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História The Ascent. - Capítulo 19


Escrita por: zensponytail

Capítulo 20 - Capítulo 19


—Não. — eu sacudi a cabeça, procurando nos olhos de James qualquer indicação de que aquilo não era verdade. — Isso não pode ser verdade, eu iria saber se eu tivesse um irmão, não é?

Ele se sentou na cama, e passou a mão por seus cabelos.

— Quando ele decidiu se voltar contra os Dragomir e se tornar um Giovanni ele morreu para todos, é quase tabu falar dele. Nicholas decidiu que seria melhor que você não soubesse dele, ou você poderia querer vê-lo ou algo assim.

Parecia que um caminhão havia me atropelado. Eu encarei o nada, percebendo que se isso era verdade, ele provavelmente foi mesmo me visitar no hospital, que aquelas coisas eram verdade. Era por isso que ele pareceu mesmo familiar desde o principio.

— Isso é bizarro. Qual foi o motivo de ele ter feito isso? Giovannis são diferentes de nós, não são? Não entendo o motivo de alguém querer virar um deles, ainda mais o herdeiro do trono.

James havia me ensinado que um Giovanni era um vampiro de tipo diferente do nosso. Eles eram vampiros mas, ao contrario de nós, gostavam de caçar vitimas humanas, e sempre as matavam. Não toleravam a luz do sol, e o mais importante, eles eram feitos. Ninguém nascia um deles. O processo era igual o mostrado nos livros da Anne Rice, a pessoa tinha que ter o sangue sugado por um até quase estar morto, e depois beber do sangue de seu criador. Eu não lembrava mais de muita coisa sobre eles, eu ainda ficava boba com o quanto James era um gato naquela época. Não que eu não ficasse agora. Eu havia feito a coisa certa, aceitando a aliança com os Alighieri. Eu sabia disso.

— Seu pai e ele tinham ideias muito diferentes de como o pais deveria ser governado, Noah era radical demais. Achava que a monarquia deveria ser extremamente respeitada, que deveríamos viver como antigamente, fazer todos nos temer, conquistar mais terras e aumentar nosso território. Ele era extremamente ganancioso. O líder dos Giovanni na época achou que ele seria a arma perfeita contra Hugin, começou a aparecer para ele, sempre que estava fora da cidade, começou a fazê-lo duvidar de que seu pai estivesse governando o país direito. Até que ele começou a se voltar contra sua família, e finalmente pediu para virar um Giovanni.

Mordi meus lábios, absorvendo isso.

De repente eu me senti muito cansada com todas essas coisas acontecendo ao mesmo tempo, e mesmo não querendo admitir, eu estava com medo.

— Ele se voltou contra nossa família, foi para o lado do inimigo.— sacudi a cabeça novamente. — Ele não é meu irmão. Nunca vou considerá-lo meu irmão.

James acariciou minha cabeça, enquanto eu absorvia toda essa informação. Meu inimigo era a minha única família viva. E ele era a causa de eu não ter mais ninguém da minha família vivo. Suspirei, cansada. James pareceu perceber o quanto eu estava exausta, pois me aconchegou melhor em seus braços e começou a cantar a mesma melodia francesa de sempre. Antes de cair no sono, o olhei.

—Onde você aprendeu essa musica? Ela parou de cantar, sua mão não parando de me acariciar.

—Minha mãe a cantava para mim quando eu era criança. Sempre me acalmava. Sorri, imaginando James precisando ser acalmado.

—Ela era francesa? Como ela era?

James sorriu, como se estivesse perdido em memórias. Seu olhar parecia distante.

—Sim, francesa. Ela era humana, não sabia que meu pai era um vampiro. Ela era a pessoa mais bondosa do mundo, não podia ver ninguém sofrendo sem ajudar. Ela morreu antes de eu descobrir que meu pai era um vampiro.

—Você tem contato com ele?

James parou para pensar.

—Apenas quando lhe é conveniente, quando ele quer alguma informação. Eu evito ser intimo com ele, não quero ter mais contato do que o necessário.

Encostei minha cabeça em seu peito novamente. Suspirei, entrelaçando nossas mãos.

—Obrigada por não mentir para mim e me contar tudo isso. Deus sabe que a maioria das pessoas aqui nunca me contam a verdade.

James demorou um segundo antes de apertar minha mão, e começar a canção de ninar novamente. Eu não demorei muito até cair no sono.

Eu sonhei com o dragão.

Ele estava inteiro, deitado na beirada do penhasco. Minha respiração parou com a visão de suas escamas verdes brilhando no sol. Hesitante, me aproximei dele, a mão levantada. Ele me olhava calmamente.

