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História The bad girl - Macarrão com bife


Escrita por: neko-101 e CheiaDasIdeia

Capítulo 4 - Macarrão com bife


Lucy

Castiel me levou em uma lanchonete-bar, chamada Fred's.

O estabelecimento era espaçoso e aconchegante, tinha mesas com bancos acolchoados roxos no lado esquerdo da porta e um balcão extenso e branco com bancada vermelha. Atrás do balcão havia um cardápio enorme dividido em dois que mostrava tudo que a casa servia, no lado direito estavam as bebidas e no esquerdo as comidas, além da parede ao lado, onde prateleiras com diversas garrafas. Havia também uma porta que, aparentemente, dava na cozinha; em frente à entrada estava um palco pequeno, com um tripé para microfone, um banco alto e uma caixa de som. Do lado direito do palco estava uma pista de dança, mas com algumas mesas iguais as do outro lado. 

As paredes eram de vidro espelhado, durante o dia a iluminação combinava com uma lanchonete e durante a noite as luzes que se acendiam, fazendo uma boate perfeita. 

— Te apresento o melhor lugar da cidade, uvinha. — disse o ruivo, enquanto nos dirigíamos a uma das mesas no fundo já que estava um pouco cheio. 

— Por que a maior parte dos seus apelidos vem no diminutivo? — perguntei, me senta do de frente para ele. 

— Porque você é uma anã. — Deu de ombros e antes que eu pudesse protestar apareceu um senhor que aparentava ter uns 50 anos, ele era negro, alto, era um pouco gordo e apesar da voz extremamente grave ele aderia um tom carinhoso e alegre ao falar com Castiel. 

— Collins, meu garoto! Pensei que tivesse esquecido do seu velho — disse ele, dando um abraço desajeitado no ruivo e em seguida sentando ao seu lado. — Flávia quase me bate um dia desses perguntando onde você estava, sabia? Disse que você nunca está em casa e que não atende mais as ligações dela... — suspirou, dramático. — Você quer me enlouquecer, né? Sabe muito bem como sua madrinha fica! Eu amo minha esposa, mas ela não é fácil, principalmente se estiver preocupada com você. 

— Você sabe que não é assim que as coisas funcionam... — Castiel disse, desviando o olhar e coçando a nuca, envergonhado. — Eu andei ocupado, Fred. 

— Posso ver que sim. — dirigiu a atenção para mim. — Quem é você, senhorita dos cabelos bonitos? 

— Lucy, senhor do sorriso bonito — Fred abriu um sorriso ainda maior, o que me fez sorrir também, e me deu um aperto de mão firme. 

— Que gentil da sua parte, Lucy! Está vendo como se trata uma pessoa, queridinho— Fez um bico para Castiel, mas logo em seguida houve um barulho alto na cozinha, fazendo ele bufar enquanto levantava. — O dever me chama. Fiquem a vontade.

Saiu com uma mão na cintura e outra nas têmporas. 

— Adorei ele! Desde quando o conhece? — perguntei. 

— Desde sempre. Ele é meu padrinho. — Ele estava completamente sem graça, olhava para as próprias mãos como se fossem a coisa mais interessante do mundo. — E a esposa dele, Flávia, meio que me "vigia" quando meus pais estão fora também. 

Isso é interessante — Uma garota meio desajeitada chegou na mesa e anotou os nossos pedidos, depois que a mesma saiu, eu continuei: — Nunca me falou dos seus pais, sabe... — comecei, como quem não queria nada. — Eu já sei sobre seus hobbies, algumas manias, gostos e ouvi a maior parte das suas cantadas. Mas não sei  nada sobre sua família. 

— Também não sei muito sobre a sua, uvinha. — rebateu rápido, erguendo uma sombrancelha. 

— Justo. Me fala da sua, que eu falo da minha. — Ele me olhou sem nenhuma expressão. — Qual é o problema? Eu já vi sua enorme bunda nua, por que não posso saber um pouco sobre quem gerou ela?

— Por que você fica tarando minha bunda? 

— Porque ela é grande e redonda e magnífica. — Dei de ombros. 

