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História The Boy - The Boy's Life


Escrita por: LoveSymptoms

Capítulo 1 - The Boy's Life


Fanfic / Fanfiction The Boy - The Boy's Life

Espreitei,

Corpo de menina, num vestido de cores alegres em seus folhos, oferecido pelo seu aniversário,sentava-se descontraída no pequeno banco de madeira apreciando o seu reflexo no espelho do toucador.Ela forçava o sorriso,enquanto tocava nos arames do aparelho. 
Acabei por entrar,após vários chamamentos, no seu pequeno,humilde, porém confortável quarto. Contudo, não pude deixar de reparar no negro da humidade que, a cada dia que passava, invadia cada vez mais as paredes brancas monótonas ou na sua cama que parecia diminuir todos os dias à medida que aquela criança crescia velozmente diante dos meus e dos olhos da nossa mãe. O pequeno armário coberto de desenhos mágicos e inocentes criados pelas mãos de uma menina de 5 anos...Contudo, aquele toucador é o que a pequena mais estima e adora em todas as suas pequenas posses. O toucador branco, simples, intacto, feito por mim; digno de uma princesa. 
Os seus grandes olhos castanhos admiram e estimam também a vista que a janela alta lhe proporciona.Ela estuda a ''maneira como as pessoas comem o gelado sem se sujarem'' à medida que descem a rua da gelataria ou ainda como os ''meninos talentosos jogam à bola pelos passeios'' encontrando e esbarrando em civis concentrados nos seus próprios problemas.

Essa era Hana.

Minha irmãzinha.

Desliguei-me dos meus pensamentos e análises ao ouvi-la.

''Quero tirar isto Seungri.''-Ela resmungou mexendo ainda no aparelho-''Isto não resulta!''- Analiso, sorrindo mais uma vez para o espelho na busca de diferenças nos seus dentes ''recém-aparelhados''- ''E dói.''

''Mas acabaste de o pôr Hana. Em uma seana eles não ficam prontos.''-Acalmei-a acariciando o seu cabelo, algo que ela sempre adorou desde bebé.

''Vai demorar muito?''- Encarou-me através dos reflexos.

''Um pouco. Mas no fim os resultados vão deixar-te muito contente e ainda mais bonita.''-Assegurei com um sorriso.-''Vais passear?''-Curioso pelo vestido de festa que usava.

Aquele vestido de folhos tinha sido declarado ''vestido de festa'' porque Hana apenas o usa em dias importantes.Tinha sido uma prenda de nossa tia de Itália,Giullia, a tia preferida. Giullia não é mesmo a nossa tia mas a nossa mãe e ela são como irmãs e adoram-se bastante. Além do mais, Lili, como Hana costuma chamá-la, acompanhou a nossa família desde que eu nasci, por isso é praticamente ''parte da mobília''.

''Vou ao aniversário da Margot. Ela vai fazer uma festa e a mãe deixou-me ir.''

''Então, deveria caprichar no penteado hoje?''- Sugeri e ela sorriu.

Por entre conversas aleatórias, cantigas e gargalhadas acabei por terminar o seu penteado. Não era nada de mais, apenas duas tranças enroladas no topo da cabeça como duas bolinhas.
Mas Hana adorou e pelos 10 minutos que se pavoneou e passeou pela casa, pude reparar que realmente tinha gostado.
Era novidade.
Hana não costumava apostar no cabelo atado...preferia tê-lo descaído em seus ombros e senti-los ''esvoaçar feliz enquanto corre'' como costuma ela dizer.

Pouco tempo depois de tantas passarelas, Hana saiu com Margot que lhe levaria até a sua casa. Estávamos descansados visto que Margot mora à nossa frente por isso não era uma viagem longa nem perigosa.
Restei apenas eu e a minha mãe em frente à porta de entrada após o costume da despedida antes da saída. 

''Fizeste um óptimo trabalho no cabelo dela querido.''- Ela soriu e os seus olhos que me encaravam fecharam-se numa linha um pouco enrugada pelas marcas da idade.

''Tens fome?''-questionei, consentiu.

