodada, voltando seu foco para sua comida.

Graças a ajuda de Seolhyun, terminei de comer bem mais rápido e me retirei de lá, indo em direção ao jardim. Me surpreendeu ver que tudo ainda estava tão bem quanto, ou até melhor, como eu havia deixado antes de ir parar no hospital. Depois que reguei as flores, sentei-me no banco e aproveitei meu tempo de silêncio... Aquele lugar, era uma das coisas que eu mais sentia falta.

"Esse sorriso quer dizer que está tudo bem por aqui?" Aquela voz familiar, fez meu sorriso crescer mais ainda.

"Melhor do que bem... Tá ótimo!" Eu respondi, enquanto Taeyeon sentava-se do meu lado.

"Que bom, porque deu trabalho cuidar de tudo e ainda limpar a bagunça que o Butter fez." Ela abafou um riso, ao explicar.

"Foi você?!" Arregalei os olhos ao questioná-la.

"Bom, o Seung passou todos os dias com você e eu sei o quanto você gosta daqui, então tive que manter tudo em ordem."

Eu alcancei a mão dela, cuja descansava sobre o banco, fazendo Taeyeon olhar para mim. "Obrigado."

"Sem problemas. Eu também gosto daqui, mas... Esse lugar parece vazio quando você não está por aqui."

"Sério?"

Ela assentiu e nós sorrimos um para o outro. Ficamos em silêncio por algum tempo, apenas apreciando a presença um do outro. Até que comecei a pensar no que ela me disse na noite anterior.

"Tae..."

"Ne?"

"Você tinha razão."

"Sobre o quê?"

"Ontem, quando você disse aquilo sobre eu prejulgar o tipo de pessoa que você é, além de todo o resto... Você estava certa. E me fez perceber que fui precipitado em dizer que te amava." Soltei da mão dela e evitei olhar para ela.

"O quê?"

"Eu me apaixonei tão rápido por você e quis ir tão depressa, que nem percebi o pouco que te conheço, antes de te dizer palavras com um significado tão grande mas que pareceram tão superficiais..."

"..."

"Acho que era por isso, que você nunca as disse, não é?" Perguntei, soltando uma risada sem graça. "Agora entendo o motivo de você querer esse tempo..."

Ela continuou em silêncio.

"De agora em diante, vou me esforçar pra aprender e entender o real sentido e importância delas." Eu dei à ela um breve sorriso, antes de me levantar. "Vou voltar pra sala, você vem?"

"Daqui a pouco."

"Okay."

No caminho de volta, eu parei para tomar um pouco de água e foi quando Seolhyun foi conversar comigo.

"Oppa, eu procurei você por todo o campus e não te encontrei... Onde se escondeu?" Ela riu da própria pergunta.

"E-eu... Estava... Num lugar quieto. Mas porque estava me procurando?" Tentei desconversar.

"Ah, queria saber se você não quer sair comigo, hoje...?"

"S-sair?"

"É, tipo num encontro, dessa vez?" Ela abafou a risada por entre dentes, com as bochechas rosadas.

"E-eu..."

Ainda ia responder, mas Taeyeon voltava do jardim e enquanto ela passava por mim, eu não consegui pensar em outra coisa, que não fosse nela. Taeyeon também olhou para mim e eu senti que ela queria me dizer algo pelo olhar em seus olhos. Quando ela se afastou de nós, vendo que eu fiquei distraído, Seolhyun teve que chamar a minha atenção.

"Oppa!"

"Uh? Ah ne..."

"Sim?"

"O quê?"

"Você acabou de aceitar sair comigo?!" Ela perguntou, animada.

"U-uh? Não! Quer dizer, é que... E-eu..." Vendo que não conseguia me explicar direito, parei para respirar fundo e tentei de novo. "Escuta Seolhyun, eu agradeço o convite mas acho que agora não seja o momen--"

"Oppa, eu sei que você ainda está mal e também sei muito bem do que você sente pela unnie, mas você precisa se distrair... Parar de pensar tanto nela, pelo menos um pouco."

