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História The Blind Audition - Let me love you


Escrita por: Mtlx4Nerd

Notas do Autor


Hey, voltei com mais um capítulo!
Me pediram para fazer maior, então eu fui lá e fiz. hahahah

Capítulo 6 - Let me love you


POV CLARKE

 

A música alta preenchia a trilha sonora do ambiente. Pessoas dançavam aglomeradas pelo centro do lugar. Eu, Lexa, Anya, Octavia e Raven estávamos sentadas numa área vip. Bebíamos e conversávamos em um local reservado no primeiro andar. O camarote em que estávamos nos dava todo conforto e privacidade que precisávamos para nos divertir sem ter nossos rostos espalhados pela mídia, em suas manchetes. 

Eu observava tudo encantada. Não estava acostumada em estar em lugares como esse. Mal conseguia sair para uma balada, já que Finn não gostava de ir. E quando minhas amigas me chamavam, eu acabava evitando ir para não causar uma confusão com ele. 

O lugar era bem mais luxuoso do que os que eu já fui. Acho que em um dia normal, não teria dinheiro nem para entrada daqui. Sem contar que os frequentadores pareciam ser bem seletivos, pelo que dava para observar daqui de cima.

- Está gostando, Clarke? – Lexa pergunta. Ela estava sentada ao meu lado, no sofá. Enquanto as meninas estavam mais afastadas conversando.

- Sim! Nossa... eu nunca entrei num lugar assim. – falei voltando minha atenção para ela. – Eu não saía muito e quando o fazia, ia para lugares que eram bem mais simples que isso tudo.

- Fico feliz que tenha gostado. Eu também não tenho costume de sair muito. – ela falou, desviando sua atenção do meu rosto para pegar sua taça na mesa. – Mas, quando saio tenho que vir em lugares que me permitam ter mais privacidade. Infelizmente. – ela dá um gole em sua bebida e se volta para mim.

- Não tem costume de sair? Não é o que a mídia fala sobre você. – eu disse, mas logo me arrependendo. 

- Quer dizer que se eu olhar seu histórico da internet vai ter pesquisa sobre mim nele? – ela fala erguendo as sobrancelhas e sorri de lado.

- Ah, si... não! – limpo minha garganta. - Não é como se eu fosse stalker ou coisa parecida. Eu apenas acompanho as notícias. – falo tentando corrigir minha gafe. – Mas, você falou como se fosse triste frequentar lugares como esse. – falei confusa.

- A mídia fala muita coisa, mas a maioria delas é para vender manchetes absurdas. Eu não saio muito. – ela diz e devolve a taça para mesinha. – Não acredite em tudo que ler por aí sobre mim. – ela fica mais séria. – Eu gosto de vir aqui, mas não sempre. Não é como se fosse triste, é apenas que eu sou uma pessoa simples e acabo ficando privada de ir em locais que eu gostaria, por conta da fama. – ela diz com um ar triste. - Queria poder caminhar tranquilamente, na praia, por exemplo, sem ter nenhum paparazzi no meu encalço. – ela suspira. – E as vezes preciso vir a locais como esse, apenas para fazer presença.  

- Então, se eles criam tantas histórias, quer dizer então que você é hetero? – eu falei e ela caiu na gargalhada. Não queria deixar a conversa cair num clima ruim. – Eu posso imaginar o quanto eles podem ser cruéis. Mal tive meus quinze minutos de fama e já tem várias coisas sobre mim na internet.

- São bastante! Por isso você tem que ter cuidado com sua privacidade. Nem tudo você deve expor. Nem para os seus fãs. – ela pondera. – Tem muitos haters também, por isso o ideal é tentar se resguardar ao máximo. Principalmente, as pessoas que você ama. Elas devem sofrer o mínimo, pois não têm culpa da profissão que você escolheu. – ela falou e eu ouvia atenta. 

Era muito bom ouvir esses conselhos dela. Da pessoa em que eu sempre me inspirei. Melhor ainda é saber que ela era uma pessoa melhor do que eu esperava. Não que eu achasse que ela era uma pessoa ruim, mas sim pelo fato de que a gente nunca sabe o que se passa na cabeça ou no coração de um artista. Sempre estamos vendo o lado bom da fama. Mas, nunca sabemos a fundo o que eles sentem, se eles não falam.

