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História The Ascent. - Capítulo 6


Escrita por: zensponytail

Capítulo 7 - Capítulo 6


Consegui me manter longe de um ataque de pânico. Ele estava logo no telefone, avisando seus superiores sobre o que estava acontecendo. Depois de ter tomado um banho quente, o encontrei no mesmo lugar, ainda no telefone. Peguei meu pinguim preferido e me enfiei debaixo das cobertas, encolhida. Eu olhava enquanto ele falava ferozmente no telefone.

-Não, não irei precisar de ajuda. - era a primeira vez que eu o via conversando sem ser em uma língua estranha no telefone. - Ela ficará bem. Sim, apenas até o tempo de ela se acostumar com os sentidos. Eu sei Robert. Eu. Sei.

Ele desligou o telefone, e sentou-se ao meu lado. - Está pronta?

Eu sabia que ele estava se referindo a minha transformação, e acenei com a cabeça. Ele então continuou: - Você irá sofrer, mas eu tenho alguns elixires que farão sua dor ser diminuída para menos da metade de sua potência original.

Apertei mais o ursinho em meu peito, com medo. Decidi que a melhor coisa a fazer era conversar, para me distrair da dor iminente.

-Quando você Ascendeu, doeu muito?- ele pareceu  pego de surpresa. Olhou-me, cenho franzido.

-Não me recordo do meu Último Dia. Eu estava morrendo, fui transformado para salvar minha vida.

Mordendo uma unha, o olhei espantada. Sempre achei que ele tivesse virado um vampiro por livre e espontânea vontade. Aproveitei sua cooperação, e decidi espremer toda a informação sobre ele que e podia conseguir.

-Como assim morrendo? Se você estava morrendo, não sabia o que era quando despertou? Quem te transformou? Se não nasceu vampiro, como decidiu se tornar um Guardião da Noite?

Ele me olhou, um leve sorriso ameaçando escapar por seus lábios. Ele esperou alguns segundos antes de responder.

- Sim, morrendo. Eu não fazia idéia de que seres sobrenaturais existiam, naquela época não éramos dotados com tanta literatura ruim sobre esse tópico como hoje em dia. E eu me tornei um guardião, pois eu já fazia algo parecido antes. Eu era um tipo guarda costas, coisa incomum na época. Era o melhor, e ainda sou.

Não o enchi de mais perguntas imediatamente. Queria saber como ele morreu e como era sua vida humana. James era seu nome verdadeiro?

Olhei pela janela. Eu já o conhecia bem o suficiente para saber que ele não iria me responder nada disso. Esperei alguns segundos, observando a neve batendo nas arvores em frente à janela. Pesquei a pergunta pessoal que eu mais queria saber.

-O sangue, - minha voz soava baixa, mas mesmo assim ela estava firme. Ponto para mim. - como vai ser? Como o Laço de Sangue é?

Ele pareceu ser pego fora de guarda. Tenho certeza que esperava mais perguntas pessoais, aposto que já estava preparando suas respostas vagas. Ele pareceu perdido por um momento, sua expressão dura ficou suave apenas por um segundo.

-Você beberá do meu sangue a meia noite do dia da transformação. E eu beberei do seu. Depois... Eu não sei ao certo o que irá acontecer. Compartilharemos o Poder. É tudo o que sei.

Que reconfortante, a única pessoa que pode me ajudar não faz a mínima idéia do que me aguarda.

Eu abri minha boca para dizer como ele era um péssimo vampiro se ele nem ao menos sabia o que ia acontecer,  mas quando eu fui falar, apenas um grito saiu.

Eu estava queimando. Senti mãos me segurando, ouvi um xingamento que não prestei atenção. Eu estava preocupada demais em berrar, em tentar apagar as chamas. Rolei na cama quando as mãos se afastavam de mim, sentindo como se estivesse no meio de um incêndio. O ar que entrava pelos meus pulmões era denso. Apertei o travesseiro contra meu rosto, soltando mais um grito de dor. Minha garganta estava seca, como se tivesse respirado fumaça. Uma vez eu estava fritando algo e botei fogo na cozinha toda, demorou apenas três segundos para Charlotte vir correndo apagar o incêndio com o extintor, mas mesmo com o fogo não sendo mais um problema, eu havia respirado tanta fumaça que devo ter bebido dez litros de água depois de tossir muito. A sensação era dez mil vezes pior agora. Lagrimas arderam em meus olhos,e  quando os abri, vi dois olhos azul gelo me encarando. James colocou minha cabeça em seu colo, agarrei uma de suas mãos, ele murmurava algo, então colocou algo frio e com gosto metálico suavemente em minha boca. Ele virou o frasco, enviando uma sensação de alivio pelo meu corpo instantaneamente.

