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História The Boy - The Boy's Apology


Escrita por: LoveSymptoms

Capítulo 5 - The Boy's Apology


Fanfic / Fanfiction The Boy - The Boy's Apology

 

A minha mão simplesmente paralisou no toque das notas abandonadas aleatoriamente naquela cama, enquanto os meus olhos encaravam a porta. Questionava-me sobre o porquê...eu de todo fui um bom empregado, eu de todo fui obediente às regras...eu falhei em todos os aspectos...Eu bati no cliente. Então, porquê? 

Porquê que mesmo depois deste tão atribulado encontro ele mesmo assim escolheu dar-me a vitória? Porquê que não me forçou? Porquê que simplesmente abandonou a divisão, deixando-me para trás mergulhado na minha confusão intrínseca e caótica? Ele é um homem de poder, um cliente, um alguém louvável neste negócio...ele tinha todo o direito de simplesmente violar-me ali mesmo, de o fazê-lo contra o meu consentimento...ele tinha esse poder. Ele ganhava-me no momento, eu era todo dele...mas mesmo assim...vacilou. Desistiu, parou, deixou naquela divisão, naquela colcha branca de conforto e no meu corpo, um debate constante de pensamentos. Sinto...sinto que talvez tenha trazido à superfície o seu lado mais piedoso, a sua compaixão, o ser humano sentimental dentro dele. Talvez, apenas com o olhar ele tenha entendido o meu valor, o meu medo, todas as minhas raivas, todos os meus receios. Talvez por isso, deixou-me ali,contando o valor da sua piedade.

Cada nota que contava, uma nova facada no meu peito. Eram ao todo várias notas de 100, que no final equivaliam a 500 won. 500 won. Foram precisamente 500 facadas em mim, precisamente 500 insultos que eu me chamei a mim próprio. Eu não era merecedor daquele dinheiro, não era merecedor da sua pena...eu não precisava da sua pena...contudo, numa altura como estas, não posso ser orgulhoso. Afinal, não faço isto apenas por mim. 
No entanto, não planeava ficar com aquele dinheiro. Não planeava usufruir de um dinheiro mal gasto, de uma infidelidade completa comigo próprio...aceitá-lo-ia, se tivesse trabalhado e cumprido os meus deveres...mas não foi o caso. Na verdade, até quebrei barreiras, fiz algo que muitas destas mulheres desejaram fazer, mas presas no silêncio e na ideia de obrigação de lhes obedecer, nunca tiveram a coragem. Não. Não me agrado de todo do que fiz, mas sei que de forma positiva ou negativa, deixei uma ideia dos nossos sentimentos naquele tal de Jiyong. 

Depois da raiva, veio o medo. O medo do que poderia acontecer-me. Aquele homem, saiu disparado e deveras irritado. Em vingança poderá fazer qualquer coisa. De repente, pude vê-lo denunciar-me a Betty e tudo ir por água abaixo...Eu tenho de fazer algo...

Tenho de pedir desculpa.

Então, quase como um relâmpago, levantei-me com a maior velocidade daquela cama com as notas abraçadas contra o meu peito. Saí em apresso, completamente desfigurado: cabelo bagunçado pelo contacto com aquelas almofadas suaves e pelo remexer corporal, o vestido que aquelas mãos fortes e másculas tiveram aberto há momentos atrás, mantinha-se aberto, revelando as minhas costas. Os meus pés cobertos apenas pelas meias transparentes, sem salto alto, percorri o corredor em sua busca. 
Lembro-me de passar por madame Betty que me chamou, mas com o movimento e rapidez de meu correr acabei por nem olhar para trás e ouvi-la.

