Observei Caspian sentado na poltrona do meu quarto, uma pilha de papéis a sua frente na mesa de centro. Seu cenho levemente franzido em concentração enquanto ele lia os relatórios de Andolovina. Eu havia terminado os meus já havia alguns minutos, mas ele ainda não havia me notado o encarando. As janelas estavam abertas, deixando a brisa entrar e nos refrescar. Aqui podia ser a Europa, mas a cada dia ficava mais quente.
O cabelo dele estava solto hoje, caindo suavemente até acima de seus ombros. Não pude evitar sentir uma pontada de ciúmes com o tanto que o cabelo dele, mesmo evidentemente amassado por dormir com ele molhado, era bonito. Não me parecia justo, já que eu tinha que sempre ter um cuidado excessivo com o meu.
Me levantei, o fazendo me olhar brevemente. Fui até a varanda, absorvendo o sol da tarde que estava batendo ali. Isso havia virado minha rotina, ver Caspian depois de ir treinar com os guardiões. Ele sempre dava um jeito de me achar, ou eu o achava. E então ele ia comigo conversar com Jordan, que ainda estava ao redor mas que saia ocasionalmente para resolver os assuntos da matilha, ou até o quarto de sua irmã, onde ele a atormentava infinitamente e vice e versa. A companhia dele me era tão familiar agora, tão confortante que eu quase não podia imaginar meu dia sem ela. Ele, mais vezes do que eu podia perceber, conseguia afastar a escuridão que sempre ameaçava tomar conta do meu peito.
Mas eu estava melhorando, cada dia que eu treinava, ficava mais forte e passava com eles, eu me sentia um pouco melhor fisicamente e emocionalmente. Não completamente, mas melhor. Eu estava sentindo de novo, eu até havia rido uma vez, quando eu e Bella estávamos sozinhas e ela me contou sobre como ela o fez casar com uma boneca quando ele tinha 10 anos.
Quando percebi, duas semanas e meia haviam passado. E o Calanmai se aproximava, com uma semana de distância, a conversa de todos sempre voltava para esse assunto. Era uma tradição que todos adoravam, eu havia percebido. Lizbete sempre me contava como era usado antigamente para celebrar o verão, e as colheitas. Então todos se vestiam bem e dançavam ao redor de fogueiras, comiam e bebiam muito para comemorar a fartura das colheitas.
Eu até mesmo me peguei ansiosa para essa festa. Qualquer distração para me livrar de meus próprios pensamentos era bem vinda. Bastava a noite chegar
—Está planejando ficar bronzeada? Achei que pessoas ruivas além de não ter alma, não suportassem o sol.
—Eu gosto do sol. — respondi para Caspian, agora ao meu lado.— Eu não suportaria ser um vampiro que só pode sair de noite, eu perderia essa vista.
Eu apontei para os Cárpatos ao nosso redor, a floresta densa mais verde que nunca. Caspian não olhou, seu olhar focado só em mim, do jeito que ele fazia às vezes. Me olhava como se eu fosse uma pintura. E quando ele me olhava assim, tão deslumbrado, eu não podia evitar sentir algo começar a subir em minha pele, a arrepiando. Não podia evitar também me inclinar um pouco mais para ele, como se eu fosse um girassol e ele o sol.
Parei minha linha de pensamentos bem ai.
Não queria admitir que eu tinha essa reação. Era muito cedo para sequer pensar em algo assim. Não depois de James. A minha ferida, por menor que estivesse, ainda não estava completamente curada. Mesmo que Caspian as vezes me fizesse sentir que elas estavam cicatrizando. Essa minha reação devia ser causada pelo meu subconsciente, já que na verdade eu sabia que ele não sentia nada desse tipo por mim. Ele era apenas uma pessoa que iria ficar presa a mim por conta dr uma aliança política. Sem dúvidas deveria odiar pensar que teria que passar o resto de sua vida comigo, sua prisão apenas mudando dr nome, não causada por uma quebra de regra em Seelie, mas sim por sua assinatura ao lado da minha.
Seria tolice achar que eu tinha qualquer coisa além da sua amizade, achar que eu seria capaz de algo assim de novo depois de ter meu coração . Não quando eu era alguém quebrada, sem rumo e com um alvo em minhas costas a todo momento.
—De fato. — respondeu finalmente, também desviando os olhos. Ele limpou a garganta. —Meu pai me mandou notícias. Disse que não vai poder vir para cá depois do Calanmai, como ele estava planejando.
—Você não parece muito chateado com isso.
Ele deu de ombros despreocupadamente.
—Eu prefiro não ver meu pai nunca, se puder. Foi por isso que eu o fiz me dar uma corte menor para governar, assim eu não teria que ficar no castelo com ele. Se o conhecesse ia entender.
Eu entrei novamente no quarto, indo até a porta e a abrindo. Olhei por cima do meu ombro para ele, me certificando que ele estava me seguindo.
—Eu terei que conhecê-lo, você sabe, não é? Ele tem que assinar junto com nós dois o acordo de aliança que o nosso casamento selará.
Ele pareceu bem miserável por um momento.
—Eu sei, ele quer que viajemos para Andolovina depois do Calanmai, por alguns dias, para assinar. E quando voltarmos poderemos nos casar então.
Eu não respondi nada. Apenas segui o caminho até o quarto de Isabella. Caspian andou ao meu lado, parecendo perdido em pensamentos. Ele fazia isso às vezes, deixava sua mente vagar para longe.
O silêncio entre nós dois era confortável. A presença de Caspian era confortável, me trazia uma paz que eu não entendia direito. Sempre foi assim, desde a primeira vez que eu o havia visto.
Apenas percebi que estava o encarando quando ele me deu um sorriso, fazendo sua covinha aparecer. Senti minhas bochechas corarem imediatamente enquanto eu afastava meu olhar. Isso também era outra coisa que estava acontecendo com frequência.
—Você sabe o que sua irmã quer conosco? — eu perguntei para disfarçar.
Isabella havia nos convocado para ir ao quarto dela sem dar muita explicação, coisa que não era incomum para falar a verdade.
—Nao faço ideia, mas conhecendo minha irmã provavelmente não é nada importante.
Rolei os olhos, pronta para abrir minha boca para dizer que as coisas que ele dizia não eram tão interessantes também, mas uma voz conhecida estava se aproximando, conversando com alguém. Nicholas.
Olhei ao redor, procurando um lugar para conseguir ouvir a conversa dele. Puxei Caspian não muito delicadamente para um armário a nossa esquerda. Deixei a porta encostada, para podermos escutar.
Os olhos de Caspian brilharam para mim e eu pude sentir um sorriso puxando os cantos de sua boca debaixo da mão que eu havia usado para a cobrir, para ter certeza que ele ficaria quieto.
Estávamos tão perto que a respiração dele estava esquentando minha testa, fazendo alguns fios de cabelo saírem do lugar. Meu nariz quase encostado em sua clavícula podia sentir o cheiro dele, tão diferente do cheiro de todo mundo, o que fazia eu me perguntar o que havia mudado, já que antes eu definitivamente não sentia vontade de enfiar meu nariz no pescoço dele para respirar o aroma e o categorizar melhor.