Não pense que a dor havia parado, ainda estava lá. Sentia que alguém estava me rolando ladeira abaixo de uma rua feita de lixa. Minha pele queimava, meus ossos pesavam como se estivessem se quebrando. Meus músculos tinham espasmos, mas agora eu conseguia segurar a onda a ponto de não ter necessidade de berrar. Senti mãos se movendo pelo meu cabelo, e por trás dos zumbidos que interferiam na minha audição, eu ouvi a cantiga francesa. Ele estava cantando para mim.

Abajur abajur abajur.

Contorci-me em seus braços, gemendo de dor. A musica ficou mais frenética.

-Só mais algumas horas...

Não sabia se ele estava falando comigo ou consigo mesmo. Acho que ter uma adolescente agonizante em seu colo não era uma coisa divertida.

Suponho que perdi a consciência por algumas horas. Mas isso não me impediu de sentir dor. Quando acordei novamente, ele ainda cantava. Olhou o relógio em seu pulso e suspirou.

Fechei meus olhos quando o vi levando o pulso até sua boca, sangue escorrendo pelo seu queixo.

-Beba.

Obedeci, na esperança de que a dor iria passar.

 

Chovia. Mas o aglomerado de pessoas a minha volta não parecia ligar para isso. Todos queriam me tocar, percebi com espanto. Vasculhei o lugar a procura de alguma familiaridade. O que aconteceu com a dor? Onde está James? Berrei seu nome, e senti sua mão na minha, reconfortante.

Ele estava todo de preto novamente, sua roupa reluzia de um modo estranho. Ele tinha a espada em sua mão. Sorriu, calmamente. -Você precisa se concentrar, Princesa. Eles estão quase aqui.-.

Olhei para o horizonte. Sombras se esgueiravam sobre o brilho da lua. Carolinne apareceu à frente do nosso grupo. Trajava uma capa longa, vermelha como o sangue. Levantou os braços para o alto e gritou algo em outra língua. De repente, uma parede de fogo surgiu a muitos metros a nossa frente, ao nosso redor. Por um momento entrei em pânico. Então percebi que estava ali para nos proteger, não para nos queimar vivos.  Mesmo com toda a chuva, o fogo não apagava. Mas de pouco ele adiantava. A massa escura continuava a vir em nossa direção. Então uma fileira de seres grandes e peludos, com dentes afiados, ficou a nossa frente. Lobisomens? Reconheci Jordan, que se transformou um pouco depois dos outros. Linne ainda estava lá, gritando outras palavras. Então seres com asas, e os que estavam ao meu redor se moveram. Todos ficaram na minha frente. Eles estavam me protegendo. James me empurrou para trás de si mesmo.

Foi então que a guerra começou. Sangue se espalhava pelas ruas, escorriam misturados com a água da chuva. Quando eles estavam perto de chegar a mim, eu me ajoelhei no chão.

Estávamos na terra. Eu enfiei minhas mãos nela, fechei os olhos, e de alguma maneira estranha sabia onde cada inimigo estava, onde cada aliado estava. Comecei a dizer coisas em uma língua completamente estranha. Mas eu estava entendendo tudo. Eu estava pedindo aos mortos, há muito, muito tempo enterrados, para me emprestarem sua força. Senti poder me inundando, e lancei-o sobre os inimigos sem-raça-definida. Eles queimaram vivos.

Levantei-me, senti todos os olhos sobre mim. A chuva parou. Uma canção em Francês começou.

Acorde Tessa, desperte. Tessa, Tessa, Tessa.


 

Senti a mão dele na minha testa. Ele sussurrava meu nome. Abri meus olhos e encontrei seu rosto. Havia sangue ao redor de sua boca.

Tentei me levantar, mas ele logo me impediu. Ele parecia exausto, e me perguntei o motivo. Fui eu quem sofreu, afinal de contas.

Lembrar do meu sofrimento na noite anterior, se é que foi ontem, me fez perceber como eu estava bem. Conseguia ver cada pingo de azul mais escuro nos olhos dele, de tão perto que ele estava do meu rosto.

-Tudo bem?- perguntei, achando que eu devia ter quase sugado-o até a morte. Essa era a única explicação que eu podia achar naquele momento. Eu só ganhei uma risada dele.

-Você quase morreu, e está perguntando se eu estou bem?

Dei de ombros. Eu me senti ótima, a lembrança do fogo me consumindo era apenas uma lembrança, quase como que um sonho distante.

Ele segurou meu rosto em suas mãos, e me beijou. Automaticamente, enrolei meus dedos no cabelo dele.