Sem contar que muitos são dissimulados e só tratam bem as pessoas, na frente das câmeras. Lexa não era dessas pessoas. Ela sempre faz questão de ser simpática e ajudar a todos, mesmo aqueles que nem são da equipe dela. A cada dia, se era possível, eu me admirava mais com ela.

- Lexa? – ouvimos uma voz e uma mulher se aproximar de nós. – Você nem avisou que vinha para cá hoje. – ela falou. 

Ao olhar bem para ela, pude perceber quem era. Costia. Sua ex-namorada. Já tinha visto algumas fotos delas juntas na internet. Volta e meia, saía algo relacionado a elas, sobre possibilidades delas estarem juntas de novo.

- Hey! Eu vim com as meninas. Decidimos vir de última hora, desculpa. – ela falou e se levantou para cumprimentá-la com dois beijinhos no rosto. – Ah, deixa eu te apresentar. Costia essa é a Clarke, de quem lhe falei. Clarke essa é Costia, minha empresária e amiga. – me levantei para cumprimentá-la.

- Muito prazer, Clarke! Lexa sempre fala muito bem de você. – ela disse e direcionou um olhar para Lexa. Não entendi bem o que foi aquela troca de olhares dela, mas notei a Lexa um pouco vermelha. 

- O prazer é todo meu, Costia. – devolvi a saudação com um sorriso.

- Eu também tenho acompanhado o programa. Você é muito boa, garota! – ela falou demonstrando sinceridade.

- Ah, Obrigada! – falei um pouco envergonhada. Eu sempre ficava tímida quando recebia elogios. Ainda não tinha me acostumado com as pessoas falando bem de mim, para mim. 

- Apenas a verdade Clarke! – ela disse. – Olha, Lexa, não quero cortar o seu barato, mas toma cuidado. Se puder evitar de descer para pista... 

- Lá vem você com essas instruções. Parece até uma mãe... – Lexa interrompeu. – Se as meninas quiserem descer para ir na pista, eu vou com elas, qual o problema disso?

- O problema é que todo mundo, aqui dentro, tem um celular com câmera. E só uma foto, com um ângulo errado, cair nas redes sociais, para as pessoas tirarem conclusões erradas. – ela falou firme. – E depois da última interação de vocês no programa, todos os holofotes estão virados para vocês.

- Mas, aquilo foi uma brincadeira nossa, num é como fossem achar que temos algo. – falei tentando amenizar o clima.

- Brincadeira essa que fez vocês entrarem no trends topics do twitter. – ela diz e rir sem humor. – Tenho mais de cem e-mails para responder sobre o casal “clexa”. – ela fala a última palavra fazendo aspas com os dedos.

- Eu... eu não tinha ideia disso. – falei surpresa. Não imaginava que nossa interação pudesse causar isso.

- Deixa pensarem! Não vai ser a primeira e nem a última coisa que vão falar sobre mim. – Lexa falou sem dar muita importância. – E os fãs tem disso mesmo... com tanto que ninguém ofenda a Clarke, eu não me importo.

- Ah, mas isso deve ser meio difícil de controlar. Lembra aquela vez que encheram meu instagram de xingamentos. Suas fãs são difíceis, babe! – Costia falou, enquanto Lexa bufada contrariada. – Você pensa em se pronunciar sobre o assunto?

- Só pode tá de brincadeira, né? – ela ri irônica. - Você, mais do que ninguém, sabe que eu não gosto de sair anunciando sobre as pessoas que fazem parte da minha vida. – Lexa disse num tom sério.

- Ok! Não está mais aqui quem falou. – disse Costia erguendo os braços em rendição. – Meninas, vou deixar vocês em paz e ir curtir a minha folga também. – ela disse e logo deu um abraço em nós duas, se despedindo.

- Você tira folga? – Lexa ri, debochando e recebe um revirar de olhos em resposta.

- Não vou nem responder isso! Se cuidem e Clarke... vê se não deixa a garota rebelde fazer algo errado. – disse, antes de se virar e sair da nossa área reservada.

Após a saída de Costia, resolvemos beber um pouco e deixar de lado a situação exposta por ela. 