Corri. Corri até à porta de entrada e saída mas nem sinal daquele homem. 
As pessoas que fumavam nas ruas e outras que simplesmente passavam, olhavam-me como se perguntassem o que fazia um homem vestido de forma feminina a respirar desorganizado à porta de um bar de strip. Era o novo show, a nova atracção e lazer social. Respirei em frustração. Este era um novo sentimento estabelecido no sempre feliz e animado Seungri: Um sentimento anónimo, um sentimento que se caracteriza pela vontade de chorar a todo o momento à mais pequena situação. Sei que não é tristeza, porque pelo menos, quando estou triste olho para Hana a correr pelos corredores e...como que de imediato sorria, voltava ao meu verdadeiro eu: o Seungri que aquela menina terá sempre que conhecer: o Seungri feliz.
Oh Hana...ficarias tão desapontada comigo se me visses agora. Um Seungri que não consegue felicitar-se, um Seungri que verte lágrimas à visão da cor de um novo holofote, um Seungri que já não vê as estrelas como amores passados que nos vigiam lá de cima, mas sim simples pontos sem vida brancos à espera de explodir. 

Esta semana, esta noite...ambas fizeram-me entender o quão adormecido eu vivia. Ambas atiraram-me contra a cara uma nova definição de realidade que sei que sem isto, nunca descobriria. Para mim, a vida seria sempre felicidade com a simplicidade, com a família, com essas estrelas... Aqueles holofotes, que coloriam o salão, pareciam-me alegres, animados, coloridos...agora, parece que apenas iluminam o ambiente para um preto e branco, monótono e sem interesse. 
Estou assustado. Estou a deteriorar. Estou a modificar-me, a florescer para uma flor que murchará prematuramente e não para uma flor saudável e permanente. 

Pelo menos, dou graças de ser sexta-feira. Amanhã, minha querida mãe, minha querida irmã, estarei com vocês.

#GdPov

Aquele quarto e aquele miúdo já não eram bem vindos para mim. Putinha achada que pensa que pode domar-me e decidir como as coisas se desenvolvem...Está muito mal enganado. Eu sou o patrão dele e de todas as putas ali dentro. Eu desembolso o meu dinheiro para o sustento destas ingratas e se ele o quer terá de fazer para o ter. Então porque deixei o dinheiro com ele? Porque eu quero ele para mim. Vou ganhá-lo ás minhas maneiras, como eu quero. E se o quero...não posso mostrar-me como um pesadelo...pelo menos por agora. Quero que ele se sinta culpado, quero que ele venha mendigar um perdão, aí tê-lo-ei na mão e terei a minha vingança. Na minha mente está tudo muito bem planeado e sei bem o que fazer com ele. 

Seungri, meu pequeno...as tuas perspectivas em relação a mim estão muito erradas. Não queria mais nada do que uma boa noite, um bom sexo, um bom corpo, um alguém fácil...tu eras o mais indicado, contudo mataste o clima....e eu odeio quando isso acontece. Fizeste de mim figura de palhaço esta noite...O homem rejeitado por uma prostituta...Contudo, nada disto passará despercebido. Tenho-te na minha mira. O jogo acabou de começar.

Atravessei aquele corredor rapidamente, queria afastar-me de todo aquele ambiente que por hoje, já tivera sido mais do que satisfatório, chegando a roçar até o enjoativo e doentio. Pude ouvir Betty chamar-me, contudo, simplesmente andei. Não tenho tempo para conversar agora, sabendo que a preciosa putinha no quarto  está pronto a ter um ataque de remorsos e correr atrás de mim. 

Isto vai tornar-se interessante.

#SeungriPov

Acabei por desistir e voltar para dentro do salão principal. Caminhei lentamente pelo ambiente emocionado pelo som estonteante de música jazz, conjugado com a dança frenética de Nari, Melanie e Nina no palco, cativando, provocando e arrasando os corações cansados dos homens que as observavam, exaustos de um dia longo e uma noite que seria ainda mais longa. 
Entrei no quarto onde ainda há momentos atrás, eram dois que nele entravam. O perfume prepotente dele ainda pairava naquele quarto, em frente, a cama desarrumada pelos corpos em sincronia, ao seu lado, os meus sapatos salto alto direitos, lado a lado. Dirigi-me em frente ao toucador que acompanhava a poltrona onde a sua camisa repousou depois de atirada. Observei-me no seu espelho. 

