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História The Ascent. - Capítulo 2


Escrita por: zensponytail

Capítulo 3 - Capítulo 2


Abri meus olhos, ofegante, e encarei o teto do meu quarto. Levantei-me, e parei na frente do espelho, eu estava normal, não estava estraçalhada pelas pedras  que ficavam no final da queda.

Passei a mão pelo meu cabelo, ele estava longo, passando da cintura, o desembaracei com os dedos, e numa passada de dedos, uma flor caiu em meu colo.

Uma pequena flor branca, igual as que estavam no meu cabelo no sonho.

Merda.

Isso só pode significar uma coisa. Que aquele maluco era mesmo o que ele dizia ser. Ou ao menos ele podia invadir meus sonhos, ou me transportar, ou… No

Respire Sophia. Não adianta entrar em pânico. Isso deve ter uma explicação plausível.

Tem que ter.

Olhei a janela, que era uma porta na verdade, e ela estava aberta. Ai está à explicação. O vento soprou essa flor para o meu cabelo. Eu sabia que o maluco do James era apenas um sonho.

E que diabos de nome era James? James, como em Bond, James Bond? Porque ele não podia ter um nome menos misterioso? Ou mais vampiresco?

Calma, disse a mim mesma. Era um sonho, esse nem deve ser o nome dele.

Sentei-me de volta na cama, e tateei meu criado mudo até achar o abajur, e o liguei. O quarto ficou levemente iluminado, e eu me senti melhor. Até perceber que no criado mudo tinha um envelope.

Peguei um travesseiro e enfiei na minha cara, soltando um grito nele. Eu apostava a minha alma que era daquela coisinha que se chama James. Por que, não, não bastava ele me fazer quase morrer no maldito sonho, ele tinha que me infernizar fora dele.

Peguei o envelope com raiva, e o abri. Nele havia uma foto.

Uma foto minha.

Ótimo. Simplesmente ótimo. Como se não me bastasse ter quase morrido, duvidar da minha sanidade mental, agora ele faz isso. Havia um diário no envelope também, e junto dele havia uma carta, escrita em uma letra escarlate de estilo antigo.

Espero que agora você acredite, e entenda. Eu preciso ficar perto de você, ou eles virão e tentarão lhe matar novamente.

Se depois que tiver lido boa parte do diário você voltar a ser uma pessoa racional, me encontre no Parque Jean-Louis as 20hrs.

                                                     Seu,

                                                              James K.

Mordi meu lábio, indecisa. Eu não queria mais chegar perto dele, mas ele tinha as respostas.

Com um suspiro abri o diário. Ele tinha a capa feita de uma espécie de couro aveludado, turquesa claro. Na primeira pagina, havia escrito: Mire na lua, pois mesmo que você erre, cairá entre as estrelas. Passei minha mão sobre as letras, sentindo o leve relevo delas.  Embaixo da frase, havia um simples J.D. Na próxima pagina, havia um nome escrito em uma letra feminina.

Tereza Reinaldi Dragomir.

Meu coração parou por um segundo, minha respiração se acelerou. Outro Dragomir? Com meu terceiro nome... É só coincidência, certo? Porque havia um nome riscado? Respirei profundamente, e comecei a virar as paginas que foram escritas cuidadosamente com uma caneta tinteiro, com uma letra firme, delicada e elegante.

Comecei a ler.

23, setembro, 1918.

 

Hoje ganhei esse diário de presente de aniversario. E, pasme, foi me dado por ninguém menos do que John. Ele é a ultima pessoa na Terra que eu pensei que fosse lembrar-se de meu aniversario. Acho que mamã está certa quando me diz que julgo o caráter das pessoas com demasiada rapidez Lembrar-me-ei deste regalo sempre como um sinal de que não estou certa todo o tempo.

Quando John me deu este diário, sua mão se demorou um segundo mais do que deveria em cima da minha, o que surpreendentemente fez-me sentir prestes a desmoronar no chão, de tão fracos meus joelhos ficaram!E ainda por cima pelo dono daqueles olhos verdes penetrantes, de que antes eu pensava tão pouco sobre!

