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História Thank You, Destiny - Percepção


Escrita por: GT_Asher

Capítulo 18 - Percepção


Fanfic / Fanfiction Thank You, Destiny - Percepção

"Hyung!" Seungkyung exclamou animadamente ao abrir a porta para o Jinwoo e sua namorada, Im Jinah.

Desde que acordamos, Seungkyung não parava quieto, falando sobre a chegada do nosso irmão mais velho. Ele ficava me lembrando de minuto em minuto e aquilo já começava a me irritar. Não era sempre que podíamos ver o Jinwoo porque ele era sempre muito ocupado. Depois que ele se formou, nosso pai ficou feliz em saber que Jinwoo assumiria os negócios da família, considerando que os dois filhos mais novos resolveram seguir caminhos diferentes.

Seungkyung ainda não sabia muito bem o que faria depois da faculdade mas eu já tinha uma noção do que queria. Voltar para Busan e abrir uma escola de música para crianças, era o meu plano inicial. Talvez até lá, se ele não decidisse o que fosse fazer da vida, Seungkyung pudesse voltar comigo e me ajudar a dar aulas para as crianças. Mas ainda estávamos no primeiro ano da faculdade e esse ainda era um sonho distante para mim.

Depois que colocaram suas coisas no quarto de hóspedes, Jinwoo e Jinah voltaram à sala e sentaram-se no sofá conosco.

"Então, me contem... Como vocês dois estão?" Vovó perguntou ao casal.

"Ah, estamos bem. As coisas com os negócios do appa vão bem e ele ainda insiste em continuar trabalhando, dizendo que eu ainda não estou pronto pra ficar encarregado de tudo. A alguns meses, eu e Nana nos mudamos pra uma casa no mesmo bairro onde ele a eomma moram e é claro, ela nem tentou esconder sua animação ao ouvir a notícia."

Desde o início, Jinah sempre teve uma boa relação com toda nossa família. Meus pais adoravam ela, meus avós também e o sentimento era recíproco. Eomma sempre a tratou como a filha que ela nunca teve e appa não cansava de dizer sobre o quão orgulhoso ele estava do hyung, por ele ter encontrado uma moça tão gentil e respeitosa como a noona.

"E quanto a você, Seung? Continua namorando?" Ele perguntou.

"Claro que sim! A Fany é perfeita e nunca fui feliz como sou com ela." Seungkyung sorria abertamente, orgulhoso da namorada.

"E você, Joon? Também tá namorando?"

"Ani."

"Como está seu braço?"

"Tenho que ir ao médico hoje, tirar o raio-X e ver como está indo a recuperação." Eu o informei.

"A que horas?"

"Vou sair daqui a alguns minutos." Eu respondi, ao olhar para o relógio em meu pulso.

"Ótimo, eu levo você." Jinwoo respondeu.

"Eu vou com ele, hyung. Você deve estar cansado de dirigir até aqui. Você e a noona deveriam ir repousar." Seungkyung disse.

"Geokjeongma, Seung. Por que não fica em casa e chama a Tiffany pra vir jantar conosco, hoje?" Hyung sugeriu.

"Uh, okay! Joon hyung, você quer que eu chame a noona também?"

"Convidar não mata." Eu respondi sorrindo.

