História The Bet - He's my hell

He’s my hell

P.O.V June

Após contar todo o acontecimento do estacionamento envolvendo Jisoo e seu noivo, decidi ir embora, porém fui surpreendido por um pedido de Lisa, que eu ficasse e a acompanhasse em um chá. Era normal essa gentileza toda vindo dela, o estranho foi eu me sentir nervoso com esse fato. Embora hesitante, eu aceitei o chá e então nós entramos na república, por sorte as outras garotas que residiam ali estavam em seus quartos, o fato delas saberem que eu e Lisa “namorávamos” era uma ponte que levava a um monte de garotas fazendo perguntas desnecessárias sobre tal relacionamento.

Sentei-me em um banco de madeira, muito bem polido junto a bancada e fiquei a observar discretamente (eu acho) Lisa, que fazia calmamente o chá. Após alguns minutos ela se juntou a mim e me entregou uma xicara que exalava um aroma muito gostoso.

- Cuidado, está quente. – me advertiu e eu apenas assenti. – Bom, que curso você faz mesmo? – ela indagou parecendo tão inquieta quanto eu.

- Relações Internacionais. – respondi.

- Interessante. Por que essa área?

- Por meus pais, eles são sócios em uma grande multinacional e eu futuramente serei também. – fui simplista.

- Entendo. – ela assentiu e um silêncio se instalou.

- Não vai tomar o chá? – indaguei, percebendo que ela não havia tomado se quer um gole do chá.

- Ah, sim. Acho que já está mais frio agora. – respondeu e em seguida levou a xicara a boca, porém a haste da xicara rompeu-se e ela acabou se queimando. – OMO! Está quente. – ela exclamou em dor.

- Sua desastrada! Aish, me dá aqui. – pedi prontamente, vendo o estado dela. Não pensei duas vezes e comecei a assoprar sua mão vendo a mesma ficar desconfortável.

- N-Não precisa. – ela tentou afastar-se.

- Claro que precisa, se não vai ficar latejando. Minha mãe sempre fazia isso comigo quando eu era pequeno, vai melhorar logo. – disse e continuei a assoprar levemente sua mão.

- Já está parando de doer? – perguntei.

- Sim, obrigado. – ela agradeceu.

- Onde fica o gelo? É bom colocar um pouco também. – pedi logo me levantando para pegar.

- Pode deixar, eu pego. – ela respondeu e levantou-se no mesmo momento que eu e o resultado foi um tropeço, a segurei rápido para que ela não caísse, logo me arrependendo pois a fiz ficar arriscadamente perto de mim, tão perto que pude sentir a respiração dela contra a minha. Ela tentou se afastar mas ao invés disso ficou mais próxima ainda, numa distância tão mínima da minha boca, que me fez perder os sentidos, que fosse para o inferno o nosso “relacionamento profissional”, naquele momento eu simplesmente fiz o que queria ter feito faz tempo, mas não queria admitir a mim mesmo.  A beijei.

De imediato senti uma corrente elétrica percorrer todo o meu corpo, uma sensação extasiante que me fez querer aprofundar aquele beijo, mas antes de eu tomar a frente Lisa me surpreendeu e pediu passagem com a língua e eu prontamente cedi. Logo eu me encontrei numa batalha contra meus hormônios, senti minha excitação começar a incomodar-me e então tentei controla-la ao mesmo tempo que beijava Lisa sem nenhum pudor, a maciez e quentura de seus lábios me deixaram totalmente sem rumo, eu não queria parar, então agarrei com força sua cintura, fazendo menção de não queria soltá-la.

Pensei que iria explodir de tesão a qualquer momento e o que Lisa fez pra me ajudar? Enroscou-se em minha cintura, me deixando ainda mais excitado, sorte dela que eu ainda tinha alguma consciência intacta, se não rasgaria aquela roupa dela em dois tempos. Infelizmente a falta de ar nos atacou, então desci os beijos para o pescoço dela, enquanto a apertava sem ligar se a deixaria vermelha ou não e em contrapartida ela puxava meus cabelos e respirava sofregamente, o que só me alucinava mais. De repente ela desenlaçou as pernas de mim e se afastou, enquanto eu a fitava confuso, logo percebendo de fato o que nós tínhamos feito, assim meu olhar mudou de confuso para preocupado, mas nunca arrependido.

- Mianhae! – ela pediu.

