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História The Ascent. - Capítulo 26


Escrita por: zensponytail

Capítulo 27 - Capítulo 26


Não havia sido difícil coagir o bibliotecário a me dar informações sobre o Suriel. Uma olhada em meus olhos e minha compulsão tomou conta dele. Suas instruções foram claras, simples. Dentro da floresta, perto de vidoeiros era onde ele tinha uma predisposição a ficar. Era atraído por animais recentemente mortos ou uma manto novo, e não podia cruzar água corrente.

Eu já tinha meu plano montado. Já havia ido até a sala de armas, escondida, e feito o guardião de plantão lá me dar o que eu precisava, as flechas, uma adaga extra para a que eu já tinha e uma armadilha de urso, daquelas que fechavam quando pisavam em cima. Eu não me permiti ficar com medo do que eu estava prestes a fazer. Seria rápido, disse a mim mesma. Ninguém ao menos ia perceber que eu não estava aqui. E eu precisava das respostas que só o Suriel poderia me dar.

Peguei a bolsa que eu estava levando a armadilha, assim como um lanche e o manto novo que eu iria usar de isca. Não me troquei da minha roupa de treino, apenas coloquei botas, onde deslizei as adagas. Com as flechas em minhas costas, peguei o arco e me olhei brevemente no espelho.

Estava na hora de ver se todo os treinamentos que eu fazia valiam de alguma coisa. Eu tinha talvez 3 horas de sol ainda, então me apressei, sabendo que a floresta noturna poderia ser mais letal do que qualquer coisa que o Suriel pudesse me fazer.

Como se os deuses estivessem finalmente me ajudando, não encontrei ninguém no caminho, fazendo escapar do castelo despercebida ser muito mais fácil. Não que eu não pudesse lidar com algum intrometido, apenas era bom não ter que fazer isso.

Entrei na floresta silenciosamente, o arco em minha mão. O rio que desabava em uma cachoeira atrás do castelo passava pelo meio da floresta, eu sabia. Eu apenas tinha que achar algum vidoeiro perto dele, apenas para o caso de algo dar errado.

Não que fosse dar.

Andei pelo que pareceu uma eternidade, mas eu sabia que provavelmente havia sido apenas meia hora, até achar um grupo de vidoeiros a pouca distância da margem do rio. Armei a armadilha, colocando o casaco em cima junto com algumas folhas, fazendo parecer que alguém o perdeu ali e não se importou de pegar. Sorri, me sentindo grata por Harry ter insistindo tanto em me ensinar a caçar.

Subi em uma árvore um pouco distante, de onde eu poderia ouvir o barulho da armadilha sendo ativada.

Me encostei no tronco, olhando o sol passar pelas folhas das árvores. Se alguém do palácio soubesse que eu estava aqui provavelmente me puxaria de volta pelos cabelos por me arriscar. Mas o risco valia a pena. James, eu sabia, estava mentindo para mim e provavelmente não me contaria a verdade. Ele não havia nem me dito que Anna era a sodalis dele.

Meia hora se passou, e nada da armadilha ser ativada. Resisti a vontade de ir lá checar, sabendo que o Suriel, sem ser contido, provavelmente me mataria.

Eu havia tirado uma soneca, mas ainda estava exausta. Mas não iria esperar a boa vontade de ninguém para conseguir minhas respostas. Eu já havia dito isso antes para Caspian e continuava sendo verdade: eu não queria mais esperar sentada enquanto tudo acontecia.

Pensar em Caspian me fez lembrar do olhar em seu rosto ao confirmar que havia sido James um dos motivos de ele ter ficado preso em Seelie. Ouvir a confirmação disso havia me ajudado a tomar a decisão de vir até aqui. Se James havia feito algo assim, eu não o conhecia mesmo.

Minha cabeça disparou em reflexo quando um barulho de ferro se fechando e um grito agoniado ecoou pela floresta. Desci da árvore, já com o arco e flecha posicionados a minha frente.

Eu não estava preparada realmente para a imagem a minha frente. Uma figura corcunda vestida em trapos, tão magra quanto um graveto me olhou, mostrando seus dentes pontudos que brilhavam no sol da tarde. Seu comprido cabelo oleoso estava na frente de seu olhar vigilante, me examinando.

—Você é o Suriel? — eu perguntei.

Ele lambeu os dentes com sua língua preta.

—Me capturou para me fazer perguntas estúpidas, Princesa? — ele disse, sibilando.

Não me surpreendi por ele saber quem eu era. Ele sabia de tudo, afinal. Engoli a saliva que havia se acumulado em minha boca, me forçando a ficar calma. Eu não demonstraria medo na frente dele.

Com a flecha ainda apontada para ele, continuei.

—Eu quero que você me responda algumas perguntas. — eu disse, minha voz surpreendentemente firme. — Quando terminarmos lhe soltarei.

Ele bateu uma unha comprida na outra, fazendo barulhos.

—E quais perguntas a Princesa dos Mortos tem para me fazer?

Respirei fundo. Eu queria perguntar de James primeiro, mas saber sobre a guerra era mais importante.

—O que Noah quer ganhar com essa guerra? O que ele quer comigo?