Em um determinado momento, Lexa cismou que queria descer para pista. Resolveu até incentivar Anya e as outras meninas a ir também. Logo, me lembrei das palavras de Costia e comecei a fazer de tudo para ela desistir de ir para lá. Porém, não teve jeito. Principalmente, depois que Anya também se animou a ir. Aparentemente, essas duas gostavam de contrariar as orientações dadas.

A pista estava lotada. Anya ia na frente, andando no meio das pessoas como se estivesse procurando algo. Ou alguém. Ela já tinha bebido além da conta e estava bastante animada. Raven vinha logo atrás, puxando Octavia pela mão. Por último, eu e Lexa, no meu encalço. Íamos abrindo passagem no meio do povo, até encontrar um lugar menos apertado para ficarmos dançando.

Porém, acabou não dando muito certo. Várias pessoas reconheceram Anya e Lexa. E então, começaram a se aproximar pedindo foto. Algumas pessoas também acabavam reconhecendo eu e Raven. Quando vimos, a situação já estava meio caótica. Não sei direito como aconteceu, mas perdi as meninas de vista, apenas vi Lexa pedindo desculpas e se aproximando de mim. Olhei para o lado e não vi mais nenhuma das outras meninas. 

- Precisamos voltar lá para cima. Não tem mais condição de ficar aqui. – ela disse próximo ao meu ouvido para que eu pudesse escutar. Acenei com a cabeça e ela pegou minha mão, me puxando em direção as escadas. 

No caminho, várias pessoas tentavam nos parar pedindo foto, mas ela apenas pedia desculpa e dizia que precisava ir. Estava tudo tão tumultuado que eu mal conseguia entender o que estava acontecendo. Só via alguns flashs iluminarem o ambiente e pessoas andando atrás da gente.

- Aqui sua bolsa. – ela me entrega a bolsa, quando chegamos próximo a mesa da nossa área reservada, e diz para eu esperar, enquanto ela vai validar nossos cartões de saída.

- Obrigada! – eu disse e peguei meu celular, aproveitando para olhar as notificações enquanto aguardava ela voltar.

Quando olhei o visor, tinha algumas notificações de Octavia e Raven. Elas tinham enviado mensagens avisando que já estavam indo embora de carona com Anya. O motorista dela deixaria Octavia em casa e Raven no hotel. Respondi as mensagens delas e nesse intervalo de tempo, Lexa já estava de volta.

- Vamos? – ela disse. Acenei com a cabeça em sinal de positivo. – A gente vai ter que sair pelos fundos. O segurança me avisou que está cheio de paparazzi na entrada. Eles sabem que estamos aqui.

- Mas, como? – olhei confusa.

- As fotos lá embaixo. Postaram nas redes sociais e os urubus vieram correndo para cá, quando souberam. – revirou os olhos. – Devem estar cobrando alto por fotos nossas. Além do mais, fora do programa.

- A Costia vai te matar. – falei avisando, enquanto caminhávamos em direção a saída.

- Que nada! Cão que ladra, não morde. – ela disse gargalhando. – Com ela eu me entendo depois.

- Se entende? – falei erguendo as sobrancelhas.

- Não do jeito que você pensou! – ela falou enquanto passávamos pela porta dos fundos.

Eu já ia retrucar, quando percebi flashes sobre nós. Ao que parece, alguém avisou a alguns paparazzis que sairíamos por ali. Eram cerca de seis caras, nos cercando, tirando fotos e perguntando se estávamos juntas. Não dava nem para raciocinar direito. Logo, o motorista de Lexa veio nos ajudar e abriu a porta para entrarmos no carro. 

Os flashes não paravam e eu já podia imaginar que a internet iria a loucura com essas fotos. Teriam mais conteúdo para alimentar suas teses sobre nós.

Bellamy, o motorista dela, seguia com o carro, rumo ao hotel onde os concorrentes ficavam, para me deixar. Foi quando o celular de Lexa começou a tocar.