Quando estava a apenas um passo dele, ele abaixou sua cabeça, quase como numa reverência, me permitindo tocar o topo dela. As escamas eram quentes contra a minha pele. Olhei para trás.

Havia um exercito marchando em minha direção. Um exército que trazia a promessa de sangue derramado. Olhei para o dragão novamente. Ele havia visto aquilo também, e se colocou numa posição levantada, seu corpo inclinado para frente. Seus olhos verdes encontraram os meus.

Eu sabia o que fazer.

Montei nele, minhas mãos segurando me volta do seu pescoço. Ele se virou, e pulou do penhasco, voando apenas quando quase atingimos o chão. Fechei os olhos. Sim, eu e ele pertencíamos juntos. Eu era o dragão, assim como ele.

Senti um sorriso se espalhar em meus lábios a medida que ele me levava para mais longe.

Acordei com a cama se movendo levemente. Estiquei minha mão, segurando o braço de James e resmungando ao mesmo tempo. A luz da lua que entrava no quarto fazia apenas a sua silhueta ser visível.

—Fique mais. — murmurei, minha voz ainda pesada de sono.

Ele se curvou sobre mim, colocando seu rosto perto do meu, me fazendo conseguir enxergar seus olhos claros.

—Eu tenho uma reunião ao amanhecer, e Lizbete não pode me achar aqui, ela pensaria que eu tirei proveito de você.

Eu sorri. —Você tirou proveito de mim.

Ele riu e me beijou. Acho que ele deve ter planejado um beijo rápido de adeus, mas quando ele tentou se afastar eu o puxei de volta, o beijando mais.

—Nos veremos mais tarde, Princesa.

Eu o deixei ir, observando sua sombra se mover até a porta. Isso era uma melhoria, eu achei que ele iria usar a janela novamente. Eu tentei cair no sono novamente, mas a visão do dragão vivo ficava piscando em minha mente. Era como se ele estivesse me chamando.

Suspirei, me levantando da cama e calçando meus tênis. Eu sabia que assim que James soubesse o que eu estava planejando fazer eu iria levar um sermão. Agarrei uma lanterna e desci as escadas o mais silenciosamente possível.

O palácio inteiro estava dormindo, todas as luzes apagadas. Mesmo com a minha lanterna desligada eu sabia eu caminho, havia feito ele tantas vezes que não precisava nem pensar. Me arrependi de não ter pego uma blusa a medida que eu ia descendo. Ficava muito gelado no subsolo, ainda mais de madrugada. Puxei a manga da minha blusa para baixo, cobrindo minhas mãos. Ela ainda estava com cheiro de James, percebi.

Sorri ao lembrar dele. Sorri mais ainda ao me lembrar de tudo que aconteceu em apenas uma noite. Depois parei de sorrir ao lembrar de Noah, o inimigo. Noah, que eu não sabia que papel tinha na morte dos dois. Pensando bem, a semelhança entre nós era completamente aparente. O que só me faz mais tapada por não ter desconfiado de nada antes.

Cheguei ao calabouço com a sensação de que eu era a maior tapada da face da terra, o que não devia ser mentira. Suspirei. Minha vida está ficando cada vez mais parecida com uma novela ruim.

Acariciei a cabeça do meu dragão, sentindo a pulsação de sua aura, exigindo que eu agisse. Aparentemente todos exigiam que eu agisse, principalmente sobre as coisas que eu não podia fazer quase nada.

Mas sobre isso eu podia fazer algo sim.

Fechei meus olhos, focando em meu poder. Eu devia estar cansada, pois isso levou mais tempo que o normal. Quando senti a aura dele me respondendo fui tomada por una sensação de euforia.

Finalmente, finalmente eu estava fazendo alguma coisa que ajudaria o país. Me ouvi rindo, gargalhando, e me assustei. Não era a voz de uma pessoa sã. Abri os olhos e rapidamente tirei minhas mãos da criatura a minha vez. Ele tinha escamas verdes agora, e dois olhos que me encaravam.

Saurion.

Minhas pernas cederam e o mundo começou a girar. Eu estava pagando o preço pelo uso exagerado de poder. Caspian havia me avisado disso. Minha visão escureceu, e de repente voltou ao normal. Só que não ao normal.

Eu não estava mais no calabouço.

Eu estava ao ar livre do lado de uma pessoa que me parecia familiar e do dragão. Saurion estava vivo, e o homem conversava com ele em um rápido romeno. Ele estava com uma adaga em sua mão, notei. Ele acariciou a cabeça de Saurion novamente, e com um rápido movimento deslizou a adaga pelo seu pulso. O sangue correu escarlate até a boca do dragão, fazendo assim o laço de obediência se formar entre eles. Agora sim ele o obedeceria sem nem ao menos precisar de um comando dito em voz alta.