—Noah quer governar Hugin, ele sempre quis. Por isso virou um Giovanni, para ter mais poder do que ele tinha. Ele quer o seu poder, desde que você nasceu ele sabia o que você seria. — o Suriel sorriu para mim, dentes pontudos a mostra. —Ele tentou me capturar e me manter para lhe dar mais informações. Não conseguiu, é claro.

—Mas por quê agora e não antes? Ele disse que queria que eu ressuscitasse alguém. Quem?

—Seus poderes estão quase atingindo o verdadeiro potencial, e quando atingirem, você sera uma ameaça a ele. Ele quer ressuscitar a primeira Giovanni, Mikaela. Foi ela que fez o pacto com os unseelies e deixou o rei deles a transformar num monstro, a fazendo ser capaz de transformar vampiros e humanos em Giovannis. Coisa que vocês deveriam ser capazes de fazer, mas infelizmente não são.

Não somos? Por algum motivo isso me deixou inquieta, mas como não era nada urgente, deixei de lado.

—Preciso saber quando a guerra estourará. E se há algum informante deles no castelo.

A criatura riu, um som tão maligno que fez os cabelos do meu pescoço levantarem.

—No solstício de verão e nenhum dia mais tarde. Há vários traidores, mais próximos de você do que você pensa. Seu amado, por exemplo, que tem a sodalis capturada pelos Giovannis. Uma pena, não é mesmo? Ele realmente fez de tudo para tentar ter sua companheira de volta, até mesmo barganhar com seu irmão. Seu laço de sangue foi feito para você confiar nele. Porém, ele se recusou a oferecer mais informações sobre você para Noah, o que o fez começar a aparecer em seus sonhos.

Senti algo se contorcer em meu peito. James, meu James, havia barganhado com Noah. Ele havia dito que me amava. Mesmo se ele tivesse parado de informar Noah sobre mim, ainda era uma traição. Se eu não podia confiar nele, em quem eu poderia?

Como se estivesse lendo meus pensamentos, os olhos do Suriel brilharam.

—Confie em seu príncipe, ele lhe ajudará, ao contrário do irmão dele. O coração dele é igual o seu. Se mantenha perto de seus amigos e dos amigos de Caspian. Não confie em Nicholas, ele quer seu trono tanto quanto Noah.

Eu não conseguia pensar em mais nenhuma pergunta, as palavras dele sobre James ecoando em minha mente. Eu estava com vontade de vomitar.

A floresta subitamente ficou silenciosa. O sol estava se pondo. E eu tinha que voltar para o castelo.

—Obrigada pelos seus serviços. — eu disse, dando passos para trás.

A floresta estava quieta demais, e cada vez mais escura. Eu precisava sair daqui, rápido. Meu coração começou a bater mais rápido.

Algo estava errado.

—Me solte, rápido. Eles estão aqui. — ele sibilou, se debatendo. Eu o olhei. — Os Giovannis irão me enjaular junto com você se me pegarem, me solte!

Ao ouvir o nome eu levantei o arco novamente, mirando na corda que soltaria a armadilha.

Foi quando o primeiro surgiu. Soltei a flecha, liberando o Suriel, que saiu correndo.

Eu segui o exemplo dele.

O rio, eu tinha que atravessar o rio para chegar de volta ao castelo. Eu havia vindo longe demais se os feitiços de proteção não estavam os mantendo longe.

Eu passei correndo o rio, meus passos ecoando. Assim como os deles atrás de mim. Pelo barulho, deviam ser pelo menos 3 deles. Lutei contra o pânico se formando em minha garganta. Eu não iria, não podia deixá-los me pegar. Eu me virei, a flecha em seu lugar, e disparei.

O que estava em minha cola caiu no chão, a flecha com sua ponta de prata perfurando seu coração e o matando na hora. Eu não pensei sobre o que eu havia acabado de fazer.

Eu continuei correndo, os passos deles ainda ecoando. Eu não estava longe agora, eu sabia. Mas eu estava indo devagar, tão mais devagar que eles. Eles iriam me pegar logo nesse ritmo. Arrisquei uma olhada por cima do meu ombro novamente, vendo que eu estava certa. Disparei outra flecha, acertando o pescoço do que estava atrás de mim. Minha mira sempre foi boa, para a minha sorte. Senti a terra ao meu redor. Me chamando. Senti o caminho até o outro Giovanni que estava logo atrás do que havia acabado de cair.

Foquei minha atenção nele, convocando meu poder. A energia ao redor dele. Eu a puxei para mim, o fazendo cair de joelhos. Suas mãos foram para sia garganta, seu olhar encontrou o meu. Puro medo. Ótimo, ele devia mesml ter medo. Ele caiu no chão, seu corpo drenado de vida se quebrando em mim pedacinhos. Eu olhei para a cena, assustada. Eu não sabia que isso aconteceria.

Eu parei de correr, achando que eu havia me livrado de todos eles.

Foi por isso que eu não vi o que havia me ultrapassado.  Seu corpo colidiu com o meu, sua espada rasgando minha perna e me fazendo cair no chão, meu braço pegando o impacto da queda, o fazendo doer. E fazendo eu perder meu aperto no arco.

