História The Adventures of Havian - Os 7 Objetos do Caos - Revelação

-Você corre perigo, precisa sair daqui! – Alex disse cochichando de um modo alto, não entendia como ele conseguia fazer isso

-Mas por quê? – Perguntei nervoso e curioso ao mesmo tempo

-Talvez porque vai ter uma explosão daqui a 10 minutos e um Grifo gigante vai tentar te matar!

-Então eu não corro perigo, a escola corre perigo – Não sei como estava conseguindo manter a calma naquele momento, nesse tipo de ocasião eu costumava surtar e achar que fosse morrer

-Tanto faz, olha, você precisa sair daqui com Alice

-Tá, mas por quê?

-Não é hora de explicações, Axel! Apenas saia – Alex destrancou a porta e a abriu a mesma rapidamente

Não me conformava com o fato de não receber nenhuma explicação sobre o que tinha acontecido, ou sobre o que ia acontecer, mas mesmo assim saí. Corri até a quadra onde estava Alice, treinando como antes. Corri desviando dos alunos que treinavam loucamente até me aproximar de Alice. Quando me aproximei, peguei firme em seu ombro, então ela rapidamente se virou e torceu meu braço, me dando uma rasteira ao mesmo tempo

-Qual é o seu problema? – Perguntei com a mão na cabeça enquanto olhava nervoso para Alice

-Você entra correndo pela quadra aonde estou treinando e segura forte meu ombro, o que quer que eu pense? Que é o papai noel trazendo meu presente de natal?

-Mas nós estamos em Maio, o natal é só em Dezembro – Disse confuso

Alice suspirou e estendeu a mão para me ajudar a levantar, eu aceitei sua ajuda e me reergui

-O que faz aqui?

-Alex andou que eu viesse te buscar pra gente sair da escola -- Disse tranquilamente como se o motivo fosse algo super tranquilo

-O que? – Alice perguntou confusa como se eu tivesse falado em mandarim

-Não entendi direito, ele não quis me dizer nada, só mandou que eu saísse da escola com você

-Corta essa, fala logo que quer sair comigo – Alice tirou as jaqueta de couro negro e amarrou na cintura

-Escuta só – Puxei Alice pelo braço até o canto da quadra – Eu sei que uma explosão vai acontecer daqui a pouco, sei que você parou uma árvore em movimento com um pedaço de ferro e sei que um periquito gigante vai me pegar e voar comigo até Alex me jogar um relógio que vai me fazer voltar no tempo e acordar na aula da Sra.Tafiam – Disse sem parar pra respirar. Falei aquilo tudo tão rápido que não sei porquê minha cara não ficou vermelha como as bochechas de Alex quando Alice a apertava.

Alice olhou para o lado como se tivesse escutado algo, me segurou pelo braço e começou a me puxar, porque todo mundo havia decidido que o melhor jeito de me fazer segui-los era me puxando pelo braço? Aquilo doía!

-Precisamos sair daqui – Disse Alice apressada

-É, eu sei, por isso vim até aqui

-Não, você não está entendo, você está em perigo – Eu já sabia daquilo, Alex reforçou  a frase “você está em perigo” umas 10 vezes

Alice andou comigo até os fundos da escola e segurou minha mão

-Pula na parede

-O que?! – Disse espantado, pensei ter ouvido errado o que Alice havia dito

-Pula na parede

-Acho que você andou assistindo muito Quarteto Fantástico

Alice revirou os olhos e me jogou contra a parede ainda segurando minha mão, pensei que ia destruir meu rosto, mas quando percebi, estava do lado de fora da escola e Alice estava do meu lado

-Como você fez isso? – Perguntei com cara de espanto, Alice já me assustava um pouco, depois daquilo, com certeza meu nível de medo dela havia subido de cinquenta para noventa e cinco

-Eu te explico tudo no caminho – Alice voltou a me puxar e andar comigo por aquela rua deserta 

-Como assim? Caminho para onde? – Puxei meu braço e consegui fazer Alice me soltar

-Vou te levar pra um lugar aonde você vai ficar seguro

Naquela altura, eu apenas queria não ser carregado novamente por um grifo gigante

-Tudo bem... Mas você me deve explicações – Disse cruzando os braços

-Eu conto tudo no caminho – Alice se virou e começou a andar num passo apressado

Segui Alice com medo de onde ela estaria me levando, talvez um manicômio, eu já não sabia mais se tudo aquilo estava acontecendo ou se eu estava louco

-E então?