A minha maquilhagem mantinha-se bem, contudo, não foi isso que me agarrou aquele reflexo, mas sim a minha expressão. Pareço cansado, triste, de olhos um pouco inchados e um sorriso totalmente desvanecido e renegado. Lamento Nari, mas toda esta maquilhagem, mesmo assim não consegue trazer de volta o meu aspecto. Caminho lentamente para a ruína, mas é para isto que fui treinado...e se este homem escolheu-me esta noite, é porque de facto não estou assim tão mal.
Por isso, de forma convicta e confiante de mim próprio, retoquei o meu cabelo mais uma vez, fechei o meu vestido e caminhei até à borda da cama onde me sentei e preparei para calças os meus saltos altos, para então depois sair e dominar o resto de trabalho que tinha para fazer esta noite. 
Recordo-me que simplesmente atirei aquelas notas para cima da cama em plena renega e limitei-me a calçar-me silenciosamente...
Até baterem à porta do quarto, eu dar permissão de entrar e Kevin aparecer na porta.

''Seungri?''-Olhei-o.-''A Madame Betty chamou-te ao seu gabinete.''

Tudo tremeu, mas mantive-me firme. 

''Sim, claro, o-obrigado Kevin.''-sorri falso.

No entanto, ele não abandonou a divisão como costume. Ele entrou. Entrou, caminhou até à cama onde eu estava sentado e sentou-se a meu lado. Podia sentir os seus olhos castanhos escuros, quase negros, em mim, olhando-me intensamente, contudo, eu estava demasiado afogado a olhar aquele dinheiro, sem destino. Por ventura, os seus olhos também encarariam a quantia na cama. 

''Fizeram-no?''- Perguntou, suavemente na sua voz rouca tons de husky.

''Não...mas mesmo assim ele...''

A sua voz transformou-se numa risada momentânea, igualmente rouca e silenciosa.

''Típico de Jiyong. Sacana...''

Perguntava-me que queria Kevin dizer com aquilo, queria saber o porquê de se referir a ele como sacana...o que o faria pensar daquele jeito. Contudo, o dia foi mais que longo para mim e cheguei ao seu final já sem espírito ou vontade de manter conversas desnecessárias no momento.

''Ele...magoou-te?''-questionou, preocupado, ao que eu respondi com uma negação de cabeça.

''Eu só...gostava de saber o que fazer agora...''- Respondi.

Chegava a um estado de impotência pura, em que parecia que nada do que fazia era de facto algo feito, algo terminado, algo de sentido, apesar de saber que era. Contudo torna-se complicado. Torna-se complicado encarar isto com um sorriso na cara quando sei que fiz asneira da grossa. Quando sei que devia tê-lo feito correctamente.

''Bem...''- Kevin iniciou poisando as suas mãos nas minhas.-''Tu agora vais erguer a cabeça, sair deste quarto, falar com Betty e tudo vai correr bem. Tu vais levar um dia de cada vez com calma e sem pressas. Tu tens de ter mentalizar que isto é a tua iniciação e no inicio tudo parece desesperante...contudo tens de acreditar que vais conseguir fazer isto.  Porque vais. Sei que pode parecer estranho um segurança de quartos dizer-te isto, mas sei-o porque também eu passei por muitas complicações nesta vida...perdi aqui muitos amigos, a mulher da minha vida...Mas eu não quero que TU te percas. És jovem, tens uma boa personalidade...podes ter o que quiseres. Apenas tem calma e segue em frente.''

