História The bartra song - Meu passado na minha frente

Abro meus olhos, encaro o teto e penso: Hoje vai ser um dia produtivo! Só penso mesmo, porque é muito difícil eu colocar isso em prática. Ouço um barulho de panelas caindo e arregalo os olhos, coloco os pés no chão e vou correndo para lá encontrando meu gatinho Shrek lambendo sua patinha em cima do balcão, começo a rir descontroladamente.

- Ah seu danado! – O pego e ele mia – Não me assuste assim.

Volto para o meu quarto, coloco meu gato na cama e vou até o banheiro, me encaro no espelho e começo a escovar meus dentes dançando uma música qualquer que eu cantarolava na minha mente.

Volto para o meu quarto, abro meu guarda-roupa, fazia frio hoje, então peguei uma calça, uma blusa de mangas compridas qualquer, coloco meus inseparáveis tênis, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo, pego meu celular, meu material, a chave do carro e saio do meu apartamento.

Entro no meu carro, ligo e rádio e saio acelerando pelas ruas frias de Dortmund em direção a lanchonete que tomo café todos os dias, batucando meus dedos no volante olho para o lado e vejo um carro muito chique, daqueles que você tem que trabalhar por três mil anos para pagar uma parcela? Então! Ele era todo preto, com detalhes vermelhos, digno de dar inveja.

Minutos depois de ter saído do meu apartamento, estaciono o carro em uma vaga perto da lanchonete, pego minha carteira e meu celular, saio e vou para dentro rapidamente. Margaret que estava atendendo uma pessoa sorri assim que me vê, sento-me na mesma mesa de todos os dias e fico esperando.

- Bom dia Lali! – Sorrio para ela.
- Bom dia Margaret – Ela pega seu bloquinho – Vou querer o mesmo de sempre, por favor.
- Você não sabe quem ficou de vir aqui de novo agora de manhã – Ela diz e eu fico a olhando – Não comece a chorar aqui, mas, foi o Marc.
- Marc? – Eu digo arqueando uma sobrancelha – Bartra?
- Ele ficou de vir de novo – Eu respiro fundo.
- Pede pra viagem, não vou comer aqui – Eu digo rapidamente – Por favor.
- Não Lali! Fica – Ela pega em meu ombro – Nem sei que horas ele vem, talvez mais tarde, agora são o que... Seis e meia.
- Esquece – Bufo – Vai Marg, estou com fome – Ela dá risada e corre para a cozinha, pego meu celular e fico mexendo no meu instagram até chegar meu pão de queijo e meu cappuccino.

Cada segundo eu olhava para a porta meio nervosa  e com medo dele entrar ali e acabar com a minha paz que eu amava, bom, três anos é bastante coisa, mesmo que ele esteja em um outro relacionamento, eu tenha mudado, sempre teremos um tipo de conexão, uma maldita conexão.

Coço a cabeça e me concentro no celular deixando de lado aquela maldita ansiedade, o barulho do sininho faz minha cabeça girar, ergo meus olhos até a porta e não era ele, respirei aliviada e continuei lendo os e-mails da minha faculdade.

Assim que termino meu café, pego minhas coisas, vou até o caixa e pago, caminho até a porta, olhando para meu tênis que estava com o cadarço desamarrado, abro a porta e sinto algo quente caindo em mim, olho para minha blusa branca e fecho os olhos tentando manter a calma e prontíssima para xingar o maldito ser.

- Que merda! – Eu digo – Olha pra frente cara – Ergo meus olhos e me arrependo amargamente de ter feito isso.
- Não pode ser... – Ele diz – Me desculpe, eu não te vi, estava distraído, eu pago outra blusa para você.
- Não precisa – Eu digo – Eu volto para casa e troco.
- Ahn, você tem certeza? Eu posso pagar uma nova blusa igual a essa – Eu respiro fundo e saio andando – Lalisa...
- Me esquece ok? – Viro para trás – Afinal, já se passaram três anos.
- Você vai ficar fugir de mim assim? – Ele diz nervoso, eu solto uma risada irônica.
- Quem falava isso era eu, e você nunca parou de fazer isso Marc.
- Você me mandou embora Lalisa! – Ele diz se aproximando – Mas que droga.
- Você sabe o porquê te mandei embora – Arqueei uma sobrancelha – Não é verdade? – Ouvi ele bufar.
- Vai jogar isso na minha cara para sempre mesmo?
- Vou! Afinal, você nunca me ouviu e nunca acreditou em mim – Ele se aproxima, dou um passo para trás – Não chegue perto de mim Marc.
- Eu não acredito que o destino nos juntou novamente – Dou risada.
- E quem disse que juntou? Essa miserável destino nos reencontrou novamente – Olho para seus olhos claros e quase caio.
- Você me odeia né? – Nego com a cabeça – Tem raiva de mim? – Nego – O que você tem de mim?
- Eu? Ah... Não consigo sentir mais nada por você! Simplesmente – Ele assente com a cabeça – Bartra, some da minha vida.
- Fiz isso três anos atrás – Ele diz frio – Desaparece da minha.
- É o que eu estou tentando fazer – Eu digo e o assunto acaba, apenas, ficamos nos encarando iguais dois idiotas – Adeus, de novo...
- Adeus, ou não – Ele diz – O destino sempre vai nos unir Lalisa, sempre.

Não digo nada, sigo em direção ao meu carro, entro e finalmente solto todo o choro que fiquei acumulando na pequena conversa que tivemos. Vê-lo doía, sentir seu cheiro doía, não poder abraça-lo doía mais ainda. E então eu chorei. Eu chorei mais que criança quando perde a mãe no mercado.

Sem ânimo algum para ir a faculdade, volto para casa, ultrapassando todos os faróis, quebrando regras, eu só queria minha cama, chorar até amanhã para diminuir a dor que era vê-lo.

A primeira coisa que eu fiz quando cheguei dentro do meu apartamento foi tirar aquela maldita camiseta que ele derramou café, escorrego na porta, coloco as mãos na cabeça e choro por ter o encontrado novamente, choro por ter continuado aquela maldita conversa.

Choro pelo nosso maldito passado e o quanto ele me fez sofrer! Choro por nós dois não ter dado certo.