O pensamento de fazer isso, de querer fazer isso tão pouco tempo depois de James me fez afastar meu rosto do dele na hora. Engoli em seco. Caspian pareceu querer dizer algo, já que uma mão sua foi até a minha em sua boca, a retirando. Mas ele foi interrompido pela voz de Nicholas, agora alta e clara.
—...Ela pediu para ser provada, não vejo jeito melhor. Lorde Crisan nos negou ajuda ou qualquer participação no reino além de seu território desde a morte de Rei John, não vejo como nossa querida Sophia conseguirá.
Uma risada rouca o respondeu.
—Não sei, Ancião. A princesa tem se mostrado estranhamente boa em fazer alianças. Primeiro com Caspian, depois as fadas e os lobos. Pode ser que seu plano não dê certo, afinal de contas.
—Dará, tenha certeza. Ele não irá conseguir. E mesmo se conseguir, tenho um segundo plano.
—Príncipe Caspian e ela são os vampiros mais poderosos, tem certeza que isso é uma boa ideia?
—Estou cansado de esquecerem que eu sou o mais velho, eles são poderosos, mas não passam de crianças. E como ousa me questionar?
Houve um baque então, a parede tremeu com o que sem sombras de dúvidas era o outro vampiro que ele estava conversando. O barulho me pegou desprevenida, me fazendo dar um pulo e derrubar uma das vassouras. Arregalei meus olhos em pânico com o barulho que eu havia causado, e com os passos que agora estavam vindo em nossa direção.
Caspian me puxou contra si, nos espremendo atrás da porta que estava abrindo. Meu colar vibrou com o poder que ele estava indubitavelmente usando para fazer Nicholas não achar que ele deveria suspeitar de que havia pessoas o espionando.
A cabeça branca dele sumiu de vista depois de alguns momentos, a porta fechando. Suspirei alívio quando os passos deles sumiram pelos corredores. O aperto de Caspian em mim relaxou minimamente.
Limpei minha garganta.
—Sei que você adora ser o cavaleiro que salva a donzela, Cas, mas pode me soltar agora.
Ele bufou uma risada.
—Donzela, certo. — ele olhou para a mão dele que eu ainda segurava. — Não é como se você estivesse me soltando também, sabe.
Fiz uma cara feia para ele, fazendo questão de limpar minha mão na minha roupa depois de soltá-lo. Ele segurou o riso, sem dúvidas querendo gargalhar da minha cara.
Segui para o corredor, sentindo a careta se esvair ao perceber o que Nicholas planejava fazer. Eu, como sempre, não ia ter uma tarefa fácil a minha frente.
Me perguntei novamente o que diabos eu havia feito de ruim em minha vida passada para o karma estar me jogando tantos obstáculos. Eu me senti cansada demais, velha demais para minha própria idade.
Caspian deve ter notado a mudança no meu humor, já que bateu seu ombro no meu, me fazendo olhar seu rosto.
—Você não irá falhar, não se preocupe. Se há alguém capaz de convencer qualquer pessoa a fazer qualquer coisa, é você. Basta piscar esses seus grandes olhos lindos para ele e pronto, ele cairá a seus pés.
Foi minha vez de bufar agora. Eu gostaria de ter essa fé em mim mesma.
—Isso nunca funcionou com ninguém. — pendi minha cabeça para o lado então. —Bem, apenas com meu professor de Artes, mas não conta.
Havíamos chegado a porta entalhada onde o quarto de Isabella ficava. Caspian, como sempre, apenas abriu a porta sem nem ao menos bater nela. E parou no meio do caminho, me fazendo bater minha cabeça em suas costas. Dei um passo para o lado, esfregando minha testa e pronta para lhe dar uma bronca. Mas ele não prestaria atenção, já que estava olhando um homem sentado na poltrona de Isabella, uma de suas pernas em cima do braço da poltrona, em uma posição preguiçosa.
Ele sorriu largamente para o príncipe a meu lado, seus olhos verdes esmeralda brilhando. Seu cabelo loiro caia até abaixo de seus ombros, em uma bagunça que as outras mulheres deveriam achar sensual. Suas roupas eram iguais a de todos os guardiões daqui, um material que parecia couro mas na verdade era bem mais maleável. Ele era bonito, percebi. Me perguntei o que é que davam para as pessoas da corte de Cas comerem para todos serem tão atraentes. Seu rosto era anguloso de um jeito que não me era estranho, o sorriso dele me lembrando alguém.
Isabella veio a meu lado, seu braço se enganchando no meu e me puxando para frente. Seus olhos pratas estavam brilhando para mim, travessos.
—Eles não vão parar de se encarar até amanhã, provavelmente estão passando relatórios pela mente, não se preocupe em ser apresentada a ele. Não é como se valesse a pena, de qualquer forma.
Caspian piscou, sorrindo. Ele foi em direção ao loiro, que se levantou e o abraçou daquele jeito que homens fazem, dando um tapa nas costas do outro. Rhys, sentado, parecia um pouco entediado porém feliz ao mesmo tempo. Levantei uma sobrancelha para Caspian, esperando.
—Esse, Sophie querida, é Az. Que deveria ter chegado há dois dias, se me recordo bem.
Azriel gargalhou, vindo em minha direção.
—Tivemos uma leve distração com as tropas, sabe como Ilirianos não podem ver uma mulher bonita. — ele pegou minha mão, a beijando. Depois de a soltar, sua expressão mudou minimamente enquanto olhava para Cas, que apenas assentiu com a cabeça para algo que só eles sabiam. O loiro a minha frente engoliu em seco, retornando a sua expressão arrogante de antes. — Azriel, general das tropas de Caspian. Esperei muito tempo para te conhecer, princesa. Ouvi muito sobre você.
Eu fiz uma careta para o título.
—Me chame de Sophia, por favor. E Caspian, aparentemente, gosta muito de fofocar se toda pessoa que eu conheço diz que já ouviu muito sobre mim.
Cas deu de ombros, não se importando em parecer estar envergonhado por falar sobre mim. Pegou uma maçã da cesta de frutas na mesa de centro, a limpando em sua camiseta e dando uma mordida ao se sentar ao lado de Rhys.
—Eu não o culpo, ele não exagerou ao falar da sua beleza. Deve ser de família.
Isabella rolou os olhos. —Vá ciscar em outro lugar, Az. Ela será sua futura rainha.
Ele esticou sua mão, a colocando em cima da cabeça dela, bagunçando seu cabelo. Ela, por sua vez, tentou lhe dar uma joelhada.
—Eles vão ficar nisso o dia todo, Sophia. — Cas avisou, parecendo entretido.— Az consegue despertar o pior em minha irmã.
Fui me sentar ao lado dele, observando os dois se bicarem. Rhys sorria levemente com isso, como se estivesse acostumado.
Senti minha mente vagar longe dali, pensando no que Nicholas quis dizer com “segundo plano”. Eu sabia que ele não queria ceder seu lugar, mas até que o onto ele chegaria para garantir que eu falhasse? O que ele arriscaria fazer para garantir que seu lugar no conselho continuasse sendo dele? “Ele quer sua coroa, não se esqueça. Fará de tudo para a conseguir, tome cuidado” Pyotr havia dito no dia que Bella e Rhys haviam chegado ao castelo. Eu havia achado que ele se referia a Noah, mas a agressividade de Nicholas sobre esse assunto… me perguntei qual era o propósito dele, afinal de contas.