"Muito bem, vamos antes que você se atrase pro seu exame."

~~~

Estávamos no carro dele, indo em direção ao hospital, quando Jinwoo quis conversar.

"Então, qual é a história com essa Taeyeon de quem a halmeoni fala tanto?"

Eu olhei para ele brevemente antes de retornar o foco para fora da janela. Contei a ele desde o dia em que eu e Taeyeon nos encontramos na biblioteca, até quando decidimos ficar na fase da amizade.

"O que você sente por essa garota, afinal? Por que continua tentando, mesmo depois de ela ter te rejeitado?"

Demorei um pouco, pensando no que ele havia perguntado até que, como uma ideia, a resposta surgiu na minha cabeça. Eu não conseguia desistir da Taeyeon porque não conseguia me ver longe da pessoa que trazia felicidade ao meu coração. Não conseguia passar um dia sem me perder nos olhos dela ou sorrir ao escutar a voz dela. Só de pensar nela, eu já me sentia bem e se ser só um amigo para ela, significava tê-la por perto, então que fosse assim. Sem Taeyeon, minha vida não tinha graça.

"Porque é difícil esquecer uma garota tão excepcional como ela. Taeyeon é linda em qualquer perspectiva. Você vai ver."

"Aigoo, você sempre foi o irmão mais romântico." Ele riu balançando a cabeça de um lado para o outro e eu apenas dei de ombros, ainda olhando pela janela. Não dava para discordar. Acho que pelo fato de eu ler tanto, acabei desejando que um daqueles romances poderia ser o meu.

"Hyung."

"Hm?"

"Ele voltou a aparecer, sabe... Depois do que aconteceu?"

Percebi a expressão no rosto do meu irmão, escurecer. "Não e se ele quiser continuar respirando, é melhor que continue bem longe de mim... Principalmente da Nana."

Eu assenti e voltamos a ficar em silêncio enquanto seguíamos para o hospital. A história era longa e era melhor deixar explicações para uma outra ocasião... Por mais que eu não gostasse muito de lembrar sobre o ocorrido.

"Joon-ah."

"Sim?" Eu respondi.

"Se algum dia você ou o Seung encontrarem com esse cara... não confiem nele. Não deixem que o sorriso dele engane vocês, como me enganou." Havia arrependimento e raiva no tom de voz dele.

Nossa conversa morreu ali, ao chegarmos ao hospital. Fiquei feliz em saber que estava indo tudo bem com a recuperação do meu braço e que logo eu estaria livre do gesso. O hyung aproveitou o caminho de volta, para brigar comigo sobre eu não tomar cuidado comigo mesmo e, assim como eomma faria se estivesse no lugar dele, ele puxava minha orelha quando eu suspirava ou revirava os olhos. Eu havia esquecido meus fones de ouvido em casa e fui obrigado a escutar o sermão interminável dele.

"Como estão a eomma e o appa?" Eu perguntei.

"Eles estão bem. Eomma sente muita falta de vocês dois, o que faz ela me obrigar a visitá-la todos os dias." Ele disse em tom de tédio, me fazendo rir.

Quando chegamos em casa, já podíamos escutar vozes vindas da cozinha e ao entrarmos no cômodo, encontramos Jinah noona e halmeoni conversando e rindo junto com Tiffany e Taeyeon, enquanto as quatro cozinhavam.

"Ah, vocês chegaram! Então, como foi lá?" Halmeoni perguntou.

"O médico disse que estava indo tudo bem e que eu iria poder tirar o gesso no tempo previsto." Eu respondi, indo à geladeira pegar uma garrafa de água.

Vovó ficou contente e elas logo voltaram a conversar. Eu tive dificuldades em abrir a garrafa e antes que eu começasse a ficar irritado, Taeyeon a pegou da minha mão e a abriu para mim.

"10 pontos para a garrafa." Ela riu, entregando-a a mim.

"Espera só até eu tirar esse gesso... Ela me paga." Eu resmunguei, antes de tomar um gole.

"Você é fofo quando fica irritado."

"Você acha mesmo?" Eu perguntei com uma das sobrancelhas levantada, tentando conter o sorriso que queria se instalar no meu rosto, mas meu coração já havia sofrido liquefação. Cara, como eu queria beijá-la naquela hora.

"Eu vou ajudar com o jantar." Ela desconversou saindo de perto de mim, em passos curtos e rápidos. Eu não podia deixar de sorrir quando via ela correr daquele jeito, toda vez que ficava envergonhada.

