História That prom queen - A rainha do baile acabou com a minha vida.

Domingo, 29 de outubro de 2017.

Babaca. Idiota. Ridícula. Eu até xingaria Irene de fedida, mas infelizmente aquela garota não fede de jeito nenhum. É um saco isso, sabe?

Em primeiro lugar (na verdade segundo, já que em primeiro lugar eu xinguei...) gostaria de pedir desculpas para todos os leitores do meu blog, por esse comportamento um pouco quanto inesperado da minha parte. Eu sei e deixei bem explícito que faria desse blog algo como um diário virtual da minha vida, de forma anônima e quieta, porém eu sempre fui de escrever coisas sem nexo e engraçadas demais para não contar para os outros, mas daqui pra frente vocês ficarão sabendo da minha querida relação com Bae Joohyun.

Como vocês podem ver a nova tag do blog: The prom (bitch) Queen é dirigida a nada mais nada menos que essa garota ESCROTA!

Eu já vou explicar o que aconteceu, juro.

Eu só preciso me acalmar um pouco e talvez tomar mais um banho frio como o coração dessa menina.

Irene é a queridinha da sala e isso nunca me incomodou. Já eu, Kang Seulgi, sou uma simples garota do subúrbio que pretende passar o resto da vida simplesmente esquecida por todos.

Calma, novos leitores, eu não sou emo.

É só que, sabe quando antes você zoava com a turma do fundão e o pessoal te zoava de volta e você voltava pra casa toda sorridente, porque talvez você seja sim alguém especial naquela sala cheio de amigos, porém depois das férias de verão você volta e ninguém te olha na cara? Foi exatamente isso que aconteceu comigo.

Eu não estava implorando para o pessoal da minha sala me desejar bom dia às sete horas da manhã, mas eles simplesmente resolveram me ignorar por completo.

Foi aí que eu percebi que talvez, só talvez, ter perdido meu tempo fazendo parte da turma da zoeira e na realidade não percebendo que eu não estava construindo amizades ao invés de focar nas minhas notas foi uma tremenda cagada. Ou seja, além de ter perdido todas as amizades falsas que eu tinha, minhas notas estavam indo por água abaixo.

Mas o que até aí tem a ver com a Irene? Bom, nada.

Ela vivia em um plano paralelo ao meu naquela sala de aula: era amiga da representante da sala, tirava notas boas, não sabia da minha existência e conquistava qualquer um daquela escola somente sorrindo.

E quando eu caí, ela se ergueu.

Naquele mesmo ano que começaram a me ignorar e me chamarem de grossa quando na verdade eu estava tentando ser engraçada, Bae Joohyun se tornou “a mais” em qualquer quesito daquela escola.

Na minha concepção:

A mais chata;

A mais falsa;

A mais cobra;

A mais ridícula;

A mais merecedora de sumir da minha frente antes que eu pulasse no pescoço dela.

Na concepção de 99,9% da escola:

A mais linda;

A mais educada;

A mais inteligente;

A mais amável;

A mais incomparável tamanha a sua perfeição.

Acreditem na versão que vocês quiserem, mas soltando um spoiler aqui: eu estou certa.

Lógico que eu não peguei ódio gratuitamente dela, não sou esse tipo de pessoa ruim, relaxem. Tudo aconteceu uma semana antes do baile de primavera.

Eu já expliquei o quanto eu odeio baile de primavera? Há praticamente dois motivos, 1) por ser uma estação do ano instável, sempre chove no dia que a escola marcou o baile e 2) eu sempre vou achando que irei me divertir, mas nos primeiros 15 minutos da festa a professora de educação física me coloca pra servir ponche aos alunos.

E como a vida gosta de me surpreender, agora eu tinha um terceiro motivo pra odiar o baile de primavera.

Eu não vou nem falar quem era o motivo. Vocês já devem estar sorrindo imaginando a minha desgraça.

Uma semana antes do baile, enquanto todas as meninas estavam brigando pela cor do vestido que usariam e os meninos estavam conversando alguma coisa sobre... Era qualquer coisa menos sobre o baile, porque cá entre nós, meninos não vaidosos não ligam para o baile, o professor de matemática simplesmente calou a nossa boca com o seu olhar mortal e disse:

- Como vocês já devem ter percebido, as notas de vocês estão piores que a minha vida amorosa, portanto-

- Estou pensando em ir de azul. - Seungwan cochichou para alguma de suas amigas que eu sempre esqueço o nome, interrompendo o professor.