Eu lutei para sair de baixo dele, chutando seu estômago, o fazendo rolar para o lado. Eu sabia que eles iriam me levar para Noah se me pegassem. Quando vi a lâmina de sua espada caída ao lado soube também que Noah não devia ter sido específico sobre as condições que eles deviam me levar. Agarrei as adagas em minha bota, e então o ataquei.

Ele não devia ter esperado que eu soubesse como lutar, pois ficou tão surpreso que não retaliou por um segundo. Mas depois tentou me chutar para longe dele, tentando ir até sua espada. Eu sabia pelo corte em minha perna que ele não iria fazer nada bom com ela.  Meu colar vibrou quando eu  passei minha lâmina em sua panturrilha, como Robert havia me ensinado um dia antes, para o incapacitar. Ele caiu novamente no chão. Ele girou sua espada novamente, dessa vez acertando meu ombro, o corte mais profundo dessa vez. Cerrei os dentes, virando rápido e com a outra lâmina acertando sua mão. Seu sangue jorrou em mim, seu cheiro errado. Sua outra mão veio em direção ao meu pescoço, e eu soube que ele iria me matar, independente das ordens de Noah.

A adaga em minha mão direita encontrou o caminho até seu coração facilmente.

Eu o afastei de mim, tremendo. Eu havia matado eles, percebi, olhando ao meu redor. Encharcada de sangue, vi Caspian surgir entre as árvores, Rhysand logo atras dele.  Ele apenas deu uma breve olhada para meu estado –o sangue encharcado minha camiseta, assim como o meu próprio escorrendo terrivelmente rápido dos ferimentos causados pela espada– antes de vir até mim, seu olhar terrivelmente preocupado quando me pegou em seu colo, suas mãos firmes no meu corpo em choque. Eu segurei sua camisa em meu punho, o peso das mortes que eu havia causado se apossando de mim. Eu o olhei, deixando meu desespero transparecer por um segundo antes de eu controlá-lo.

—Você fez certo, Sophia. Fez certo.

Então meus nervos ganharam a batalha. E todo o pânico que eu sentia saiu de mim em formas de lagrimas, a camisa de Caspian as absorvendo.  Ele e Rhys andaram em silêncio, apenas meu choro ecoando pela floresta.

Consegui me manter consciente até chegar a entrada do castelo, onde ouvi exclamações de terror pelo meu estado. Então eu vi apenas a escuridão quando minha perda de sangue ganhou a luta contra minha consciência.

—Ela matou quatro deles, três tiros certeiros e uma adaga no coração. Tem certeza que ela estava sozinha quando a achou?

Eu reconheci a voz de Robert. Não abri os olhos para confirmar.

—É claro que estava. — Caspian respondeu, irritado. —Você a treinou, sabe como ela é boa. Temos que agradecer aos deuses por ela saber lutar, ou ela não estaria mais aqui.

Abri os olhos, cansando da sensação de estranheza. Olhei ao redor, no que definitivamente não era meu quarto. Tentei me levantar, sendo impedida pela dor aguda em minha clavícula. Eu estava em uma cama de hospital. E eu odiava hospitais.  A cortina ao redor da cama me fazia lembrar demais de depois do acidente de carro.

Eu havia matado quatro Giovannis. Respirei profundamente. Eu ainda podia sentir o sangue do último em mim, quente e profundamente errado.

Eu devo ter feito algum barulho, já que Caspian puxou a cortina, seus olhos violáceos cheios de preocupação e alívio.

—Eu não consigo levantar. — Eu disse como modo de saudação.

Ele veio até meu lado, se sentando na cadeira que havia ali. Ele tocou meu rosto suavemente, e surpreendentemente eu senti dor.

—O que você estava fazendo na floresta ao anoitecer? — ele exigiu, mas não sem ser gentil. — De repente teve uma vontade de quase morrer? Tem noção do susto que me deu?

Eu abri a boca para responder, mas parei. Senti meu cenho franzir. Como ele sabia onde eu estaria?

Robert deu um passo a frente.

—Acho que tem algumas coisas para explicar, Princesa.

Então eu expliquei. Contei o que o Suriel havia dito sobre Noah. E a data da Guerra. Obviamente deixei de fora sobre James. Disso eu iria tratar sozinha.

—Você capturou um Suriel. —Caspian disse incrédulo. —Você capturou um Suriel, e ainda o salvou dos Giovannis.

Eu lhe dei uma olhada feia.

—O quê, era para ser difícil capturar ele?

Ele sacudiu a cabeça.

—Eu já tentei duas vezes e nunca consegui. Você é cheia de surpresas, não é?

Robert pigarreou.

—Bem, princesa, apesar de ter sido muito, muito, muito arriscado, não posso negar que essas informações serão vitais agora. Temos uma data para estarmos preparados. Vou fazer uma reunião com meus homens para traçarmos um plano, quando eu tiver ele pronto o passarei por você. — ele fez uma pequena reverência. —Melhoras. Peça para aquela sua amiga bruxa lhe fazer uma poção para esses machucados.