Kevin. Pergunto-me se é assim que os filhos se sentem em relação a um pai. Este apoio, este carinho, estes toques amorosos, transmissores de paz e confiança. Agora sei porque todas estas raparigas passam o dia a correr atrás deste homem: Ele é a figura paternal de todos nós, ele é o nosso pilar nesta jornada. 
Perdi o meu pai ainda  jovem, e pude experienciar uns anos de relação pai-filho com ele...contudo...o meu pai não era como este Kevin, este segurança de quartos, que mal sabe que desempenha um papel bem maior. O meu pai era um alguém menos expressivo, acatado, guardião de seus próprios sentimentos e dores, incapaz de transmitir qualquer afecto mais saboroso.
Por vezes pergunto-me o que minha mãe viu naquele homem. Contudo ela já me respondeu:Nada. Ela disse-me que nunca viu nada nele, porque era o que ele era:um nada. Contudo minha mãe apaixonou-se por esse nada que para ela tornou-se tudo, nesse inverno que para ela era o verão mais quente de sempre. Ela sempre me disse que quando me apaixonar, uma paixão verdadeira, eu também não verei nada. A principio será tudo negro, complicado, mas se nos dedicarmos, amar-mos, respeitar-mos os nossos sentimentos, o amor pode florir ainda mais belo que flores de amendoeira no mês de Maio. Se acreditava nisso? Talvez...eu confesso ser ingénuo nesse aspecto: Acredito em amores à primeira vista, amores proibidos, paixões ardentes que triunfam pelas dificuldades...contudo, eu ainda estava longe de o entender. Isso do amor...É complicado. Vivo numa contradição sobre esse assunto. Eu sei que amo a minha mãe, sei que amo a minha irmã...contudo...não sei como amar alguém além delas...não sei como é suposto sentir-me, como é suposto agir, como é suposto deixá-lo ''florir''. 
Mas acima de tudo, neste momento, via o amor  transbordar dos olhos de Kevin ao proferir a expressão'' a mulher da minha vida'. Simplesmente, transbordava e não na maneira literal. Conseguia ver pequenas gotinhas salgadas formarem-se nos seus olhos. Eu queria confortá-lo, imagino como o assunto deve ser delicado e brutal para ele, contudo, não consigo sentar-me frente a frente com alguém choroso e não questionar o porquê.

''Queres falar sobre isso?''- Perguntei, calmamente, como alguém que toca a porcelana mais cara do mundo.

''Mina. Ela era Mina. A mulher mais linda, mais amorosa, mais fiel ao amor que eu alguma vez conheci, Ela...ela e eu tivemos uma história amorosa que durou quase toda a nossa adolescência. A menina nova do bairro e o rapaz imaturo que só pensava em manter-se molhado com alguma rapariga.''- Ele explicou, rindo brevemente à ironia utilizada.-'' Ela chamou-me à atenção porque ela era diferente. Diferente de todas as outras...Ela parecia trazer consigo a aurora da paz, da santidade, como um anjo. Ela era como Deus para mim. Era a ela que eu apelava todas as noites um bom dia, era a ela que venerava. De certo modo, Mina salvou-me. Salvou-me do desastre que eu poderia ter-me tornado e desviou o meu caminho para um caminho digno de um homem competente, um verdadeiro homem. Ficamos juntos quase 5 anos, até ela ter de partir. Mina contou-me que as coisas com a sua família não estavam a resultar naquela cidade e então teria de viver aqui em Seoul..Acho que consegues imaginar como fiquei...era um rapaz de 20 anos perdidamente apaixonado a perder a rapariga com quem sonhava ter uma família. Mas a vida não podia parar, eu não podia prendê-la a mim. E ela foi. Uns anos mais tarde vim para Seoul trabalhar. fiz amigos e numa noite viemos a este bar para simplesmente divertir-nos e de certa forma esquecer a miséria das nossas vidas românticas.Até que a vi. Naquele palco, quase nua, dançando em prazer daqueles homens. Fiquei louco. Esqueci tudo e comecei a trabalhar aqui, simplesmente para estar perto dela, para poder vê-la para poder tocá-la se pudesse. E pude. E Seungri...como foi bom! Matar saudades dela, do seu corpo. Mas o fim estava por chegar, quando um homem decidiu comprá-la e levá-la consigo para sabe-se lá onde. Nunca mais a vi.  Perdi-a desta vez. Perdi tudo o que tinha, tudo o valia a pena para mim. Após ela partir, eu tentei abandonar este emprego cmo segurança aqui...contudo...foi impossível para mim. Este lugar...tem muito dela aqui.Muitos vestidos que as raparigas usam, ela já usou e posso imaginar que é ela que está ali...''- Declarou, levando uma mão até ao bolso da sua camisa, retirando de lá uma pequena fotografia.-''Posso imaginar que é a minha Mina.''- A sua mão estendeu-se revelando-me uma rapariga. Linda. Os seus olhos puxados ficavam simplesmente fantásticos na expressão sorridente que dava para a cama. Pareciam brilhar, transmitindo alegria e esperança. Os seus lábios revelavam os seus dentes num sorriso gracioso. Os seus cabelos estavam bagunçados na almofada, castanhos e ondulados. Esta era Mina. A mulher que roubou o coração de Kevin. 