Eu sem sombra de dúvidas descobriria isso mais cedo ou mais tarde.
Caspian, notando que eu estava encarando o nada por tempo demais, me cutucou com sua bota, me fazendo voltar para o presente.
—Você vai ficar com rugas, se ficar se preocupando assim. — ele disse baixo, se inclinando um pouco em minha direção. — E então seu rosto seria minimamente menos lindo.
Lhe dei uma olhada de canto de olho, segurando uma bufada para seu elogio exagerado. — Como você sabia que eu estava me preocupando?
Ele deu de ombros, se acomodando melhor no sofá, fazendo Rhys lhe dar uma olhada feia por ocupar tanto espaço.
—Eu te conheço bem. — levantou sua mão, tracejando com o indicador algo entre as minhas sobrancelhas. — Você franze a testa bem aqui quando algo a está incomodando. Bem charmoso, para falar a verdade.
Antes que eu pudesse responder a isso um grito de ódio ecoou de onde Azriel e Isabella estavam. Ela olhou para o seu irmão com puro ódio brilhando em seus olhos pratas.
—Tinha que pedir para ele vir? Você tem pelo menos cinco oficiais que poderiam muito bem ter vindo no lugar desse demônio!
Cas se levantou, dando passadas preguiçosas até sua irmã, se pondo no meio dos dois. Ele colocou um braço no ombro de cada, os trazendo mais para perto dele.
—Qual seria a diversão nisso? — gracejou, sorrindo amplamente. Isabella parecia pronta para lhe dar um tapa. — Iriamos perder uma linda reunião de família. Az esperou muito tempo para conhecer a prima dele.
— O que? Explique.— Isabella exigiu.
Pisquei, confusa.
—Prima?
Eu o olhei melhor então. Os olhos verdes levemente puxados nos cantos, verdes como esmeraldas, as bochechas altas e bem definidas, até mesmo o maxilar anguloso. Me lembravam alguém, de fato.
Eu mesma.
Assim como aquele sorriso, que tomava quase seu rosto todo mas que não deixava de ser um tanto desafiador. Eu já havia dado esse sorriso milhares de vezes, quando eu ainda tinha vontade de sorrir, antes de meu peito ser um buraco escuro.
Azriel me olhava com tanta emoção, seu rosto que antes sorria com arrogância, se suavizou.
Senti algo em meu peito de aquecendo. Eu tinha um primo. Eu não estava sozinha, afinal de contas. O sentimento de solidão que eu sempre sentia, solidão por não ter uma pessoa do meu sangue que não estivesse morta, ou que não fosse um monstro, começou a se esvair quanto mais eu o olhava. Era inegável que ele tinha os traços dos Dragomir.
—Como? — eu perguntei, finalmente. —Me disseram que todos haviam morrido no ataque ao castelo.
Ele andou até a poltrona que ocupava quando eu e Cas havíamos entrado. Tomou uma respiração profunda, como se estivesse esperando para contar essa história há muito tempo.
—Minha mãe era a irmã do seu pai. Ela engravidou do meu pai, se recusou a se casar com alguém para encobrir seu bastardo, a contar quem meu pai era para qualquer um, o que nosso querido avô não toleraria. Ela fugiu com ele então, e me teve. Meu pai morreu em uma batalha poucos anos depois, e quando seu pai assumiu o trono ele a procurou, trazendo ela e eu de volta para a corte. — respondeu, sua voz distante. — Ela sabia que os Giovannis eram uma ameaça constante para nossa família, e quando Noah se tornou um deles, quando você era um bebê… ela me pegou e me levou até Andolovina. Eu tinha 7 anos quando ela me deixou no acampamento Iliriano para aprender a ser um guerreiro, o único lugar que ela sabia que não ousariam atacar. Ela me disse para eu esperar pela sua ascensão, e então voltar até você. Ela sabia que não sobreviveriam a o que Noah planejava fazer. Nem ela, nem seus pais.
—Você nunca nos contou nada disso. — Isabella disse suavemente de seu lugar em sua cama.
Azriel sacudiu a cabeça, se livrando de sua expressão de dor ao lembrar de sua mãe.
—Eu prometi a minha mãe que não contaria. Caspian apenas descobriu quando vasculhou minha mente, antes de me apontar como general.
A mãe dele, que havia morrido também por minha causa, por Noah estar me procurando e não me encontrar. Assim como meus pais.
—Eu sinto muito. — Eu disse, baixo. Sacudi a cabeça. —Sinto muito pela sua mãe, por Lilian.
Caspian, parado atrás do sofá, apertou meu ombro. Me confortando. Azriel sorriu para mim.
—Não é sua culpa, é culpa de Noah. Você sempre trouxe a promessa de salvação, enquanto ele só trouxe destruição. É por isso que ela me deixou sozinho lá. Para eu um dia poder te reencontrar.
Assenti, já que me faltavam palavras. Virei minha cabeça, vendo Cas nos observando. Sua mão ainda estava em meu ombro, então eu a apertei, em agradecimento. Ganhei um sorriso torto e uma inclinada de cabeça. Novamente, daquele jeito estranho, quase pude ler em seus olhos o que ele estava pensando.
Me agradeça depois que ele começar a te irritar como irrita bella.
Rolei os olhos. Sempre tão engraçado.
Isabella estremeceu, sua expressão escurecendo. Ela me encarou, seu olhar vidrado me dando calafrios.
—Você vai precisar levar suas armas para onde lhe enviarão, Rainha dos Mortos. Uma tempestade lhe aguarda.
Então ela piscou, sua expressão mudando, voltando ao normal. Caspian ficou tenso ao meu lado.
—Que tempestade? — ele exigiu, dando um passo mais para perto dela. —Elabore, Isabella. Sophia ficará em perigo?
Rhys se levantou, colocando uma mão no ombro de seu amigo, sua expressão dura com o tom que ele estava usando com sua irmã.
—Sabe que o dom dela não funciona assim. E Sophia sempre está em perigo.
Isabella se sentou ao meu lado, fechando os olhos, suas mãos esfregando suas têmporas. Estiquei minha mão para ela, sentindo meu poder fluir através da minha palma até ela, fazendo sua dor de cabeça desaparecer. Ela me olhou grata.
—Ótimo saber que suas predições continuam sendo tão úteis como sempre, Bella. — Azriel ironizou, observando Rhys se ajoelhar a frente dela, parecendo preocupado. Caspian continuava parecendo tenso, pronto para exigir mais respostas. Ele então mudou seu olhar para mim. — Eu tenho alguém para visitar, que tal ir comigo?
Assenti, me levantando. Eu fui até a porta, dizendo adeus a todos antes de sair. Caspian se despediu de mim grunhindo um “te vejo mais tarde”, ainda olhando sua irmã.
—Onde estamos indo?— perguntei.
Ele me olhou de canto de olho.
—Bem, eu te pergunto isso. Quero ir às tumbas de nossos pais. Eu sei que fica aqui no castelo, mas não me lembro onde.