- N-Não se desculpe. Eu que devo desculpas, e-eu não queria... é.... – tentei falar mas o fôlego me faltou.

- Não se preocupe, só vamos fingir que nada aconteceu. Tudo bem? – ela indagou e um sentimento de frustração se instalou em mim. Como assim fingir que nada aconteceu?

- Isso não foi nada pra você? – indaguei exaltado. Sim, isso tinha significado algo para mim, mesmo eu não sabendo o porquê, eu não queria fingir que isso não aconteceu, eu queria mais.

- Não foi isso que eu quis dizer.... – ela tentou argumentar, mas logo ficou calada e me fitando.

- Quer saber? Você está certa, isso não foi nada. Afinal foi só um beijo, só um beijo. – disse enquanto olhava para todos os cantos da cozinha, menos para Lisa.

- June...mianhae. Não estou dizendo que não foi nada, apenas que não devia ter acontecido. Eu gosto do Jinhwan. – ela falou enquanto fitava o chão. Gostava do Jinhwan? Essas palavras me atingiram como um tapa.

- Ah, me desculpe então. Isso não vai se repetir novamente, fique tranquila, eu apenas tive um acesso de libido, me controlarei daqui pra frente. – revelei sem timidez e ela corou.

- Foi simplesmente desejo então? – ela me indagou parecendo ter se sentido insultada.

- Sim, nada mais que isso. Achou que eu gostava de você? Eu não preciso gostar pra sentir desejo por você. – disse divertido, vendo ela ruborizar de raiva.

- Ótimo então! Assim fica mais fácil pra nós dois, a partir de agora controle esse desejo e foque apenas na sua parte do trato. Pode ir embora agora. – ela praticamente expulsou-me.

- Como quiser! – exclamei e saí em seguida, engolindo meu orgulho.

O que diabos estava havendo comigo? Por que me senti mal por Lisa gostar do hyung? Mesmo que eu minta pra ela, não consigo mentir pra mim mesmo. Sim, eu sentia algo a mais por Lisa, só não sei se isso é gostar de alguém. Mas ela me fez sentir coisas que nunca senti por ninguém antes, ela me deixava louco em todos os sentidos. Aquela insolência que ela tinha e que se assemelhava tanto a mim, que nos fazia não suportar um ao outro por muito tempo, porém simultaneamente me deixava nervoso só por estar na presença dela, o que nunca aconteceu com nenhuma outra garota antes. Definitivamente eu precisava constatar se eu gostava dela ou não e se gostasse, dar um jeito de desgostar. Em hipótese alguma posso pensar em gostar de alguém, amar alguém. Isso só traz coisas ruins, decepções. E eu não estou nenhum pouco a fim de passar por essas coisas! Como ela disse, devo controlar meu desejo e focar no trato! No trato, em ajuda-la a conquistar o hyung. Jinhwan? O que ele tem que eu não tenho? Por que ela gosta dele? Será que ela tem tara em caras baixos?

*****

A noite não foi nenhum pouco boa, pra começar com toda a situação com Lisa e isso mesclou-se a uma insônia inoportuna que não me deixou dormir nenhum minuto se quer. O resultado disso sou eu cheio de olheiras e tendo que aguentar uma aula super chata em plena 9h da manhã. Pra piorar ainda tinha treino as 15h, treino que eu não estou nenhum pouco disposto a ir, porém Yunhyeong fez o favor de ficar ligando a cada dois minutos pra saber se eu já estava indo pro ginásio e como eu não queria escutar as reclamações de Bobby por faltar o treino, resolvi ir logo e acabar o mais rápido possível pra voltar pra republica e tentar dormir um pouco.

Chegando lá, encontro todos os meninos já se alongando, então me juntei silenciosamente a eles e me pus a me alongar também. Quando já íamos começar o treino em si, fomos surpreendidos por um grito feminino esbanjando animação e ao percebermos  de quem se tratava, a reação foi a mais cômica o possível, para os meninos, não para mim, eu só quis me matar mesmo.

- Oppaaaaaa! Oppa! – Lisa continuou gritando.

- O que você faz aqui? – indaguei sem paciência, vendo os meninos rirem da situação.

- Oppaaaaa! Eu vim torcer por você, vai faz um gol pra mim! – ela pediu com uma voz forçadamente fina e irritante.