Seolhyun tinha razão. E parte de mim até queria encontrar algo que me fizesse pensar em algo além de Kim Taeyeon, mas a outra parte estava sempre lá, me lembrando que era ela, a única pessoa com quem eu queria estar.

"Tudo bem, acho que vai ser legal..."

"É isso aí! Esse é o oppa que eu conheço! E não se preocupe... Super Kim está aqui pra te ajudar." Ela disse com confiança, repetindo a mesma pose das outras vezes.

"Tá bom, oh Vingadora, vamos logo pra sala." Eu ri brevemente, indo na frente.

Após o término da aula, nós ainda não havíamos decidido o que fazer, então acabamos indo ao shopping. Seolhyun fez questão de me levar às vitrines de cada loja, só para me mostrar as coisas que lhe agradaram. Um tempo depois, nós começávamos a sentir fome, então resolvemos parar para comer alguma coisa. Depois do nosso lanche, foi a minha vez de arrastá-la para coisas que me interessavam, o que resultou em nós dois, indo parar no fliperama logo ao lado do cinema.

Nós jogamos em todo o tipo de brinquedo, incluindo jogos de tiro, basquete, hokey de mesa e até tiro ao alvo, sendo que nesse último, eu me saí surpreendentemente bem e até cheguei a ganhar uma vagem de pelúcia que, como um estojo com zíper, guardava três ervilhas sorridentes. Seolhyun também tentou até conseguir ganhar o prêmio que queria. Depois que ela finalmente pegou seu prêmio, percebemos que passamos a tarde toda jogando, então decidimos ir embora. No caminho até o ponto de ônibus, pegamos dois sorvetes e ela resolveu puxar assunto.

"Oppa..."

"Hm?" Eu ainda estava concentrado no meu sorvete.

"Você se lembra do dia em que fomos ao parque?"

"Sim."

"Se lembra do beijo?"

Eu quase engasguei com o sorvete, quando escutei ela perguntar sobre aquele momento específico daquela tarde. "Uhh ss-sim..." Respondi, após limpar a garganta.

"Pelo menos naqueles segundos, você conseguiu esquecer dela?"

Tive que pensar por um tempo. "Acho que fiquei um pouco surpreso demais pra pensar em qualquer coisa, naquela hora." Deixei uma risada fina escapar.

"E quanto a hoje? Conseguiu se distrair?"

"Por que quer saber de tudo isso?" Abafei um riso por entre dentes.

"Só quero saber se meus esforços não estão sendo em vão." Ela sorria, olhando para a frente.

"Você gosta tanto assim de mim?"

"Você ainda tem dúvidas? Acho que já deixei bem claro, o que sinto por você, oppa." Ela disse. A transparência de Seolhyun me assustava, às vezes.

"Eu sei que não vai ser fácil, mas não vou desistir de você, até que goste de mim... Annyeong oppa!" Ela continuou, antes de entrar no ônibus que acabara de chegar no ponto.

Na caminhada de volta para casa, eu começava a pensar em diversas coisas, desde o que Seolhyun dissera até a hipótese de dar uma chance à ela. Mas aí, lembrei que meu coração havia sido tomado por outra pessoa e que seria impossível esquecê-la, mesmo que eu tentasse. Passei tanto tempo andando que por algum motivo, meus pés me guiaram para onde meus pensamentos se direcionavam.

"Joonhwa?"

"Uh?" Eu levantei a cabeça ao escutar meu nome e percebi que estava parado em frente à cafeteira. Taeyeon olhava para mim com um olhar bastante confuso.

"O que faz aqui?"

Nem eu sabia. "A-ahh, eu só tava indo pra casa, mas acho que me distraí e acabei vindo parar aqui."

Ela sorriu, antes de desviar o olhar para o que eu segurava. "Hm? O que é isso?"

"Uh? Ah, é uma vagem de pelúcia que eu ganhei no tiro ao alvo." Estendi à ela e Taeyeon a pegou, abrindo o zíper.

Ela soltou uma pequena risada ao ver as três ervilhas dentro do estojo. "Kyeopta."

