1. Spirit Fanfics >
  2. The Best Of Me - (G!P) >
  3. The heart roars like a lion at what they've done to us

História The Best Of Me - (G!P) - The heart roars like a lion at what they've done to us


Escrita por: frodo-se-frodeu

Notas do Autor


Guys, perdão pela demora, tive um bloqueio criativo, mas estou de volta, agora para ficar. Inclusive, perdoem-me por esse capítulo ser curto, do próximo em diante as coisas voltam a ser extensas.

Capítulo 4 - The heart roars like a lion at what they've done to us


Point Of View: Lauren Jauregui

A noite daquela quinta-feira estava sendo de muito calor; no horizonte além de minha janela, a tempestade vinha se aproximando ao norte, com raios luminosos e trovões ainda abafados pela distância. 

Eu estava no escritório de minha casa, com um livro nas mãos – As pessoas são flores finalmente; Charles Bukowski –, tentando me manter concentrada na leitura daqueles poemas, e assim, fugir de certos pensamentos que insistiam em me assombrar. No entanto, estava fracassando covardemente. Meus olhos perdiam o foco pelas linhas, as letras embaralhavam-se como cartas de um baralho em mãos de um mestre de magia.

Eu ainda estava na primeira página.

“O coração ruge como um leão diante do que nos fizeram”, dizia Charles Bukowski.

Mas o que significaria isso?

Seria esse o mesmo rugido que tenho escutado dentro do peito há algum tempo?

As palavras de Veronica, ditas a mim hoje mais cedo, ecoavam no seu timbre em minha mente. Repetia-se em tempo real, diante meus olhos, a cena de Keana chorando. Eu ainda podia ver perfeitamente o olhar confuso da minha filha com toda a situação.

E o leão rugia lá no fundo. Um rugido fatigado de um leão abatido.

Há 17 anos atrás, conheci Keana, numa apresentação das animadoras de torcida. Ela era a líder, a mais bonita – pelo menos para mim – e, tinha se acidentado, ferindo o tornozelo. Não podendo exercer seu papel, ela se sentou no primeiro banco da arquibancada, e ficou lá, junto à treinadora. Após a apresentação, quando a quadra já estava vazia, ela ficou ali, sozinha, sentada no mesmo lugar, divagando pensamentos que nunca descobri. Achando aquilo curioso, resolvi me aproximar. E, bastou que eu me sentasse ao lado dela, naquela tarde de terça-feira, para saber que aquela menina de olhos claros como o amanhecer, cabelos longos e sorriso angelical, seria a dona dos meus sonhos por um longo tempo.

Me lembro bem da primeira vez que nos beijamos e de como me senti infinita. Fogos de artifício em meu peito. A mesma alegria, o mesmo amor transbordante, se repetiu por todos os nossos beijos, carinhos e abraços, por anos. Quando Lucy nasceu, eu a peguei nos braços, e pensei que dali por diante, tudo – que já estava perfeito – só iria melhorar.

Nosso amor foi forte por um longo tempo.

É esquisito como essas coisas acontecem.

Ontem – um passado distante – tudo parecia certo.

Hoje – o presente –, a única certeza que eu tenho é que vai chover.

Pensando muito e ao mesmo tempo em nada, fui primeiramente interrompida pelo som de sinetas, que tocavam quando a campainha era acionada. Logo depois que o silêncio foi retomado, o som do salto batendo contra o chão em passos apressados e a risada bastante peculiar que vieram se aproximando pelo corredor, me fizeram deixas o livro de lado, e me preparar para a algazarra que iria se iniciar.

- Se eu não venho te visitar, nunca mais nos vemos, né?!

Allysson Brooke, minha segunda melhor amiga, entrou berrando sala adentro, depois de quase derrubar minha porta com a força usada para abri-la. Vi por trás do corpo pequeno de minha amiga, a silhueta da minha esposa e ri de seu olhar de pânico, que mais dizia: Eu juro que tentei impedir, mas quem segura o furacão Ally?