- Fala, Any! – ela atendeu. – O quê? Sério? – ela falava surpresa. – Nossa a Octavia quando souber disso vai pirar muito. – eu já estava curiosa com o conteúdo da conversa. – Verdade! Acho que vai ser melhor fazer isso mesmo. Pode deixar! Ela vai dormir comigo. – arregalei os olhos para ela, quando ouvi ela falar isso. Ela pareceu se dar conta do que falou e eu pude ouvir uma risada histérica de Anya. – Digo, na minha casa... você entendeu o que quis dizer! – ela falou e revirou os olhos com algo que ouviu como resposta. – Ok, Anya! Tchau! – desligou a ligação bufando. – Bellamy, mudança de planos. Segue direto para casa mesmo.

- Ok! – ele se limitou a responder.

- O que aconteceu? – perguntei curiosa não entendendo.

- Tem mais paparazzi na porta do hotel. Anya contou que quando foi deixar Raven tinha uns urubus por lá. Para piorar, acharam que as duas estavam voltando de um encontro. – ela falou entronchando a boca. – Já estão comentando na internet, achando que elas estão juntas. Então, para evitar mais flagras, acho melhor você dormir lá em casa. – ela falou me olhando incerta. Como se tivesse se dado conta de algo.

- Tem certeza que esse é o melhor jeito? Eu não quero incomodar... – falei mais baixo receosa. 

Não sei porque mas, a ideia de conhecer a casa dela, me deixou um pouco tímida. A sensação de que ela só estaria me levando para lá, para que não fôssemos vistas de novo, juntando com a expressão dela quando percebeu que iria ter que me levar para sua casa, não me deixou confortável.

Além disso, ela pareceu ter ficado desconfortável também com a ideia, pois logo depois que eu concordei, ela não falou mais nada. O resto do caminho foi no mais puro silêncio.

Não demorou muito para chegarmos até sua casa. Ou melhor, mansão. Era imensa. Tinha um estilo moderno, toda branca. Ao redor da trilha do carro, o terreno era coberto por um gramado verde, muito bem tratado.

Entramos na sala e ela passou a me levar, como num tour por ali. Me mostrou onde era a cozinha e seu estúdio. Ambos no térreo. Subimos a escadaria e ela me levou até o quarto de hóspedes. Me mostrou onde eu poderia encontrar as coisas, sempre insistindo que eu poderia usar qualquer coisa. Que eu não me sentisse envergonhada e ficasse a vontade. 

Ela pediu licença e foi até seu quarto buscar uma roupa mais confortável para que eu pudesse vestir. Em menos de cindo minutos, ela voltou com um short e um camisão nas mãos.

- Obrigada, mais uma vez, Lexa. Você não precisava se incomodar. 

- Era o mínimo que eu poderia fazer, afinal a culpa foi toda minha. Se eu não tivesse insistido em descer, ninguém teria nos vistos e os urubus não ficariam em alerta. – ela falou tranquila.

- Esquece isso! Você não iria imaginar que terminaria desse jeito. – falei e toquei no braço dela, passando um pouco de conforto. Ela parecia menos tensa do que estava no carro.

- Não iria mesmo. Só não queria que ficássemos presas lá em cima, sem poder se divertir. – ela falou resignada. – Mas, eu vou dar um jeito. É questão de honra para mim. Ainda vou te levar lá, novamente. Só que na próxima nós vamos dançar sem sermos perturbadas. – ela fala convicta.

- Tá certo, Garota rebeldia! – falo rindo. – Vou esperar por isso!

- Ei, não dê ouvidos as coisas de Costia. Duas contra uma não vai valer. – nós rimos. – Bem, você já está familiarizada com tudo. Agora vou deixar você descansar. – ela falou enquanto saía do quarto e andava até a porta a frente. – Boa noite, Clarke! – ela falou, enquanto segurava a porta do seu quarto.

Aquela visão dela ali, na minha frente, tão relaxada e sorrindo para mim, fez meu estômago revirar. Mas, não era algo ruim. Era uma sensação boa. Tão boa que meu sorriso abriu de forma involuntária. Seus olhos pareceram se iluminar e o tom de verde ficou ainda mais bonito com o brilho ali presente. 

- Boa noite, Lexa! – falei pela última vez, com minha voz rouca, olhando-a nos olhos. Nenhuma de nós duas, parecia querer fechar a porta. Pela primeira vez, pudemos sentir que algo novo estava nascendo ali.