Charlotte diz que isso se deve ao fato de nunca ter flertado com a infantaria, como ela o faz. Porém duvido disso. O que ocorreu se deve ao fato de que  ele me cativou com aqueles olhos verdes, que focaram seu brilho em minha alma, fazendo o brilho da Lua parecer-se com uma brasa de lareira, prestes a apagar, em comparação a supernova que se formava em minha alma.

Mamã está clamando que eu necessito de descanso, e vou contra minha vontade para cama, com a esperança de que sonharei com aqueles olhos, e com aquele toque que passei a ansiar tanto.

                                                                                                   

                                                                                                                    T. R.


 

1918? Porque ele acha que lendo algo sobre quase 100 anos atrás me iluminara sobre a questão de que eu sou supostamente uma vampira?

Pulei para o meio do diário, na esperança de que a razão de James Sabichão ter me dado esse diário se esclarecesse,

 

25, novembro, 1919.

        

Ainda sinto-me bamba com o choque. Tudo aconteceu tão rápido... Oh! Ainda não consigo crer que meu amado John, meu doce, amável John, é um deles! E agora me tornarei uma também...

 

Meu peito dói com essa revelação. Ele me diz que não é mau, que eles são do gênero bom. Mas não consigo, simplesmente não posso! Porém ao recusar me tornar uma deles, estarei recusando o meu amado. Sei que ele é bom, pois é impossível alguém com aqueles olhos tão bons, que demonstram tanta bondade e inteligência... Ah! Cruel destino, porque me encontrastes? Porque fizeste da minha vida uma escolha, entre o amor da minha vida- pois sim, John é o amor de minha vida, e será por toda a eternidade- e minha humanidade, minha família?

Temo que precise deitar-me, pois se ficar mais um segundo pensando sobre este causo, quebrarei em milhares de pedacinhos. Necessito dar-lhes minha resposta pela manhã.

Necessito pensar...

                                                                                        T. R.

 

A pagina tinha pequenos borrões, como se lagrimas tivessem caído nela. Eu já tinha uma leve idéia do porque dele ter me dado este diário. Continuei a ler, pulando apenas algumas paginas agora, são quase 19 horas, e ele disse para estar lá as 20.

13, dezembro, 1919.

 

Olhando agora para trás, sinto-me tola de ter duvidado de meu amado J, a felicidade que sinto agora, ao seu lado, tendo a eternidade a nossa frente para desfrutar do nosso amor... É desconcertante a felicidade que estou sentindo. Sou uma deles, John e eu somos iguais agora. Posso ficar ao seu lado a cada instante- ou ao menos, quase todo instante, já que ele é um a figura importante na sociedade vampiresca. O pai dele é o líder da nossa sociedade, os Dragomir, John é o próximo na linha de sucessão. Sou uma Dragomir agora, pertenço a John assim como ele pertence a mim, somos unidos pelo sagrado matrimonio.

Oh, não podia estar mais feliz! Porém esta nova vida tem seus contras... Tenho que me alimentar de sangue, ou morro. John diz que isso nos faz mais puros, mas ainda acho este pensamento demasiado novo para mim, então me tomará algum tempo até que me acostume inteiramente.

John acabou de adentrar no quarto. Ele diz que não poderei ver minha família, que eles iriam me repudiar pelo que sou agora. Isto me enche de tristeza, mas sei que se John estiver ao meu lado, ficarei bem.

 

                                                                                                         T. D.


 

Ela virou uma vampira... Ok. Outra coisa que diz que o que ele me disse é verdade. Apenas não entendi o que esta mulher tem a ver comigo, além do nome. São 19h05min ainda, então pulo para o fim do diário.





 

18, junho, 1995.

Hoje Sophia nasceu, em meio de toda a alegria de sua chegada ao nosso mundo, temo por sua vida. Os ataques dos Giovanni estão ficando cada vez mais amedrontadores. John recebeu um bilhete que continha ameaças à nossa pequena neném. Essa guerra sem sentido necessita acabar, minha filha merece uma vida de paz.

