Lauren tentava se concentrar no que a velha senhora a sua frente falava, mais uma idosa reclamando de dores em todos os lugares. Ela tentava da forma mais plausível explicar que pela idade era normal sentir tanta dor.
— Não tenho como prescrever outro remédio Senhora Smith, sinto lhe dizer que seu corpo está cansado.— Lauren suspirou e passou as mãos pelas têmporas.— Continue tomando os seus medicamentos e as vitaminas, se alimente bem e tenha uma boa noite de sono, talvez vá aliviar um pouco.
— Tudo bem Drta. Jauregui, obrigada!
A senhora em sua frente sorriu e Lauren achou fofa as covinhas da senhora.
O sol batia contra a pele pálida de Lauren, que por sua vez repousava a cabeça nas pernas de Dinah. Ambas sorriam e os olhos se cruzaram.
Verde no castanho.
Castanho no verde.
Lauren sabia que já havia perdido a batalha na hora que havia conhecido a latina.
— Lo, eu queria te falar uma coisa. – Dinah suspirou e sorriu docemente para Lauren, que por sua vez afagou as pernas da latina.
— Eu te... – Lauren se viu no consultório novamente, acordou e coçou os olhos, que estavam irritados por conta da luz.
— Droga foi só um sonho.— A garota bufou e arrumou seu jaleco, levantou-se e saiu da sala. Caminhou sem vontade alguma pelos corredores do hospital. Decidiu fazer medicina após perder a sua amada avó e agora era residente do principal hospital de Miami.
Sua cara de poucos amigos intimidava algumas pessoas, mas no fundo a garota era amável. Ela entrou no refeitório dos médicos e pegou uma xícara de chá, sentou em uma mesa e ficou fitando a parede até sentir alguém arrastar uma cadeira ao seu lado.
— Dormindo de novo no plantão Laur? – O garoto riu e pousou a xícara na mesa, fitou Lauren e se encostou-se à cadeira.
— O dia tá parado Tommo, só a senhora Smith reclamando de dores em lugares que eu nem imaginava que dava pra sentir dor. — Lauren bebericou um gole do chá e suspirou baixo.
— Acredite, quando acabar a residência vai começar a emoção. Digo por mim mesmo.— Louis tirou o jaleco e o dobrou.— Fiquei numa cirurgia de cinco horas, estou acabado.
— Bem que poderia acontecer algo.— Lauren fechou os olhos e deu de ombros.
E como se o destino pregasse uma peça, a porta do refeitório foi empurrada com certa brutalidade por uma enfermeira desesperada.
— Drta. Jauregui desculpe incomodar, mas você é a única médica disponível no momento. Houve um acidente envolvendo um carro e uma moto. A pessoa que dirigia a moto infelizmente veio a falecer no lugar do acidente.— Anne, a enfermeira despejou tudo de uma vez sobre Lauren. A garota se levantou rapidamente e fitou Louis.
— Até mais Tommo, fica me devendo uma visita essa semana.
— Tudo bem Jauregay, vai lá salvar a vida da tal pessoa. Depois a gente combina.
Lauren saiu correndo pelos corredores te chegar na emergência, pegou a prancheta e verificou os dados do rapaz e gelou no momento em que leu o nome: " Shawn Mendes, 17 anos. Acidente de carro grave."
— Anne? Chame o Louis por favor. — Lauren disse enquanto olhava os sinais vitais de Shawn.
— Tudo bem Drta. Jauregui.— A enfermeira saiu rapidamente até o saguão e buscou o rapaz que já estava saindo do hospital. Eles foram até a emergência. Louis olhou para Lauren, ela estava nitidamente assustada.
— O que houve Laur? — Louis disse enquanto olhava as informações sobre Shawn.
— Estabilize os sinais vitais dele, Anne está chegando com os curativos e morfina. — Lauren disse rapidamente enquanto tirava o celular do bolso
— Laur você o conhece? — Louis perguntou enquanto rasgava a camiseta do rapaz e ligava os aparelhos no tórax do mesmo.
— Não, mas sei quem conhece. — Lauren desceu a lista de contatos até a letra D. Clicou no nome "Dinah" e rezou para a polinésia atender rápido.
— Alô? – Dinah sussurrou ao atender, se sentindo incapaz de aumentar a voz.
— Dinah? Tá me ouvindo? – A voz desesperada de Lauren fez Dinah se desligar do mundo por um segundo, até ela perceber o tom urgente na voz de Lauren.
— Yeah, eu to sim. Aconteceu algo? – Lauren estava tentando achar um meio de falar sobre o que havia acorrido sem assustar a polinésia
— E-eu... – Ela parecia nervosa. — Você precisa vim para o hospital. – Lauren disse de uma vez e se arrependeu profundamente. — Dinah? – Lauren chamou sua atenção, já que Dinah não havia lhe respondido.