Então é isto...amor baseia-se na dor. Uma dor...boa? Uma dor que magoa mas que cura ao mesmo tempo?

As minhas mãos viajaram até à mão de Kevin. Abri-a, pousei nela a fotografia de Mina, fechei-a.

''Onde quer que ela esteja, o que quer que esteja a fazer...Ela nunca te terá como perdido. Vocês amam-se.''- Ele encarou-me choroso.- ''Por isso não chores. Foca-te no que tiveste, que foi lindo...e não penses no presente. Guarda o passado como um livro de boas memórias.''

Ele assentiu. O seu corpo estava meio tremido, e por entre a tristeza, um sorriso naqueles lábios húmidos de lágrimas apareceu.

''Obrigado.''- Encarou-me.-''Agora vai. A Betty espera-te.''

Ele apressou-me para fora do quarto. Sei que ele quer privacidade, concentrar-se em si, por isso simplesmente abandonei o quarto rapidamente e andei em passos largos até ao gabinete de Betty. Bati à porta e finalmente ela permitiu-me entrar.

''Ah Seungri...''-Observou ao ver-me entrar na divisão.-''Senta-te por favor.''

Obedeci, silencioso. A verdade, é que mantinha-me curioso sobre o que seria que lhe levaria a chamar-me ao seu gabinete.

''Passa-se algo Madame Betty?''- Questionei, um quanto nervoso.

''Quero que me contes o que fizeste esta noite...como tem corrido?''

Mal. Péssimo. Terrivelmente sabotada.

''Esta noite servi clientes e depois, um deles levou-me consigo para fazer serviço.''- Falei directo. Com sorte não saberia quem foi.

''Esse por acaso não terá sido Kwon Jiyong?''

Como é que ela sabia? Pouco importa, porque agora negar será ridiculo. Recusava-me a encará-la. Estava a ser encorralado por ela e por suas questões, sem respostas agradáveis à vista. Teria que manter-me verdadeiro. Não posso mentir-lhe...seria tudo muito pior.

''Sim. Era.''- Tremi, baixando o tom de voz.

''E diz-me...porque é que em apenas 5 minutos ele saiu do quarto, furioso, devo dizer...''

Porra. Estava tudo a descair em meu redor. Vou ser posto daqui para fora. Mas lembra-te Seungri...acima de tudo fidelidade contigo próprio. Não mintas.

''As coisas correram mal e...eu acabei por bater-lhe. Ele irritou-se, bateu-me de volta e abandonou o quarto.''-Respondi, ainda cabisbaixo.

Estava à espera de um estridente: ''TU O QUÊ?'' mas isso não aconteceu. O silêncio instalou-se e só foi quebrado poucos momentos  constrangedores depois.

''Sabes Seungri...a vida aqui é muito complicada, especialmente para ti, para alguém como tu. Sei que isto é doloroso e sombrio ao inicio mas...lembra-te que aceitaste o desafio e bater num cliente quando algo corre mal não é sem dúvida a forma de lidar com a situação. As regras são para ser cumpridas Seungri e tu tens de te lembrar que este é o teu voto de mudança, a tua oportunidade. Não podes ir abaixo desta forma, sabotares-te a ti próprio desta maneira. Porque sim, estás a dar cabo da tua própria hipótese de mudar a tua vida.''-Pausou.-''Tiveste sorte que foi com Jiyong...ele é paciente e não procura problemas...mas conhecendo-o como conheço, se alguém lhe propor guerras, ele também adere facilmente...Mas se fosse com qualquer outro homem ele teria vindo ter comigo fazer queixa e exigir-me o teu despejo e como cereja no topo do bolo, se o batesses teria-te espancado a seguir...Estes homens são loucos Seungri, põe isso bem assente na tua cabeça. ''

Isso eu já tivera reparado ao longo desta semana, e esta noite, ainda mais. 