John diz que precisamos escondê-la longe de nós. Sinto-me a beira das lagrimas, mal acabo de receber essa linda criaturinha ruiva em meus braços e já tenho que abandona-la. Ela herdou os olhos de seu pai, de um verde tão cativante, tão cheio de bondade...

Charlotte está dizendo-me que irá cuidar dela. Ela é uma de nós, mas vive em sociedade humana. Sei que com ela minha menina ficara mais segura do que em qualquer lugar.

Um dia, Sophia terá que assumir o lugar de John, mas quero que viva uma vida normal até que esse dia chegue.

Quero que ela seja feliz, feliz como eu fui. Quero que ela ame alguém da mesma maneira que amo seu pai. Quero que esta ruivinha cresça com bondade em seu coração.

Salva, quero que ela fique salva.

                                                               Para Sophia,

                                                                  Com amor, mamãe.


 

Encarei a ultima página do diário. Meu coração estava acelerado.

O nome da minha mãe não era Tereza, era Charlotte. Mas de acordo com o diário, Tereza era minha mãe. Charlotte, a única mãe que conheci, era minha tia. E também era uma vampira.

Eu pedi respostas, mas nunca achei que fosse receber tantas.

A realidade me bateu fortemente enquanto me vestia para encontrar-me com o senhor sabedoria.

Eu sou uma vampira também. Mas isso não é completamente comprovado.  Nunca tive uma sede avassaladora de beber sangue, de fato, eu fico com ânsia quando vejo sangue.

O maldito do James tinha razão.

Enfiei um jeans apressadamente, e coloquei meu tênis. Eu não tinha tempo para arrumar meu cabelo nem trocar a camiseta de pingüins assassinos em que eu dormi. Escovei os dentes apressadamente, e corri para o Parque Jean-Louis.

O parque era o mais arborizado da cidade, e o maior. Nele habitam vários animais, vários pássaros, em milhares de metros quadrados de árvores. É o meu lugar preferido na cidade inteira, já que lá é tão quieto e fresco. Parei na entrada, sem saber para onde ir, afinal, ele disse apenas para encontrá-lo aqui. Sem especificações. Eu já saquei que ele gosta de estar sempre dois passos à frente de mim. A coisa dele era sempre saber algo que eu não sabia, e ficar me atentando, esfregando na minha cara que ele sabia algo e eu não.

Pensando bem, ele era muito parecido comigo pelo que eu pude notar nele. Tirando o fato de que eu não tento arrastar as pessoas para a morte iminente, que nem ele fez comigo.

Sentei-me em uma pedra que ficava encostada no arco do portão, me esticando inteira nela. Bocejei, eu estava tão cansada. Fechei os olhos, e comecei a bater o pé ritmicamente, acompanhando uma musica que não sai da minha cabeça desde ontem. Essa é a coisa ruim de andar com Carolinne, musica pop ruim gruda na sua cabeça, pois é só o que ela escuta. Comecei a cantarolar baixinho, e ouvi uma tosse que mais parecia uma risada disfarçada.

Levantei-me de supetão, alarmada, e consequentemente deslizei da pedra e cai de bunda no chão. Agora a gargalhada não estava disfarçada. Odeio quando os outros riem de mim, então eu prendi minhas pernas nos tornozelos de James e puxei com toda a minha força para baixo. Eu devo ter pego-o de surpresa, pois ele caiu também de bunda no chão. Foi minha vez de rir.

-Achou que só porque eu sou pequena eu tenho que te aguentar rindo da minha graciosidade natural?- disse entre risos. Minha barriga estava começando a doer, de tanto rir.

-Eu tenho todo o direito de rir, não é todo dia que eu vejo a realeza Dragomir cantando musica ruim.

Bufei, e tentei me levantar, nossas pernas ainda estavam entrelaçadas. Quando eu finalmente consegui, o mundo girou, e eu quase perdi o equilíbrio novamente, mas James estava abruptamente de pé, e me segurou.

-Você está bem? - ele olhou nervosamente em volta, em alerta.