Fui arrancada da visão do dragão rasgando o céu com meu avô em suas costas por mãos frias me sacudindo.

—Princesa? Você está bem?— abri os olhos e não reconheci o guardião a minha frente. Ele devia ser um dos mais novos, trazidos aqui para ajudar com a proteção do castelo durante a guerra.

Ele pegou uma de minhas mãos, tentando me ajudar a levantar. Olhei para minhas mãos. Eu podia ver todas as veias nela, saltadas sobre a pele extremamente branca. Foi então que eu percebi que eu havia usado muito do meu poder. Me lembrei da ultima vez que fiz isso, de como eu havia começado a sugar a energia do chão, a unica coisa que havia perto de mim no momento. Mas dessa vez o meu esforço foi maior e eu precisaria de mais energia do que apenas a de algo da natureza.

Olhei para o guardião ao meu lado, e tentei me afastar. Eu podia sentir começar a acontecer, mesmo sem meu comando.

—Você precisa ficar longe de mim! —puxei meu braço, saindo do alcance dele apenas para cambalear e ele me pegar de novo. — Eu estou falando sério, é perigoso ficar perto de mim, vá embora!

Meu coração estava batendo rapidamente em meu peito. Eu queria chorar. Eu podia ver ele começando a ficar com a aparência murcha, sem energia.

—Você precisa de ajuda, não vou te deixar aqui. — ele disse, obviamente não percebendo que quem precisava era ele. Me foquei nele, prendendo seu olhar no meu.

—Saia daqui, ache o Príncipe Alighieri e diga que preciso de sua ajuda. Não conte para ninguém mais sobre o que você viu aqui. — disse com minha voz de persuasão, a mesma que havia aprendido com Caspian quando ele me ensinou a usar compulsão. —Entendido?

—Sim, alteza.

Ele saiu andando mecanicamente, seus passos ecoando pelo corredor sombrio.

Me encostei na parede e deslizei até o chão, sucumbindo a uma doce inconsciência, minha cabeça encostada na terra já absorvendo o que eu precisava para melhorar. Apenas foquei minha atenção em não morrer quando ouvi passos rápidos vindo em minha direção novamente. Eu senti o cheiro de cigarro que Caspian emanava antes de vê-lo.

Ele se ajoelhou ao meu lado, sua mão acariciando meu rosto suavemente.

—Sophia, — ele disse daquele jeito que só ele diz meu nome, suavemente. — o que diabos você estava pensando?

Olhei em seus olhos violáceos.

— Eu não estava pensando, apenas queria fazer alguma coisa. Ele queria que eu fizesse algo.

Ele me encarou um pouco e fiquei cansada demais para ficar com os olhos abertos.Ele deve ter percebido que eu não estava muito bem, pois me puxou para seu colo, e me carregou até meu quarto. Abri os olhos novamente quando ele me colocou em minha cama.

Ele me encarava. Lembrei que ele sabia que eu estava com James até pouco tempo.

—Por que me chamou, e não a James? — ele perguntou, sua voz não deixando de ser gentil.

Ele devia estar com dó de mim, o que me mostrava que eu devia estar patética mesmo.

—James me daria uma bronca. Eu sabia que você iria me entender, e não diria nada sobre o perigo em que me coloquei fazendo isso.

—Você se colocou mesmo em um perigo enorme, mas a escolha de fazer ou não isso é sua. Você sabe suas consequências mais que ninguém.

Assenti com a cabeça. Eu sabia que ele não me daria uma bronca de cinco páginas, que nem James. Eu não aguentaria uma bronca agora. Uma bronca provavelmente me drenaria da pouca energia que eu ainda tinha e me faria morrer.

—Obrigada. —eu disse, simplesmente.— O guardião que te achou, ele…

Ele pareceu entender o que eu queria saber.

— Ele está bem, apenas parecia que não dormia havia meses e quando pedi mais detalhes ele não lembrava nem o motivo de estar me chamando. Imagino que isso tenha sido seu feitio?

Acenei novamente com a cabeça.

—Eu estava sugando a energia dele para repor a que perdi usando meu poder. Isso me apavorou e eu o mandei te achar.

Ele assentiu distraidamente e se levantou da cama. Meus olhos começaram a fechar novamente. Senti seus lábios na minha testa e logo depois a porta se fechando.

Cai no sono com a imagem de Saurion em minha mente. Logo, eu sabia, eu e ele estaríamos juntos. Os dois dragões da casa Dragomir. Senti um sorriso se formando em meus lábios.

Logo.



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