Seguiu-me até à cozinha, vazia. Apenas com um fogão a gás,quatro armários e uma mesa central, com 4 cadeiras. Junto aos armários, a bacia onde lavávamos as loiças.No chão e na parede azulejos desgastados e de cores escuras apesar da estampa floral.
Não temos um lugar perfeito,contudo é a nossa casa, o nosso lar.
Mas eu sei, dói muito para a minha mãe.
Várias foram as noites que, depois de Hana adormecer, nos sentávamos os dois no pequeno sofá da sala, ela encostava-se ao limite do mesmo e sonhava. Sonhava alto,relatando-me cada acontecimento. Sonhava com uma casa segura e bela, com uma cozinha com grandes bancadas e fogões onde ela poderia cozinhar com todo o espaço. 
Sonhava com um candelabro de cristais na sua sala com um sofá tão grande como o mundo onde todos os nossos amigos e familiares se pudessem aconchegar após um jantar, aliás, um banquete. Sonhava com um quarto harmonioso e respeitador de todos os gostos da pequena Hana. Sonhava com um espaço só meu onde eu pudesse sentir-me livre para ser o jovem de 18 anos que sou...Sonhava com grandes e floridos jardins em volta onde poderíamos apreciar o sol durante o dia, a Lua e todas as estrelas durante a noite...
Mas depois...por ventura acabaria por acordar e ver que não passavam de sonhos. 
Os seus olhos humedeceriam a princípio, até romper em choro desesperado.
A verdade é que a nossa mãe sempre lutou muito para nos dar tudo o que sempre precisámos e sonhámos, tudo o que uma família pode desejar. Mas desde que o meu pai partiu e nos abandonou quando Hana naceu, ela nunca recuperou da dor e a ferida nunca sarou. Até hoje quando Hana coloca perguntas sobre ele, a expressão de nossa mãe torce, o corpo treme...
O nosso pai era uma fonte de apoio e amor em nossa família,já para não falar do quão apaixonada a minha mãe era por ele. 
Quando ele se foi, o sofrimento para nós foi bem real. Recordo-me de ter tentado bater nele no dia que ele me confessou que partia por outra mulher. Ele tinha esperado que os ânimos acalmassem para ele poder conversar comigo....tinha esperado que minha mãe segurasse toda a tristeza por 20 minutos para me arrastar com ele até à sala para contar-me isto. Lembro-me como se fosse hoje, da raiva e do desprezo que senti, como contornei aquela mesa em passos apressados pronto para cometer loucuras, até que a minha aparece e salvá-lo. Consegui bater-lhe mas também sei que pouco ou quase nada fez para sua defesa. Pergunto-me se ele sentia que o merecia, se ele já sabia.

Que naquele dia eu tinha perdido o meu pai.

Na manhã do dia seguinte quando seguia para a cozinha para o pequeno almoço, apenas encontrei uma carta na mesa com dinheiro à volta e a minha mãe no estado mais miserável: as lágrimas, os soluços, os lamentos, o seu corpo escondido no canto da divisão enquanto o seu queixo tocava os seus joelhos vermelhos de pressão.
Lembro-me de tentar aproximar-me dela até as palavras mais duras que já ouvi saírem entrelaçadas em soluços: 

''Tens fome? Eu vou preparar o pequeno almoço. Vai para cima.''

E quando tentei insistir em ficar com ela:

''Faz o que te digo!''- Gritou por entre lágrimas.

Corri para o quarto da Hana que já chorava por ter acordado sozinha.

Aquele quarto.

Foi o nosso refúgio durante os meses após o acontecimento. Nesses meses, Giullia praticamente viveu connosco e recusou voltar para Itália enquanto a nossa mãe não melhorasse e ficasse 100% saudável. Foram incontáveis as noites em que eu adormecia Hana ao som dos choros, soluços da nossa mãe, dos pedidos de calma e as palavras de conforto da tia Giullia. Todos os dias o caixote de lixo era ocupado por uma garrafa de whiskey igual ao que os meus pais tomavam juntos em dias de festa. Todos os dias o prato de minha mãe mantinha-se cheio até ao final da refeição. Simplesmente não tocava, não provava, não se alimentava...Apenas bebia.
Foram longos meses de carinho extra, de amor, de conforto em que eu tentei acima de tudo ser o filho perfeito. E ao final desses longos meses, apesar de ainda frágil, a nossa mãe voltou com vontade e com os olhos postos no futuro. 
Reconheço que temos que agradecer a Hana porque foi ela e os seus primeiros e desajeitados passinhos que trouxeram a mãe de volta.
É uma imagem que sei que nunca se vai perder: A minha mãe sentada no sofá a conversar com Giullia nos seus desabafos tristes quando Hana andou até ela e sorriu. E segundo a confissão de minha mãe:'' Foi aí que ela prometeu nunca mais chorar por isto'' e foi após a evolução de Hana que a minha mãe sorriu finalmente pela primeira vez em meses que pareciam infinitos.