— O que aconteceu? Você está bem? Se machucou? Aí meu deus!
— Eu sim, mas...
— MAS O QUE? – Camila gritou.
— Camila? – Lauren perguntou confusa ao ouvir a voz da amiga. — Dinah, presta atenção. – Dinah concordou com a cabeça se esquecendo de que Lauren não podia vê-la. — No dia da lanchonete, você estava com um garoto chamado Shawn, certo?
— O que tem ele? – A voz de Dinah começará a falhar.
— Eu não sei se é o mesmo, ma-mas...
— Lauren. – Dinah sussurrou, Lauren podia ouvir a voz de choro da latina.
— Aconteceu um acidente no centro. Um carro em alta velocidade se colidiu com uma moto. O garoto, ele... Ele ficou muito machucado, e perdeu muito sangue. Achamos os documentos dele em seu bolso. O nome dele é Shawn Mendes.
— Chego aí em dez minutos.— Lauren desligou o telefone e voltou para o leito em que Shawn se encontrava.
— Ele precisa de sangue, Drta. Jauregui.— Anne começou a falar.— Mas o tipo sanguíneo dele está em falta.
— Louis, ligue para o hemocentro. Veja se lá eles tem o tipo sanguíneo do senhor Mendes. — Louis afirmou com a cabeça e saiu da sala.— Anne, em dez minutos os amigos do senhor Mendes vão chegar, não consegui localizar a família dele até o momento, autorize a entrada imediata das pessoas okay? — Lauren suspirou e a enfermeira se retirou da sala.
Ela iria conhecer Dinah, da pior maneira possível. Estava à beira de um colapso nervoso. Caminhava pelo quarto enquanto praguejava baixo, não escutou quando a porta do quarto abriu. Ela virou-se. Seu coração errou uma batida, a respiração estava falha.
Dinah estava a sua frente, com o semblante assustado.
"Respire Lauren, ela precisa de você." A garota dizia para si mesma, mas parecia que seus pés haviam colado no chão.
Dinah correu e se jogou na cama em que Shawn estava deitado desacordado, com cuidado para não machucar o garoto.
Lauren colocou as mãos no jaleco e andou devagar até a garota. Quando viu Dinah escorregando pela cama ela acelerou o passo e tomou a latina em seus braços.
Dinah estava com os olhos fechados e negava com a cabeça várias vezes. Ela estava tendo um ataque de pânico.
— Dinah, me escuta! Foca na minha voz.— Lauren falava baixinho para que Dinah se acalmasse, coisa que não estava acontecendo.
— Eu, Lo...
Lauren não aguentava ver a garota naquele estado, se lembrará da aula que recentemente teve sobre o assunto
" Faça algo para chamar a atenção da pessoa"
Lauren suspirou, contou até dez. Não havia volta, precisava ajudar Dinah e respectivamente Shawn.
Lauren com cuidado acariciou a bochecha de Dinah, sentindo a pele macia da latina. Impulsionou seu corpo para frente, mordeu o lábio inferior e sussurrou baixinho:
— Não era como eu imaginava nosso primeiro beijo Dinah. — Ela prendeu o lábio inferior da polinésia entre os seus e o chupou lentamente, percebendo que a Dinah havia parado de tremer e colocando as mãos na gola de seu jaleco. Lauren suspirou e arfou baixinho, tomou coragem e iniciou um beijo calmo.
Ela fitou os olhos de Dinah e pensou consigo mesma "essa batalha já está perdida pra você Lauren. Você é dela o tanto quanto ela é sua"
Lauren se afastou um pouco, ofegando e fitando Dinah, que por sua vez tentava entender o que havia acontecido.
— Você estava tendo uma crise, me desc.... — Lauren começou a divagar e Dinah negou com a cabeça.
— Tu- tudo bem, só me ajude Lo, por favor, salve o Shawn. — Dinah se atirou nos braços de Lauren, que a recebeu de bom grado e apertou o corpo contra o da latina.
— Farei o impossível para salvá-lo Babe.
A porta se abriu e uma Camila com um jaleco azul e alguns equipamentos entrou no quarto.
— Vou falar pro diretor que anda se atracando com as visitas dos pacientes Lern.— Camila disse enquanto aplicava a medicação em Shawn.
— Vocês são médicas? E nunca me falaram? — Dinah negou com a cabeça e sentou-se na poltrona de frente para Shawn.
— A Jauregui faz residência, eu sou enfermeira já. — Camila deu de ombros e foi até Dinah, beijou a testa da amiga e secou uma lágrima que descia pelo rosto da garota. — Vai dar tudo certo, Che. Ele está nas mãos de Lauren agora.
— Eu espero Chan.— Dinah suspirou e se encolheu.
— Eu também Dj.— Lauren sussurrou e saiu do quarto, indo até a janela do andar em que se encontrava.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.