Quando voltei à sala, encontrei Seungkyung e Jinwoo jogando FIFA. Eu resolvi sentar e assistir porque a rivalidade entre eles sempre foi muito grande quando se tratava de video games. Às vezes um ficava irritado com o outro, por estar perdendo e eles começavam a discutir, acusando o outro de possíveis trapaças e eu como bom observador, sempre procurava algo para comer e assistir a confusão. Seungkyung sempre preferiu jogar com o Barcelona enquanto Jinwoo escolhia o Real Madrid e eles eram muito bons, então além das brigas durante o jogo, a disputa acirrada entre eles fazia a partida ficar mais emocionante do que um jogo entre os dois times na vida real.

Fui à cozinha para pegar um pacote de Doritos e voltei à sala logo em seguida, me jogando no sofá e assistindo aos dois jogarem. Eles já tinham começado a discutir e eu apenas ria da infantilidade deles. Às vezes parecia que eu era o mais velho dos três, pelo modo como eles agiam na maior parte do tempo.

"O que tá acontecendo?" Escutei a voz de Taeyeon perguntar, um pouco preocupada.

"O que sempre acontece quando eles resolvem jogar um contra o outro. Senta aqui, é divertido assistir." Eu gesticulei para lugar ao meu lado.

"Você tem certeza de que tá tudo bem?"

Eu assenti. "Eles sempre agem assim... Doritos?"

Nós começamos a assistir ao jogo deles enquanto comíamos salgadinho. Logo, Taeyeon percebeu que era, de fato, divertida toda a gritaria dos meus irmãos e além de rir, ela brigava com um ou outro por perder a chance de marcar um gol. O jogo acabou empatado mas eles tinham essa regra sobre não decidir o resultado final nos pênaltis ou acabariam brigando de verdade.

Seungkyung e Jinwoo foram para a cozinha atrás de suas respectivas namoradas e eu fiquei na sala, com quem eu queria que fosse a minha.

"Ainda tá meio cedo. Vocês não foram trabalhar hoje?"

"O chefe nos deu uma folga."

Eu assenti com a cabeça e ficamos em silêncio por um tempo, até ela puxar assunto. Ainda bem, porque eu era péssimo nisso.

"A namorada do seu irmão é legal. Ela tem essa aura madura em volta dela, que faz com que ela pareça mais velha do que realmente é."

"É, enquanto você continua agindo como uma criança de 5 anos no corpo de uma mulher cujo rosto diz que você não passa dos 20." Eu a provoquei, ganhando um soco no ombro esquerdo.

"Yah Jung Joonhwa! Jugulle?! Aish-- tsk... Por quê me provoca tanto?" Ela ameaçou me dar um soco antes de cruzar os braços e olhar para o outro lado.

"Porque você é adorável quando fica com raiva." Eu sorri inocentemente, apoiando o braço bom no topo do encosto do sofá, ao virar de frente para ela.

Ela virou o rosto de frente para mim e me encarava com os olhos semicerrados, ainda de braços cruzados. "Quando é que você vai deixar de ser tão cafona?"

"Quando eu parar de gostar de você."

Ela revirou os olhos, mas pude vê-la sorrindo. "Você é impossível, Jung Joonhwa."

"Eu sei." Dei de ombros sorrindo ao me levantar.

"Onde você vai?"

"Tô com dor de cabeça. Vou descansar um pouco."

Fui à cozinha e pedi à halmeoni que me avisasse quando o jantar estivesse pronto e em seguida, fui para o meu quarto. O medicamento que tomei para a dor de cabeça, me causou sonolência e acabei cochilando. O que me acordou, foi sentir dedos tão delicados quanto uma pena, massagearem a região entre meus ouvidos e minha testa, na parte lateral da minha cabeça. Ao abrir os olhos, percebi que era Taeyeon quem fazia isso, enquanto olhava fixamente para mim. Ela estava sentada na beira da cama, inclinada sobre mim.

"Oi." Eu disse, ainda sonolento.

"Oi." Ela sorriu levemente.

"O que faz aqui?"

"Eu vim jantar, esqueceu?"

"Não em casa, mas aqui, no meu quarto. Em cima de mim...?"

"Vim ver como você estava."

"Awww, ficou preocupada?" Eu perguntei em tom de brincadeira e ela revirou os olhos, tirando as mãos da minha cabeça, as descansando sobre seu colo.

