Se você ama alguém, diga. Se você se importa com alguém, demonstre. Se você sente falta de alguém, vá atrás. Não deixe para amanhã, a vida não espera ninguém, e certamente não vai esperar você. Nós precisamos aprender a não ter medo de sentir, esse é o nosso maior dom, por que temê-lo? Quando seu coração bater mais rápido, seus olhos não conseguirem piscar, seu cérebro não funcionar direito, seu estômago borbulhar e suas mãos suarem, aprecie isso. Agradeça por sentir o que poucos sentirão, se permita sorrir, apesar de toda dor. Você está amando, e não importa se machuca, ou o quanto doloroso é, significa que você está vivo, e que ainda há razão para lutar.
Eles nos ensinaram que não existe conto de fadas, muito menos almas gêmeas. No coração deles não existe mais amor, mas no seu, sim. E se você quiser, se você lutar por isso, então existirá conto de fadas. Você terá o amor pelo qual lutou, e isso não é lindo? Saber que mesmo com tanta maldade no mundo, você pode ter tudo o que quiser? Se você ama alguém, não espere que outra pessoa venha para amá-lo primeiro. Se você se importa com alguém, não deixe que ela vá embora sem saber o que significa para você. Se você sente falta de alguém, não imponha limites para estar ao seu lado novamente. Se você sente algo, não esconda.
-Ei idiotas! - Minho gritou do andar de baixo -Parem o que estão fazendo e desçam!
Logo, Thomas e Brenda estavam descendo as escadas. A garota carregava um sorriso no rosto, parecia até menos pálida que o normal, enquanto Thomas descia resmungando de cara amarrada. Os dois se sentaram no chão junto com os outros, fizeram um círculo, ou pelo menos tentaram. Thomas e Newt estavam apoiados no corrimão que dava para a escada, Brenda se escorava nos primeiros andares da mesma, enquanto Teresa e minho estavam de lados opostos, um de frente para o outro.
-E aí, querem jogar verdade ou desafio, é isso? - Gean disse sarcástico, Minho fingiu uma risada histérica, o que fez todos rirem, menos Thomas.
-Bom, não tem nada pra fazer, então por que não? - Teresa deu de ombros -Vai Thom, você começa. Verdade ou desafio?
-Verdade.
-Covarde - Minho tossiu, fazendo Thomas o olhar irritado -O que foi? Só tossi.
-Sei lá, você viria para a escola pelado? - questionou, o moreno soltou uma risadinha, ainda sob efeito da erva.
-Depende, eu teria que sair do carro?
-Claro - ela riu também.
-Na primavera ou no inverno?
-Tanto faz - balançou a mão, mas pareceu pensar -Primavera.
-Na frente ou atrás da escola? - todos já estavam ficando sem paciência, a notável expressão de tédio era quase cômica.
-Tanto faz.
-Seria capaz - finalizou, fazendo com que todos suspirassem de alívio.
-Eu seria capaz - Brenda anunciou, se sentia aberta para tentar fazer parte daquele grupo.
-Eu também - o loiro disse, rindo logo em seguida, também sob efeito da droga -E você Teresa?
-Acho que sim - pensou por um segundo -É, seria capaz, sim.
-Tá aí algo que eu gostaria de ver - Minho sorriu malicioso, a garota o encarou com uma sobrancelha arqueada, mas dava para notar que não estava brava ou algo assim.
-Minho?
-Diga, meu amor - disse irônico, mas mesmo assim uma veia saltou na testa de Thomas, era notável seu ciúmes com o loiro -Se eu seria capaz?
-Sim - respondeu sorrindo, o que fez o moreno sentir mais ciúmes ainda, para tentar acalmar seu coração possessivo, se arrastou para o lado para ficar mais perto do nerd.
-Eu seria tão capaz, que até já fiz isso - riu recordando do dia em que correu pelado pelo campo de futebol no dia da final do campeonato -Não existe nada nesse mundo que eu não seria capaz.
-Eu lembro disso! - Gean caiu na gargalhada - Levaram três minutos para te pegar e tirar do campo, foi hilário!
-Fico honrado que Vossa Excelência tenha apreciado meu show.
-Ok, então agora você pergunta Thom - Teresa prosseguiu com a brincadeira.
-Tudo bem - olhou em volta, pensando pra quem deveria perguntar -Newt, verdade ou desafio?
-Verdade - disse meio sem jeito, nunca tinha brincado disso antes, então não sabia o que significava “desafio”.
-Deixa eu pensar… - refletiu por alguns segundos -Caramba, estou sem ideia nenhuma. Teresa fala aí alguma coisa.