-Só você, Tessa, para me fazer uma pergunta dessas. Quem importa aqui é você, Princesa, não eu. Como você está?

O olhei magoada. - Eu me importo com você, foi você que me viu agonizar. Eu bebi muito sangue? Eu não me lembro. E eu tive um sonho tão estranho.

Finalmente me deixou sentar. Mas manteve uma mão na minha. Isso era estranho. Ele estava sendo carinhoso ou era apenas porque estava com pena de mim, a pobre coitada que berrou de dor na noite anterior (de novo, foi ontem?).

-Não, eu praticamente tive que te forçar a engolir. E eu só estou cansado por que fiquei acordado um dia inteiro te esperando acordar.

-Eu- eu Ascendi? Mas... Não é meu aniversario ainda James. Como isso é possível?

Seus dedos brincavam com minha mão, traçando padrões em minha pele, me enviando choques. Agora a sensação era mais forte.

-Não sei. Só sei que não foi tão ruim, não quanto todos achávamos que iria ser. Mas seu sonho... Aquilo foi estranho. Mas pelo menos sabemos qual é seu Poder. Em parte, ao menos.

-James, você acha que eu posso fazer aquilo? É tão... Mórbido. Achei que iria ser mais legal, algo como voar, ou me transformar em morcego.

Me encarou incrédulo. - É o Poder mais surpreendente que eu já vi. Não faça pouco caso dele.

Bufei. Ele estava tão serio.

-Ah, - disse me lembrando do beijo. - para que aquele beijo serviu?

Ele parecia incomodado agora. Envergonhado. Tive vontade de rir dele. Quem diria, meu Abajur estava com vergonha de seu ato impensado.

Ele não respondeu, pois seu telefone tocou no minuto em que ele abriu a boca. Ele olhou para a tela, então saiu do quarto.

Levantei-me, o quarto estava tão iluminado. Fui direto para o banheiro, planejando tomar um banho para tirar o suor de minha pele. Parei em frente do espelho, apenas de calcinha. Minha pele estava mais clara, podia ver os caminhos azuis que minhas veias faziam pelo meu pescoço, meu braço. Toquei as cicatrizes que antes tanto me incomodavam, elas ainda estavam lá, mas agora não pareciam tão evidentes. De um modo estranho elas combinavam comigo. Meus olhos estavam de um verde gritante, meu cabelo de um ruivo cobre  mais vivo. Sacudi a cabeça, James havia me dito que a Ascensão iria mudar levemente minha aparência, mas eu não havia acreditado.

Entrei na água quente e me lavei. Quando decidi que estava completamente limpa, voltei ao quarto, enrolada na toalha.

Escolhi a roupa mais quentinha que eu tinha, grata pelo cheiro familiar das minhas roupas recém devolvidas. O jeans azul cabia perfeitamente, e a blusa turquesa era tão macia quanto uma nuvem.  Coloquei uma pantufa e segui para a sala.

Tudo era tão claro, as cores mais vivas do que nunca. Passei minhas mãos lentamente na parede, sentindo sua textura áspera, a frieza.

Quando cheguei até a sala, encontrei James sentado com a cabeça entre as mãos. Agora, na luz do dia, pude vê-lo melhor. Ele era tão lindo. Sua pele de um dourado claro continha pequenos brilhinhos, seu cabelo parecia tão macio quanto minha blusa, e não pude resistir à urgência de tocá-lo.

Passei minha mão por ele, sentindo o perfume do xampu dele. Seu pós barba era inebriante, se mesclando com seu cheiro natural, amadeirado e fresco. Ele me olhou surpreso, mas não se mexeu.  Seus olhos, que antes eram apenas azul claro para mim, agora pareciam de um azul claro elétrico, como o céu sem nuvens num dia de verão.

-Tereza, você está bem?

Meu segundo nome me trouxe de volta a realidade. Envergonhada, me afastei dele.

-Sim, é tudo tão intenso, só isso.

Ele riu. - Se você está achando a sua visão mais intensa, vai morrer de choque quando dormir com alguém pela primeira vez. É bem melhor do que na forma humana.

Corei, e afastei o olhar. - Bem, não irei saber a diferença, se é intenso ou não.

Me olhou por um segundo, confuso. Depois entendimento piscou em seus olhos azuis celeste. Abriu a boca para dizer alguma coisa, mas pareceu pensar melhor.

Acho que foi um choque para ele descobrir que eu sou virgem. Será que ele achava que eu já tinha feito? Que imbecil, deve ter achado que eu era uma fácil apenas porque eu deixava ele me beijar sempre que queria. O que não acontecia muito frequentemente.

Minha visão ficou borrada, eu queria socar aquela cara metida.