"Quer parar com isso, também?"

"O quê?"

"Me provocar."

"Você quer que eu pare?"

"Sim."

"Tá bom. Mais alguma coisa?" Eu perguntei olhando nos olhos dela, como sempre fiz ao conversar com ela.

"Isso." Ela apontou para o meu rosto.

"Pode ser mais específica?"

"Ficar me encarando o tempo todo."

"Te incomoda?"

"Sim."

"Okay. Sem cafonisse, provocações ou encarar."

"Espera, você vai mesmo parar?"

"Não é o que você quer?" Eu a questionei, erguendo uma sobrancelha.

"B-bom... E-é, mas eu nã--"

"Então tudo certo! Vamos, eu tô com fome." Eu a interrompi, ao me levantar da cama. Peguei sua mão e a levei de volta para a sala. Chegando lá, vimos que Tiffany e Jinah conversavam sentadas no sofá. Seungkyung e Jinwoo estavam na sala de jantar, arrumando a mesa. Halmeoni terminava de preparar o jantar e halabeoji fazia companhia à ela. Quando me virei para Taeyeon, vi que ela ainda olhava para como eu segurava sua mão. "Mais um pra lista?"

"U-uh?"

Levantei nossas mãos à altura dos olhos dela. Taeyeon entendeu o que eu quis dizer e apenas deu de ombros em resposta. Abafei um riso por entre dentes, antes de soltá-la e ir me sentar à mesa. Jinah e Tiffany logo tomaram seus lugares ao lado de seus respectivos namorados. Halabeoji sentou-se em uma das pontas da mesa enquanto halmeoni sentou-se na outra. Taeyeon sentou-se à minha frente e ao lado de Tiffany e Seungkyung, enquanto ao meu, estavam Jinwoo e Jinah.

"Então, como estão as coisas com a faculdade?" Jinwoo quebrou o silêncio.

"Muito bem, pra falar a verdade. Todos os professores são ótimos e a grade curricular permite que possamos explorar a música em sua totalidade." Eu respondi, concentrado na minha comida.

"Vamos a um acampamento esse final de semana também." Seungkyung comentou.

"Ah~ eu lembro de um dos acampamentos em que eu e a Nana fomos quando ainda éramos calouros..."

"É, o irmão de vocês espalhou cola no tronco onde o nosso supervisor ia sentar, começou uma guerra de comida no refeitório, sem contar que ele me jogou no lago, quando me convenceu a dar uma volta com ele, depois da fogueira." Jinah continuou dando a ele um olhar de reprovação e todos nós rimos.

"E eu achando que era o Seung quem aprontava mais, de nós três." Eu brinquei.

"E era ele quem sempre começava, quando éramos menores." Jinwoo disse.

"E você ajudava, hyung. Eu era o responsável por controlar vocês e não deixar que as coisas saíssem do controle." Eu completei.

"Joon-ah, lembra quando Seung quis--"

"Yah! Por que eu virei o alvo da conversa?!" Ele reclamou e todos nós rimos.

Nós conversamos por mais um tempo, até que Jinwoo quis chamar a atenção de todos, porque precisava dar uma notícia importante. Ele pegou a mão da namorada e entrelaçou seus dedos com os dela.

"Pessoal... Eu e Nana vamos nos casar."

De princípio, todos nós ficamos um pouco chocados com a notícia. Seungkyung ainda segurava um pedaço de carne com os hashis em frente à sua boca, enquanto olhava para Jinwoo com os olhos arregalados. A expressão no rosto do resto de nós, não era muito diferente. Hyung realmente nos pegou de surpresa. Mas depois que processamos a informação, halmeoni foi a primeira a se levantar e dar um abraço no neto mais velho e na, agora, noiva dele. A conversa agora havia divergido para os preparativos do casamento, os planos de viagem e coisas do tipo.

"Joon-ah..." Jinwoo me chamou.

"Ne?"

"Preciso que você e o Seung façam um favor pra mim."

"Claro! Do que precisa?"

"Que vocês componham uma música e toquem ela no casamento." Ele pediu.

"Woah, tem certeza? Quer dizer, é o dia especial de vocês e essa é uma tarefa e tanto, hyung..." Seria uma honra fazer algo tão significativo no dia mais importante da vida do meu irmão, mas eu ainda estava um pouco inseguro sobre conseguir criar algo à altura.