-Você pegaria o Thomas? - indagou de prontidão, essa pergunta estava entalada em sua garganta. Teve que conter a gargalhada ao ver os dois garotos ficando vermelhos ao mesmo tempo.
-Garota, eu te amo - Minho disse rindo, não estava nem aí se ia deixar os garotos constrangidos, a cena era cômica demais para ele.
-Eu...Sei lá - começou a gaguejar, não sabia nem para onde olhar, seu corpo estava trêmulo e seu rosto devia estar vermelho vivo.
-Não precisa ter vergonha - Brenda tentou acalmar o loiro, se sentindo muito bem consigo mesma ao fazer isso -O que acontece na detenção, fica na detenção.
-É, isso mesmo - Minho estendeu a mão para a garota, fazendo um “toca aqui” com ela -O que acontece na detenção, fica na detenção.
-O que acontece na detenção, fica na detenção - Teresa repetiu, Newt criou coragem e levantou a cabeça, suspirando antes de falar.
-Sim - assim que falou, sentiu seu rosto ferver ainda mais com as palmas de Teresa e Minho, que já não aguentavam mais a tensão sexual entre os garotos.
-Finalmente, loirinho! - Minho brincou, assobiando e cantando Aleluia.
-Obrigado pela pergunta Teresa - Thomas disse cínico, mas podia ver em seus olhos o quanto o moreno estava agradecido pela atitude da amiga, sabia que nunca teria coragem de perguntar.
-E aí, vocês não vão se beijar? - Minho cutucou -Ele acabou de admitir que te pegava, Gean. Não seja broxante!
-Cala a boca, Makau! - retrucou irritado, estava tão envergonhado que não conseguia encarar o garoto ao seu lado, que parecia estar a beira de um colapso nervoso.
-Agora é sua vez, Newt - Brenda continuou, seu corpo parecia estar ganhando vida, ela continha um enorme sorriso no rosto, nunca pensou que estaria interagindo com essas pessoas. Ou com qualquer pessoa em geral.
-Tá - tentou se recuperar e voltar ao normal, ainda sem olhar para Thomas -Teresa. Verdade ou desafio?
-Desafio.
-Você não pode escolher verdade?
-Eu quero desafio.
-Escolhe verdade, por favor.
-Mas eu quero desafio.
-Eu não sei o que é desafio, dá pra você escolher verdade, por favor?
-Como assim não sabe?
-Eu nunca joguei esse jogo, tá legal? - se encolheu, o moreno ao seu lado teve que se controlar para não pular em cima dele assim que viu seu biquinho manhoso.
-Tá, tudo bem - bufou, mas sorriu para mostrar a Newt que não se importava -Verdade, então.
-Pegaria o Minho? - sorriu vitorioso ao ver a expressão envergonhada da garota, ao seu lado, Thomas ria sem parar.
-Cuidado com o que você vai falar, princesa. Uma resposta errada e nunca poderá desfrutar do meu corpinho - Makau disse sarcástico, fazendo todos rirem, até Teresa soltou um risinho fraco.
-Tirando essa casca de badboy mal compreendido, você é um cara legal, Minho - seu olhar sob o seu o fez perder o fôlego, não importa quantas vezes aqueles olhos azuis o encarasse, ele sempre ia se sentir desse jeito, como se fosse a primeira vez -E sim, eu ficaria com você.
-Ouviram isso? A princesa admitiu gostar do plebeu - arqueou uma sobrancelha, risonho. A garota apenas retrucou com uma careta.
-Então, minha vez - olhou em volta, fixando seu olhar em Brenda -Verdade ou desafio?
-Desafio - se sentiu corajosa ao dizer isso, mas estava feliz, e era isso que importava.
-Preste atenção Newt, isso é um desafio - pensou por alguns segundos antes de começar a rir sozinha, logo encarando a garota de forma perversa -Te desafio a fazer a coisa mais estranha que pensar, aqui e agora. E com estranha, quero dizer estranha mesmo.
-Tudo bem - riu já sabendo o que fazer.
De prontidão, tirou o sapato. Assim que tirou a meia, levou o pé até a boca e o lambeu todo. Causando uma onda de nojo e risadas entre os quatro. Incrivelmente, não se sentiu mal com isso, sabia que as expressões de nojo não eram direcionadas a sua pessoa, e sim ao desafio que cumpriu, e era tão bom se sentir assim. Sentir que faz parte de alguma coisa.
-Ok, você pegou a escala de estranho e levou 1000 níveis além - Thomas dizia sorrindo, levando a mão até a garota para que fizesse um “toca aqui”, ela se sentiu alegre pela quantidade de “toca aqui’s” que estava ganhando.