— Eu sou todo magnífico, uvinha. — riu soprado. — Vou aceitar a brincadeira. — Sentou-se mais ereto, fiz o mesmo. — Minha mãe é comissária de bordo, está brigando na justiça para conseguir se aposentar, assim como meu pai, que é piloto de avião. Tenho uma irmã três anos mais nova que eu que eu não vejo faz quase oito meses. Nós nos provocamos quando possível, mas tirando isso não converso muito com nenhum deles. — Ele deu um suspiro longo. — Meus pais nunca foram muito presentes, mesmo quando moravam comigo; às vezes, tentavam compensar a ausência deles com presentes, só que... — procurou as palavras certas. 

A conversa tinha ficado tensa, e por um milagre eu não comecei a rir — já que, no geral, lido muito mal com esse tipo de situação. Castiel tinha ficado cabisbaixo e muito sério. 

—... não é a mesma coisa, entende? — continuou. — Acho que por isso não sinto tanta falta dos dois quando eu acho que deveria sentir. Mas da minha irmã eu sinto. Muita. Me lembro que quando morávamos juntos não tinha quem conseguisse separar a gente, e a coisa que eu mais me arrependo de ter feito depois que eles foram embora foi não ter dado mais atenção para ela; nem sei mais do que ela gosta direito. — Mais um suspiro longo. — Fred e Flávia sempre cuidaram muito bem de mim. São o mais próximo de uma família que eu tenho atualmente, além do Dragon, claro. Às vezes eu toco aqui nos fins de semana. E é... relaxante. 

Quando terminou, Castiel tinha uma expressão que deixava claro o fato de não se sentir nem um pouco confortável com o assunto. Ele se sentia abandonado. 

— Sua vez. — Olhou-me. 

— Por que me contar? — murmurei. 

— Você perguntou. Aliás, era uma informação por outra, não era? — Não respondi e ele deu um sorriso triste. — Apesar de tagarela, qualquer um que passe o mínimo de tempo com você sabe que é leal. Eu sei que, se eu pedir, você leva pro túmulo qualquer coisa que eu disser. Sua vez.

— Se insiste — mordi o lábio. — Meu pai me odeia; ele é diretor de uma escola rica numa cidade próxima daqui, e nunca deu a mínima para mim. Não do jeito que um pai deveria, pelo menos. Minha mãe morreu há um ano em um acidente de carro depois de uma briga que os dois tiveram. Ela era carinhosa, engraçada e bastante na dela. Às vezes nem parecíamos mãe e filha, de tão diferentes  — suspirei. — Minha mãe tem uma irmã mais velha, que tem duas filhas. Uma delas tem minha idade, seu nome é Debrah, a outra é três anos mais velha que eu, July. Quando éramos pequenas, até nos dávamos bem, mas aí um dia elas passaram a não gostar de mim. Não sei o que aconteceu até hoje. — Balancei a cabeça, tirando as lembranças ruins que minhas primas traziam da cabeça. — Enfim, um dia depois de ter oficializado a emancipação eu vim para cá, o apartamento onde eu moro é meu por herança e agora eu quero conseguir um emprego porque se eu não conseguir entrar na faculdade aos 18, paro de receber a pensão da minha mãe. E já que provavelmente não entrarei na faculdade, é bom começar a economizar desde agora. 

— Caralho. — Trocamos olhares. 

A gargalhada que eu não soltei enquanto o ruivo falava da família dele veio com toda força. Para meu total encanto, ele riu também. 

[...]

Quando a comida chegou nós dois já tínhamos "superado" a conversa sobre as nossas famílias. Então, falamos de coisas aleatórias e improdutivas, devoramos o sanduíche maravilhoso e bebemos um suquinho de maracujá gelado. Melhor que isso não poderia ficar, certo? Errado! Rosa nos convidou para um festa do pijama na casa dela esta noite, e eu, após muita insistência consegui convencer Castiel a ir comigo. 

A verdade é que eu não gosto da forma como o ruivo age perto dos outros, e quero tentar fazer com que ele mude isso. Odeio máscaras, e ele usa uma que chega a me afligir de tão bem-feita. Eu sei como é isso, e não acho que alguém mereça se sentir dessa forma. 

Por isso, agora estamos entrando na casa de Rosalya, que tem um grande sorriso e sobrancelhas arqueadas em surpresa. 

— Você disse que ele viria, mas eu achei que fosse brincadeira — murmurou, enquanto me abraçava. 

— Eu não brinco — ri soprado. 

A porta da frente dava para um corredor branco, com armário ao longo da parede branca. Logo após havia a sala, que possuía um sofá branco no centro, daqueles enormes em formato de "L", cheio de almofadas com estampas geométricas pretas e brancas. Um raque retangular preto com alguns livros e uma televisão grande. 

