História The bartra song - Precisamos conversar, Lalisa

- Não Bartra, não faz isso, NÃO – Abro os olhos assustada, olho para os lados e tudo que eu encaro é o escuro, o que iluminava o quarto era a luz da lua. Levanto da minha cama e vou até a janela, abro e sinto o frio de Dortmund invadir meu quarto e eu arrepiar de frio, encaro a lua e sorrio.

Eu e Marc fazíamos isso sempre, depois que chegávamos de algum lugar, encarávamos a lua do nosso quarto, deixávamos a janela aberta e deitávamos na cama, abraçados, apenas sentindo a presença uma do outro.

Desde aquele dia que eu encontrei ele no meu café preferido, não fui até lá mais, eu não conseguia pensar na hipótese de encontra-lo novamente, encarar seus olhos claros e sentir seu maldito cheiro que insistia em me seguir.

Com todos esses pensamentos, volto para a minha cama, deito e tento dormir...

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Assim que termino de me arrumar, pego minhas coisas, saio do meu quarto, vou para a cozinha, coloco comida para o meu gatinho, passo a mão em seu pelo branco e saio de casa indo em direção ao meu café preferido.

Demoro mais que dez minutos para chegar lá devido ao trânsito que decidiu me pegar de surpresa, assim que chego, abro a porta e ouço o sininho soa, olho para frente e me arrependo amargamente disso. Marc Bartra estava ali. Novamente.

- Lalisa! – Ouço a voz de Margaret, tiro meus olhos de Marc e olho para ela – Que bom que voltou!
- Oi Margaret – Sorrio e sento em uma das cadeiras – Eu voltei – Suspiro.
- Mas, por que parou de vir? – Ela pergunta já pegando o bloquinho.
- Você sabe o porquê – Arqueio uma sobrancelha e ela ri – O mesmo de sempre, por favor.
- Já volto – Ela diz – Não saia daqui.
- Não garanto nada – Digo rindo. Ela dá risada e sai, pego meu celular do bolso e começo a mexer em uma rede social qualquer, só para passar o tempo. Sinto-me observada, quando olho para a mesa onde estava Bartra vejo que ele estava olhando-me, reviro os olhos e fico olhando meu celular.

Marc Bartra

Eu entendia todo seu ódio mortal de mim, eu entendia sua mágoa, eu entendia tudo. Eu tinha perdido as mesmas coisas que ela, eu tinha sentido toda aquela dor, eu sofri com uma perda também, afinal, era meu filho também.

Decidido falar com ela, levanto de onde eu estava e vou até a mesa dela, sento de frente e fico encarando até ela me dar atenção, assim que ela me encara de volta faz uma cara nada boa.

- Precisamos conversar, Lalisa – Digo rapidamente – Não podemos mais ficar assim, com raiva um do outro por besteira – Eu digo e a ouço rir ironicamente.
- Por besteira? – A garçonete coloca seu pedido na mesa e me encara.
- Bartra, é melhor sair – Margaret diz – Ela não quer falar contigo, sério.
- Deixa – Ela diz – O deixa ficar, está tudo bem – Sua amiga sai e eu volto encarar seus olhos, sua feição não tinha mudado nada, ela estava mais linda do que antes, tudo bem que parecia um pouco mais cansada, mas, nada era capaz de tirar sua beleza, nada.
- Eu perdi aquele dia também – Digo – E você nem me deixou explicar.
- Eu era um atraso na sua vida Bartra – Ela diz e eu consigo ver seus olhos cheios d’agua – E aquilo foi mais um motivo.
- Você não entende mesmo né? – Falo – Você pensa que só você sofreu, só você sofre, eu me culpo por ter te derrubado daquela escada, eu me sinto culpado por ter matado nosso filho, mas, você acha que só você pode sofrer, não é mesmo? – Seus olhos se arregalam – Eu tenho um coração.
- Marc... – Ela soluça –  Você ia me deixar, como acha que eu fiquei aquele dia? Em? Destruída! Eu sinto como se tivesse sido ontem tudo aquilo, ainda dói, ainda machuca, eu perdi um filho!
- Eu também perdi um filho Lalisa! – Digo olhando em seus olhos – Ou já esqueceu que você carregava o meu filho? Era meu! Eu senti a mesma dor que você – Ela riu irônica.
- Não! Você não sofreu a mesma dor que eu, a minha foi duas vezes pior. Você ia me abandonar grávida, você não acreditou em mim.
- Você disse que eu estava afundando nosso relacionamento – Eu digo já nervoso – Você joga toda a culpa em mim!
- Será que é por que você tem culpa? – Ela diz cruzando os braços – Está na minha hora – Ela bebe mais um gole de sua bebida – Tchau, Bartra.
- Não acabamos essa conversa – Eu digo segurando seu braço – Me encontre aqui depois da sua aula, eu estarei aqui, nessa mesma mesa, te esperando.
- Tchau, Bartra – Ela diz, se livra da minha mão em seu braço e sai do café me deixando apenas com seu perfume. O mesmo perfume que ela usava antes.

Vejo-a sair por aquele café e balanço a cabeça negando, a real era que eu gostava demais dela ainda e não podia fazer nada se ela me odiava, essa era a realidade: Eu amava a garota de três anos atrás. Ela ainda mexia comigo e eu não podia fazer nada.

Ainda parado no meio do café, sorrio quando lembro morávamos juntos, nos despedíamos assim, eu dava milhares de beijos nela e ela dizia um “tchau Bartra”, se livrava do meu abraço e ia para a faculdade.

Eu sentia sua falta, sentia falta do seu toque, do seu cheiro, do seu amor, do seu beijo, de tudo! Eu sentia muita falta dessa coreana, e eu estava disposto a fazer de tudo para ela voltar para mim. Poderia demorar, mas, eu iria.

- Marc? – Margaret toca meu ombro, viro e a encaro – Vai ficar mais?
- Não, não – Pego o dinheiro e entrego para ela – Até mais, estou atrasado para o treino.

Saio do café, entro em meu carro e bato com as mãos no volante com força. Eu odeio me sentir assim. Parece que toda aquela dor, aquele amor que eu sentia por ela tinha voltado em uma pequena conversa de cinco minutos.