- Aish! – exclamei e a puxei para longe dos meninos, a levando para o vestiário. – Pode me explicar o que diabos você ta fazendo? – perguntei sem rodeios.

- Cumprindo nosso trato! – ela exclamou enquanto se desvencilhava de minhas mãos.

- Que? – indaguei confuso.

- Aigoo. Nosso trato, lesado! Não temos que fingir que namoramos? O que é melhor do que essa minha atuação de namorada apaixonada? Você deveria estar contente em me ver empenhada assim, graças a mim eles não vão desconfiar tanto. – explicou.

- E precisa ser assim? Durante o treino? Eu estou com dor de cabeça hoje, não to a fim de escutar seus gritos, então se for pra fingir, que finja sentadinha e calada na arquibancada. Ok?

- Ok! – ela assentiu me mostrando a língua. Estranhei ela não demonstrar estar com raiva por conta do episódio de ontem.

Ela simplesmente me acompanhou até a quadra novamente, enquanto agarrava meu braço e falava palavras sem nexo, fingindo estar me paparicando. A sentei na arquibancada e pedi que ficasse quieta, que depois do treino nós conversaríamos. Ao voltar para onde os meninos estavam, fui bombardeado com piadinhas e olhares divertidos, o lado bom era que aparentemente para eles, Lisa estava mesmo apaixonada por mim. Porém Bobby me encarava com um sorrisinho cínico no rosto e aquilo me preocupava, ele parecia não acreditar nenhum pouco em tudo aquilo e com certeza faria de tudo pra me desmascarar e por isso eu tinha que tomar mais cuidado do que nunca.

Durante o treino, não pude deixar de notar que Lisa olhava incessantemente para Jinhwan, o que era um problema se alguém percebesse isso, mas como não queria me estressar com isso, resolvi deixar isso de lado e foquei no treino, fiz vários pontos e no último, ao comemorar, olhei de relance para Lisa e ela parecia estar hipnotizada olhando direto para mim, ri minimamente e continuei o treino. Após  uns dez minutos, finalmente fomos dispensados, o começo da temporada se aproximava, então essa era a última semana de treinos leves, pois daqui pra frente Bobby e Youngjae não vão perdoar, vão exigir muito mais de todos e realmente essa é a função deles. Aos poucos os meninos foram deixando o ginásio, até sobrar apenas Lisa e eu, a mesma tinha mantido sua atuação até o fim do treino, o que surpreendeu a mim pelo fato dela realmente estar me ajudando, mesmo que eu esteja retribuindo de algum modo.

- Podemos comer algo? Ficar vendo esse treino me deu fome. – ela suplicou.

- Pode ir só, vou voltar pro dormitório. – respondi e peguei minha mochila, logo indo em direção a saída.

- Você não quer ir comigo? – ela indagou e eu revirei os olhos.

- Sinceramente não, já fizemos nossa cota de atuação por hoje, você está livre. – respondi seco.

- Não estou levando isso pro lado da aposta, apenas estou te chamando pra comer comigo.

- Qual é o seu problema? – perdi a paciência.

- Que? – me olhou confusa. – Não entendi.

- Você me deixa confuso! Depois de tudo aquilo ontem você age como se nada tivesse acontecido. – suspirei. – Olha, a partir de agora nossa relação não vai se estender a nada mais do que a hora que temos que ficar juntos devido a atuação e também devido ao trato, então depois disso você pode sumir da minha vida, se não for pedir muito. – disse e ela fez menção de falar algo, mas não falou. – Bom, se você não tem nada a falar, até sexta.

Saí do ginásio e fui direto para a república, eu definitivamente precisava de um banho para esfriar a cabeça. Se Lisa gosta do Jinhwan, que fique com ele e não queira me ter como um amiguinho, eu não preciso disso. Foco, Junhoe! Precisava cumprir logo com minha parte do trato e tinha que urgentemente pensar em como fazer com que Jinhwan hyung descobrisse o noivo de Jisoo. Acho que não há nada melhor do que ele pegar os dois no flagra, só basta planejar isso e fazer com que Jinan veja com os próprios olhos a namoradinha o enganando, assim irá correndo se consolar com Lisa e pronto, felizes para sempre e eu com meu amado carrinho. Sim, já tinha tomado minha decisão, não importava o que eu sentia por ela, se era desejo ou algo a mais, eu precisava esquecer.