Alexy estava na escada que levava ao andar de cima sorrindo tanto quanto Rosa, apoiado no corrimão me olhando de forma maligna. Armin tinha deitado encima do tapete felpudo e jogava no celular, o máximo que fez foi me olhar rápido enquanto dizia "oi" para depois voltar a jogar. Lysandre estava no sofá com seu bloco de notas, Nathaniel estava ao seu lado conversando com Melody e Kentin, Iris e Violette estavam jogando "Jogo da Vida". 

Alexy começou a bater palmas, chamando a atenção de todos enquanto dizia:

— Minha outra Deusa chegou! Larguem essas vidinhas sem graça, e contemplem o milagre realizado! — me abraçou enquanto apontava para um Castiel carrancudo e com braços cruzados. — Qual é seu segredo, querida? 

— Nunca revelarei. — Rimos. 

Depois disso, o ruivo sentou-se ao lado de Lysandre, da forma mais isolada de todos que conseguiu, eu sentei no chão, perto dele e com uma almofada no colo e a dupla sorridente começou uma votação sobre o que faríamos. No fim, foi decidido que iríamos fazer um bate-volta de perguntas um para o outro. 

Ia começar com Rosalya, ela perguntou a Lysandre onde ele estaria no próximo fim de semana, ele disse que estaria na sua casa, e então perguntou para Iris como estavam seus relacionamentos e por aí ia. 

— O que você tanto faz na casa de Castiel? — perguntou Nathaniel, me olhando malicioso e eu percebi Castiel trincando o maxilar. 

— Nós conversamos, vemos séries, comemos — Armin me olhou, e ele tinha tanta, mas tanta maldade que eu comecei a rir e me senti obrigada a acrescentar: 

— Comemos sanduíches, planejamos formas malignas de destruir coisas que nos desagradam e tocamos. 

— Você toca? 

— Perdeu a vez, loirinho. — Dei uma piscadela para ele. — Hum... Alexy, qual foi o momento em que você teve mais medo na vida?

— Que bom que perguntou, minha cara. — Respirou fundo, com ar de mistério que ele não conseguiu conter por muito tempo, pois se animou e começou a bater palmas animado com a história. — Ai, ai, amo essa história! Então, uma vez, quando eu e Armin tínhamos três anos, fomos para a fazenda de nossos avós, e lá tinha um bezerro recém-nascido deitado e uma ovelha traiçoeira, que rondava aquele bezerro disfarçadamente, esperando a primeira oportunidade para se aproveitar de dois garotos inocentes...

— E ele vai contar de novo — murmurou Armin, suspirando. — Rosa tem como você me dar uma pá? Vou cavar um buraco no quintal e enfiar minha cabeça lá. 

— Essa história é fabulosa, irmãozinho, por isso, poupe comentários que não ajudarão a narrativa. — Alexy revirou os olhos e Armin coçou as têmporas. — Eu e meu coleguinha de útero fomos fazer carinho no bezerro, e então, aquele ovelha maldita começou a correr atrás de nós como se não houvesse amanhã. — O azulado gargalhou. — A gente teve que pular uma cerca e o Armin caiu de cara na lama...

O coitado do Armin enfiou o rosto entre as mãos, completamente corado, enquanto eu ria com Alexy e os outros. 

— Pois no mesmo dia ele teve um pesadelo com a ovelha maldita e molhou a cama. Depois disso, durante 9 anos, toda vez que íamos na fazenda ele tinha medo de passar pelas ovelhas, e se alguém o levasse para o campo em que corremos ele começava a gritar e chorar. — disse o moreno. 

— Isso é estresse pós-traumático, Armin. É perfeitente normal. — deu de ombros. 

— Talvez. Mas e quando você foi beijar um carinha e vocês dois, romanticamente, prenderam seus aparelhos? Eles sabem dessa história? — Encaramos Alexy com os olhos arregalados.

— Isso aconteceu mesmo? — perguntou Rosalya. 

— Aconteceu, Rosa. — Armin sorriu maléfico. — E adivinha? Nossos pais ainda não sabiam que ele era gay. Foi o primeiro beijo dele. E foi absolutamente hilário! Alexy entrou em desespero porque achou que teriam que arrancar o dente dele. Inclusive, eu que tinha feito o esquema para eles, e foi bem interessante explicar para a mãe do peguete a importância da situação, já que ela estava no meio de uma reunião um tanto quanto... relevante, com o marido. 