- Anda, levanta! Quero um abraço de pelo menos meia hora para compensar as fotos que você e a Vero postaram hoje cedo, assistindo seriado. Nem me convidam mais para essas coisas! Acho isso um absurdo! – Allysson falou em voz alta, sem ao menos respirar, parecendo um papagaio que aprendeu a falar. Rapidamente me levantei de minha cadeira e abracei a “pequena grande Ally”. Um abraço de urso, longo e apertado, até um pouco desajeitado, pois minha amiga conseguia ainda menor que minha esposa, tendo 1,50 de altura, e eu com meus 1,66, tinha que me curvar um pouco para abraçá-la.

- A que devo a honra dessa visita tão eufórica e inesperada? – Perguntei, assim que nos separamos e nos acomodamos. Ela na cadeira em frente à minha mesa, eu na minha cadeira.

- Vim matar a saudade, oras. Não posso? – Provou Ally, exprimindo um sorriso bobo. – Já disse que estou magoadíssima com as fotos de vocês no instagram. Por que me esquecem tanto?

Se eu não conhecesse bem sua personalidade altamente melodramática, acharia que ela realmente estava chateada, ainda mais vendo seus lábios formando beicinho de choro. Mas, eu a conhecia como a palma de minha mão. Então, encarei-a, erguendo uma sobrancelha, como se para dizer: Já acabou, Jéssica?

No final das contas, findamos o pequeno fragmento de silêncio que havia se instalado entre nós com gargalhadas.

- Mas falando sério – Ela iniciou dizendo, ainda rindo. –, eu preciso de uma ajuda sua em um caso.

Cessando os risos, Ally tirou de sua bolsa o processo de um de seus clientes, erroneamente condenado à pena máxima, mesmo sendo comprovado sua inocência.

A acusação feita ao homem, o indiciara por tráfico de drogas, agressão à menor e violência domiciliar. Ambas comprovadas falsas e plantadas porcamente por algum terceiro. Vendo as provas em sua defesa, eu já acreditava em sua inocência eminente, contudo, ele estar sendo defendido por minha grande amiga, só me fazia confiar ainda mais em seu caráter, mesmo não o conhecendo.

Allysson era justíssima em sua profissão.

Enfim, tal “réu” estava recorrendo à segunda instância pelo ato tirânico do juiz, e é claro, que Ally precisaria de minha ajuda. E, é claro que eu ajudaria.

- Eu sei que não deveria te incomodar com essas coisas, mas eu precisava ouvir a opinião de alguém que exerça seu trabalho com retidão. – Ally se adiantou em dizer, vendo-me pousar as folhas sobre minha mesa, indicando ter concluído minha leitura.

- Não se incomode com isso, Ally. – Eu disse, afim de lhe “tranquilizar”. – Conte comigo nessa. Vamos ferrar esse patife.

***

Allysson foi embora de minha casa no meio da madrugada, por volta das três da manhã, pois a tempestade violenta se derramou com fortes vendavais, e eu não a permiti que saísse antes que a chuva diminuísse, afinal, seria muito perigoso. Então, acabamos passando horas e mais horas falando sobre o tal caso que resolveríamos juntas.

[...]

A manhã daquela sexta-feira foi de uma sonolência mortificante para mim, que tinha cinco audiências por fazer. Confesso não ter escutado boa parte do que me foi dito pelos advogados de defesa e acusação nas três primeiras. Eu só tinha um veredito, por ter esse hábito de ler minuciosamente os casos assim que os recebia para as audiências. Em razão de que, se não fosse isso, eu certamente teria dado um recesso de alguns dias, apenas para que eu dormisse e pudesse escutar tudo outra vez.

- Quantas audiências ainda faltam? – Perguntei para Alessia, debruçando-me em sua mesa.

Terminada a quinta audiência daquela manhã movimentada e quente, eu estava notoriamente afugentada pelo cansaço de uma noite mal dormida. Primeiro que, Ally saiu de minha casa já de madrugada. Segundo que, Keana não conseguia conter sua ansiedade pela viagem e, não conseguindo dormir, ficou a rolar na cama, como se a mesma fosse contida de lava vulcânica a queimar sua pele. Por pouco não juntei minhas trouxas – travesseiro e coberta – indo assim, dormir no sofá.