-Sim, eu só não comi nada o dia inteiro. - a mão na minha cintura me enviou choques elétricos novamente. E eu não consegui segurar a pergunta: - Isso que eu sinto quando estou perto de outros vampiros, é como quando os cachorros sentem o cheiro uns dos outros? Sabe, tipo, identificação da própria espécie?

-Algo assim... Você sente nosso poder. Quanto mais poderoso for o vampiro, mais forte será a sua reação.

Sem me conter, novamente, eu ouço sair da minha boca: - Então você é muito poderoso.

Olhou-me por um segundo, então tirou sua mão da minha cintura subitamente. Bufei, que cara mais sensível, eu disse como um elogio, já que toda vez que nossas peles se tocam é como se eu enfiasse meu dedo na tomada.

-Me siga. - ele disse como uma ordem, e automaticamente tive vontade de socá-lo. Odeio ser ordenada.

Cerrando meu maxilar para me impedir de falar algo muito grosseiro, o segui, e o segui, e o segui. Parecia que ele estava querendo caminhar até a China, pois andávamos e andávamos, e nenhum lugar parecia o certo para sentarmos e conversarmos. Perguntas queimavam em minha garganta, A Sophia do diário sou eu? Minha mãe era na verdade minha tia? Os Giovannis a mataram? O que você estava fazendo no local do ataque? Porque você precisa me proteger? E a pergunta que mais queimava de vontade de ser perguntada era: Se eu sou uma vampira, porque diabos eu não tenho sede de sangue?

Ele parou na frente de uma cabana que eu nunca havia visto antes. Ficava na floresta que não fazia parte do parque. Virou-se para mim, e sem dizer nada, entrou nela. Segui seu exemplo e fui atrás dele.

A cabana era toda feita de madeira, e os moveis dentro dela eram de aparência confortável. Na sala de estar uma lareira estava no canto, apagada. As paredes eram de um verde claro, e os sofás eram amarelos claros. Uma TV estava na parede, onde havia poucos quadros. A cozinha era separada da sala por apenas um balcão, e eu pude ver que era lá que o Senhor Me Siga estava. Ele mexia na geladeira, pegando coisas e colocando no balcão que ficava escondido por um murinho de uns oito cm, que servia só para obscurecer a pia. Havia um pequeno corredor na parede oposta ao da porta, e pude ver três portas, que deviam ser os quartos e o banheiro.

Movi-me cautelosamente para perto do balcão, tentando descobrir o que eu disse de errado para o Senhor Sabichão. Ele apontou para um banco alto que estava na frente do balcão, do lado da sala. Sentei-me, e percebi que ele estava fazendo um sanduíche.

Ele me entregou, junto com um copo de Coca. Eu sorri, ouvindo o ronronar feliz que minha barriga deu, ele sorriu também ao ouvir o barulho.

Eu comecei a abrir minha boca para perguntar, mas ele me interrompeu: - Coma primeiro, eu não quero ter que te carregar desmaiada para sua casa.

Rolei os olhos e comi, quando terminei, eu despejei todas as perguntas nele de uma vez, sem respirar, o que me rendeu outra gargalhada. Bati meu pé impacientemente.

-E ai? Responda logo!

-Sim, sua mãe é a Tereza do diário. Charlotte era sua tia, e fez de tudo para que o último desejo de sua mãe fosse atendido. - senti lagrimas queimarem em meus olhos, ele morreu por mim. Morreu me protegendo. Ele deve ter percebido, pois se moveu mais para perto e disse: - Ei, ei, calma ai. Foi a escolha dela. Não há necessidade de chorar.

Olhei brava para ele. Ele não entendia, ele não a havia visto ser morta. Não a ouviu gritando meu nome, e então viu a vida dela acabar, diante dos olhos dele. Só que... Ele viu. Ele estava lá, foi ele quem me salvou.

Olhei em volta, e foquei no pinguim em cima da geladeira. Pinguins sempre me acalmavam.

-Você me salvou. - minha voz soava extraordinariamente calma, até mesmo em meus ouvidos. - Eu não te agradeci ainda.

Ele parecia envergonhado, e fez um gesto de pouco caso com a mão.

-Fiz o meu trabalho, só isso.