Sacudi a cabeça, tentando limpar minha visão. O que estava acontecendo comigo?

-Ah sim, esqueci de lhe avisar. Suas emoções ficarão a flor da pele, mas você provavelmente já está acostumada com isso. Não acho que quando era humana tinha o habito de se conter, então não vai ser uma diferença muito grande.

-Isso é estranho. - eu disse

Me olhou, uma sobrancelha levantada.  Impaciente, expliquei: - O fato de não ser mais humana. Que eu mudei quando ainda estou igual. Que uma semana atrás eu achava que monstros só viviam em livros e que agora eu sou a novo aluna do Sobrenatural Para Iniciantes.

Ele pareceu considerar isso por um segundo. E dando de ombros, sorriu para mim.

-E não se esqueça que é a próxima na linha para ser a Primeira Cadeira do Conselho. Não acho que deva se preocupar sobre sua humanidade perdida, nunca a perdemos completamente, e quanto à escola do Sobrenatural... Bem, eu sou um ótimo professor.

Então ele piscou para mim. Tive vontade de arrancar aquele sorrisinho metido da cara dele, mas me segurei. Eu estava tendo que usar meu autocontrole mais do que nunca ultimamente. Forcei-me a lembrar de que era apenas minha TPM vampiresca.  Eu agüentava isso todo mês, então certamente poderia sobreviver a alguns dias (semanas, meses, anos? Eu não fazia a mínima idéia de quanto isso ia demorar). Fui em direção ao sofá.

-Isso é um saco. - me esparramei no sofá, com seu amarelo me dando uma sensação calmante. Levantei minha cabeça e olhei em direção a ele. Ele me encarava abertamente, o sem vergonha. Lembrei-me do beijo, do gosto de sangue em sua boca. Meu sangue. Não pude impedir a pergunta que deslizou pela minha boca. - Você bebeu de mim não é?

Ele, finalmente percebendo que estava me encarando, teve a decência de parecer envergonhado. Ainda bem que ele sabe que não é uma coisa muito cavalheiresca de se fazer, sugar o sangue de alguém. Ainda mais alguém que ele nem ao menos estava namorando.

Não que eu quisesse ter algo mais serio com ele. Deus me livre. Eu já quase não o agüentava com seus comentários de sabichão e seu jeito de -eu sei de algo que você não sabe-.

A voz dele me puxou de volta a realidade.

- Sim, bebi. Foi assim que pude ver seu sonho. Era o Laço de Sangue agindo.

-O sonho... Acontece com todos? É assim que descobrimos qual é nosso Poder?

Ele pareceu pensar nisso por um minuto, e quando falou novamente, sua voz era um tanto cautelosa. - Não com todos. Mas quando acontece, acontece com os mais fortes. Não estava brincando quando disse que você seria a mais forte, Princesa. Quando acontece, geralmente são visões. Aquilo possivelmente ira acontecer. Algum dia as ruas de Munin ficarão alagadas de sangue e suor.

Me remexi no sofá, tentando achar uma posição confortável.

-Quando vamos nos mudar? Vamos viver na mesma casa? Sozinhos? Quando irei conhecer o Conselho? Eu não vou ter que me casar com algum principezinho, como você brincou aquele dia... Certo?

Tive que tomar fôlego no final das perguntas. Parece que meus sentidos aguçados não incluíam a capacidade de falar sem ter que respirar. Que chatice. James me olhou, sorrindo entretido. Ótimo saber que eu tenho potencial para entretenimento, eu acho que vou começar a cobrar toda vez antes de abrir minha boca.

-Assim que se sentir bem com sua nova condição. E vamos viver no palácio, junto com os outros. Desculpe te desapontar, mas não poderemos dormir no mesmo quarto - ele piscou, maliciosamente, me fazendo corar. - E irá conhecê-los quando fizerem a sua avaliação. E quanto ao príncipe... Não faço idéia. Eles geralmente decidem essas coisas. Mas agora, com a guerra que seu sonho mostrou, é bem provável que sim. Todo o Conselho é feito de Anciões, e tal como o titulo indica, eles são velhos e tem a mente de suas épocas. Provavelmente te farão noivar com algum aliado, para fortalecer a aliança.

Ri internamente. Ele realmente achava que eu ia acreditar? Ele só estava brincando com a minha ignorância novamente, isso estava na cara. Ele sabia que se falasse que eu deveria engolir uma melancia como parte da Ascensão, eu ia dizer -uma mordida ou duas?-. Linne havia me dito para não confiar totalmente nele.

Mas vamos ser sinceros, ela também já me disse que se eu usasse amarelo com verde eu iria morrer de desastre da moda.

Sorte a minha, nunca usei amarelo na minha vida.

 



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