- Faltam seis. – Ela disse em voz baixa, um pouco apiedada de minha alma mortal. – E, como pediu, aumentei seu horário de almoço em duas horas, portanto, a senhora sairá daqui às sete da noite.

Choraminguei, contra o tecido macio de meu blazer. Ouvi-a rir baixinho. Não era de meu feitio fazer corpo mole, mas o sono em mim estava vencendo a quantia sanguínea e molecular.

- Posso remarcar se a senhora preferir.

Ela realmente poderia, porém, eu teria que inventar uma boa desculpa para o conselho jurídico, afinal, já tinha remarcado as do dia anterior, para ficar em casa, assistindo seriado com Vero.

- Não precisa. – Me ergui, estufando o peito de uma falsa coragem. – Vou tomar uns vinte cafezinhos e estarei pronta.

- Um dia, se fizerem uma ressonância, vão constatar que a senhora não tem mais estômago e sim uma cafeteira. – Alessia falou com um sorriso brincalhão. Acabei rindo também de sua brincadeira. Eu realmente tomo muito café. – Céus! Já ia me esquecendo! – E, repentinamente, ela arregalou os olhos, lembrado de algo importantíssimo, logo dando as palavras aos seus pensamentos. – A senhorita Iglesias ligou e pediu para que a senhora a retornasse.

- Ah, ok. – Eu disse. – Retornarei agora.

No mesmo instante, puxei do bolso interno do blazer, meu celular. E, depois de discar o número de Veronica, ela atendeu no terceiro toque, eufórica e berrando a ponto de eu ter que afastar o celular para não ficar surda.

- MORTÍCIA, QUE DEMORA! PENSEI QUE NÃO IA RETORNAR NUNCA.

- Silenciosa ela. Pacífica. – Alessia constatou, em tom brincalhão.

- Muito! – Balbuciei, revirando os olhos e tampando o alto-falante do celular com a mão. E, depois de destampá-lo, certificando-me de que poderia colar o celular na orelha novamente sem correr o risco de ouvir mais gritos, voltei minha atenção à mulher elétrica do outro lado da linha.

-  Oi, Vero. – Falei, não contendo o riso. – O que deseja?

- Tínhamos combinado de ir ao mercado no seu horário de almoço, lembra?

Não, eu não lembrava, mas não custava nada fingir.

- Mas é claro que eu lembro! – Alessia riu do sorriso de “Estou mentindo, é claro que não lembro” que expressei ao dizer aquilo. – Como iria me esquecer?!

- Então, vamos?

- Claro! Te busco ou você aparece aqui?

- Eu já estou aqui, queridinha! – Mais viva e mais alta, a voz de Veronica rebateu sobre as paredes daquele setor do fórum. Virei-me rapidamente em direção à porta de entrada, dando de cara com Veronica entrando triunfante, cabelos ao vento e nariz empinado.

Confesso ter dado um “pulinho” de susto com sua aparição.

- De onde é que você saiu, garota?

- Do útero de minha mãe, direto para o estrelato! – Vero jogou os cabelos para trás, rindo, retirando seu ray-ban preto. – Adoro esse negócio de entradas triunfais, onde todos se voltam chocados em minha direção. Me sinto em um seriado.

 Apertei as pálpebras com a ponta dos dedos, rindo daquela criatura icônica. Vero muitas vezes me fazia sentir desgosto de existir. Esse era um desses momentos.

- Ainda quero descobrir porque somos amigas.

Erguendo as sobrancelhas, ela gargalhou teatralmente – debochado.

- Olha só, você não começa, senão minha mão vai decolar e pousar na sua cara! – Retrucou ela, apontando-me o indicador, em voz aguda de uma forçada ameaça.  

- Estou tremendo de medo! – Falei em tom cético, apenas para irritá-la.

- Eu te odeio, Mortícia paraguaia!