Eu virei num corredor, nos levando para a saída para floresta, onde eu sabia que o mausoléu ficava. Eu nunca havia entrado lá, minha culpa por ser a causadora de eles estarem ali sempre me impedindo.
Mas talvez, hoje, com outra pessoa que havia perdido seus pais também, eu conseguisse.
Seguimos em silêncio até o caminho na floresta, o chão marcado por pedras arredondadas que levavam aonde o mausoléu estava, ambos nos acostumando com a presença do outro. Seus passos eram firmes, sua postura confiante. Ele era, afinal de contas, o general do exército de Caspian. Que sim, era menor que o do pai dele, mas ainda era considerável. Isabella havia dito que Caspian só não era melhor guerreiro que Azriel, e eu não duvidava que fosse verdade. Azriel deveria ser o dobro do tamanho de Caspian, seus músculos o identificando como um guerreiro.
Chegamos em frente ao mausoléu, construído para parecer o castelo. Havia flores em todo canto, sem dúvida do povo de munin que vinham prestar seus tributos a seu rei e rainha que haviam sido mortos pelo próprio filho. Senti minha garganta apertar.
—Eu… — comecei a falar, minha voz falhando. Pigarreei. — Eu nunca vim aqui antes. Sempre adiei, por medo de que se eu viesse, eles de alguma forma perceberiam que eu não estou fazendo um trabalho muito bom em ocupar o lugar deles.
Ele hesitantemente pegou minha mão, a apertando. Havia uma certa familiaridade no gesto de conforto.
—Eles não teriam motivos para pensar isso. Eu não te conheço, não além do que o Caspian me contou quando eu pedia para saber mais sobre você. E se tem uma coisa que ele me deixou clara, é que você é uma boa pessoa, disposta a fazer quase tudo para salvar este reino. Minha mãe ficaria orgulhosa de você.
— Eu espero que possa me conhecer melhor, que eu possa te conhecer melhor também. — sacudi minha cabeça. — Vamos lá.
Sua mão continuou na minha, o que me fez pensar que ele precisava de conforto tanto quanto eu. O mausoléu era enorme, todos os túmulos com estátuas das pessoas neles enterradas. Senti meu pulso começar a acelerar com meu nervosismo, o que era ridículo, já que não era como se eles fossem me dar uma bronca por ter feito algo errado.
As estátuas dos meus pais foram entalhadas de mãos dadas, as coroas em suas cabeças brilhando douradas. Senti minha garganta de apertar. Az, ao meu lado, inclinou a cabeça para outra estátua de uma mulher que parecia muito com meu paí.
Ele murmurou algo, tocando a pedra com o nome dela entalhado. Então pegou uma adaga em sua perna e cortou sua pele, deixando algumas gotas de sangues caírem em cima do túmulo.
Ele me pegou observando, já que logo se pôs a explicar.
— É costume prestarmos homenagem aos mortos assim. Acho que significa que mesmo em vida, nosso sangue ainda se lembra deles.
Estendi minha mão, pegando a adaga agora limpa. Ele me entregou com mais floreio do que era necessário. Com a ponta da lâmina fiz um corte pequeno, deixando o sangue escorrer até a pedra. Senti um arrepio percorrer meu corpo no momento que a primeira gota foi absorvida. Por um segundo me perguntei se era sábio para alguém como eu, uma necromante, estar em um lugar cheio de gente morta.
Azriel me olhava curioso.
—Caspian me disse que é uma necromante. Consegue ressuscitar pessoas?
Encolhi os ombros, encostando meu quadril na pedra gelada. — Eu não sei, nem planejo descobrir. Uma vez ele matou uma águia e eu a trouxe de volta, então imagino que o processo seja o mesmo.
—Não me admira Caspian estar tão fascinado por você. — levantei uma sobrancelha para ele, que logo se pôs a explicar. — Quando ele soube que iria te ajudar com o seu poder não ficou muito contente, não esperava que ele estaria tão feliz aqui.
Desviei o olhar.
—Cas e eu somos bons amigos, mesmo com nossas circunstâncias. — respondi, então logo mudei de assunto. —Como o conheceu? Ele já havia saído de Seelie não é?
Ele pescou uma tira de couro do seu bolso, prendendo seu cabelo com ela. Deu um meio sorriso que me lembrou novamente de mim mesma.
—Eu sabia que se havia alguém que seria capaz de conseguir me reunir com você, seria ele. Fiz sempre questão de ser o melhor, já que eu não tinha nada pra fazer mesmo, e não tenho nenhum dom especial. Ele sempre ia em Iliria, já que fica na jurisdição dele, então apenas fiz de tudo para ele notar que eu seria uma boa adição ao arsenal dele. O pai dele, eu sabia, me usaria para conseguir algo para seu império de terror, mas Caspian me colocaria em bom uso. Caspian vasculhou minha mente por um segundo antes de dizer que manteria quem eu era em segredo, se eu prometesse convencer a princesa a manter uma amizade entre a corte dele e Munin, coisa que nunca havia acontecido antes. — ele sorriu mais largamente agora. — Mas ele já conseguiu isso por conta própria.
Senti o canto da minha boca se curvar. Caspian havia conseguido, mesmo que tenha sido através do noivado. Uma aliança entre os dois países, que sempre foram rivais. Não duvidei das intenções dele em pedir isso pra Az. Eu conhecia Cas suficientemente para saber que ele queria se provar, para seu pai e para sua corte. Provar que era o vampiro mais poderoso de seu reino.
—Você disse que quer me proteger. — eu disse, levantando minha cabeça para olha-lo melhor. — Mas fez um juramento de lealdade a Caspian, não é?
Ele deu de ombros. —Eu iria pedir para ele me liberar dele, mas agora que os dois irão se casar não tem motivo. Apenas pedirei para ser o seu Guardião, e farei o juramento de sangue a você também.
Engoli em seco, me sentindo um tanto quanto emotiva. Eu havia achado que eu estava sozinha desde o começo, sem ninguém para me apoiar… E agora eu tinha Azriel, que meu coração me dizia ter exatamente essas intenções. Meu sangue vibrava em minhas veias, reconhecendo ele como um membro da minha família.
Mas o melhor de tudo era que se algo acontecesse comigo, a linhagem não acabaria em mim, mesmo com ele sendo um bastardo sem o nome dos Dragomir. E Nicholas, eu sabia, ficaria furioso sobre isso.
—Caspian ficará contente em não perder seu general. — respondi. — E acho que devemos voltar, ele deve estar torturando Isabella para saber o que é que a premonição dela significava.
Ele assentiu, me seguindo para o castelo, me contando sobre sua vida até o momento, me perguntando sobre como foi crescer achando que eu era uma humana. Rolei os olhos para a curiosidade dele e lhe disse que minha versão humana era quase igual a minha de agora, mas mais suave, sem preocupações. A conversa fluía tão naturalmente que pareceu que havíamos nos conhecido a vida toda.