- Seungwan! - O professor exclamou, não precisando elevar o tom de voz, pois Wendy já pedia inúmeras desculpas. - Então como eu estou com paciência e sei que vocês sempre se dedicam bem mais quando estão pra pegar recuperação, eu vou dar um trabalho, em dupla, de 10 folhas para vocês me entregarem até o dia do baile. Ah, e eu já escolhi as duplas.

Foi aí que toda a minha vida desmoronou.

Leiam com atenção: até então eu era “Seulgi, Who?” para todo mundo e Irene era “Irene, Who?”. Quando o professor divulgou quem era dupla de quem nessa bosta de trabalho, aí Irene soube quem eu era.

Vocês devem estar pensando: “ah, mas é óbvio que ela era sua dupla e blá-blá-blá”. Erraram!

Minha dupla era o crush dela.

Existem muitas coisas perigosas nesse planeta Terra, como dois homens de moto na madrugada vindo a sua direção, uma possível terceira guerra mundial e menina com síndrome de “não encoste no fulano, porque ele é só meu!”, sendo que o coitado nem sabe da existência dela.

É mais do que óbvio que Bae Joohyun era essa menina.

Foi depois do professor foder com tudo, quero dizer, falar a minha dupla, que eu imediatamente senti um frio percorrer o meu corpo todo. Sabe aquela sensação de ser madrugada e você apaga todas as luzes da casa, porque precisa ir dormir e quando você vai fechar a porta do corredor você olha pra ver se não tem nenhum demônio e sai correndo feito uma doida em busca da porta do seu quarto? Foi exatamente isso que eu senti quando vi o olhar que a Irene me lançava após ouvir tais palavras saírem da boca do professor:

- Kang Seulgi com Kim Junmyeon. E é isso, espero que todos vocês consigam me entregar antes da Seungwan comprar o vestido azul dela. Estão dispensados.

A partir de então, era como se o único objetivo de vida da Irene fosse atormentar a minha vida. O que é muito estranho, já que se é ela que é toda apaixonada pelo Junmyeon, então ela que corra atrás dele, mas o irônico é que ela estava desperdiçando o tempo dela comigo.

Eu não estou exagerando! Toda manhã ela estava na frente do colégio, com as suas amiguinhas inseparáveis e quando eu chegava eu sentia o olhar dela sobre mim. Era extremamente desconfortável, porque parecia que ela queria triturar a minha alma.

E então eis que depois do Junmyeon trocar mensagens comigo, separando os exercícios que cada um iria resolver que Joohyun veio correndo atrás de mim horas depois, quando eu me encontrava na biblioteca organizando todos os livros que os pirralhos do oitavo ano faziam questão de espalhar pela sala toda.

- Pois não? - Eu disse quando ela agarrou meu pulso que estava segurando um livro de história, e livros de histórias são super pesados, de no mínimo 300 páginas, prestes a guardá-lo na estante, e Irene não dizia nada, simplesmente ficava me encarando, com as narinas abertas e rosto vermelho feito pimentão, demonstrando toda a sua raiva. Só faltava soltar fogo pela boca, aí eu teria um novo xingamento pra chamá-la: dragão. Mas como isso não aconteceu então é melhor voltarmos à realidade.

- O seu nome é... - Ela se fez de inocente, ainda segurando meu pulso com toda a sua força e soltando um risinho antes de dizer na maior cara de pau: - Desculpa, você é tão inútil na minha vida que eu nem fiz questão de saber como você se chama.

- O que você tá faland-

- Você é sonsa ou o que? - Irene largou a máscara da garota perfeita e foi naquele momento que eu soube que ela era totalmente duas caras. - Escuta aqui, Seulgi, eu vou falar apenas uma vez: Fique longe do Junmyeon.

O que?!

- Se eu souber que você está planejando roubá-lo de mim, você vai ver só. - Deu meia volta e saiu da biblioteca, largando uma pobre e perdida Seulgi para trás.

Eu não estava entendendo merda nenhuma, leitores. Recapitulando: Eu estava no meu território, já que meninas como Irene não pisam em bibliotecas, quando um ser nojento e desprezível como ela me ataca. Eu não sabia o que fazer, muito menos o que eu fiz para receber esse tipo de tratamento.

Então eu percebi que Bae Joohyun estava muito, mas muito furiosa comigo, porque eu iria passar no mínimo três dias ao lado de Kim Junmyeon por causa de um trabalho de matemática. Isso não fazia o total sentido para mim.