-Então o que?

-Não vai me explicar tudo?

-Ah é, as explicações -- Alice estralou o pescoço e os dedos, e naquele momento eu pude sentir que uma longa história viria a seguir – Pois bem... Entre IV A.C e IX A.C, os povos astecas viveram nesta terra, cultuando seus deuses e criando suas culturas. Por um grande período, os astecas tiveram escassez  de vegetação e alimentos, fazendo estes povos se alimentarem pouco, outros até mesmo morreram pela falta das plantas que eram usadas na produção de chás e remédios. Temendo que isso estivesse acontecendo devido a fúria de seus deuses, os astecas começaram a fazer sacrifícios e a oferecer coisas aos seus deuses em troca da volta de vegetação e alimentos com mais voracidade, principalmente a Quetzalcóatl, o principal deus asteca. Representava a vida, a vegetação, os alimentos e a força espiritual existente nas pessoas. Todos os deuses eram cultuados em massa todos os dias, exceto Tlaloc, deus da chuva, pois a chuva não estava escassa e vinha com regularidade. Em uma noite, uma forte chuva caiu, com trovões barulhentos e relâmpagos tão claros que iluminavam todas as aldeias. Era Tlaloc. Estava irado, com inveja por não ser tão adorado. A chuva destruiu todas as cabanas e matou milhares de astecas, mas Tlaloc não estava satisfeito, ele pegou os objetos que davam força aos outros deuses maiores e os arremessou na terra, são os chamados objetos do caos. Esse ocorrido recebeu o nome de "A Revolta de Tlaloc". Quetzalcóatl, após ficar sabendo sobre a  revolta do deus das chuvas, o amaldiçoou, o deixando morto até os tempos atuais

Alice tinha mais coisa para dizer, eu sabia disso. Mas ela não precisou terminar a história pra que eu soubesse o que viria a seguir

-E agora esse deus acordou e vai destruir tudo? – Perguntei em tom de ironia. Fala sério, deuses astecas, objetos do caos, destruição... Aquilo parecia mais a sinopse de um livro. Até aquele momento eu me perguntava o que eu tinha a ver com toda aquela história

-Eu não terminei, Axel. Os deuses viveram com menos da metade de seus poderes por milhões de anos. Mas agora, Tlaloc acordou... – Eu sabia daquilo, era muito óbvio. Alice havia dito exatamente o que eu disse que havia acontecido.

-E o que eu tenho a ver com toda essa história maluca?

-Tlaloc arremessou sete objetos na terra. O relógio de Ometol, O Quadro de Xólotl, A Espada de Huitzilopochtli, O Vaso de Coatlicue, O Colar de Tezcatlipoca, A Lança de Chantico e o Bracelete de Acuecucyoticihuati. Cada objeto garantia que nada no mundo saísse do controle. O Bracelete de Acuecucyoticihuati por exemplo, garantia que tsunamis não ocorressem com frequência, e que o nível do oceano, fosse sempre estável. Mas quando arremessados na terra, alguns desses objetos ficaram sobre pressão pelo mundo humano, e vários entraram em “curto”

-Curto? – Interrompi Alice – Tipo curto circuito, porém sem energia?

-Exato – Disse Alice fechando os olhos e continuando a caminhar, já havia perdido a noção de quanto tempo estávamos andando. – Por causa disso, o mundo está em uma completa desordem

-Está? Eu não vi nada até agora – Disse em tom de dúvida

-Você vê, mas esquece, assim como era pra ter esquecido o que aconteceu hoje na escola

-E por que eu esqueço?

-Por causa do relógio que você girou hoje

-O que o relógio tem a ver?

-Aquele é o relógio de Ometol, deus da criação e tempo. O relógio dá a quem gira o ponteiro a possibilidade de voltar ao passado, e tudo o que aconteceu no momento em que o relógio for girado é apagado e não acontece novamente. Apenas as pessoas com total preparo espiritual conseguem lembrar de tudo o que aconteceu.

-É por isso que eu consigo me lembrar? Porque eu tenho preparo espiritual?