''Mas eu gosto muito de ti miúdo e acima de tudo quero manter-te comigo. Não quero ter de te despedir por estes homens. Tem calma, respira, mantém-te forte.''

Encarei-a. Betty era mesmo fantástica. 

''Mas este assunto não poderá ficar assim. Eu vou telefonar-lhe para ele passar aqui amanhã de manhã e amanhã de manhã vais desculpar-te pelo que aconteceu esta noite, tudo bem? Nestes momentos, a melhor decisão é dar o braço a torcer e não ser orgulhoso.''

''Sim, com certeza. Eu já fazia intenção de pedir-lhe desculpas...além do mais ele pagou-me e eu...não quero este dinheiro. Não o mereço, não fiz nada por ele.''

Uma risada breve soou.

''És de facto um rapaz ingénuo.''- Observou.-''Mas pronto, mudando de assunto, a noite ainda é uma criança e há muitos clientes lá fora a mendigar uma cerveja por isso vai lá servi-los.''

Consenti, sorridente e agradecido. 
Não vou voltar a desapontá-la. não vou voltar a desapontá-las. Eu vou conseguir. Agora vamos lá terminar esta noite.

#GDPOV

Tinha chegado fazia apenas 5 minutos e o telefone já tocava. Claro que como costume, a Sra. Grace iria atendê-lo para depois correr e vir dizer que era para mim. 

Exactamente o que aconteceu.

''Menino Jiyong? O chamada é para si.''

''Quem é?''

''A sua madrinha menino.''

Típico de Betty, esperar que eu saia de junto dela para depois aborrecer-me com telefonemas sucessivos. Compreendo-a, é uma mulher preocupada e com certeza que me telefonava a perguntar se tinha chegado bem a casa e se estava bêbado enquanto conduzia. 

''Obrigado Grace, eu vou lá. Está dispensada por hoje pode ir embora se quiser.'' 

''Muito obrigada menino. Uma boa noite.''

Grace, não era apenas uma empregada, era quase que como uma mãe para mim.Dedicada, amorosa e estraga-me em mimos. Confesso que não me sinto merecedor dos afectos daquela mulher tão sábia, de expressão doce rodeada pelo cabelo cinzento, que com o passar da idade, dos tempos e amarguras, perdeu a cor que em tempos fora de um escuro e pesado castanho. 
A verdade é que lamentava o facto de não ser o ''menino'' que ela tanto desejava que eu fosse. Ela viu-me crescer nesta casa onde vivo sozinho, perdido entre estas paredes onde os meus medos e pensamentos mais sombrios são convidados de honra. Vivo privado de tudo o que seja alusivo a uma companhia, tirando claro, a companhia desta mulher que sempre tentou fazer de mim um rapaz feliz, amoroso e confiante com o futuro...contudo...sei que apesar de sorrir e parecer orgulhosa de mim, ela também possui remorsos do homem nojento, covarde, violento que me tornei. E eu reconheço-o. Reconheço que sou doente, que não lido bem com as emoções...mas também reconheço que acima de tudo tentei e que um dia, quem sabe com sorte, eu triunfe a minha busca pela felicidade. 
Grace surgiu pouco tempo após eu vir viver aqui com a minha irmã mais velha, Dami.
Dami tinha 17 e eu apenas 7 quando aconteceu a fatalidade da nossa família e aí então surgir Grace com capa de super-mulher que sempre sonhou ter filhos e aí cuidou de nós. Vivemos os 3 juntos nesta casa abandonada à entrada das florestas até Dami atingir maioridade e sair da cidade para trabalhar, ficando só eu e Grace. Apesar de ausente fisicamente, Dami continua muito presente psicologicamente e sempre que pode vem visitar-me. Claro que Grace e Betty são amigas de longa data e foi uma questão de tempo até Betty apaixonar-se por mim e ''adoptar-me'' mentalmente. 