"Eu confio em vocês." Ele sorriu, pondo a mão no meu ombro. Eu sorri de volta e assenti com a cabeça. Eu não queria desapontá-lo e estava decidido a escrever uma música que realmente pudesse fazer daquele dia, um momento ainda mais único e incrível do que já  iria ser.

Depois do jantar, todos voltamos à sala e enquanto eles ainda conversavam sobre o futuro casamento do Jinwoo e Jinah, eu brincava um pouco com o Butter. Ele queria sair então eu o levei ao quintal e lá, ele ficava correndo de um lado para o outro com o ossinho de borracha na boca. O clima estava bem agradável e eu aproveitei a noite clara para me deitar sobre a grama do jardim e observar o céu a cima de mim.

"Tentando contar as estrelas?" Eu escutei Taeyeon perguntar, enquanto seus passos ficavam mais alto, até que ela se deitou ao meu lado.

"Você me desconcentrou, agora preciso começar do zero de novo."

"Babo." Ela riu, me empurrando com o cotovelo.

Depois disso, ficamos quietos por um tempo, apenas escutando às cigarras e o barulho dos pequenos e rápidos passos que o Butter dava ao correr.

"Então... Grande passo que o seu irmão vai dar, não é?"

"É... Fico feliz por ele. Sabe, ter encontrado a pessoa certa, com quem ele vai passar o resto da vida. Nem todo mundo tem essa sorte."

"Como assim?"

"Algumas pessoas se precipitam sobre tomar uma decisão tão importante e acabam descontentes depois de algum tempo juntas. O que resulta no divórcio."

"E o que você pretende fazer quando for a sua vez?"

"Vou deixar as coisas seguirem seu próprio rumo. Não tem porquê querer apressar meu relacionamento com a pessoa que vai compartilhar todos os momentos dela comigo. Nós ainda vamos passar por todo tipo de situação, juntos. Vamos acertar e vamos errar mas o mais importante é que sempre teremos um ao outro, não importa o que aconteça."

"Como você consegue?"

"Consigo o quê?"

"Ser tão bom com palavras."

Eu sorri, ainda olhando para o céu. "Acho que os livros que eu li, me transformaram em um romântico incurável... ou em um 'tolo apaixonado', como o Seung diria."

Taeyeon riu e eu pude sentir seu olhar em mim, dessa vez. Ela olhava para mim como se eu tivesse a resposta para seja lá o que ela estivesse pensando.

"Posso ajudar?" Eu perguntei, tirando-a da reflexão profunda em que ela estava.

"Ne?"

"Tem alguma coisa atormentando você."

"E como você sabe?"

"Você tá me encarando... E nunca faz isso."

Ela riu, voltando seu olhar para cima. "Eu estava pensando no que você disse sobre seguir o caminho natural das coisas."

"Eu também tenho meus planos. Não sei se vou chegar a realizá-los, mas não vou forçar nada."

"E quais são?"

Eu fechei os olhos e comecei a imaginar como eu queria que meu futuro fosse. Acordar todos os dias, encontrando aquele sorriso contagiante, sentindo aquele calor nos meus braços. Ficar animado pela volta para casa após um dia de trabalho, ansioso para encontrá-la esperando por mim e dizer à ela o quanto eu senti sua falta o dia inteiro. Aproveitar cada refeição ao seu lado, como se fosse a última. Dançar com ela no meio da sala enquanto arrumamos a casa, em um final de semana qualquer. Fazer todas as coisas que a agradavam e evitar ao máximo aquelas as quais ela detestava. Sentar em volta de uma lareira e observar nossos filhos abrindo seus presentes na manhã de Natal. Ver o show de fogos de artifício na noite de Ano Novo, com meus braços em volta dela, protegendo-a do frio. Dizer à ela o quanto eu a amava, o quanto ela me fazia feliz e o quão sortudo eu era por tê-la na minha vida.

No meio do meu devaneio, eu comecei a rir ao perceber que Taeyeon era a única quem eu conseguia imaginar nesse posto. Ela virou-se para mim, me dando um olhar questionável. Sorrindo, eu desviei o olhar dela, fitando a imensidão do céu escuro a cima de nós. "Me pergunta de novo, no dia da nossa formatura."

"Você vai me fazer esperar quatro anos por uma resposta?"

"Você sobrevive."

"Eu odeio quando você faz isso." Ela disse irritada, me fazendo rir.

"Faço o que?"

"Suspense."