"Quer ficar com isso?"

"Mwo?"

"Se você gostou, pode ficar."

"Ah, gomawo." Taeyeon sorriu como uma criança com um brinquedo novo, enquanto apertava o brinquedo que tinha em mãos.

"Você já estava indo pra casa?" Perguntei, vendo que a cafeteria já estava fechada.

"Sim, acabei de arrumar tudo."

"Então vamos, eu acompanho você."

No caminho até a casa dela, Taeyeon não parava de mexer nas ervilhas dentro da vagem.

"Você gostou mesmo disso, não foi?"

"Sim, mas se eu quiser que essas ervilhas durem, tenho que manter longe do Ginger."

Eu comecei a rir, mas não era do que ela achava que fosse.

"O que eu disse foi tão engraçado assim?" Ela perguntou.

"Ani, não é isso... Eu só percebi uma coisa."

"O quê?"

"Não importa o que eu faça durante o dia, ele sempre termina com você."

Ela ergueu as sobrancelhas, olhando para frente, antes de virar para o lado, escondendo o rosto de mim. "Você continua cafona."

Soltei um riso abafado. "Desculpa, eu só... Não consigo manter palavras como essas dentro da minha boca, quando tô perto de você."

Ela limpou a garganta e desconversou. "Então, já decidiu se vai ou não para o acampamento?"

"Por enquanto, o 'não' tá ganhando."

"Você devia ir..."

"Por que?"

"Acho que a Fany tinha razão. Vai ser legal, sabe? Passar um tempo ao ar livre, ficar em volta de uma fogueira, fazer uma trilha..."

"Você quer que eu vá?" Dei à ela um sorriso pretensioso, mas ela apenas limpou a garganta e olhou para longe.

"A-acho que... Ss-se todo mundo for, vai ser mais divertido. Quer dizer, é sempre bom ter lembranças de momentos como esse com os amigos, não é?"

"Você ainda não respondeu minha pergunta." Eu insisti, ao me aproximar dela.

"U-uh?" Taeyeon estava ficando nervosa e não conseguia olhar diretamente para mim.

"Quer que eu vá?" Repeti a pergunta, chegando mais perto de seu rosto e sentindo a respiração dela, batendo contra o meu.

Eu percebi que ela havia desviado o olhar para a minha boca, mas acabei fazendo o mesmo quando vi seus lábios ligeiramente separados um do outro, como se estivessem me chamando.

"Se você quiser que eu vá, posso preencher esse formulário nesse instante, mesmo com a mão esquerda..."

"E se eu não quiser?"

"Você não quer?"

Ela deu de ombros.

Eu ria interiormente, vendo ela tão nervosa. "Isso é um 'sim' ou um 'não'?"

"Você vai se quiser ir..." Ela resmungou, desviando o olhar.

"Hm, tudo bem então... Acho que vou ficar em casa mesmo." Apenas dei de ombros, com um sorriso de canto e comecei a andar de novo.

Quando chegamos em frente à casa dela, eu me despedi dela e comecei a andar em direção ao ponto de ônibus, mas ela segurou o meu braço.

"Joonhwa-ya..."

"Sim?"

"Quando você me pediu desculpas mais cedo, sobre ter se precipitado quando disse que me amava... O que você quis dizer com aquilo?"

"Que não vou voltar a dizer que eu amo você, até ter certeza de que conheço você o suficiente. Saber de todas as suas qualidades, defeitos, pontos fortes e fracos. No dia em que souber o que Kim Taeyeon sente, apenas olhando pra ela, eu direi que a amo."

"Você acabou de dizer, babo... Duas vezes." Ela sorriu, ao dar um peteleco na minha testa.

"Tá, desconsidera essas."

"Então... Como estamos agora?"

"Mmm, nos conhecendo?"

"Acho que isso serve..." Ela assentiu com a cabeça. "Até amanhã, Jung Joonhwa."

"Até amanhã, Kim Taeyeon." Eu sorri ao bagunçar sua franjinha, antes de dar as costas à ela e ir para casa.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...