E essa mulher que me adoptou está neste momento ao telefone.

''Jiyong querido.''

''Betty, eu acabei de sair daí.''

''Eu sei que sim, por isso estou a telefonar-te. Eu já soube do que aconteceu esta noite com o Seungri...ele denunciou-se sozinho.Ele reconhece que está errado e planeia pedir-te desculpas amanhã pela manhã então...se passasses aqui para acabar com este drama seria fantástico.''

Está a cair que nem um ratinho esse rapaz. Mal ele imagina.

''Vou ver o que posso fazer.''-Respondi sorridente com a ingenuidade dele.

''Então esperarei por ti amanhã. Adoro-te. Adeusinho!''

E desligou.

#SeungriPOV

Era apenas mais uma manhã em Rouge. 

A maneira como aqueles raios de sol eram filtrados pelas cortinas dos quartos comuns que a principio eram desconfortáveis, fazem agora parte do meu dia-a-dia e até trazem mais luz e alegria ao dia que terei que enfrentar. Hoje acordava para um dia que poderia correr mal ou bem. Talvez até os dois. Veria a minha família, dar-lhes-ia novidades, devidamente censuradas e poderia passar tempo com elas...mas antes disso, ainda faltava encarar o homem da noite passada que hoje viria para exigir o seu pedido de desculpas.
Espero que ele esteja disposto a esquecer a noite passada, apesar de saber que eu não me arrependo de nada...talvez...um pouco de nada. 

A manhã avançou, solarenga e simples até que finalmente fui chamado ao escritório de Betty. Desta vez, já não me questionava os motivos...sabia muito bem porque era chamado.
E esse motivo estava ali sentado naquela poltrona em frente dela.

''Entra Seungri.''

''Bom dia.''-Respeitosamente cumprimentei.

''Bom dia.''- Betty respondeu quase em silêncio.

Caminhei, calmamente até junto deles.

''Jiyong, como te falei, acredito que o Seungri tem umas palavras a dizer-te.''

Aí ele encarou-me, directamente nos olhos, congelando todo o discurso que tinha preparado na minha cabeça. 
Concentra-te Seungri.

''Queria perdi-lhe as minhas sinceras desculpas pela minha atitude ontem à noite. Fui deveras desrespeitoso consigo e...eu sinceramente lamento muito. Prometo que não volta a acontecer.''

Claro que não estava a ser sincero...mas a verdade é que não planeava tomar mais atitudes semelhantes aquela da noite passada. Poderão levar-me à ruína.
Olhei para Betty que sorriu em aprovação ao meu pedido de desculpa.

''Também queria devolver-lhe isto.''-Declarei pousando aqueles 500 won em cima da secretária bem em frente a ele.-''Não fui merecedor desse dinheiro.''

Ele recolheu as notas com um sorriso.

''Por mim tudo bem Seungri. Estás mais que perdoado. Acredito que a noite foi muito complicada para ti ontem. Mas, merda...que mão forte tu tens...Doeu em mim.''- Ele parecia estar a fingir ser simpático...ou talvez até tenha realmente me enganado em relação a ele?- ''Mas eu não quero este dinheiro. A partir do momento que o deixei na cama, ele passou a ser teu e eu não quero ressentimentos em relação a isso.''

Olhei as suas mãos arrastarem o dinheiro em minha direcção e depois, olhei para ele.
Os olhos que sorriam naturalmente para mim e os lábios curvados numa curva feliz, pareciam estar a zombar de mim, como se nada daquilo fosse real.

''Bem, acredito que esteja tudo resolvido. Então Seungri, estás dispensado, volta segunda de manhã sim querido?''

''Com certeza.''-Sorri.-''Obrigado.''- Sorri falsamente para Jiyong. 

''Eu também vou embora, vou ter uma reunião ás 11:00h. Posso levar-te a casa se quiseres.''-Ele ofereceu.