"É engraçado ver você curiosa e irritada." Eu me virei de lado, apoiando a cabeça na palma da mão esquerda, cujo cotovelo sustentava meu corpo sobre a grama.

"Já não falei pra você parar de me encarar?"

"Você achou mesmo que eu ia parar de fazer todas aquelas coisas?" Perguntei, erguendo uma das sobrancelhas, com um sorriso malicioso no rosto.

Ela olhou para mim e revirou os olhos não conseguindo conter o sorriso, suspirando em frustração. "Você é impossível, Jung Joonhwa."

"É por isso que você gosta de mim." Eu dei de ombros e me sentei, jogando o peso do corpo no braço esquerdo, cuja mão pressionava a grama.

Taeyeon também sentou-se e, por conta da pequena distância entre nós dois, ela acabou colocando sua mão sobre a minha, me fazendo olhar primeiro para elas e em seguida, nos olhos dela. Ela também percebeu o que havia feito e quando quis tirar a mão de cima da minha, eu rapidamente entrelacei nossos dedos, apertando levemente sua mão.

"Tae..."

"N-ne?"

"Eu ainda tenho meu desejo, não tenho?"

Ela não parava de piscar e engoliu em seco ao  olhar nos meus olhos. "O-o que... o que você quer?"

Meus olhos eram intercalados entre os dela e sua boca. Era eu quem estava começando a ficar nervoso, agora. Com a adrenalina correndo pelo meu corpo, meu coração já estava acelerado e gotículas de suor já começavam a se formar de baixo da minha franja.

"Eu quero beijar você."

Ela arregalou os olhos e abria e fechava a boca continuamente como um peixe, sem saber como responder. Eu comecei a rir do nervosismo dela, até que soltei de sua mão e baguncei sua franjinha.

"Não se preocupe, peixinho... Vou deixar meu desejo pra outra ocasião."

Me levantei e estendi a mão à ela. Taeyeon a pegou e pôs-se de pé.

Nós ainda estávamos de mãos dadas e ela olhava para mim, do mesmo jeito intenso que me encarava quando estávamos deitados.

"Sabe, se você continuar me olhando desse jeito, vai ser difícil não usar meu desejo agora." Eu brinquei mas ela continuou quieta como se não tivesse me escutado.

"Tae?" Eu soltei da mão dela e estalava os dedos em frente ao rosto dela, achando que ela havia entrado em algum tipo de meditação mas ela segurou minha mão, ainda olhando fixamente nos meus olhos.

"Tae, se você não parar com isso, eu vou mesmo te beijar." Eu a ameacei ainda em tom de brincadeira e ela novamente, permaneceu calada e foi quando eu parei de falar e me perdi no olhar dela.

Se foi um erro ou não, eu não sei... Mas naquele instante, eu usei meu desejo. Instintivamente eu a trouxe para mais perto, pela região de sua lombar e ela extinguiu qualquer espaço que ainda sobrasse entre nós, ao colocar seus braços em volta do meu pescoço como se tivesse medo que eu me afastasse. Ambos inclinamos a cabeça um pouco para o lado enquanto nossos lábios moviam-se em sincronia. Não foi um beijo envolvendo desejo ou ânsia por algo a mais. Continha paixão, saudade, afeição, carinho... Sentimentos que pareciam estar entalados na minha garganta e que finalmente tiveram a chance de serem libertos.

O mundo poderia estar caindo ao meu lado naquela hora, que eu não me importaria. Uma epidemia poderia transformar toda a população em zumbis que ainda estaria tudo perfeito. Meu Deus, eu estava beijando Taeyeon novamente. Mesmo que fosse por apenas alguns segundos, eu tinha ela nos meus braços (ou braço... Mas isso não vem ao caso) e era só o que eu queria. Nada mais me interessava, porque eu já estava satisfeito só de sentir seu cheiro, seu toque, seu calor e a delicadeza de seus lábios. Agora sim eu pude perceber o quanto eu precisava daquele momento e, principalmente, o quanto eu precisava dela. Só o fato de ela não ter recuado e ainda ter me beijado de volta, fez meu coração feliz.

Logo, nós tivemos que nos afastar, mas eu ainda tinha minha mão na parte inferior de suas costas, quando encostei minha testa na dela, já não gostando da distância entre a minha boca e a dela. Ela estava de olhos fechados e mordia o lábio inferior, ainda com os braços em volta de mim enquanto mexia no meu cabelo.