***

- Eu ainda quero saber como você vai enfiar essas bebidas na minha casa sem que Keana veja. – Falei, referindo-me às dez embalagens fechadas de cerveja (condidas de 9 em cada uma), as duas de vodka e as três de tequila.

Estávamos em seu carro – apesar de que, eu quem estava dirigindo –, voltando do mercado. Tínhamos comprado tanta coisa, que dava a entender que íamos sei lá, alimentar a África em peso com carne para churrasco, diversos tipos de pães e chocolates, bebidas alcoólicas e muitos outros tipos de ‘gordices’.

- As bebidas vão ficar no carro, minha jovem. – Ela disse, usando o tom de quem fala para uma criança entender. – Só as comidas que eu vou levar para dentro, porque senão estraga, né.

- Ok, mas só acho que exageramos na quantidade de álcool. – Eu disse o que realmente achava. Tinha muito álcool apenas para nós duas.

- Mortícia, não seja uma vagabunda.

Olhei-a rapidamente pelo canto dos olhos.

- Você precisa parar de assistir Girls In The House. – Adverti. Ela riu.

[...]

Posteriormente ao meu retorno do mercado, tomei todo o café que tinha na jarra da cafeteira – que estava cheia – e segui para a guilhotina. Digo, para as audiências. E assim, as seis audiências passaram. Lentas como uma corrida de tartarugas, mas passaram.

No final do expediente, saí às pressas, pois tinha que estar em casa antes das oito para buscar Keana e a levar ao aeroporto. Detalhe importante: Eu saí do fórum às 7h20. E, de lá até minha casa calculava-se cerca de 30 minutos sem trânsito.

Todavia, como um deboche da vida, um acidente entre dois caminhões de carga, fecharam as vias principais da rodovia que eu pegava para chegar até minha casa. Sem ter como fazer o retorno para pegar algum possível – e inexistente – atalho, o que me restou foi sobreviver ao engarrafamento mantendo o carro em primeira marcha, ouvindo as buzinas frenéticas.

- Enfia a buzina no cu, seu viado! – Ouvi o berro esganiçado, vindo do carro ao meu lado. – Buzinar não vai tirar os caminhões da pista!

Eu, que estava com a cara para fora da janela, não contive a gargalhada sonora que me subiu vindo de meus pulmões a todo gás, ao ver que a autora do tal grito era uma velhinha grisalha.

***

Já no aeroporto, Keana acabando de fazer o check-in, foi dirigindo-se ao corredor de embarque, eu a seguia em passos calmos, seu voo já havia sido anunciado. Parando em frente à porta que dava para a sala de embarque, fui surpreendida por um beijo efusivo, de colisão labial violenta, a ponto de me doer um pouco os lábios. Não hesitei em retribuí-la ao mesmo nível. Não foi um beijo demorado, no entanto, foi proveitoso o suficiente para aumentar certo volume por dentro do meu jeans apertado.

- Guarde essa animação para quando eu chegar. – Ela falou contra meus lábios, exibindo um sorriso sacana. Suas demonstrações de afeto estavam começando a realmente me assustar, porém, não deixei que isso transparecesse, tudo que fiz foi morder seu lábio, arrastando meus dentes até solta-los. Ela adorava quando eu fazia.

- Se cuida. – Eu disse, depois beijei sua testa.

- Juízo. – Falou ela em tom autoritário, mas riu para deixar a próxima frase sair no timbre certo. – E cuidado com meus vasos egípcios.

Revirei os olhos, rindo.

- Vou chutar eles quando chegar em casa.

- Mato você.

[...]

Chegando ao meu bairro, fui recepcionada por ‘Famous’ do Kanye West, tocando em volume ensurdecedor, em alguma casa. Fato que me pegou de surpresa. Aquele bairro estava sempre num silêncio mórbido, ainda mais depois das nove da noite. Todos pareciam mortos nesse horário.

- I made that bitch famous! – Cantei junto a batida e a voz do cantor, que de tão alto, fazia tremer a lataria do meu carro. Não me incomodei por curtir a música. E, só curtia a música até chegar em minha garagem e constatar que, a música vinha de minha casa.

O final de semana começou.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...