Os dias passavam e Irene estava cada vez mais violenta: em menos de quatro horas ela já havia me derrubado no chão diversas vezes de propósito, bagunçado a biblioteca para que eu arrumasse durante o intervalo e na aula de educação física ela simplesmente:

- Seulgi, cuidado! - Sooyoung exclamou do outro lado da quadra. Quando eu simplesmente olhei para frente, foi o tempo exato da bola de basquete atingir minha cara e eu desmaiar.

Preciso realmente deixar claro que a causa de eu ter acordado com o nariz jorrando sangue na enfermaria era a Irene?

E quando eu achei que eu já estava na merda, porque eu já não tinha amigos, precisava de nota e havia Irene no meu pé 24 horas por dia, eis que o baile de primavera chega.

Sim, eu fui sem acompanhante ao baile, não que isso fosse um problema.

Como eu disse mais cedo, eu fiquei encarregada de servir ponches aos meus colegas, mas não porque eu me voluntariei, mas sim, porque quando eu estava parada no meio da pista de dança arrumando o meu brinco que estava enroscado no meu cabelo preso, a professora de educação física achou que eu estava fazendo absolutamente nada e me deu um trabalho no meio do meu baile de primavera!

Ok, não era como se eu fosse fazer alguma falta no meio daquela festa, mas...

Todo mundo amava Bae Joohyun naquela escola, era simplesmente impressionante. Tanto é que os alunos organizadores do baile resolveram nomeá-la rainha do baile naquela noite. Claro que todos ficaram comovidos com o discurso lindo que Irene fez, mas àquela altura eu já não estava acreditando em nenhuma palavra daquela duas caras.

- Eu estou muito comovida, de verdade, pessoal! - O coro gritava em comemoração aos agradecimentos da falsa. E, por estar tão focada na menina, eu não percebi que Junmyeon estava do meu lado cutucando meu braço para eu servir-lhe mais um pouco de ponche.

- Ah, me desculpe! - Eu disse antes que ele sumisse no meio da multidão.

Era praticamente fim de festa, todos estavam descabelados e felizes por dançarem livremente durante uma noite toda e Joohyun estava impressionantemente arrumada. Parecia até que o universo conspirava ao favor dela, impedindo-a de aparentar ser feia em público.

- Olha só se não é a gata borralheira! - Ela sorriu, zombando de mim e estendendo o copo num gesto mudo para conseguir mais ponche. - Você não acha que está abusando demais?! Eu já te disse que Junmyeon é meu! Então para de se esfregar nele, porque ele nunca vai te notar, ok?! Você só está se achando, porque você fez um trabalho de matemática com ele, mas eu posso te garantir uma coisa, Seulgi, semana que vem ele não vai nem se lembrar de sua aparência!

- E quem disse que eu quero que ele lembre?! - Tive a liberdade de gritar, pois o ginásio estava quase vazio e a música ainda estava alta. - Você realmente acha que a minha vida está girando em torno de um menino?! Por favor, se existe alguém aqui que Junmyeon não vai notar nunca, esse alguém é você com essa personalidade falsa! Enxergue-se!

Podia jurar que naquela hora, com o olhar maligno de Irene, eu iria morrer. Ela esticou os braços em minha direção e num rápido reflexo eu fui para trás, impedindo assim que ela conseguisse me alcançar. Porém o que Irene fez foi algo muito burro, que se transformou em uma grande bola de neve para mim:

Ela virou o pote de ponche na sua própria cabeça.

Exatamente igual ao desafio do balde de gelo, Irene estava encharcada de bebida não alcoólica vermelha, uma cópia muito barata de Carrie.

Quando eu já estava pronta pra ir embora para bem longe daquela aberração conhecida como Joohyun, Irene soltou o grito mais ardente que eu já escutara, fazendo assim com que até a música pausasse e todos os olhares das pessoas que ainda estavam no ginásio olhassem em nossa direção, ou melhor, na minha direção.

- Joohyun, o que aconteceu? - Wendy, seguida dos professores de matemática e educação física, perguntou, consolando a amiga que chorava lágrimas de crocodilo. Ah... Francamente!

- A Seulgi virou o pote de ponche em cima de mim! - Irene disse aos prantos, e todos os olhares sobre mim começaram a pesar nos meus ombros. Mesmo eu não tendo feito absolutamente nada, o poder que Irene tinha sob os outros era imenso.

- Por que fez isso, Kang Seulgi? - O professor de matemática perguntou incrédulo.

- Porque ela estava com inveja que eu fui homenageada para rainha do baile! - Irene continuava com o seu teatro, dessa vez ajeitando a grande coroa prateada em cima de sua cabeça.

E foi naquele momento que eu percebi uma coisa:

Bae Joohyun estragou a minha vida.