Eu queria perguntar o porquê de ele não ter conseguido salvar os outros, mas mantive minha boca calada. Ponto para mim, geralmente falo e penso depois. Eu realmente estou amadurecendo.

-Por que é seu trabalho?- perguntei, olhando para seu rosto agora. - Por que eu sou tão importante?

Ele me olhou intensamente, e me senti desarrumada. Resisti à urgência de pentear meus cabelos com os dedos, de me olhar em um espelho. Porque eu estava agindo assim? Ele era só... Um cara extremamente atraente.

Espera um segundo, eu acabei de chamá-lo de atraente? Eu estou voltando a ser eu mesma?

Ele falou, cortando meu debate interno: - É o meu trabalho porque eu treino para isso a mais de 100 anos, e porque eu sou o melhor guardião. Sou o único capaz de te proteger. E eu vou te proteger. Eu dei minha palavra a seus pais, e eu sempre cumpro minhas promessas.

 

Havia tanta veemência na voz dele, tanta ferocidade em seu olhar. Eu acreditei nele. Antes eu estava com medo, quando percebi que estava em perigo. Mas agora, olhando nos olho azuis dele, cheio de coragem, eu não estava mais. Eu sabia que ele me protegeria.

Então eu percebi que ele disse que tem mais de 100 anos. Não pude conter minha boca grande e disse:

-Você até que tá bem conservado para um vovô de mais de 100 anos.

Ele segurou uma risada. E jogou um pedaço de pão em mim.

-Não envelhecemos como humanos.

Mas eu cresci, eu nasci um neném, virei uma criança e me tornei uma adolescente. Eu envelheci.

-Isso me leva a outra pergunta. Se eu sou uma vampira, como eu envelheço ano após ano? E como eu não tenho a necessidade de fincar meus caninos no pescoço de cada ser vivo que eu encontro?

Ele se encostou à parede do lado do balcão, e colocou as mãos nos bolsos de seu jeans pretos.  Ele olhou para minhas mãos, que estava despedaçando pedacinhos de pão. Parecia um gesto nervoso, mas eu não estava mais nervosa. Ficar perto dele era agradável agora. Menos quando ele fica todo mandão e sabichão.

-Aqueles que nascem de dois vampiros são chamados moroi. É do folclore romeno, assim como quase todos os mitos sobre nós vem de lá. E você vai parar de envelhecer assim que tiver 18 anos, e passará por sua Ascensão. - Eu já tava abrindo minha boca para perguntar -O que é Ascensão?- quando ele levantou uma mão para de impedir- Chamamos de Ascensão sempre que um vampiro é feito. O seu tipo de Ascensão é diferente dos que nasceram humanos. O seu vai ser mais doloroso, mas em compensação, você será mais poderosa dos que os nascidos mundanos.

Mordi meu lábio, e olhei para os pedaços estraçalhados de pão no meu prato. Eu queria perguntar perguntas pessoais para ele, mas consegui me deter.

Olhei novamente em volta. Por algum motivo, eu me sentia bem nessa cabana. Melhor do que naquela casa enorme, sozinha. Tudo bem que havia a senhora Krauss, a governanta, que estava de olho em mim agora que eu sou uma órfã.

-Você vai morar aqui até quando? - perguntei subitamente. Ele estava obviamente pensando em outra coisa, pois me olhou alarmado.

- Até você mudar para a corte. - Titubeei. Corte? Ele deve ter visto a confusão em meu rosto, pois logo continuou- Lá é o lugar mais seguro para você, princesa.

-Não me chame assim. - disse automaticamente. Fazia eu me lembrar dos garotos com quem eu costumava sair, alguns deles também me chamavam assim. Ele levantou uma sobrancelha para mim, mas não disse nada. - Corte? Mas... Eu não sou mesmo uma princesa ou algo assim certo?

Ele se afastou da parede, e andou até ficar na minha frente, percebendo que eu nunca ia conseguir olhar seu rosto enquanto eu estivesse sentada, ele se ajoelhou a minha frente.

-Sim, você é. Você será treinada para ser uma líder, e casará com um principezinho qualquer, como a boa princesa que você é.