Eu, de fato, fiquei tão absorvida nas aventuras que ele havia vivido sendo o General mais confiado de Cas que não notei Carolinne sentada num dos bancos do jardim, um livro com uma capa de couro em suas mãos. Apenas percebi que ela estava ali pois ela colocou seu pé na minha frente quando fui passar por ela, me fazendo tropeçar. Ela arqueou uma sobrancelha bem feita para mim, olhando para Az logo depois.
—Olá para você também, minha melhor amiga que esqueceu da minha existência. — ela disse dramaticamente, se levantando. —Onde vai com tanta pressa sem me apresentar seu amigo?
Suprimi um suspiro. É claro que Azriel não passaria despercebido pelo radar de Linne. Ela sorriu charmosamente para ele, que não perdeu tempo em sorrir de volta.
Aparentemente minha habilidade de flertar era de família.
—Azriel, essa é Carolinne, minha melhor amiga e bruxa temida por Caspian. — ela sorriu largamente com isso, provavelmente se lembrando de todas as ameaças de transformá-lo em algum animal que havia feito a ele. —Linne, Azriel é o General de Cas, e meu primo.
Ela quebrou seu olhar de flerte para me encarar com espanto.
—Primo? Mas você não era a última Dragomir? — lhe dei um resumo da história. — Bem, a cara de vocês é mesmo igual, menos no fato de que ele é dourado onde você é feita de cobre. Agora sabemos que se pintar seu cabelo não ficará sem graça.
Rolei os olhos, mas a puxei para perto de mim, entrelaçando nossos braços. Ela jogou seu cabelo claro sobre seu ombro, parecendo contente consigo mesma. Ela parecia um pouco cansada, não a bolha de energia que geralmente era. Me senti culpada, sabendo que eu realmente não estava tendo muito tempo para ela, sempre a deixando nas mãos de Klaus. Olhei ao redor, procurando o vampiro em questão.
—Você estava fazendo o que aqui fora sozinha? Cansou de ter o Klaus admirando sua beleza o dia inteiro?
—Estou estudando, minha mãe não para de me azucrinar sobre eu estar aqui e não em casa, então tenho que mostrar para ela que eu não preciso voltar. E Klaus… bem, tivemos uma pequena discussão.
Azriel pigarreou ao meu lado.
—Acho melhor eu ir, preciso verificar as tropas de Caspian e conversar com o Guardião Robert sobre a distribuição delas. — Bateu continência para mim, logo depois virando seu sorriso charmoso para Linne. — Foi um prazer, Carolinne. Depois conversaremos mais Sophia.
Acenei para ele, me virando para minha melhor amiga que estava obviamente checando o uniforme de luta dele. Sacudi a cabeça.
—Para de olhar a bunda do meu primo, por favor.
Ela deu de ombros, me dando seu sorriso característico. — Ele é fofo.
—Sabe quem mais é fofo?
—Caspian?
Fiz uma carranca para ela, a puxando para o banco que ela estava usando antes.
—Klaus. — respondi. — O que houve? Achei que vocês estavam bem.
Ela cruzou is braços, se afundando no banco.
—Minha mãe, novamente. Ela descobriu que eu estou namorando um vampiro e ameaçou me mandar de volta. Klaus ouviu isso e disse que deveríamos terminar, se isso fosse me fazer poder ficar aqui. Eu discuti com ele, perguntei se ele estava usando isso como desculpa para terminar comigo de uma vez.
Senti minhas sobrancelhas se erguerem.
— Linne, ele não faria algo assim. — fingi estar interessada em analisar as pontas de uma.mecha do meu cabelo. — Aliás é você quem sempre arrumou uma desculpa para terminar com os outros.
Ela enfiou seu rosto em suas mãos, soltando um grunhido exasperado. —Eu sei! Eu não sei o que deu em mim para agir desse jeito.
A olhei incrédula.
—Você obviamente gosta mesmo dele. Parece que tem uma primeira vez para tudo, mesmo. — sacudi a cabeça para sua expressão de choque. — E sua mãe não pode te obrigar a sair daqui, te farei ser a minha feiticeira particular. Até te inventarei um título, se quiser.
Um sorriso começou a se formar em seus lábios. Ela acariciou distraidamente o seu livro, como se ele fosse um animal. Para minha surpresa, ele ronronou de volta para ela. Era fácil esquecer que minha melhor amiga era dotada de uma magia que eu não entendia.
—isso seria legal. — disse, logo depois mordeu seu lábio, sua voz ficando mais baixa. Seu olhar ficou cauteloso. — Soph, sobre esse negócio de sodalis… você sabe se só funciona entre dois vampiros?
—Eu não sei, a única pessoa que eu conheço que tem uma sodalis é o James, e não é como se eu tivesse tido a chance de conversar com ele. Eu posso perguntar para o Cas, se quiser. Mas porque a pergunta?
Ela riu obviamente sem graça.
— Apenas estava pensando em como deve ser bom, saber que há alguém que sempre estará a seu lado, te amando. Que te completa em tudo.— ela deve ter percebido pela minha expressão que eu havia pensando em James quando ela disse isso, já que logo emendou, — Como você está se sentindo, falando nele? Parece melhor. Já superou?
Desviei os olhos.
—Eu… não, não completamente. Quer dizer, eu estou melhor, mas faz pouco tempo. Não sei se eu algum dia vá superar de fato. Ele… foi uma parte importante da minha vida, foi ele quem me disse quem eu era de verdade. Não acho que eu vou superar isso facilmente. Eu o amava.
—Foi o seu primeiro amor, Sophia. Não significa que vai ser o último. — ela disse delicadamente. Se levantou novamente. —É melhor eu voltar para dentro, tenho algumas coisas para testar. Te vejo mais tarde?
Concordei e continuei sentada ali, observando o céu começar a se tornar laranja, pronto para escurecer. Tirei meu cabelo do meu rosto, meu dedo se prendendo em um.nó nele. Minha mente vagou para James, obviamente. E para o que Linne havia dito.
Sacudi a cabeça, a limpando dos pensamentos traiçoeiros que ameaçavam atravessar minha mente. Não me faria bem.pensar sobre isso. Eu estava vivendo um dia de cada vez, assim como Bella havia me aconselhado, e isso parecia estar funcionando. Me levantei, desamassando o vestido azul claro que eu estava usando, um dos casuais, que parava talvez um palmo acima do joelho. Eu me recusava a usar um dos longos quando eu não tinha nada formal para fazer, já que era um desperdício, ainda mais já que eu evitava os outros nobres do castelo a todo custo.
Comecei meu caminho até os calabouços, onde Saurion estava. Meu dragão comatoso sempre me ajudava a pensar melhor, coisa que eu precisava fazer depois de ouvir a conversa de Nicholas e conhecer minha única família viva. Quando estava prestes a virar em seu corredor, já no subsolo, fui tomada por uma sensação estranha, de que algo estava estranho. O cabelo em minha nuca se eriçou.
Me pus em alerta automaticamente, minha mão indo até a minha coxa, onde havia um coldre com a minha adaga, que eu nunca mais deixava para trás. Silenciosamente, entrei no calabouço, onde me deparei com uma mulher ruiva, vestida com um longo vestido verde que me parecia familiar. Ela se virou para mim, parando de olhar o dragão. A coroa em sua cabeça cintilou com a luz vinda do corredor
Dei um passo para trás. Eu olhei para a mulher, idêntica a mim. Ela sorriu, seus olhos castanhos me.olharam, cheios de carinho.