-Sim – Disse Alice tranquilamente quase batendo a cara e uma placa de pare

-E o Grifo que me atacou? De onde ele surgiu? O relógio é do século IV A.C, os Grifos são da mitologia Grega, bem depois dos astecas, tiveram seu desenvolvimento entre 800 e 140 A.C

-Quando o relógio foi lançado a terra, seus ponteiros se confundiram devido a pressão do planeta, deixando várias criaturas de mitologias seguintes e anteriores soltas pela época

-E elas estão soltas até hoje? – Perguntei, estava começando a acreditar em toda aquela loucura de história que Alice me contava

-Exato

-E o que Tlaloc tem a ver com isso?

-Ele despertou depois de milhões de anos. E está irado, com certeza vai se vingar, mas não só de Quetzalcóatl, e sim de todos os deuses. Se Tlaloc conseguir destruir todas as outras divindades, o mundo se tornará puro caos visível a todos.

-E o que vamos fazer? – Perguntei com medo da resposta

-Salvar a humanidade

-Ei ei ei! – Disse parando de andar, eu não sei salvar ninguém, você pegou o cara errado, Alice

-Não, se você consegue se lembrar de tudo o que aconteceu na escola, você é o cara certo

-Como quer que eu faça isso?

Alice se virou e se aproximou de mim

-Vamos achar todos os objetos e devolver para suas devidas divindades antes que Tlaloc comece a derruba-los

-Está falando sério?! Alice, nós vamos morrer!

-Podemos usar os objetos a nosso favor – Disse Alice dando um sorriso falso

-E o que vamos fazer? Simplesmente pegar os objetos e os devolver para seus deuses? Como vamos fazer isso? Como planeja devolve-los?

-Primeiro vamos corrigir o tempo do relógio, que está misturando nosso século com vários anos A.C, para prendermos todas as criaturas e todos os demônios que encontrarmos. Depois, vamos voltar no tempo e devolver cada objeto em um ritual, os usando como oferenda

-Você fala isso como quem fala que vai furar a fila da cantina. Parece tão fácil assim?

-Parece não ser tão fácil assim? – Perguntou Alice se virando e voltando a andar

-É, parece! – Corri até Alice que havia se afastado de mim muito rápido

-Relaxa, você não vai morrer, não se estiver comigo

-Nem um pouco convencida...

-Nem um pouco irônico – Disse Alice parando em frente a uma rocha gigante que devia ter o tamanho de um prédio de seis andares

Estávamos no meio de uma mata. Como havíamos chegado em uma floresta do nada? Como eu não tinha percebido que estávamos entrando o mato? Á seis minutos atrás estávamos caminhando pelo centro urbano de Louisiana, eu morava naquela cidade desde que nasci, e nunca soube que aquela floresta existia

-Como me trouxe pra essa floresta sem que eu percebesse? – Perguntei espantado

-Você é lerdo, foi fácil

Revirei os olhos tentando ignorar o que Alice havia dito

-O que essa floresta com uma rocha gigante tem a ver com a conversa que tivemos a poucos segundos atrás?

Alice não me respondeu, apenas encostou a mão na rocha e fechou os olhos, naquele momento, um enorme portal se abriu. Era vermelho e rodava em espiral, não fazia um sequer barulho mas criava uma enorme ventania, balançando a grama alta e as folhas das árvore. Alice segurou minha mão novamente e entrou comigo pelo portal.
 
  Parecia que eu havia entrado por uma porta qualquer. Quando me dei conta de onde estava, vi campos gigantes com bandeiras de várias cores com formatos de símbolos no meio. Haviam muitas pessoas lá, todas estavam lutando com espadas, bastões de ferro e madeira, chacos, outros treinando combate corpo a corpo e algumas pessoas meditando. Parecia cena de filme, ainda não estava acreditando em tudo o que estava acontecendo comigo em apenas um dia.

-Bem vindo, Axel, aqui você irá aprender a controlar seus estados de espírito, sua força, e irá descobrir suas habilidades escondidas. Aqui, é seu ponto de entrada para um universo sem volta – Disse Alice seriamente, aquilo me soou estranho, não consegui entender se ela estava falando aquilo com tristeza, felicidade, entusiasmo ou decepção

  CONTINUA...