O tom de zombaria na voz dele era tão grande, que me fez socar o peito dele, tentando derrubá-lo. E funcionou. Eu só não achei que ele fosse abraçar minha cintura e me levar para o chão com ele.

De algum jeito bizarro, ele acabou em cima de mim. Eu estava ofegante do susto ainda. E ele estava perto demais. Nossos narizes quase se tocavam. Notei que sua respiração também estava ofegante. Sua pele em contato com a minha, como sempre, me dava calafrios. Ele não se moveu, e eu percebi que ele também sentia isso.

-Não irei me casar com alguém, príncipe ou não. - disse com minha voz soando sem fôlego e brava ao mesmo tempo. - E ninguém vai me forçar a ser algo que não sou, e eu não ligo se eu sou uma princesa ou não. Em primeiro lugar eu sou eu mesma.

Ele continuou em cima de mim. Nossos rostos a milímetros de se tocar. Eu podia sentir sua respiração bater na minha bochecha. Seu coração pulsar em meu peito.  Antes eu estava encarando sua bochecha, mas agora eu queria ver sua reação. Olhei em seus olhos tão azuis, e vi surpresa, e... Algo que eu não sabia definir. Tentei me mexer, e mexi meu rosto, acidentalmente fazendo nossos lábios se tocarem, enviando um choque elétrico pelo meu corpo. Eu paralisei, e ele também. Os olhos deles estavam surpresos, e senti minhas bochechas ficarem quentes. Então ele se mexeu. Ele me beijou. E foi de propósito. O choque foi mais forte, e eu automaticamente o beijei também.

Nunca isso havia acontecido comigo. Nunca ninguém me causou essa reação. Meu corpo deve ter reagido assim porque ele é um vampiro. Ele disse que isso acontecia. Ele ainda estava me beijando. Toquei o rosto dele, e mais choques percorreram meu corpo.

Eu quebrei o beijo primeiro, porque eu estava assustada. Minhas mãos ainda estavam em seu rosto, e as dele estavam no meu quadril.

Ele se afastou abruptamente de mim. E eu logo me levantei zonza.

 

-O que foi isso? - minha voz estava fraca. Levantei, com as pernas bambas. O olhei, e ele estava franzindo o cenho. - Quero dizer, a sensação, o choque, não o beijo. O beijo eu entendi.

 

Um meio sorriso se formou em sua boca, e ele me olhou. Realmente me olhou, e eu corei. Eu estava um caco, sem maquiagem, despenteada e com minha blusa de pijama. Mas os olhos dele mostraram que ele gostou do que viu, e se eu senti certo, ele estava muito feliz com o que ele estava vendo quando estávamos nos beijando.

 

-Eu creio princesa, que foi uma descarga de poder. - olhei brancamente para ele, eu não fazia a mínima ideia do que ele estava falando. - Acontece quando duas pessoas muito poderosas sentem atração e desejo uma pela outra. Faz o poder aumentar.

Corei quando ele disse desejo. Eu não o desejava. Estava apenas atraída, mas mesmo assim, qualquer homem alto e moreno me atraia. Eu sou desse jeito.

Espera, ele disse que eu sou poderosa?

-Como eu posso ser poderosa se eu nem ao menos Ascendi ainda? Achei que só vampiros podiam ter esse tipo de poder. - ele me olhou, o sorriso ainda intacto.

-Você é uma puro-sangue, não importa se Ascendeu ou não. - ele então batucou os dedos no balcão. - Minha nossa, se apenas um beijinho fez isso, imagina se dormíssemos um com o outro? Que tal tentar?

Cheguei bem perto dele, como se fosse beijá-lo de novo. Meu gesto dava a entender que eu ia para a cama com ele. Ele abaixou a cabeça, e foi então que eu o soquei. Forte, no olho.

Sorri e disse: - Toma ai, mais uma descarga de adrenalina.

Então eu girei nos meus calcanhares e bati a porta atrás de mim.

Sim, eu era eu mesma de novo. A Sophia que socava os meninos depois de beijá-los. Sorri para mim mesma. Aquele sabichão beijava bem.

 



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