Ele saiu então, me deixando com Caspian. Ele me olhou quietamente, passando pelos meus machucados, minhas mãos arranhadas.

—Você deveria ter me chamado, Sophia. Tem noção de como fiquei assustado quando eu senti o colar vibrando com o seu medo, quase me sufocando? Quando eu o segui até você achei que iria te encontrar morta.

Eu me encolhi. Olhei para minhas mãos, lembrando do jorro de sangue que havia saído do coração do último homem que eu havia matado.

—Cas, eu os matei. — eu olhei para ele, deixando o peso daquelas palavras me atingirem. — Eu nem ao menos pensei antes de fazer isso, apenas fiz.

Sua mão apertou a minha. Ele olhou em meus olhos, sério.

—Quando eu matei pela primeira vez num ataque ao meu acampamento, tive pesadelos sobre isso por uma semana. É terrível, eu sei disso. Mas foi autodefesa. Eles iriam te matar, Sophia. Mesmo se não fosse eles, Noah eventualmente iria.

Eu apertei a mão dele, grata por ele entender.  Lembrei das palavras do Suriel, sobre como Caspian era confiável.

E James não era.

Foi como se alguém chutasse meu estômago. Eu lutei com a dor da traição que eu senti, sentindo lágrimas subirem aos meus olhos. Eu e ele ainda tínhamos o laço, que de acordo com o Suriel, influenciava meus sentimentos. Eu soube então que tinha que achar um jeito de acabar com isso.

Tentei me levantar novamente, eu precisava ir até o quarto de Carolinne. Ela devia ter algum feitiço que faria isso. Caspian  passou seu braço ao redor da minha cintura, me apoiando. O corte em minha perna estava doendo apenas com o esforço de ficar de pé.

Eu olhei para ele, tentei lhe dar um sorriso.

—Eu preciso ir até o quarto de Linne, quero que ela me dê algo para dor.

Ele assentiu, e começou a me guiar para o quarto dela, que não era tão longe da enfermaria, apenas alguns corredores de distância. Caspian ficou silencioso no caminho, pensativo.

Eu toquei o rosto dele quando chegamos na porta dela, o fazendo olhar para mim.

—Obrigada por ter ido me salvar, Cas. O Suriel estava certo sobre você.

Ele me olhou, seu olhar desconfiado. Ele engoliu em seco nervosamente.

—O que ele disse sobre mim?

Eu sorri verdadeiramente para ele.

—Que eu sempre podia confiar em você.

Ele piscou, surpreso. Estendeu sua mão, tracejando minha bochecha que havia recebido impacto com a minha queda.

—Eu devia ter chegado mais cedo. — ele.murmurou, se inclinando e beijando minha testa.

Ele foi embora então, mãos nos bolsos. Ombros um pouco abaixados. Suspirando, bati na porta de Linne.

Ela me deu uma longa olhada antes de me puxar para dentro.

—É verdade que você foi estúpida o bastante para ir procurar pelo Suriel sozinha? Sem nem ao menos me chamar?

Eu abri a boca para responder, mas nada saiu. Senti as lágrimas que haviam ameaçado escapar antes começando a escorrer. Então eu contei para ela, sobre tudo. Sobre o que ele havia dito sobre James.  E deixei as lagrimas do meu coração partido fluírem.

Ela me abraçou, acariciando meu cabelo.

—E agora, o que vai fazer? Vai expô-lo?

Sacudi a cabeça.

—Vou confrontá-lo primeiro. O Suriel disse que ele havia parado de ser o espião de Noah. Eu quero ouvir a explicação que ele irá me dar antes de decidir o punimento dele. Mas não quero mais esse laço de sangue, não quero nenhuma chance de minhas emoções estarem sendo influenciadas. Acha que consegue quebrá-lo com algum feitiço?

Ela pareceu um pouco culpada. Se levantou e pegou um livro, o mesmo que eu havia visto ela estudando o tempo todo. Ela abriu numa página marcada.

—Eu meio que já havia procurado esse feitiço antes, caso você precisasse. — ela pegou minha mão na sua. —Vai ser doloroso, tem certeza sobre isso?

Assenti com a cabeça. Então ela começou a pegar suas ervas, misturar seus ingredientes. Preparar a poção.

Deitada na cama dela, não pude evitar me sentir uma completa idiota. James havia me traído, passado informações para Noah. Coisa que meus país morreram para que não acontecesse. E eu o havia amado, com cada grama do meu ser. Uma tola, uma grande e enorme tola que estava tão desesperada pela paixão que eu lia sobre nos livros, que aceitei a primeira que me foi oferecida.

E eu o havia deixado ter cada pedaço de mim. Havia me sentido tão grata por ter ele do meu lado. Quando na verdade, ele não estava. Me lembrei de quando fiquei no chalé com ele, como ele fazia ligações o tempo inteiro. Eu devia ter percebido. Eu tinha que ter percebido, não tinha?

Me sentindo um tanto quanto enojada comigo mesma, me olhei no espelho ao lado da cama. O quarto de Linne não era tão grande quanto o meu, porém bem mais arrumado.