*****

Felizmente ou infelizmente o resto do dia passou depressa e logo a noite chegou e como sempre a república estava um inferno, a tv nas alturas, gritos e comida espalhada pela casa e dessa vez eu não era um dos responsáveis por isso, estava apenas sentado fingindo escutar música, porém estava realmente perdido em meus pensamentos e estava feliz assim, mas como felicidade dura pouco, logo fui atingido bem na testa pelo controle remoto.

- Hyung! Mianhae, por favor. – Taeyong correu ao meu encontro.

- Só cala a boca e pega gelo pra mim. – pedi sem muita paciência para brigar com ele ou pra ouvir suas desculpas.

- Volto já, hyung. Aguenta firme! – ele exclamou como se eu fosse morrer.

- Não sei se vou conseguir! – fingi  dor e ele se desesperou.

- Junhoe! Não faz isso com o garoto. – Yunhyeong me advertiu.

- Não estou fazendo nada, ele que jogou o controle em mim. – me defendi.

- Foi sem querer, só estava tentando dar o controle pro Hyuk. – disse Taeyong voltando da cozinha com o gelo.

- Que seja. – peguei o gelo e pus em cima do machucado. – Depois desse ataque de fúria eu vou voltar pro quarto. – disse me levantando do sofá. – Ah, só mais uma coisa. Se eu amanhecer com um galo, eu te mato! – ameacei Taeyong.

- Mianhae, hyung! – ele pediu e se escondeu atrás de Yunhyeong.

Voltei pro quarto, logo me deitando na cama e felizmente o sono chegou, em questão de segundos eu já estava dormindo, o sono foi tão bom que acordei revigorado e pronto pra aguentar mais um dia de aula e mais um dia de Lisa. Fiz minha higiene matinal e tomei um belo café da manhã, feito por Youngjae, as vezes ele parecia meu pai. Sempre cuidava de todos os membros como se fossem realmente seus filhos e eu não posso reclamar, amava ser paparicado por ele, só que sempre tinha as broncas incluídas, mas nada que eu não merecesse.

No caminho até minha sala de aula, enquanto estava tranquilamente andando e escutando música, sem querer esbarrei em alguém. Quando fui me desculpar pelo acidente, tive uma surpresa digamos, um tanto boa para as intenções que eu tinha.

- Mianhae. – pedi, fazendo uma leve reverência. Era ele, o noivo de Jisoo.

- Tudo bem. Você pode me ajudar a achar a república das Kappa? – ele pediu educadamente, parecia um lorde. Nem se comparava com o ser grosso que foi com Jisoo no dia do estacionamento.

- Posso sim. Mas lá é uma república de garotas, tem certeza de que é pra lá que você quer ir? – indaguei.

- Sim, minha noiva reside lá. Estou indo devolver algo que ela esqueceu comigo. – ele responde esbanjando um sorriso extremamente branco.

- Ah, entendo. Me siga então. – disse e então o levei até as Kappa.

- Muito obrigado, eu teria me perdido sem sua ajuda. – ele mais uma vez foi super educado.

- Por nada. A propósito, sou Koo Junhoe. – me apresentei no intuito de que ele também me dissesse o seu nome.

- Prazer, Kim Seokjin! – ele disse me estendendo a mão.

- O que faz aqui? – fomos interrompidos por Jisoo, que ao ver seu noivo, não escondeu sua surpresa e receio.

- Olá meu amor, vim devolver seu cachecol, você o esqueceu no carro ontem. – disse Seokjin a entregando o cachecol.

- Por que não me contou que tinha um noivo, noona? – indaguei irônico e ela engoliu em seco, o pânico era evidente.

- Vocês se conhecem? – Seokjin indagou confuso.

- Sim, a noona é amiga da minha namorada e também é... amiga de um colega de time meu. – respondi a encarando.

- Oh! Que coincidência! – o garoto exclamou e Jisoo continuou calada.

- Bom, eu tenho que ir agora. Estou atrasado pra aula, foi um prazer Kim Seokjin! – me despeço.

- Não precisa ser tão formal, pode me chamar apenas de Jin. Obrigada por me guiar.

- Por nada. – disse sorrindo, falsamente simpático e logo saí. Claro que eu não podia deixar de escutar o que o casalzinho ia conversar, então me escondi atrás de uns arbustos vizinho à uns 5 metros do portão do dormitório e graças a Buda nenhum deles me viu.

- Simpático o seu amigo. – Jin pronunciou-se.