Adormeci pensando em todos os acontecimentos daquela noite. Minha mente repassava alguns momentos em que estive com Lexa. Era incrível como aquela mulher tinha um poder de mexer comigo. Eu sempre tive uma admiração por ela. Mas, no fundo eu sabia que era algo platônico. Algo que nunca estaria ao meu alcance. 

Mas, o destino não concordava com isso e preparou essa surpresa para mim.

Abri meus olhos e já podia perceber que o sol já tinha aparecido. Apesar da cortina no quarto, dava para notar os indícios de raios solares lá fora. Me espreguicei e levantei em direção ao banheiro. Fiz minha higiene pessoal e resolvi permanecer com a roupa que Lexa havia separado para que eu pudesse dormir mais confortável.

Peguei meu celular e verifiquei a hora. Já era quase horário de almoço. Devolvi o aparelho na mesinha e segui até a saída do quarto. Dei algumas batidas no quarto de Lexa e não obtive resposta. Então, achei melhor não insistir e descer em direção a cozinha. Precisava comer algo.

A medida em que eu me aproximava da cozinha, podia ouvir algumas vozes. Uma eu identifiquei como sendo a de Lexa e a outra, parecia ser uma voz de criança. Mas, não fazia muito sentido isso.

Cheguei meio acanhada na porta da cozinha e parei ao ver uma das cenas mais fofas do mundo. Lexa estava com uma criança em seu colo. Um menino. Aparentava ter uns seis anos, por aí. Eles conversavam, enquanto ele comia cereal. Não sei quanto tempo passei observando aquela cena, até que o garotinho olhou para mim com uma cara confusa. 

Pude observar seu rosto e notar que alguns dos seus traços lembravam bastante Lexa. Ao começar pelos olhos. Ela se virou ao notar que ele olhava em minha direção. E em seguida, o inclinar de cabeça dos dois pareceu combinado, de tão iguais. Agora eu quem assumia uma expressão confusa. Quem era aquele garoto?

- Bom dia, Clarke! – Lexa falou com um sorriso, diria que tímido. Não entendi bem aquela reação, mas correspondi o sorriso.

- Bom dia! – respondi para ela e me dirigi ao menino. – E esse homenzinho? Como se chama?

- Aden. Meu nome é Aden Woods. – ele falou e estendeu a mão para me cumprimentar. Com certeza eu me enganei quando achei q já tinha visto a cena mais fofa do mundo. Estendi a mão correspondendo ao seu ato. – E você? Quem é? – ele perguntou me encarando. Seus olhinhos brilhavam em curiosidade.

- Eu sou Clarke. Clarke Griffin. -  falei sorrindo para ele. Ele devolveu um olhar desconfiado e logo em seguida, olhou para Lexa.

- Bem, eu ia apresentar vocês, mas vocês meio que se adiantaram... senta, Clarke. – ela falou rindo. – Filho, a Clarke é amiga da mamãe. Lembra que você viu ela no programa?

Filho? Arregalei um pouco os olhos. Eu tinha escutado bem? Como que ela tinha um filho e eu não sabia? Ou melhor, nunca tinha escutado falar sobre.

- Aquela que a tia Anya falou que você queria namorar? – prendi o riso quando observei a expressão desconcertada e vermelha dela ao ouvir ele dizer isso.

- O quê? Não!  - ela gritou surpresa. – Vou matar sua tia por falar essas coisas pra você. – ele apenas deu de ombros e soltou um sorriso traquina. – Você sabe como Anya é, Clarke. Eu não disse isso... mas, não que não pudesse acontecer... er... bem, acho que... – ela falava nervosa.

- Acho que deu para entender sim... – falei rindo.

Nota mental: o sorriso deles também é igual.

- Tia Clarke, posso te chamar de tia, né? – respondi com um aceno positivo. – Eu já vi você na TV. – ele disse sorrindo. – Mamãe falou que você tem voz de a... – não pude mais segurar a risada. Lexa tinha tapado a boca de Aden com sua mão, impedindo dele continuar a frase. Confesso que estava me divertindo com o desespero dela.