Fiz uma careta para meu reflexo. Minha bochecha estava roxa, sem dúvida de quando eu havia caído de cara no chão. Meu ombro tinha um corte profundo na clavícula. Eles haviam dado pontos, e eu sabia que minha cura de vampiro iria demorar um pouco para curar tudo isso.

O que para mim era ótimo, era um lembrete sobre minha ingenuidade e estupidez. Eu merecia essas novas cicatrizes.

A imagem no espelho piscou vermelha para mim. Vermelha como o sangue do Giovanni que eu havia enfiado minha adaga no coração.

Fechei os olhos com força, e quando eu abri novamente, minha imagem estava normal.

—Precisamos ir até perto da floresta para isso, eu preciso da natureza para me ajudar.  

Eu tentei me levantar, mas minha perna estava fraca por conta do corte que devia ser mais fundo do que eu pensava.

—Não acho que eu possa sair daqui a não ser que você me arranje umas muletas.

Ela olhou em volta, pensativa. Seus olhos focaram em mim então. Ela tirou seu celular do seu bolso.

—Que tal um par de ombros másculos? — ela perguntou, sorrindo. —Caspian ou outro alguém deveria estar lá, de qualquer jeito. Eu não sei como você vai ficar depois, uma ajuda seria bom.

Mordi minha bochecha. Eu sabia que eu podoa confiar em Caspian. E ele provavelmente apoiaria a ideia de quebrar o laço. Dei de ombros para Linne, que começou a digitar a mensagem para ele.

Franzi o cenho para ela.

—Como é que você tem o número dele?

Ela rolou os olhos para mim.

—Ele me passou, caso houvesse alguma emergência. Ele é mais gentil do que as histórias contam, o seu Príncipe da Corte dos Pesadelos.

—Corte dos pesadelos?

Ela me olhou incrédula. Eu provavelmente deveria saber sobre isso. Vasculhei minha mente, tendo apenas uma pequena lembrança sobre isso. Eu sempre estive tão ocupada tentando saber se James gostava de mim, percebi, que nunca prestava atenção em mais nada.

—É como chamam a corte que o rei de Andolovina deu para ele governar. Andolovina em si é conhecida por ser um lugar brutal, mas dizem que essa corte é terrível, por isso o nome.

Apenas o pensamento de Caspian comandando um lugar assim parecia errado. Ele era sempre tão bom comigo. Não conseguia imaginá-lo sendo o tipo de líder que uma corte com esse nome obedeceria.

Como se convocado pelos meus pensamentos, ele bateu na porta. Linne a abriu, fazendo uma reverência de deboche para ele. Ele havia trocado suas roupas marcadas com meu sangue e lagrimas. Seus olhos me escanearam, com certeza notando meus olhos vermelhos pelo choro.

Mas ele não disse nada sobre isso. Olhou para Linne, fazendo um florejo dramático.

—Aos seus serviços, bruxinha. Me diga onde quer que eu a coloque.

Linne o instruiu a me levar para perto da floresta, suas coisas todas arrumadas dentro de uma bolsa que não deveria ser capaz de caber tanta coisa. Cas veio até mim então, me ajudando a levantar. Seu braço em minha cintura era assegurador.

Não estávamos longe da saída traseira do castelo, o que eu considerei uma dádiva. Se eu tivesse que descer alguma escada eu provavelmente morreria de exaustão.

Quando chegamos no lugar que ela havia indicado, ela logo começou a arrumar suas coisas. Velas formando um circulo. Me sentei no chão fora da área de trabalho dela, Caspian seguindo meu exemplo.

Eu cansei do silêncio que ele emanava. Me virei para ele, apenas para ver que ele estava me estudando.

—Não vai me perguntar o motivo de eu estar decidindo fazer isso?  

Ele deu de ombros preguiçosamente.

—Seus motivos são seus, Sophia. Se está fazendo isso, provavelmente o Suriel lhe disse algo sobre James que a fez tomar essa decisão. Se quiser compartilhar ou não comigo é sua escolha.

O comecei a puxar a grama com minha mão, uma onda de vergonha por ter sido tão tola me abatendo.

—James me enganou. — eu disse simplesmente. — E eu não quero mais nenhum traço dele em mim.

Ele apenas assentiu, voltando a observar Linne. Ele parecia saber que se eu tivesse que falar mais sobre isso, quebraria de novo. E que agora não era a hora para isso.

Me lembrei do Suriel. Ele lhe ajudará, ao contrario do irmão dele. Senti meu cenho franzir. Caspian havia me falado que ele tinha apenas um meio irmão bastardo, que ele não considerava. E eu não conhecia ele.

Mas…

O ódio dele por James, a rivalidade entre os dois. Ele sabia tanto sobre James. E os olhos de Isabella, azuis tão claros e familiares.

Iguais os de James.

— Vocês são irmãos, — eu murmurei, o reconhecimento disso me atingindo. — não são? Por que não me contou?

Ele suspirou.

—Sim, ele é o filho do meu pai. — ele disse, brandamente. —Não o considero meu irmão, não achei que faria diferença.