—Você cresceu tanto, minha Sophia. — ela disse, sua voz não mais que um murmúrio. —Eu estava esperando o momento que você fosse nos visitar para.poder falar com.você. Fico feliz que Azriel a tenha levado lá. Seu sangue nos comprou esse tempo, mas ele é curto.
Senti meus joelhos cederem, batendo com força no chão. Mal captei a dor do que eram provavelmente arranhões causados pelo chão de pedra e terra. Meus olhos estavam completamente focados na mulher a minha frente.
—Mãe. — eu sussurrei. Isso não podia ser real. — Você está morta. Isso não é possível.
Ela deu um passo a frente, me deixando enxergá-la melhor. Sua imagem, que antes envolta nas sombras me parecia completamente sólida, tinha um brilho que não era deste mundo, quase cintilava. Parecia um pouco com uma tv com má recepção.
—Você é uma necromante, Sophia. Seu sangue invocou meu espírito. Não temos muito tempo, precisa me escutar.
—Isso é uma alucinação. — eu disse para mim mesma. Eu já havia alucinado várias vezes após o acidente, talvez isso explicaria a visão a minha frente. —Fantasmas não existem.
Ela suspirou um pouco sem paciência, parecendo muito comigo mesma.
—E vampiros também não, nem fadas, nem lobisomens. Eu sou tão real neste momento quanto o ar que você respira, mas não por muito tempo. — sua voz beirou a impaciência. — Tenho algo a lhe dizer.
—É sobre como vencer essa guerra e derrotar o demônio do meu irmão, que por acaso eu nunca soube que existia até ele quase me matar? — eu havia pensado que se eu estava alucinando, podia falar como quisesse com ela.
—Sim, de fato. Noah te quer, não se esqueça, e ele usara todos os recursos para te conseguir. Não acredite em nada que ele falar, sua alma foi corroída, não há mais um pingo de bondade nele, então não acredite quando ele disse que ele te ama pois é a irmãzinha dele. — a imagem dela piscou por um.segunfo antes de se normalizar novamente. Seus olhos castanhos se fixaram em meu pescoço.— Este colar, quem te deu?
Eu o toquei no meu pescoço, sentindo a vibração familiar. —Caspian me disse que seu pai o enviou para me dar.
—Rei Ragnor nunca lhe daria isso, não com a sede de poder que ele tem. Esse colar te permite usar o poder de quem usa o colar irmão dele, as fadas os fizeram há muitos séculos atrás. Faz o poder dos dois se tornar inigualável. Se Noah colocar a mão no colar de Caspian…
Apertei a pedra em meu punho. —Ele me terá como escrava.
Ela assentiu.
—Muitas vidas estão sendo perdidas Sophia. E até o momento da sua visão mais ainda se perderão. Você tem que dete-lo o mais rapido possível. Só você pode fazer isso.
Sacudi a cabeça, me levantando. Agora, de pé, pude notar que tinhamos alturas diferentes, já que ela era mais baixa que eu. Seus olhos castanhos me olhavam com uma força qque só alguém ciente de seu lugar no mundo poderia ter.
—Por que eu? Apenas pelo meu poder?
—Pelo que você pode fazer, sim. Os Giovannis tem uma história, mais antiga que o mais velho deles. Nela dizia que uma pessoa iria surgir, filha do dragão, nascida nas sombras, escondida, capaz de tanto trazer os mortos de volta a vida quanto matar pessoas apenas com seu toque. Essa pessoa, a história contava, iria por um fim neles ou os liderar para dominação sobre a nossa espécie. Noah foi atraído para se tornar um deles pois achou que ele era essa pessoa. Mas Noah nunca salvou nada, apenas conseguia matar, mas não como você. O poder dele sempre foi cruel, o da destruição através de dor e sofrimento. Mas o lider deles não sabia disso, apenas ouviu rumores que .necromante havia nascido. Ele não sabia que tinhamos tido outro filho. Noah agora precisa de você pois que lhe usar como meio de se tornar o conquistador dessa história. Não podemos deixar isso acontecer.
Cerrei meus dentes, sentindo minha cabeça começar a latejar. —O que sugere que eu faça?
Ela sorriu para mim e me contou o que eu devia fazer.
((Caspian))
Andei inquieto pelo castelo, saindo do quarto de Isabella depois de voltar da minha vistoria ao batalhão que Az havia selecionado. Ele, como sempre não me decepcionou. Mas a tensão em meus músculos não havia melhorado, não quando eu tive que fingir ser o Príncipe cruel que era minha segunda máscara para os lembrar que eles estavam ali a meu comando, e que era melhor ficarem comportados.
Rolei meus ombros debaixo da camisa preta finamente feita para mim. Eu precisava dormir, urgentemente. Mas eu também precisava descobrir o que Nicholas queria dizer com “segundo plano”, mesmo que isso significasse entrar na mente asquerosa dele. A premonição de Isabella não havia ajudado em nada, também. O que eu sabia que não era culpa dela, mas saber isso não me impediu de pedir por uma mensagem mais clara.
Suspirei pesadamente. Eu não iria conseguir dormir hoje novamente, eu sabia. A única coisa boa que havia acontecido hoje foi ter feito Az e Sophia se encontrarem. Ela pareceu tão feliz, verdadeiramente, pela primeira vez em um.mês que eu sabia que era a coisa certa. E Az , que havia esperado por esse fomento dua vida inteira havia ficado tão agradecido que provavelmente me deverá favores para sempre. Não que ele precise me dever algo, mas é apenas o.jeito que ele é.
Desde o momento em que ele havia se destacado no acampamento, até o momento em que ele abriu sua mente para mim para me mostrar seu propósito em aguentar a vida dura em Iliria, eu sabia que ele era .homem digno de se ter em minha corte, e ele se tornou um bom amigo também. Rhys era sempre racional, mas Az sempre foi a pessoa a aliviar nossa tensão com suas piadas e conselhos.
E Sophia precisava disso. Ela havia me dito uma vez que se perguntava qual era a diferença real entre ela e seu irmão, como ela podia ser tão diferente de um monstro, quando compartilhavam o mesmo sangue. Ela precisava ver, por si mesma, o quão bom Az era. Talvez, então, seu caminho para se recuperar ficasse mais fácil. Quando eu havia saído de Seelie a única coisa que realmente me ajudava era o apoio de Bella e Chiara.
E sim, Sophia tinha a todos nós, mas eu via as sombras da incerteza sobre sua capacidade rondarem seus olhos. Eu via a tristeza que tomava seu rosto toda vez que ela achava que não estava olhando.
Como se apenas a menção do nome dela em.minha mente a conjurasse, ela surgiu em.minha frente. Minhas mãos pararam o processo de desabotoar as mangas de minha camisa quando eu a vi.
Ela estava se apoiando na parede, seu rosto mais pálido que a morte. Seus olhos verdes dispararam até mim, assustada. Seu cabelo bagunçado caia ao redor de seu rosto. Eu senti o cheiro doce de seu sangue antes de notar seus Joelhos ralados sangrando. Sem nem notar que eu havia me movido, a segurei pelo braço, lhe dando apoio.