- Aden, você não disse que queria ir para piscina? Por que você não sobe logo e vai colocar o seu calção? Eu vou tomar café com a Tia Clarke e depois subo para colocar meu biquíni.  – ela disse.

- Sim, mamãe! – ele disse e desceu do colo dela. Quando ele já ia chegando na porta da cozinha, ele parou e deu meia volta, indo até onde Lexa estava sentada e falando algo no seu ouvido. Eu observava a cena, curiosa. Logo depois, ela fez um aceno positivo para ele e bagunçou seus cabelos.

- Tia Clarke, você também quer ir para piscina com a gente? – ele falou, chegando perto de mim. Seus olhinhos assumiram uma expressão pidona. Olhei para Lexa, antes de responder. Ela acenou para mim, com um sorriso, como se dissesse que estava tudo bem. Com certeza ele devia usar, contra mãe, aquela carinha para ganhar as coisas. Aparentemente, não tinha como dizer não aos Woods.

Após eu concordar em ficar, tomamos café e depois subimos para nos trocar. Lexa explicou que no quarto em que eu dormi, havia uma gaveta com alguns biquínis novos. Ela sempre deixava lá para caso alguém precisasse. Vesti a peça e coloquei o camisão de volta, por cima. Lexa vestia uma saída de praia. Saímos do quarto, praticamente juntas e descemos para a área da piscina. 

Aden já nadava, de uma ponta a outra da piscina, com sua bóia presa nos braços, quando Lexa o chamou para colocar protetor. Logo, ele veio correndo, atendendo sua mãe. Aproveitei e passei um pouco no meu rosto. Estávamos na sombra, embaixo de um grande guarda-sol, mas achei melhor prevenir e colocar o protetor já que sou muito branca.

- Então, acho que você deve está surpresa, né? – ela iniciou a conversa.

- Acrescente confusa, também. – falei rindo. – Você o adotou?

- Não. – ela me olhou e respirou fundo antes de prosseguir. – Antes de eu te contar tudo, eu preciso que você me prometa que isso não vai sair daqui, em hipótese nenhuma. Poucas pessoas sabem da existência dele e quero manter assim. Não quero que meu filho sofra com os efeitos colaterais da mãe dele famosa.

- Claro, pode contar com a minha discrição. Eu nunca faria nada que pudesse colocar você em problemas. – falei encarando-a. – Você tem minha palavra.

- Ele é meu filho biológico. Quando eu tinha dezoito anos, eu ainda me sentia bastante confusa sobre a minha sexualidade. Eu cresci ouvindo meus pais falarem o quanto isso era errado e acabou fazendo com que eu fosse contra meus sentimentos. – ela suspirou. – Então, numa noite, eu fui para uma festa e bebi muito. Eu queria expulsar da minha mente aqueles pensamentos que eu achava que era errado sentir. Acabei ficando com um cara e na ânsia de tentar sentir algo, acabei não me preocupando em usar proteção. E ele como já tinha se excedido um pouco na bebida, também não lembrou. O resultado dessa noite foi o Aden. – ela contou e eu pude vislumbrar seus olhos marejados. 

- Nossa, eu não podia imaginar. Mas, como você conseguiu esconder isso? 

- Quando eu fiquei grávida dele, eu ainda não era tão famosa. Eu estava começando a carreira. Até poderia ter meu período de gestação tranquilamente. Porém, como meus pais eram muito rígidos, eles não queriam que as pessoas soubessem que a filha deles tivera um filho naquela idade e ainda mais solteira. Acabei passando uns meses na nossa fazenda, assim só os empregados, que eram de nossa confiança, tomaram conhecimento da minha gravidez. – ela falou e observou ele se movimentando pela água. – Depois que ele nasceu, meus pais tomaram todas as providências para que ele não fosse descoberto pelas pessoas. Inclusive, passei a mudar o meu comportamento. Primeiro de tudo, eu aceitei quem eu era. Assumi para minha família que eu gostava de garotas. – pausou e depois continuou. – Foi aí que eu conheci Costia. Com pouco tempo ela se tornou minha empresária. Ela foi uma das pessoas que mais me apoiou nessa época. Nossa aproximação foi crescendo e quando vimos, estávamos apaixonadas. Namoramos por quase cinco anos, entre idas e vindas.