Eu soltei minha respiração. Ele estava certo, antes não faria. Mas agora que eu sabia o que James havia feito com Caspian, fazia. E ele ainda teve a contagem de mentir para mim, dizendo que havia sido criado pois estava morrendo! Coisa que era impossível, de acordo com o Suriel. Nós nascemos assim.

Antes de que pudesse dizer qualquer coisa, Linne me chamou. Juntei minha força, não aceitando a mão que Caspian havia me oferecido. Ignorei a dor em minha perna quando andei os poucos passos até o meio do circulo.

Ela me deu um cálice com o liquido das ervas que ela havia feito, grosso e escuro. Me entregou uma fina adaga também.

—Beba isso, e repita tudo que eu disser. Vai doer. então se prepare. Está se livrando de algo em seu sangue, não se esqueça. Não irá ser fácil.

Assenti, e comecei a beber o liquido grosso e amargo. Lutei contra a vontade de vomitar. Eu senti o poder dela me envolvendo enquanto ela recitava o feitiço em latim, repetindo tudo depois dela. Eu podia sentir o liquido em minhas veias, tentando expulsar algo. Tentando rasgar de dentro para fora.

Eu cai de joelhos no chão, sentindo lagrimas escorrerem. Dei o último gole. Repetindo as últimas palavras.

Ela passou a lâmina pela minha mão, deixando o sangue escorrer até a grama.

E então, a dor acabou. Assim como o laço. Me sentei, encontrando o olhar de Caspian grudado em mim. Com um aceno de Linne, ele veio até mim,me ajudando a levantar.

Me apoiei nele, sentindo uma onda de tontura. Vasculhei aquela parte de mim que sempre sabia onde James estava, me fazendo pensar nele constantemente. Não havia nada.

A dor que eu sentia em meu peito ainda estava ali, mas agora estava menos selvagem, mais fraca. O que comprovava que o laço estava mesmo mexendo com minhas emoções.

Linne se colocou a minha frente, sua mão apertando a minha.

—Está feito. — ela disse. Quando eu abri minha boca para lhe agradecer ela me parou com uma mão. — Não precisa. Eu sempre soube que James escondia algo. Considere isso meu presente de casamento.

Eu olhei para Caspian. Ele parecia terrivelmente entretido.

—Você pode me levar até meu quarto? Preciso terminar com isso logo.

Ele suspirou dramaticamente, como sempre.

—Acho que uma cadeira de rodas seria um melhor presente, Carolinne.

Ela rolou os olhos, lhe fazendo um gesto vulgar. Seu apoio foi bem vindo. Eu me sentia tão cansada, queria me deitar em um canto e apenas acordar quando eu não estivesse mais sentindo essa dor no centro do meu ser.

Caspian milagrosamente se manteve em silêncio até a parte final do caminho. Ele me olhou de esguelha.

—O que você vai fazer agora? — ele perguntou suavemente, quase como se estivesse com medo de me assustar com perguntas.

Eu mantive meus olhos no chão de pedra, sentindo o calor de sua mão irradiar confortantemente na minha cintura

—Eu vou confrontá-lo. Mas independente do que ele me diga, não o quero mais perto de mim.

Ele deu um aceno com a cabeça, talvez em concordância ou apenas para dizer que havia entendido. Apertei o braço dele quando paramos em minha porta, e eu entrei.

Eu queria tirar a camiseta e as calças que eles havia me colocado quando eu estava na enfermaria, minhas roupas sangrentas demais para serem salvas. Mas eu tinha algo mais urgente para tratar.

E esse algo estava sentado em minha cama, com a cabeça entre as mãos. Seus olhos prateados encontraram os meus, suplicantes. Cheios de dor.

—Tess. — ele disse, se levantando. — O laço se quebrou, achei que algo havia acontecido com você. O que aconteceu? Eu estava no vilarejo que foi atacado hoje.

A dor em meu peito aumentou. Ele havia me traído, e mesmo assim continuava aqui.

—Eu peguei um Suriel hoje, ele me disse algumas coisas muito interessantes. — eu o informei, minha voz soando distante. Meus pais arriscaram tudo para me esconder, e ele havia jogado tudo fora contando a Noah. Uma calma gélida tomou conta de mim. — Me diga, James, dormir comigo foi ideia de Noah ou sua? Toda vez que eu dizia que te amava você ia correndo contar para ele?

James ficou muito, muito quieto, como se qualquer movimento brusco fosse me fazer atacar.

— Tess, eu posso explicar...

Eu levantei uma mão, o cortando.

—Você queria sua somalis de volta, não é?  E o unico jeito de conseguir ela era através de mim. Como deve ter sido horrivel para você ter que fingir que gostava de mim. Ter dito que me amava quando na verdade estava só me usando. — eu praticamente cuspi as palavras.

Ele deu um passo, hesitante.

—Eu não menti. — ele disse, sua voz baixa. — Não sobre isso. Nunca sobre isso.  Eu quebrei meu acordo com Noah no dia que ele apareceu em seu sonho. Assim que eu percebi que meus sentimentos por você haviam mudado,

Eu sacudi a cabeça, enojada.

—Eu não acredito em você. Não faria algo assim com alguém que você ama. — cerrei os dentes, lembrando que o Suriel havia confirmado a última parte. — E eu sei que você parou e quando parou. Isso não muda o que fez. Você me traiu. Eu te amei e você me apunhalou pelas costas.