Porque é que de repente ele estava a ser tão simpático? Honestamente não suporto o feitio deste homem.
Eu não quero ir com aquele homem a lado nenhum. Prefiro andar. Contudo, a minha ideia mudou quando Betty olhou para mim suspeita como se me mandasse aceitar.

''Que simpático!'' Betty respondeu tentando encorajar-me.

''Claro...Ficaria muito agradecido.''-Respondi meio gago.

O seu corpo ergueu-se para mostrar-me o conceito completamente diferente da noite passada. Em vez do fato formal, umas calças de ganga justas ao corpo, uma t-shirt simples branca, um casaco preto de cabedal, umas sapatilhas simples pretas. 
Ele era um homem muito bonito. Pena que a personalidade não faça jus à figura.

Esperei que ele avançasse à minha frente, para depois segui-lo sempre escondido atrás de seu corpo. 
Saímos daquele ambiente matinal e silencioso de Rouge e caminhamos até um carro preto brilhante, descapotável. Ele abriu-me a porta e eu entrei silencioso. Os bancos eram simples e bege, confortáveis e cheirosos. 
Assim que entrámos os seus olhos foram cobertos por óculos de sol e ligou a rádio na estação de rock. Arrancou quase que de imediato, provocando um som estridente nas rodas, com a velocidade com que avançou. 
A viagem foi agradável. O silêncio entre nós era confortável e pouco notável visto que ambos estávamos demasiado atentos a coisas alheias: Ele estava preocupado em não falhar as intruções que lhe dei sobre como chegar a minha casa e eu, distraído com a maravilhosa vantagem dos carros descapotáveis: Voar sobre as paisagens da cidade que mudavam a cada centímetro que aquele veículo nos levava em frente. O ar batia nos meus cabelos, cara, mãos...fazia-me sentir como se estivesse noutra dimensão, voando sobre as ruas já despertas de Seoul. Todos andavam de um lado para o outro no caminho de suas rotinas.

Contudo aquela viagem prazerosa não foi para durar eternamente como pensei, assim que reconheci a minha casa.

''Chegámos.''-Referi.

Jiyong travou o carro, baixou o volume do carro e olhou para mim.

''Obrigado por me trazer. Não era preciso.Mais uma vez desculpe por ontem. Até depois.''- Falei rapidamente, intimidado pela proximidade que ele e eu tinhamos naquele carro.

''Seungri..''-Ele chamou. Eu não queria olhar para ele mas...era meu dever.-'' Desculpa. Desculpa se te tratei mal ontem, ou se passei figura de bruto...não quero que me vejas assim.'' 

''Hum...E-está tudo bem...''-Falei nervoso.

Ele sorriu. E o que fez a seguir deixou-me inerte no meu lugar sem saber o que fazer.
O seu corpo aproximou-se do meu, inclinando-se e a sua mão, segurou o meu queixo muito levemente quase como um toque de rosas contudo forte o suficiente para mantê-lo no lugar. Os seus lábios avançaram sobre mim e quando pensei que fossem invadir os meus, ele simplesmente parou a um centímetro dos meus e sorriu, desistindo.

''Espero ver-te na sexta-feira mais uma vez.''- Ele falou quase sussurrando ainda a um centímetro de mim.

''C-claro.''-Saí do carro a tropeçar nos meus próprios pés.-''Adeus.''-Falei, meio que a fugir.

Atravessei a rua e caminhei até à porta de minha casa sem olhar uma única vez para trás.No entanto, fui infiel a minhas palavras quando olhei levemente apenas quando ouvi o seu carro arrancar.

Que homem estranho.

 

 

 

 


Notas Finais


HELLOOOO! PEÇO IMENSA DESCULPA SEI QUE DEMOREI!
Tive uma semana de testes muito complicado, mas aqui está ele!
Espero que estejam a gostar e muito obrigada pela espera e pelo apoio que têm dado à fanfic! Fico muito feliz! MIL BEIJOS ATÉ O PRÓXIMO <3


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