- Eu me lembro de algumas coisas que saíam na mídia sobre vocês. – eu falei.

- Mas, nem tudo era verdade, Clarke. – ela falou com um ar pesaroso. – Eu saí da relação com fama de traidora. Me lembro bem do dia em que acordei e vi em várias páginas da internet afirmações que nosso relacionamento tinha acabado por conta de mim. Que eu traía ela com outras mulheres e isso nunca aconteceu. 

- E por que ela não soltou uma nota negando isso? 

- Por que com aquela confusão de postagens na mídia, as vendas do meu cd aumentaram. Os programas de TV ligavam para eu dar entrevista e Costia dizia que não tinha necessidade, que ela sabia que nada daquilo tinha acontecido e só isso importava. – ela suspirou. – Mas, eu sempre negava nas entrevistas. 

- Nossa, não acredito que ela fez isso. Ela deixou você sair como a errada na história só para que você aparecesse mais na mídia... – eu falei indignada. – Eu lembro que na época fiquei um pouco chateada com você, porque não esperava que fosse capaz de algo assim. Eu sei que não te conhecia, mas sei lá... eu não queria acreditar.

- Eu entendo! Eu também não aprovo traição. Eu não faria isso... – ela falou. – Mas, não foi só isso. – ela disse e deu uma pausa. – Eu tive que mudar outras coisas.

- Como o quê? – ela suspirou e olhou para mim incerta do que falaria.

- A Costia, junto com minha equipe, percebeu que a imagem de uma Lexa sedutora atrairia mais atenção. Essa coisa de flertar com as mulheres e ter uma imagem de quem pega geral. Tudo isso foi planejado. Eles sabiam que mais da metade do meus fãs são gays e isso agradaria. – ela fala um pouco envergonhada pela revelação.

Eu não sabia o que pensar sobre isso. Na verdade, eu ainda estava tentando me recuperar da primeira revelação.

- Então, quer dizer que nossa interação no programa é toda planejada pela sua equipe? – falei um pouco decepcionada.

- Não! De jeito nenhum. Eles não mandam no que falo. – ela fala rápido. – O que acontece lá é algo natural. Não foi nada arquitetado, apenas acontece...

- E quanto a mulheres que você sai? Aquelas que aparecem te acompanhando em eventos, você usa elas para poder conseguir atenção? – falei inquisitiva.

- Não é bem assim. As vezes são só amigas minhas mesmo. – ela fala com cuidado. – Eu não saio por aí ficando com várias. Para ser sincera, posso contar nos dedos as mulheres que beijei. Até porque passei a maior parte do tempo, depois de assumida, com a Cos. Ela foi a única que namorei pra valer. Eu não podia, nem posso trazer qualquer pessoa para minha vida. 

Me senti, de certa forma, lisonjeada com a última fala dela. Saber que ela tinha confiado em mim e deixado eu entrar na vida dela me deixava feliz. Confiado ao ponto de me falar algo que poucas pessoas sabiam.

- Por causa do Aden, posso presumir... – falei incerta. Ela fez um aceno positivo e virou a cabeça para olhá-lo na piscina. – E o pai dele, Lexa?

- Bem, eu cheguei a procurá-lo, uma vez, mas ele era um imbecil. Ele não quis saber e falou até na possibilidade de eu tirar o bebê. – ela falou balançando a cabeça resignada. – Então, é como se ele não existisse.

- Caramba... não sei nem o que te dizer. – falei. – Imagino o quão difícil foi passar por tudo isso. Quem te vê lá no palco, alegre, bem humorada, não imagina tudo isso que você passou. - peguei na mão dela e a encarei. – Lexa, eu quero que saiba que você é muito importante para mim e do mesmo jeito que você me deu força, eu estou aqui para te dar também. Pode contar comigo sempre. Eu não tenho muito a oferecer, mas o pouco é de coração. – ao me ouvir ela sorriu com os olhos marejados. – E quanto ao Aden, pode deixar que seu segredo vai continuar seguro comigo e farei de tudo para protegê-lo. 


Notas Finais


Espero que tenham gostado.
E se for reclamar do capítulo maior, reclamem com os coleguinhas dos cometários que pediram hahahahha
Bjs.


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