- Por que diabos você está aqui? Eu já te disse pra você nem ousar em pisar nesse campus. – Jisoo exclamou, não contendo sua fúria e preocupação.

- Calma, amorzinho. – Jin riu. – Já disse que só vim te devolver o cachecol.

- Aish! Você podia ter aguardado nosso próximo encontro pra fazer isso. – ela suspirou derrotada. – Já que me entregou, já pode ir. Vai rápido, ninguém pode te ver aqui.

- Por que não? To cansado de você me tratar mal e ainda querer impor coisas sobre mim. Sou seu noivo, apareço quando der vontade. E a partir de agora, graças a sua calorosa recepção, tratarei de vir mais vezes de visitar. – ele piscou enquanto sorria ironicamente para a menor.

- Seu idiota! – ela bufou.

- Tchau, amor. Tenho uma reunião agora, fique atenta às minhas ligações. Até mais! – ele tentou beija-la mas a mesma virou o rosto, então ele simplesmente seguiu caminho.

Essa era a hora perfeita pra agir, decidi então chantagear Jisoo e fazer com que ela mesma conte ao hyung sobre seu noivo e facilitar o trabalho pra mim. Porém eu já estava atrasado pra aula, então deixei a chantagem para outro momento, por enquanto tenho que focar na aula e nas fotos de amanhã, hoje mesmo tenho que ligar para meus pais e confirmar o jantar deles para então levar Lisa sem que ninguém nos incomode.

Mais uma manhã cansativa de aulas havia se passado e eu precisava urgentemente de um café pra tentar ao menos relaxar um pouco. Como sempre, optei pela cafeteria perto do campus e já podia imaginar o doce aroma do meu café predileto. Contudo, o que era pra ser um momento relaxante se tornou um momento o mais estressante o possível. Ao passar pela porta da cafeteria encontro Lisa e Jinhwan em meio a uma conversa bem animada, cheia de risadas e olhares furtivos por parte de Lisa. Se Jinhwan não fosse de uma certa forma tão ingênuo, ele notaria as intenções da garota a sua frente.

Era uma cena normal para qualquer um que passasse por ali, mas para mim era a cena mais agoniante o possível. Senti uma vontade enorme de tirar Lisa de lá e dizê-la pra não ficar tão perto assim do hyung, porém eu não tinha esse direito, então simplesmente engoli meu orgulho e dei meia volta. Vê-los juntos só me faz constatar o que eu já temia. Eu acho que senti ciúmes, não sei direito definir a sensação já que nunca senti antes. Mas se ciúmes for uma vontade gigantesca de matar alguém que está próximo a alguém que você gosta, então sim, eu estava com ciúmes! Não, não, não. Esses sentimentos que estão vindo a tona não podem ser reais, deve ser coisa da puberdade, talvez eu estivesse passando pela puberdade tardiamente. Isso! É só a puberdade fazendo meus hormônios e sentimentos ficarem a flor da pele.

Ou não?

P.O.V Lisa

Eu podia muito bem ter alimentado o ódio que senti de June quando nós brigamos na cozinha do dormitório, mas não, embora tenha ficado chateada pelas palavras proferidas por ele, no fundo eu senti que não era aquilo que ele queria dizer, seus olhos o denunciaram, mas se não era aquilo que ele queria dizer, o que poderia ser? Depois que a raiva momentânea passou, decidi apenas focar no nosso trato e cumpri-lo o mais rápido possível, para assim não dever mais nada a June e então poder ter uma relação mais amigável com ele. Não valia a pena brigar com June por algo assim, pois todo homem sente esses desejos e como eu também havia sentido, ele não era tão culpado assim. Já eu sim, beijei June por pura excitação, mas não sinto por ele o mesmo que sinto por Jinhwan. Não posso misturar esses sentimentos, gostar é uma coisa e tesão é outra, pelo menos eu ainda sei separar e isso que vai me ajudar a me controlar perto de June.

Com todos os meus pensamentos esclarecidos (ou nem tanto), o melhor era dormir e tentar acordar disposta para aguentar mais um dia de aula e é claro, para pensar em algo para ajudar June com a aposta.  Já que era pra cumprir o trato, então pronto, eu faria com todo meu empenho. Decidido isso, pensei que uma boa prova de amor seria torcer animadamente pelo meu “namorado” na frente dos seus amigos. Decidido isso, após as aulas iria ao ginásio, onde June treina Lacrosse todas as tardes e faria meu melhor papel de atriz para convencer seus amigos sobre nossa relação repentina porém verdadeiramente apaixonada de minha parte.