Mas agora olho para ela recuperada, mais guerreira e forte que nunca e confesso que nunca me senti tão orgulhoso.

''Sandes?''-perguntei afastando-me de meus devaneios e ela mais uma vez acenou positivamente.

Preparei-lhe a sandes que sei que seria o nosso jantar por isso preparei-a bem.
Desde que tudo aquilo aconteceu, isto também foi uma das coisas que  nos afectou:a fome, a pobreza.
O meu pai era quem trazia maioria do sustento para casa e quando ele foi, a situação teve uma queda quase catastrófica contudo apliquei-me para sair da escola e arranjar um bom emprego para ajudar com o ordenado curto que a minha mãe recebe da loja de flores. Como era muito novo na altura, foi muito fácil para mim conseguir emprego e desde que comecei que já tive mais empregos do que os dedos permitem contar, contudo ,neste momento,  ainda estou à procura. Os tempor estão duros e já não são rendimentos iguais então os estabelecimentos acabam por fechar como aconteceu ao meu antigo emprego.

Ao terminar o sanduíche, entreguei-o a minha mãe e fui buscar a carta que estava na entrada de casa.
Voltei à divisão, sentei-me junto dela e dei-lhe a carta.

''Veio esta manhã.''-expliquei,

Ela começou a ler não tendo grande reacção mas de repente a sua expressão congelou, ela ficou pálida quase que parecia nem respirar. De imediato chorou soluçando vários ''Oh meu Deus''. Assustado, peguei a carta:

''Por motivos de inflação, novas normas e adiar de pagamento a divida tem acréscimo para 50 000 won.''

Tal como ela, congelei no meu lugar. Sentia tudo desabar. Como, onde arranjaríamos nós este dinheiro? Era impossivel,
De imediato abracei a minha mãe, beijei a sua cabeça e prometi tudo ficar bem. Eu ia arranjar trabalho.

''Mãe eu quero que me oiças. Eu vou sair. Vou procurar...senão voltar, por favor não te preocupes, eu estarei à procura.''

''Mas filho! Onde? Não há negócios duradouros neste tempo. Por favor fica! Eu tento dar a volta a isto!'' Ela implorava agarrando ambos os meus braços.

''Volto assim que puder.'' beijei a sua testa-''Amo-te.''

Durante dias procurei em todos os recantos até que eventualmente via-me obrigado a desistir. Tornava-se impossivel e quase ridiculo. Sei que minha mãe está preocupada comigo por esta altura...mas recuso-me. Recuso-me a voltar para casa sem a resposta para os nossos problemas....recuso-me a voltar como perdedor. 
A noite cai.
As lojas começaram a fechar e as ruas, a ser iluminadas pelas luzes. As pessoas começaram a recolher-se nos seus caminhos e em poucos momentos eu era o único nas ruas desertas.
Mas insisto. Não vou voltar.
Encostei-me na parede atrás de mim que erguia um prédio e sentei-me no passeio. Procuraria de novo pela manhã.
Com o tempo a passar, a noite tornava-se cada vez mais escura enquanto eu tentava adormecer tentando ignorar o som incomodativo dos carro. Contudo, gostava de observá-los. Até que um deles parou bem à minha frente. A janela do mesmo abriu-se e revelou uma mulher.

''Rapaz?''


Notas Finais


Olá toda a gente! Bem este capítulo foi para compreenderem melhor a vida de Seungri nesta história. Mantenham o olho nesta mulher porque vai ser importante.


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