— Caralho — Rosalya disse, pausadamente. — Por que eu não sabia disso? 

— É uma história constrangedora e desnecessária, que aconteceu um ano antes de você entrar na minha vida. Não achei que fosse interessante...

— Nós teremos uma conversinha séria quando isso aqui terminar, entendido? — Alexy concordou, cabisbaixo e eu gargalhei. 

— Ai, gente, tadinho. No meu primeiro beijo o garoto colocou a língua no meu nariz. Além disso, tínhamos acabado de sair da educação física. Imaginem a catinga dos treze anos no seu auge — sorri. — Também tinha uma garota que gostava dele na época, ela nos viu juntos e surtou. Começou a chorar e jogou uma bola na nossa cabeça. Ao fim do dia eu tinha trocado saliva pela primeira vez, ganhado uma inimiga e um galo. 

— Isso não é nada! No meu primeiro beijo, eu estava no pátio da escola enquanto meus pais conversavam com o orientador por causa das minhas notas baixas — Rosa. — O meu boy pulou o muro pra me fazer companhia e a situação favoreceu um beijo. Nos beijamos. Os adultos, que tinham acabado de terminar a reunião, viram nós dois da ato — suspirou. — Meus pais não deram bola, mas o orientador achou aquilo um absurdo e todos tivemos que escutar um monólogo de 50 minutos sobre como devemos ter o cuidado de fazer certas coisas apenas em nossa privacidade. Ou algo do tipo, tudo que ele disse entrou por um ouvido e saiu pelo outro. — Deu de ombros. 

E assim começando a conversar sobre primeiras vezes. Lá para as 9 horas Lysandre, Nathaniel, Melody, Kentin, Iris e Violette foram embora e enfim Rosalya pediu as pizzas que ela havia dito que compraria hoje — foi um dos principais motivos para minha vinda. 

 —... e eu resolvi que nunca mais andaria de patins outra vez. — disse, colocando na boca o último pedaço da minha fatia. — Ainda tem pizza de milho? Se tiver eu quero. 

— Mais um? — protestou Castiel, rindo, e todos ficaram em silêncio ao ouvir a voz dele, mesmo que ele próprio não tenha notado.  

— Sim, tomate. Algum problema? — Ergui a sobrancelha. 

— Você já comeu quatro, roxinha. 

— E daí? Você está no terceiro e eu não disse nada. 

— E daí que seu corpo é pequeno demais para grandes quantidades de comida, o que não é meu caso. — desdenhou. 

— E seu cérebro aparentemente é pequeno demais para seu crânio. Estamos juntos tem uma semana e você ainda não percebeu que eu como para caralho porque meu estômago é quase infinito. — Ele gargalhou, e aos poucos os outros começaram a rir também. — Está rindo por que, palhaço? Não poderia ter me decepcionado mais.

— Pode fingir que está brava comigo à vontade, mas deve saber que finge muito mal. — debochou, dando de ombros. — Além disso, já que vocês todos gostam de contar histórias, quero saber o porquê de Rosalya e Alexy me chamarem de "ruivo malvado". 

— Quê? Ruivo malvado? — Rosa engasgou. — Eu? Te chamando de ruivo malvado? Você só pode estar louco. 

— Não venha com migué para cima de mim não, eu sei que vocês me chamam de ruivo malvado e ficam confabulando contra mim. — Armin sorriu, maldoso. 

— Se eles não dizem, eu digo — o moreno riu. — Os dois estavam gravando um jogo de basquete clandestinamente há alguns anos, e o ângulo favoreceu Castiel quando ele foi comemorar a vitória do time. Nas palavras da Rosa, "Castiel estava incrivelmente sexy hoje. Parecia um ator pornô. Tão malvado!" — Imitou Rosalya, me fazendo rir tanto que acabei engasgando. 

— Foi no dia que eu bati a bola no chão e ela caiu na cara da Peggy? — perguntou Castiel, Armin assentiu. — Não posso julgar, nesse dia eu estava gostosão mesmo.

[…]

Eu e o ruivo dormimos no sofá de Rosa naquela noite. Na verdade, brigamos mais do que dormimos. A beldade da anfitriã se revoltou com Castiel porque ele pegou o último pedaço da pizza de calabresa e nos deu apenas um cobertor. 