"Desejo concedido." Taeyeon disse.

"Eu devia ter cobrado mais de um." Lamentei e ela riu.

"Eles provavelmente teriam sido a mesma coisa."

"É, mas pelo menos eu teria mais chances de beijar você." Percebi que ela havia corado enquanto balançava a cabeça e revirava os olhos.

"Joon..."

"Arasseo arasseo... Sem forçar a barra." Eu suspirei ao soltá-la, mas peguei sua mão logo em seguida. "Vamos, tá ficando frio aqui fora."

Ela assentiu e antes que entrássemos em casa, chamei pelo Butter e ele logo veio correndo em nossa direção. Quando voltamos à sala, Jinwoo perguntou a Taeyeon e Tiffany, se elas já queriam ir embora e elas disseram que sim. Sendo um bom Jung, ele foi teimoso o suficiente para convencê-las a permitir que ele as levasse para casa. Tiffany ainda se despedia de Seungkyung do lado de fora de casa e eu acompanhei Taeyeon até o carro.

"Então..." Eu comecei, ainda incerto sobre o que dizer. Se é que tinha algo para ser dito.

"Então..."

"E quanto ao seu formulário?"

"Uh? A-ah! Eu já entreguei." Ela disse sorrindo.

"Ótimo. Não esqueça de comprar os marshmallows." Eu sorri de volta.

"Já tá na minha lista."

"E o que mais tem nessa lis-- ursinhos de gelatina, não é?"

Ela sorriu naquele jeito dorky de sempre, dando de ombros. Eu revirei os olhos, rindo. Fiquei até aliviado por não tê-la afastado com aquele beijo. Nós ainda brincávamos um com o outro mas o que aconteceu no quintal, deixou bem claro onde eu queria que nossa relação estivesse e com certeza, não era na linha da amizade. No entanto, eu não podia forçá-la a nada... Se Taeyeon ainda não havia se decidido em relação ao tempo que pediu, então só o que eu podia fazer, era esperar.

Isso e tentar sutilmente persuadi-la a escolher a opção que envolvia me dar uma chance de verdade, nesse meio tempo.

Quando Jinwoo entrou no carro, eu abri a porta para Taeyeon e ela agradeceu, entrando no veículo. Demos nossos 'boa noite' um ao outro e eu baguncei a franjinha dela, pela janela do carro. Me despedi de Tiffany na volta para dentro de casa e entrei.

Algum tempo depois, eu já estava deitado com o Butter no meu abdômen, quando resolvi mandar uma mensagem para Taeyeon.

[Joonhwa]: Sabe o que é uma idosa que não tem relógio?

[Taeyeon]: Lá vem...

[Joonhwa]: 🙂

[Taeyeon]: Não, não sei ㅋㅋㅋ

[Joonhwa]: Uma sen-hora

[Taeyeon]: Vai dormir, Joon 😂

[Joonhwa]: Já vou, só queria ser o último a te desejar 'boa noite' 😊

[Taeyeon]: ...

[Joonwa]: Que foi?

[Taeyeon]: Eu tava esperando você desejar ㅋㅋㅋㅋ

[Joonhwa]: Ah! Tá... Boa noite, Tae 😉

[Taeyeon]: Boa noite, Joon 😅

Depois que deixei o celular no criado-mudo, fui tomar um pouco de água e encontrei Jinwoo na cozinha, procurando alguma coisa para comer.

"Você ainda tá com fome?" Eu o indaguei, enquanto me sentava atrás do balcão da ilha central, com meu copo de água.

"Você sabe que eu não consigo dormir sem o meu lanche da noite." Ele respondeu, colocando quase todo o conteúdo da geladeira, em cima do balcão.

"Tá mais pra ceia de Natal. Não sei como você e o Seung conseguem comer tanto, hyung."

"Enfim... Você tinha razão." Ele disse, enquanto montava um sanduíche cujo recheio era um tanto quanto... diferente.

"Sobre?" Eu perguntei, antes de levar o copo à minha boca.

"Taeyeon."

"Ela é incrível, não é?" Não consegui conter o sorriso no meu rosto.

"Você tá mesmo apaixonado, não tá?"

"Como você sabe?"

"Dá pra ver no jeito como você sorri ao falar dela, como olha pra ela e como você fica quando ela fala com você."

"Como assim, 'como eu fico'?"

"Sorrindo como um idiota e se derretendo todo. Você e sutileza não são grandes amigos, irmãozinho."

"Sou tão óbvio assim?"

"Transparente como vácuo."

Eu suspirei. "É só que... Ugh, eu não consigo explicar."

"Tenta." Ele disse, terminando de montar seu sanduíche e sentando-se do outro lado do balcão, de costas para a geladeira.