Ele finalmente cruzou a distância entre nós, suas mãos segurando meu rosto. Eu apenas o olhei, impassiva. Seria tão fácil, percebi, apenas ceder ao toque dele e o perdoar. Porém, eu não podia.

—Tess, me perdoe. Você tem que entender…

—Não me chame assim. — eu o interrompi. Suas mãos, que eu ansiava tanto pelo toque antes, estavam frias em meu rosto. —Eu matei quatro Giovannis hoje, James. Eu deveria fazer o mesmo com você.

Seu olhar ficou mais desesperado, uma mão sua caiu, indo até meu peito, em cima do meu coração.

Me perguntei se ele conseguia sentir os pedaços dele se movimentando soltos a cada respiração minha.

—Por favor, Sophia. — ele encostou sua testa na minha. Eu fechei os olhos com força. — Acredite em mim, por favor.

Eu respirei profundamente, me preparando para encontrar os olhos que eu havia amado tanto.

—Náo.

Ele se afastou de mim, seus punhos cerrados.

—Qual será o meu punimento então? — sua voz voltou ao normal, como na primeira vez que eu havia falado com ele.

Eu me sentei na poltrona, meus machucados latejando.

—Não vou lhe matar, não quero esse fardo para mim. — eu disse. Suspirei, tocando meu colar. Eu precisava ficar longe dele, eu não aguentaria muito mais tempo. — Eu não quero te ver nunca mais. Peça para Robert lhe enviar para liderar o exército, vá para Andolovina ficar com seu pai. Eu não ligo, apenas saia de perto de mim.

—Não vai contar a ninguém? — ele perguntou quietamente.

Eu lhe encarei, percorrendo seus traços pela última vez.

—Dizer isso apenas faria todos acharem que eu sou fraca por ter deixado um traidor tão próximo por tanto tempo. Não falarei, mas não esquecerei. — respondi, cada palavra doendo. Então olhei para janela, para o céu estrelado. — Adeus, James.

Eu não me virei para vê-lo saindo. Não queria arriscar que ele visse as lágrimas que caiam enquanto meu coração, que eu achava ter sido remendado por ele, se despedaçava novamente.

 

*****

 

(Caspian)

Faziam quase dez dias que James havia saído do castelo e Sophia continuava agindo como um zumbi. Ela mal saia do quarto, apenas para ir treinar com Robert, mas mesmo assim não fazia qualquer questão de manter uma conversa.

Eu podia ver a dor no olhar dela. Ser traída por alguém que havia prometido lhe proteger não estava sendo fácil. Havia também o fato de que ele usou a vulnerabilidade dela contra ela, a fazendo se apaixonar por ele.

Eu a olhei, sentada na cadeira ao meu lado no conselho. Aqui era o único lugar que ela mostrava que não era um fantasma, seu papel de rainha tomando posse dela. Ela estava praticamente espumando pela boca ao retrucar um dos anciões que havia dito que os Giovannis não eram uma ameaça tão grande.

Mas assim que a reunião havia acabado e nós já estávamos andando a caminho do quarto de Isabella, seu olhar sem vida voltou. Ela puxou a alça de seu vestido para o lugar de onde ela havia deslizado.

Franzi o cenho. Ela havia perdido peso. Eu nem ao menos sabia se ela estava tomando sangue o suficiente. Eu a parei, minha mão segurando seu pulso.

Ela me olhou, sem expressão. Suas olheiras estavam tão escuras que nem mesmo a maquiagem conseguia as esconder completamente.

—Qual o problema, Caspian?

Caspian, não Cas. Isso me incomodou mais do que eu podia admitir.

—Como você está se sentindo? — Eu perguntei, vasculhando sua aura.

Estava preta.

Ela arrastou seu olhar até a janela, evitando meus olhos.

—Eu estou ótima.

Cerrei os dentes.

—Eu sei quando você mente. Você pode confiar em min, Sophia. Me diga como te ajudar.

Ela piscou surpresa. Sua mão foi para o colar, onde eu mandei todo o conforto que eu podia através do meu poder.

—Eu não sei, Cas. — ela sacudiu a cabeça. — Eu sei que eu não devia estar assim, mas… É difícil saber que eu pude ser enganada tão facilmente. Que eu me deixei enganar.

Apenas olhar para ela desse jeito me fazia querer marchar para qualquer lugar que James estava e arrancar a cabeça dele com meus próprios dentes. Ele a havia machucado de uma forma que eu não podia perdoar.

Respirei fundo, segurando a minha vontade de vingança.

—Não foi sua culpa, Sophie. — eu disse, dando um passo para mais perto dela, colocando uma mecha do seu cabelo ruivo atrás de sua orelha. — Não pense desse jeito. Ainda acho que você deveria tê-lo executado em praça pública, mas sua decisão foi a de uma rainha. Você fez bem.

Seus olhos brilharam por um segundo. Mas então eles ficaram distantes, como se estvessem perdidos em memórias. Ela os fechou com força.