—O que houve? Você está bem?
Ela engoliu em seco, seus braços se cruzando enquanto ela estremecia.
—Sim, estou. Eu estou me sentindo fraca, apenas. Não precisa se preocupar. —Ela tentou dar um passo para longe de mim, mas seu rosto se contorceu. — Não é nada.
Os cortes no joelho dela me diziam outra coisa, mas decidi não a importunar sobre isso. Ainda.
A olhei novamente, procurando por outros machucados. Ela fechou os olhos, encostando sua cabeça na parede. Respirou profundamente e tentou dar um passo novamente.
—Me deixe te ajudar pelo menos, você não vai conseguir subir os andares até seu quarto. — eu lhe dei um sorriso. —É para isso que príncipes servem, sabia? Salvar donzelas em perigo.
Mesmo no seu estado, ela me deu uma olhada sarcástica.
—É mesmo? Achei que fosse para ficarem se gabando e me importunando o dia todo. — vendo meu sorriso apenas crescer, ela apontou um dedo em minha direção. — Não me derrube.
Antes que pudesse mudar de ideia, passei um braço atrás dos joelhos dela e o outro ao redor de sua cintura, a levantando no meu colo. Ela soltou um barulho de espanto, seus braços se enrolando no meu pescoço.
Foquei meus olhos no corredor a nossa frente enquanto eu começava a seguir o caminho até seu quarto. A pele de sua perna sob a minha mão estava gelada.
—Eu devo querer saber o motivo de você estar parecendo que viu um fantasma?
Ela sacudiu a cabeça encostada em meu ombro, seus olhos no corredor também. Eu sabia que ela me diria se fosse algo importante, então deixei de lado as perguntas em minha mente.
—Eu não te agradeci ainda, por manter Azriel a seu lado até ele poder me encontrar de novo. Obrigada.
Olhei seu rosto novamente. Tão mais aberto para mim, os olhos verdes brilhando com emoções que eu temia não ver nunca mais a menos de um mês.
—Az é um bom homem e um ótimo Capitão. Eu que deveria agradecer por me emprestar ele, mesmo sem saber.
A coloquei no chão novamente quando paramos na porta de seu quarto. Havia uma carta colada na porta, o selo do conselho, um olho vermelho, nos encarava.
Ela a pegou, abrindo a porta e entrando. Eu não esperei um convite, como sempre. Ultimamente eu estava vindo tanto aqui para lhe fazer companhia, lhe trazer livros novos e conversar que eu não sentia mais a necessidade de tais formalidades.
Ela se sentou na cama, sua face se contorcendo novamente com o movimento do seu joelho. O cheiro do seu sangue chegou em minhas narinas novamente, a doçura dele inebriando meus pensamentos por um momento. Fui até seu banheiro, ignorando as roupas jogadas no chão, e procurei o que eu precisava. O kit de primeiro socorros era parecido em qualquer lugar.
Ela segurava sua cabeça em uma mão, parecendo tão cansada que me fez pausar. Percebendo que eu havia voltado, ela levantou o papel para mim, me convidando a lê-lo.
—Ele vai me mandar amanhã, ao entardecer. Onde fica esse lugar, aliás? Não me lembro de ter visto nos mapas.
Terminei de ler, e o coloquei no criado mudo.
—É um dos locais mais secretos do seu reino, é protegido por tantos feitiços que o único jeito de ir até lá é com um portal. — respondi, abrindo a caixa branca em minha frente. Embebi uma gaze em antisséptico, e me ajoelhei a sua frente, no nivel de seus joelhos. — Eu quero ir com você.
Ela se encolheu quando eu começo a limpar seus machucados.
—Não. — quando eu a olhei surpreso, ela adicionou rapidamente. — Não posso deixar Nicholas sozinho no conselho, ele pode tomar alguma decisão importante sem mim aqui. Preciso de você lá. E não acho que Lord Crisan me ouviria muito se eu aparecesse com meu noivo lá como se precisasse de apoio para fazer algo.
Eu ignorei as palavras preciso de você ecoando em minha mente.
—Eu poderia encanta-lo com meu charme, sabe. Sempre funciona. — sua expressão não mudou. — Certo. Vamos nos reunir amanhã, para te preparar. Isabella é boa em convencer as pessoas, com certeza lhe ajudará melhor que eu. Geralmente se estou sem paciência eu apenas invado a mente da pessoa em questão e a faço ter uma vontade urgente de atender meus pedidos.
Seu olhar brilhou com humor para mim. —Tão ético, não esperaria mais nada de você.
Fingi tocar meu chapéu invisível para ela. Era bom ver seu olhar assim, mesmo que ainda não tivesse sorrido para mim uma única vez desde que James a magoou.
Apenas o fato de ela estar melhorando me mostrava o quão forte ela era.
Agora sem o sangue espalhado, pude ver que era apenas poucos arranhões em seu joelho. Coloquei o curativo no seu joelho direito, uma.mão minha segurando sua perna no.lugar enquanto a outro trabalhava. Olhei para cima por um.momento, encontrando seus olhos verdes me encarando. Percebendo que foi pega, ela os desviou rapidamente, um rubor tomando conta de suas bochechas. Olhando para o outro lado do quarto ela sacudiu a cabeça, a mesma expressão de quando estávamos nos escondendo de Nicholas passando por seu rosto.
Senti meu cenho franzir, querendo saber o que ela estava pensando.
—Você parece cansada. — eu disse finalmente, quebrando o silêncio que havia se instalado.
—Eu estou cansada. — ela respondeu simplesmente. — E algo me diz que ficarei mais ainda.
—Sabe que pode pedir ajuda para mim, não é? — ela assentiu me olhando, sua expressão se suavizando.
—Eu sei, Cas.
Sorri para ela, grato por ela confiar em mim para sempre estar disponível para ajuda-la. Comecei a limpar seu joelho esquerdo.
—Onde você foi para isso acontecer, aliás?
Ela se encolheu com o ardor do antisséptico nos cortes.
—Lugar nenhum.
Lhe dei uma olhada. —Ninguém vai a lugar nenhum e volta com os joelhos ensanguentados, Sophie querida.
—Eu fui ver meu dragão, e seus olhos me assustaram. Ele está ficando cada vez mais inquieto.
Eu sabia que ela estava mentindo sem usar meu poder para sentir as vibrações de seus sentimentos. Eu sabia apenas pelo jeito que ela desviou o olhar e enfiou uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. E eu também sabia que o que quer que fosse que tivesse realmente acontecido, ela iria me contar se achasse necessário. Eu confiava nela para escolher o que queria me dizer ou não. A realização disso me pegou um tanto desprevenido. Eu sabia que confiava nela, mas não a esse ponto. Eu nunca gostei de segredos, e nunca precisei esperar que alguém me contasse, quando havia algo que eu queria saber eu apenas entrava na mente da pessoa e o tomava para mim sem ela ao menos perceber.
Mas com Sophia era diferente. Não queria roubar seus pensamentos, os tomando para mim como um ladrão apenas por conveniência. Queria que ela os apresentasse para mim, me confiando sua mente por vontade própria, com cada frase colocada de um jeito especialmente pensado para mim, assim como ela sempre fazia.