A forma como a temperatura da sala dela diminui durante a madrugada é impressionante. 

Eu nunca teria sequer pensado em dar o meu cobertor quentinho para ele se estivesse dormindo, mas o ruivo fez o favor de me manter acordada conversando enquanto todos os outros já estavam no sétimo sono. Ele só me deixou dormir às 3 da manhã e nesse horário já estava maravilhosamente frio. 

Castiel me lançou um olhar de cachorro que caiu da mudança e prometeu que pagaria meu lanche na segunda. Ele me conquistou de forma suja, e nós dormimos agarradinhos no sofá, de forma desconfortável e agressiva — eu caí do sofá uma vez e depois, quando obriguei ele a trocar de posição comigo, acabei derrubando ele outras duas vezes.

Em determinado momento, conseguimos achar uma posição favorável e então dormimos bem por muitas horas. Quando acordamos era quase meio dia e a dupla infernal — apelido carinhosamente dado por Castiel à Rosalya e Alexy — tinha tirado várias fotos nossas. Em duas delas pareceu que nós estávamos prestes a transar, mas o resto até que ficou bom, considerando que estávamos dormindo. 

Depois de nos mostrar as fotos Rosalya expulsou todo mundo de casa, disse que Leigh — seu namorado — ia para lá e que as coisas ficariam impróprias. 

Castiel me trouxe em casa e disse que ficaria porque na casa dele não tinha almoço. Eu falei que ele ia ficar desnutrido porque não comia direito e ele rebateu:

— Minha comida acabou porque você acha que minha casa é restaurante. Sua obrigação moral é me alimentar. 

— Como se eu negasse isso. — revirei os olhos, entrando no apartamento e trancando a porta enquanto Castiel se dirigia para a cozinha. — Já te disse que reconheço que, se alguém me dá comida, um dia eu tenho que dar comida ao alguém e...

— Ai, caralho! — reclamou Castiel, olhando o balcão da minha cozinha com raiva. 

— Bateu a cintura? — Ele assentiu. 

Peguei uma bolsa de gelo que eu sempre deixava no congelador e a pus na parte do abdômen que Castiel bateu sem aviso prévio. 

— Puta que pariu, Lucy! — fez birra e eu ri. 

— Amo fazer isso. — Sorrindo, sentei no banco vermelho ao lado dele, afastando um pouco a bolsa para olhar o local. — Vai ficar roxo. Já me bati no balcão um total de quatro vezes desde que vim morar aqui. — levantei um pouco a camisa e mostrei para ele três manchas verdes e uma ainda roxa. — Mas veja pelo lado bom, agora você tem uma tatuagem abstrata temporária! 

— Que grande consolo. — Revirou os olhos. — Vai fazer o que para comer? 

— Miojo. 

— Depois eu que vou ficar desnutrido! 

— Está reclamando do quê? Eu não falo do sanduíche de mortadela que você me serve na sua casa.

— Sanduíche de mortadela? Três dias atrás eu fiz um macarrão de forno para mim, e você fez o favor de comer quase a travessa inteira em um almoço! Era para ter durado o resto da semana. 

— Você ofereceu, além disso, sabe muito bem que não sei cozinhar. Meu ovo mexido é magnífico, o macarrão com salsicha, arroz e miojo também são esplêndidos, mas tirando isso eu ponho fogo em água e você já viu eu estragando a janta. — disse, me referindo ao óleo quente que eu quase derramei em mim mesma quatro dias atrás. — Se não quiser comer miojo, trate de ir para casa das suas outras amiguinhas. — Dei dois tapinhas no ombro dele, e levantei para começar a fazer o miojo. — Ah, e eu também sei fazer brigadeiro de panela. 

— Entendi, entendi. Tem alguma comida decente aqui ou eu preciso ir no mercado? 

— Miojo é decente. Enche barriga. 

— Também faz seu colesterol ir para as alturas, o que ocasiona pressão alta, que futuramente pode te levar a ter um infarto ou AVC.

— Você é tão desagradável — revirei os olhos. — Está certo então, vamos no mercado. Mas se for pra cozinhar de verdade vamos para sua casa. 

— Não vai rolar não. 

— Por quê? Você disse que veio para cá porque lá não tinha comida. 