Quando os abriu de novo eles haviam voltado a sua forma sem expressão. Nada da vivacidade que eu lutava tanto para pintar.

—Eu estou cansada. Vou voltar para meu quarto.

Antes que eu pudesse seguí-la ela já havia desparecido pelo corredor. Reprimi um grito de frustração. Eu precisava fazer alguma coisa, qualquer coisa para fazê-la sair desse estado.

Segui até o quarto da minha irmã, esperando que ela pudesse me ajudar. Assim que sua porta de abriu eu entrei, sem esperar convite. Ela deu uma bufada exasperada, me empurrando quando passou a minha frente. Rhys estava sentado no pequeno sofá em frente a lareira, lendo papéis que deveriam ser relatórios dos seus espiões. Ele levantou as sobrancelhas para mim.

—Achei que Sophia iria vir também. — ele disse se endireitando no sofá. —Aconteceu alguma coisa?

Eu sacudi a cabeça, me sentando na poltrona em frente a ele.  Ele, assim como minha irmã, parecia ter se afeiçoado a ela, o que não me surpreendia. Ela tinha mesmo esse efeito nas pessoas.

—Ela está igual. Eu estou preocupado com ela, ela parece pior do que antes.

Isabella se sentou ao lado de Rhys, enrolando suas pernas embaixo dela mesma. Ela sempre me lembrava um gato, espaçosa. Seus olhos prateados brilharam para mim.

—Nós sabemos que está preocupado. — ele disse. Seu tom indicava que ela sabia exatamente o motivo, também. —Dê tempo a ela. Ela passou por coisa demais em tão pouco tempo.  Da última vez que eu falei com ela, ela me disse que estava exausta pois estava sonhando com a morte daqueles Giovannis. Ela precisa de tempo para se recuperar.

A morte dos Giovannis. Fui tomado pela lembrança do colar vibrando tão forte que quase me estrangulou quando eu estava com Rhys em minha cabana. E ele brilhou, brilhou todo o caminho até ela, como se me guiasse. Então eu havia chegado lá, e ela estava lutando como um Iliriano. Lutando como eu.

E ela havia me olhando com tanto horror em seus olhos quando havia visto o sangue em suas mãos. Ela não merecia ter que passar por isso e ainda pelo que aconteceu entre James e ela depois.

—Eu não sei o que fazer. — eu admiti. Pela primeira vez, eu não sabia o que fazer.

Dessa vez foi Rhys quem me respondeu.

—Esteja lá para ela. Ela está se sentindo tão sozinha quanto você quando voltou de Seelie. Apenas esteja lá para ela, assim como nós também estaremos.

Apoiei minha testa em minha mão. Eles haviam me mostrado que eles estavam comigo depois de Seelie, era verdade. Mas as vezes eu me perguntava se eles não virariam as costas se eu contasse as coisas que eu havia sido obrigado a fazer.

—Você devia contar sua história para ela, Bella. Talvez a mostrasse que é possível ficar bem depois de algo assim.

Isabella olhou para suas mãos, pensativa. Depois assentiu com a cabeça, se levantando. Ela ajustou sua longa saia, depois ajustando sua blusa. Eu me levantei para seguí-la, mas um olhar seu que me fez lembrar de quando eu era criança e ela tentava me fazer quase cair em uma armadilha.

—Fique aqui, Cas. Ela precisará conversar, e será mais fácil para ela se o seu futuro marido não estiver do lado, bisbilhotando.

Eu lhe fiz uma careta. Eu não iria para bisbilhotar. Mas mesmo assim a deixei ir sozinha. Olhei para Rhys, que a olhava com admiração. Fui até a sacada, acedendo um cigarro e dando uma longa tragada nele. Olhei por cima do meu ombro para ele.

—Espero que esse olhar seu não indique que você caiu nas garras da minha irmã finalmente. Ou que já lhe contou que apenas não cai pois é um tolo.

Rhys me olhou com escárnio.

—Já contou para Sophia o que você percebeu quando ela quebrou o laço com James e veio correndo reclamar no meu ouvido por uma noite inteira?

Eu mostrei meus dentes para ele como resposta.

—Não, e espero que guarde o que eu falei para você. Não quero sobrecarregá-la com algo desnecessário.

Ele veio até a sacada, observando as árvores.

—Isabella desconfia. — ele disse. Depois. Quietamente, adicionou. —Qualquer uma que luta daquele jeito tem minha benção para casar com você.

Rolei os olhos.

—Não sabia que precisava de sua bênção. — respondi, rolando meus ombros, tentando me livrar da tensão. —Acha que Azriel vai gostar dela?

Rhys riu alto.

—Az provavelmente tentar rouba-la de você quando ver o quão boa em responder de volta ela é, e que conseguiu capturar o Suriel tão facilmente.

Eu sorri, sabendo ser verdade.  Os dois eram iguais nesse aspecto. Olhei para a floresta, pedindo a qualquer deus que estivesse ouvindo para que Isabella conseguisse pelo menos a ajudar um pouco.

Porque se ela continuasse assim, eu logo seguiria.

 


Notas Finais


Hohoho, chegou na parte que eu mais gostei de escrever! O que estão achando até agora?


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