Felizmente acordei sem muito reluto, levantei e fiz minha higiene matinal, comi apenas uma maça e fui para a aula. Ah, como eu amava meu curso! Era deveras bom fazer algo que eu gosto, assim eu não me cansava tanto, embora fosse puxado. As aulas passaram rapidamente e assim eu pude ir logo para o ginásio, para dar inicio ao meu plano. Chegando lá, para minha surpresa já estavam todos os garotos, incluindo June, então prontamente abri um sorriso e comecei a gritar para que eles me notassem, mas não antes de fazer preces para que Jinhwan não me achasse uma louca.

Recebi olhares assustados e risadas logo em seguida, porém June não ficou tão contente quanto seus amigos, logo me perguntou o que eu estava fazendo ali e depois me puxou para um canto reservado e foi não fez empenho em ser o mais grosso que conseguia. Ao voltarmos para o ginásio, fiquei quieta, como ele havia pedido e apenas observei o treino, uma tarefa que estava muito difícil para mim, pois eu não conseguia tirar os olhos de Jinhwan. Como ele podia ficar tão lindo suado? E pra piorar uma vez ou outra ele olhava pra mim e piscava o olho enquanto esbanjava um sorriso lindo. Aish! Eu podia muito bem processá-lo por danos mentais contra a minha pessoa.

Com medo de que alguém me flagrasse babando por Jinhwan, decidi parar de fita-lo e em vez disso olhar para June. E se antes eu achava que estava babando por Jinhwan, com certeza agora uma cachoeira escorria por minha boca. Abençoada seja a mãe de Koo Junhoe, ela fez um belo trabalho! Não podia negar que ele era de fato, muito atraente. Os braços e pernas definidos e suados, seu cabelo caído por cima da testa e o jeito que ele mordia o lábio quando comemorava por ter feito um ponto, tudo isso era extremamente chamativo e não pude deixar de soltar um suspiro por lembrar da noite anterior, onde eu provei daqueles lábios. Por Buda, por que eu pensei nisso? Balancei a cabeça tentando acabar com esses pensamentos impuros e por sorte foi bem na hora que o treino acabou, logo os meninos acenaram para mim e foram embora, apenas June e eu ficamos no ginásio.

- Podemos comer algo? Ficar vendo esse treino me deu fome. – pedi fazendo um aegyo horrível.

- Pode ir só, vou voltar pro dormitório. – ele respondeu seco e foi em direção a saída.

- Você não quer ir comigo? – perguntei confusa com a feição que ele ostentava.

- Sinceramente não, já fizemos nossa cota de atuação por hoje, você está livre. – mais um vez ele foi grosso.

- Não estou levando isso pro lado da aposta, apenas estou te chamando pra comer comigo. – fui sincera.

- Qual é o seu problema? – ele indagou quase como um grito.

- Que? – o fitei surpresa e desconcertada. – Não entendi.

- Você me deixa confuso! Depois de tudo aquilo ontem você age como se nada tivesse acontecido. – ele suspirou. – Olha, a partir de agora nossa relação não vai se estender a nada mais do que a hora que temos que ficar juntos devido a atuação e também devido ao trato, então depois disso você pode sumir da minha vida, se não for pedir muito. – ele disse e eu quis falar algo mas simplesmente me faltou palavras. Fiquei atônita com a reação dele, tudo isso por causa de ontem? – Bom, se você não tem nada a falar, até sexta. – ele concluiu e partiu.

E eu fique lá que nem uma boba, ainda sem palavras. Eu procuro sempre o tratar bem e foi isso que ganhei? Bom, se é isso que ele quer, que seja. Não preciso dele pra nada, que esse trato se exploda! Não quero mais a ajuda dele e nem nada vindo dele. Apenas vou cumprir minha parte e fim. Ele não precisará nunca mais se dirigir a mim, eu posso conquistar Jinhwan sozinha! Aish! Koo Junhoe é claramente minha personificação de inferno, nunca deveria ter prometido ajuda-lo e nem tê-lo tratado como um amigo, ele não merece meu esforço. Felizmente só falta um dia e pronto, nunca mais precisarei aguentar esse idiota!