— Eu menti. Não sobre tudo, não tem mesmo comida pronta em casa, mas além disso a diarista tá lá. Eu não entro naquela casa antes das 5. — disse sem olhar para mim e eu gargalhei. — Ela também é amiga da minha família, e tem muita autoridade sobre mim. Pode ir rindo, a vida cobra. 

Ri mais ainda e fomos para o mercado andando mesmo, ele era duas ruas atrás da minha casa e como íamos comprar pouca coisa não ia ter problema. 

Compramos macarrão, molho de tomate, queijo, bife e cebola — o resto das coisas eu já tinha. Quando chegamos no caixa a garota que estava passando as comprar deu encima do ruivo e ele ficou todo envergonhado, já que eu estava lá vendo tudo e ela falou umas coisas bem... explicitas. 

Voltamos para casa e ele começou a cozinhar sozinho, já que ele me fez prometer que não passaria do balcão depois que eu, acidentalmente, após uma última esperança Masterchef, quase amputei meu dedo tentando abrir o molho. Eu lavaria a louça, ele secaria e eu quardaria e todos terminarão o dia felizes e de barriga cheia. 

— Então, vermelhinho — provoquei, usando o apelido que a caixa usava. —, como aconteceu aquela... relação? Aposto que se fosse para a casa dela comeria tudo, menos miojo. 

— Você está debochada demais para o meu gosto. — reclamou, colocando o bife na frigideira. 

— Ela parece mais velha. Você tem uma quedinha por mais velhas? — Ergui uma sobrancelha. 

— Por que não tenta aprender a cozinhar agora para não morrer de fome num futuro próximo ao invés de ficar aí querendo saber da minha vida? 

— Não preciso aprender a cozinhar porque sei que se eu pedir você vem correndo me alimentar. — Ele riu. 

— O que te faz pensar isso?

— Você me adora, ruivo. Pode até não falar em voz alta, mas nós dois sabemos disso. 

— Eu te adoro, então? — Me olhou por cima do ombro. 

— Adora. Não gosta. Adora! — Gargalhei. — Se você não tiver pegado essa referência pode sair da minha casa. — Fiquei séria e ele gargalhou. 

— Olha, não me surpreendo com o fato do ciclo da vida ter me posto em uma situação como essa. — Deu um sorriso de galã, me olhando nos olhos. 

— Caralho, você é ótimo, sabia? 

— Claro que sei. Acha que é a primeira que me diz isso? — Olhou malicioso, me fazendo rir. — E a comida está pronta. 

Peguei pratos para nós dois e começamos a nos servir. Eu repeti o macarrão duas vezes e estava comendo meu saboroso bife com calma e economicamente, porém Castiel fez o favor de não se contentar com o dele e pegou o meu último pedaço. 

— Devolve. — falei, irritada enquanto ele ria da minha cara.

— Tá na minha boca, não tem como devolver — debochou ainda rindo. 

— Eu te trouxe na minha casa. Eu dividi informações pessoais com você! — respirei fundo e comecei a coçar as têmporas, mechendo a perna. — Seu... Porra, Collins! Eu sou uma piada para você?

O desgraçado rio tanto que engasgou e caiu do banco.

— Isso! — Bati palmas. — Tomara que morra. 

— Isso é sério mesmo? — Me olhou surpreso depois de se recuperar. 

— Por acaso eu estou rindo? — disse fria e ele continuou olhando para mim, perplexo. — Ok, entenda, pode fazer piada, pode brincar,  pode pirraçar e pode flertar, mas na minha comida ninguém tem o direito de encostar. Quem dirá pegar o último pedaço da carne. Eu fui clara?

— Claríssima. — concordou, ainda me olhando. Não resisti e comecei a gargalhar. — Espera, era brincadeira? 

— Não, tudo que eu disse é muito sério.  Eu não brinco com comida. Só que sua expressão estava impagável. 

— E a caça vira o caçador. — Levantou bufando e eu ri ainda mais. 


Notas Finais


Hello,
It's me

Escutem isso aqui: https://youtu.be/Sz_F_Ng7U9A

Ouviu? Espero que sim.

Pensou que não me veriam de novo, hein? Mas olha eu aqui!
Ok, chega de palhaçada, eu vacilei legal, podem me dar 2 sardinhas no braço. Eu sei que mereço.
Mas podem admitir, o capítulo ficou bom, não ficou?
Pois é, galera. Próximo cap tem música e uma coisinha legal. Entendam como quiserem. Podem confabular.
É isto.
Comentem.
2bj


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