Lá estava eu novamente, sentado no chão do banheiro olhando para aquela lâmina em cima da pia toda ensanguentada. Por que eu fiz isso novamente?
Tinha prometido para mim mesmo que não iria fazer isso,
mas não consegui me conter, a dor era grande e me cortar aliviava essa dor que sentia, ver meu braço todo cortado, o sangue caindo e indo para o ralo do banheiro era satisfatório amenizava aquela dor que estava sentindo. Vinha aquelas memórias ruins, lembrava daquela cena horrível, isso me vazia querer me contar mais ainda.
Eu nunca tentei me matar, mas estava a ponto de fazer isso não queria mais viver nesse mundo de ilusões.
Vinha as memórias de Yoongi me traindo naquele beco se beijando com outro cara.
Aquilo me matou, como se fosse um tiro.
Ver yoongi falando que o amava, senti nojo e ao mesmo tempo raiva queria mata-los ali mesmo
Mas como sou fracote apenas sai correndo chorando.
É aqui estou eu a beira da morte, quase pegando aquela lâmina pra terminar o que comecei.
Eu não tinha ninguém,
yoongi era a única pessoa com quem podia contar.
Talvez eu fui um idiota, talvez ele me amasse mesmo, talvez foi só um deslize... Não!
Eu já deveria ter terminado isso à tempos.
Me levanto indo até a pia, pego a lâmina e a coloco na minha pele do meu pulso, seguro firme e com força...
Vamos Taehyung, você consegue é só mais um corte... Merda! Por que eu sou tão fraco e inútil?
Não importava o quanto eu tentasse, não conseguia fazer isso sóbrio. É isso! Como não pensei nisso antes?
Eu precisava estar embriagado pra me matar.
Desço as escadas até a cozinha à procura de uma garrafa de qualquer coisa alcoólica.
Vejo uma garrafa de vinho vazia a qual eu tinha tomado com o Yoongi para comemorar nosso aniversário de namoro, aquele filha de uma puta.
E eu comecei a pensar de novo no Yoongi.
Taehyung você é tão idiota porque você está pensando nele? Ele deve estar agora com o tal cara, fui até meus armários procurando Algo que tivesse álcool.
Vejo mais algumas garrafas vazias e
lembro de cada uma em cada noite que as esvaziei com Yoongi.
Por que caralhos você guarda garrafas vazias, Taehyung? Só pra se torturar cada vez que as vê?
Abri a geladeira e lá estava, uma garrafa de conhaque pela metade, sem pensar duas vezes abri a mesma e virei ela toda na minha boca sem fazer careta, sem qualquer expressão facial que não fosse a de prazer.
Depois que sequei a garrafa dei alguns passos pra trás pelo efeito rápido da bebida. Mas não era o suficiente; eu precisava de mais; eu queria mais.
Procurei por mais, mas não Via nada mais de álcool ali,
Resolvi sair para comprar mais.
Fui pela rua tropeçando em tudo meio tonto.
Todos me olhavam, mas eu não me importava mais,
eu não precisa me importava mais porque daqui a pouco eu vou me suicidar e depois mais ninguém vai se lembrar de mim.
A rua não estava tão movimentada, então eu atravessei com o sinal ainda aberto.
Quando estava no meio da rua, sinto tudo rodar e perco o equilíbrio.
Vejo as luzes de um carro vindo em minha direção, era o meu fim.
Talvez aquele não fosse um jeito ruim de morrer, direto e rápido. Talvez eu morresse ali mesmo, rápido e sem dor, uma morte ótima, a morte que eu queria.
À cada segundo a luz ficava mais perto e mais forte.
Eu podia sentir o calor da luz no meu rosto e o pneu no meu crânio, eu já estava morto...
Foi quando o carro parou bruscamente em cima de mim, eu sentia meu braço doer tinha certeza que o carro teria passado por cima, logo vejo um homem de cabelo alaranjado saindo assustado do seu automóvel vindo em minha direção desesperado.
— Moço?! Você tá bem? — O homem com os fios tingidos perguntava sem parar e a cada pergunta despedida sentia sua voz ficar mais longe e meus olhos ficarem mais pesados.
Ouço sirenes e vozes de pessoas.
— Fica comigo!
Foi a última coisa que ouvi.
FLASHBACK ON
12 anos
— Yoongi cadê você? Já faz mais de um hora que estou te procurando. — Falo andando pelo jardim. Pique-esconde era a nossa brincadeira preferida, mas Yoongi sempre se escondia bem o que deixava a brincadeira chata.
Yoongi e eu éramos amigos desde crianças.
— Buu! — Ele pula em cima de mim me derrubando no chão deixando nossas bocas quase coladas.
Ficamos alguns segundos congelados até que ele me beija, um beijo doce e belo, um beijo de amor, um beijo de crianças.
15 anos
Eu estava sozinho em casa e ligo pro Yoongi me fazer companhia.
Resolvermos assistir um filme de terror, por mais que eu tivesse medo, aceitei porque não queria parecer medrosos.
Na hora do susto, seguro o braço dele virando a cabeça fazendo nosso labios se tocarem novamente, dessa vez o beijo ficou mais forte e quente, e bom... Nós acabamos transando.
— Eu te amo,Taehyung. — Ele falava enquanto brincava com meu cabelo.
— Eu também te amo, Yoongi.
16 anos
— Mãe, eu preciso te contar uma coisa. — Ela estava fazendo panquecas na cozinha quando entrei.
— Então diga, Taehyung.
— Eu sou gay...
— Eu não vou ser vó?!
Eu espera a pior coisa do mundo, mas isso foi a última coisa que ela disse é então caiu em lágrimas.
"Eu não vou ser vó" aquilo repetia na minha cabeça eternamente. Ver a minha mãe chorando por minha causa era a pior coisa do mundo.
19 anos
Um ano depois de ele finalmente ter me pedido em namoro.
Bebemos muito, duas garrafas de vinho tinto, foi a melhor noite da minha vida.
— Eu te amo tanto, Tae, quero passar o resto da minha vida com você.
— Eu te amo mais, Yoongi...
21 anos, hoje.
Andava pelas ruas da cidade atrás do Yoongi quando ouço algumas vozes vindo de um beco.
— Eu te amo. — Era a voz do Yoongi?
— Eu também te amo, Suga. — Quando ouvi aquilo desabei em lágrimas, "Suga" era o apelido carinhoso que dei pra ele.
Sai correndo dali e fui pra casa.
Quebrei todos os quadros que tinha fotos de nós dois e achei a minha antiga lâmina.
— Fica comigo!
Foi a última coisa que ouvi. Mas de vez enquando eu conseguia ouvir mais algumas coisas.
— Ele está bem, mas vai ter que ficar aqui até se recuperar.
— E os cortes no braço dele?
— Ele estava tentando se matar, provavelmente ele queria ser atropelado já que não conseguiu se suicidar.
Escuto um chorou silencioso e viro o rosto, o menino de cabelos laranjandos estava chorando e o médico o abraçava.
FLASHBACK OFF
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