Coloquei o último curativo e beijei a pele branca em cima da atadura sem pensar. A ouvi puxar uma respiração rapidamente. Levantei meus olhos para ela, encontrando os seus verdes focados em mim. Quando ela me olhava assim, me analisando, eu sempre me pegava prestes a perguntar como ela me via. O que ela pensava de mim.
Mas eu era um covarde e sempre mantinha minha boca fechada, com medo da resposta não ser o que eu queria ouvir.
Seus olhos saíram do meu rosto, suas bochechas ficando ruborizadas. Humor brilhou em seus olhos quando ela me olhou novamente, ajoelhado a sua frente, me fazendo lembrar da única outra vez que eu havia ficado assim para pedi-la em casamentos na frente de estranhos. Sorri para ela, me levantando.
—Amanhã estará nova em folha. — enfiei minhas mãos nos bolsos da calça preta que eu estava usando. Fiz uma reverência. —Agora, se me der licença...
Girei em meus calcanhares para seguir até a porta, mas fui impedido pela sua mão segurando meu pulso. Não apenas por isso, mas pela descarga de poder que o contato causou em minha pele.
—Você está indo dormir? —ela perguntou, seu aperto não diminuindo.
Sacudi a cabeça.
—É claro que não. Eu não durmo. Minha mente tem a estranha capacidade de ser sombria e perturbadora.
—Tem medo dos pesadelos?
—Sim. — respondi prontamente. Com ela eu não sentia a necessidade de esconder minhas fraquezas, e eu já havia de certa forma abordado esse tema com ela antes.
Sua mão deixou meu pulso, fazendo meu corpo protestar a falta do calor em minha pele.
—Eu sei como é isso. — respondeu, puxando seus joelhos para junto do seu peito, seu olhar indo até as janelas abertas, olhando as estrelas. Me olhou brevemente, vendo meu olhar questionador. Seus braços se enrolaram em volta de suas pernas antes de falar novamente, seu olhar agora focado em seu lençol. —A noite, eu sou mantida acordada pela eterna tagarelice da minha mente. Eu a ouço falando suavemente de mágoas passadas e de amores antigos, enquanto suas exigências e ansiedades ressonam através de mim em multidões. Eu posso ser calma e composta o dia todo, mas no momento que escurece, minha mente se rebela. Às vezes não é nem mesmo preciso que eu durma para ela me mostrar meus pesadelos.
—Eu sei como é isso. — eu disse, verdadeiramente. — Isabella diz que eu deveria apenas tomar algo para dormir de uma vez quando a acordo antes de amanhecer para me manter companhia.
Ela passou os dedos pelos cachos de seus cabelos, fazendo o perfume deles levantar no ar.
—Não é como se fosse fácil assim. Sua mente ainda vai estar lá quando você acordar. — seu olhar se arrastou até mim novamente. —Gostaria de me manter companhia? Eu não vou conseguir dormir tão cedo também.
Assenti com a cabeça. Ela se levantou, andando até a porta de seu closet, pegando o que eu sabia ser um pijama. Ela apontou para a cama.
—Pode se deitar, se quiser. Não é como se você nunca tivesse feito isso, de qualquer jeito.
Sorri novamente. —Esse é seu plano para me ter em sua cama, Sophia querida? Muito esperto da sua parte, mas apenas pedir diretamente adiantaria.
Ela bufou, se virando rapidamente para tentar esconder seu rubor.
—Apenas se acomode, Allighieri.
Ri comigo mesmo, me deleitando em sua reação. Apenas conseguir isso já era uma vitória, mesmo com o meu desejo ser ganhar um sorriso dela. Eu me contentaria com isso, por enquanto.
Tirei meus sapatos, desabotoando alguns botões da camisa formal bordada que eu estava usando. Apesar de ser elegante, não era nada confortável. Suspirei e a retirei de uma vez, ficando com a regata branca que eu usava por baixo. Me estiquei na cama, me sentindo muito melhor.
Depois de alguns minutos ela saiu do banheiro, seu pijama com estampa de pinguina a postos. Ela havia lavado o rosto, já que suas sardas estavam mais evidentes sem a maquiagem que Lizbete enfiava nela para disfarçar seu cansaço. Sua mão estava ocupada penteando seu logo cabelo, o ruivo dele brilhando mais a cada escovada. A observei ir até sua penteadeira, sua mão livre retirando os brincos de suas orelhas e os pondo no lugar.
O pensamento de que isso provavelmente seria normal para nós dois me atingiu de repente. Peguei um livro no seu criado mudo, obscurecendo meu rosto antes que ela pudesse perceber que eu estava a encarando. Ouvi seus passos vindo na direção da cama e senti o colchão se afundar levemente sob o seu peso. A mão dela surgiu em minha visão, girando o livro que, eu percebi, estava de ponta cabeça.
Olhei para o lado, me deparando com ela me encarando dessa vez, sua cabeça apoiada em sua mão. Sua expressão mostrava que eu a estava entretendo. Depois de um segundo seu cenho se franziu.
—Eu quase me esqueci. — ela murmurou. — Como alguém sabe que encontrou seu sodalis? É apenas entre vampiros?
Senti meu coração perder uma batida.
—Eu… eu não sei. — disse rapidamente. — Mas se fosse dar um palpite… acho que o sentimento seria o de se sentir completo. De se sentir compreendido em todos os níveis, até mesmo nos que nem mesmo você se entende. De compartilhar uma alma talvez, se sentir compelido por aquela pessoa como uma imã. Não sei se um vampiro e outro tipo de ser sobrenatural é capaz de formar esse vínculo. O que te fez perguntar?
Ela estudou minha expressão por um momento, tentando desvendá-la provavelmente. Me esforcei para mantê-la neutra.
—Linne me perguntou. — respondeu, me fazendo quase estremecer de alívio. Sua expressão mudou então, seus dentes mordendo seu lábio inferior. —O jeito que você descreveu...parece que você experienciou isso. Cas, eu não estou te tirando de ninguém, não é? Você não tem uma sodalis, certo?
—Não, — eu disse quietamente, absorvendo seu olhar focado em mim. — você não está me tirando de ninguém.
Ela fechou os olhos por um instante.
—Bom. — murmurou. Apontou para o livro ainda em minhas mãos. —Leia para mim como daquela vez. Seu romeno é melhor que o meu.
Eu não estava prestes a dizer não para ela, e nem lembra-la que meu romeno era existente, ou contrário do de certas princesas. Ela colocou sua cabeça perto do meu ombro, sem me tocar. Comecei a recitar as palavras em voz alta enquanto ela continuava assim, às vezes fazendo perguntas sobre o texto, outras vezes apenas comentando algo dele.
Senti minhas pálpebras começaram a ficar pesadas, e entre uma longa piscada e outra eu notei que ela já estava dormindo.
Sorri, sonolento. Ela havia me perguntando se estava me tirando de alguém, quando na verdade era bem o contrário.
Nenhum pesadelo sobre as torturas em Seelie me assolou aquela noite, pinguins dançantes tomando os lugares das fadas que me atormentaram por 10 anos.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.