"Ela me faz bem. Quando eu tô com ela, não consigo pensar em mais nada que não seja o brilho da luz em seus olhos, o cheiro do shampoo que ela usa e a essência de baunilha do seu hidratante. Quando ela sorri, eu consigo ver a covinha do lado direito do queixo dela e perceber que o lábio inferior da boca dela se inclina um pouco pra baixo e aquele sorriso é a coisa mais maravilhosa que existe. Quando eu escuto a voz dela, me sinto calmo e quando ela ri, só o que eu posso fazer é rir junto, porque a risada dela é contagiante. Quando ela começa a rir e cobre o rosto com a mão quando está envergonhada, é a cena mais adorável do mundo inteiro. Quando ela fica com raiva e tenta brigar comigo, só no que eu penso é em como suas bochechas vermelhas de ódio fazem ela ficar ainda mais linda. É engraçado quando ela fica confusa e franze a testa com a boca semiaberta. Quando eu a vejo mal, eu sinto um aperto no coração e de alguma forma me sinto culpado por não ter feito nada pra impedi-la de ficar assim." Quando eu terminei de falar, Jinwoo me encarava com uma expressão confusa no rosto.

"Joon-ah, você não tá só apaixonado por ela... Você a ama."

"O quê? Mas eu nem a conheço direito ainda..."

"Tem certeza? Porque pelas coisas que você acabou de me dizer, parece que você a conhece melhor do que ninguém."

Eu fiquei calado. Comecei a pensar se o que ele disse, fazia sentido porque eu não tinha ideia do que era exatamente amar alguém.

"Joon, do que você não gosta nela?"

"De como ela é fechada na maioria das vezes e não me deixa passar pelas barreiras que ela construiu em volta de si pra se proteger, e ajudá-la com o que a atormenta. De como ela é teimosa e insiste em fazer tudo sozinha, quando eu tô aqui pra dar apoio à ela em seja lá o que ela precisar. Não gosto do fato de não conseguir ignorá-la e deixar que ela viva sua vida porque eu me importo tanto com a felicidade dela, que até esqueço da minha. Não suporto a habilidade que ela tem de esconder o que sente e como eu não consigo decifrá-la, só me restando esperar ansiosamente que ela me diga o que pensa. Me irrita o quanto ela tende a se afastar, porque só o que eu quero é senti-la cada vez mais perto de mim." Eu suspirei frustrado.

"E isso tudo, faz você gostar menos dela?"

Balancei a cabeça negando, quase de imediato. "Só me faz querer mostrá-la que eu não vou sair de perto dela, mesmo que ela me mande embora."

"Então aí está sua resposta."

"Como assim?"

"Joon... Amar alguém, é continuar querendo ficar ao lado de uma pessoa, mesmo estando ciente sobre como essa pessoa é, com todas as suas qualidades e defeitos. Quando você ama uma pessoa, se arrisca a sofrer porque ela tem o direito de errar e pode, consequentemente, acabar machucando você. Sua escolha é continuar ou não persistindo, dependendo da intensidade da sua afeição por essa pessoa. Um ser humano não é um ideal de perfeição. E se você disse que gosta da Taeyeon mesmo apontando suas falhas, então o que você sente por ela, é muito mais do que paixão." Ele terminou de comer, levantou-se do banco e veio até mim, colocando a mão sobre meu ombro.

"Amar alguém não é uma escolha, Joon. É impossível saber quando ou como passou a sentir algo tão grandioso. Mas quando você percebe que considera aquela pessoa, o bem mais precioso da sua vida e que só quer cuidar dela e protegê-la de qualquer mal a todo custo, além de respeitá-la... Você sabe que não pode viver mais nem um dia, sem que ela esteja presente."

Quando eu refleti sobre as palavras dele, comecei a perceber que era exatamente assim que eu me sentia. A ideia de perder Taeyeon me apavorava. Era ela quem me trazia paz, felicidade, segurança, inspiração... Taeyeon era a responsável por trazer o melhor lado de mim. Eu me sentia completo com ela à minha volta.

Kim Taeyeon era a garota que eu amava e eu não tinha dúvida alguma sobre isso.



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