-Minha vez - disse animada -Minho, verdade ou desafio?
-Desafio.
-Te desafio a entrar no time de atletismo da escola.
-Isso é sério? - seu semblante alegre desapareceu, dando lugar a uma carranca enfurecida.
-Muito sério.
-O que aconteceu com o “O que acontece na detenção, fica na detenção”? - perguntou incrédulo.
-O que você tem contra o time de atletismo? - Thomas questionou com o cenho franzido -Nós somos a referência da escola.
-Exatamente. Eu não quero ser referência de nada, principalmente de algo sem valor como corrida.
-Corrida tem valor, sim.
-Tá, tá. Eu não ligo, Thomas - o rebelde revirou os olhos -Nem todo mundo gosta das mesmas coisas que você, atleta.
-Eu faço outro desafio, não tem problema - Brenda interviu, sabia que se não fizesse nada os dois iam acabar brigando.
-Ótima ideia - Minho bufou.
-Te desafio a… - pensou por um tempo e então jogou as mãos para o alto -Desisto, não tenho ideia nenhuma. Passo a palavra para você, Teresa.
-Minhas ideias também estão esgotadas. Acho que devíamos parar de brincar.
-Só por que estava na minha vez? - disse emburrado, cruzando os braços e fazendo bico.
-É, só por isso - retrucou.
-Podíamos contar o porquê de estarmos aqui - Newt sugeriu, dando de ombros.
-Acho que todos sabemos porquê você está aqui, Newt - Teresa riu, seguida pelos outros três -Mas achei legal sua sugestão.
-É, se a princesa concordou, podemos aderir - Minho brincou, mas deixou Teresa um pouco magoada. Ela sabia que o modo como agia parecia que as pessoas precisavam de sua aceitação, mas ela realmente não pretendia parecer desse jeito.
-Então você começa - Thomas apontou para Makau, que limpou a garganta ao falar, como se fosse ator de teatro.
-Estou aqui hoje porque como bom vandalista que sou, pixei a quadra de basquete.
-Isso explica muita coisa - Newt concluiu, se referindo ao ódio mortal do treinador Jorge para com Minho.
-Isso foi comovente - Thomas acrescentou -Eu estou aqui hoje porque, como vocês sabem, eu e este indivíduo afetuoso - apontou para Minho, que sorriu de forma afeminada -Brigamos pelo amor da jovem donzela, Princesa Teresa.
-Você é tão engraçado, Thomas - a garota ficou emburrada, mas sorriu assim que Thomas e Minho começaram a rir.
-Sua vez, Tessa.
-Eu estou aqui porque - engoliu em seco -A diretora encontrou no meu armário os papeis para o grêmio estudantil, quer dizer, os votos.
-Você ia trapacear? - Newt se pronunciou -Eu estou concorrendo à presidência!
-Bom, sim. Mas eu não queria.
-Se não queria, por que ia? - Minho interviu.
-A Sonya. Ela teve a ideia, eu nem queria participar. Foi ela quem conseguiu os papeis e tudo mais - falava sem jeito, a cada palavra se encolhia mais, se sentia tão envergonhada.
-Tá, então você não tem opinião própria para chegar nela e falar “Ei Sonya, eu não quero participar do grêmio estudantil, para de ser uma vagabunda e vai se foder”? - Minho questionou mais uma vez,.
-Eu não… Eu não posso fazer isso - abraçou os joelhos e escondeu a cabeça entre eles, quando ele falava desse jeito parecia tão fácil, ela desejou que pudesse agir assim, que pudesse dizer e fazer o que quisesse.
-Como não? Vai me dizer que você é proibida por lei de dizer o que pensa?
-É complicado, tá legal? - levantou o rosto, cansou de ouvir Minho a julgando sem conhecimento nenhum de sua vida -Você não sabe como é, ok? As pessoas com quem eu ando, elas têm expectativas, se você não as cumpre, você é mandado embora. É como uma empresa.
-Tá certo, acontece que aqui não é uma empresa, é uma escola.
-Você não entende. Thomas sabe como é, ele vive o mesmo que eu. Acho que podemos fazer o que queremos quando queremos? Não, existem regras. Caso contrário você não pode andar com a gente.
-E quem é que quer andar com vocês?
-Todo mundo.
-Esse é seu problema, Teresa. Você é tão metida, acha que todos querem ficar com você. Acha que todos te amam. Acorda pra vida, princesa, ninguém liga.
-Se fosse assim tão fácil…
-O que quer dizer com isso?
-Bom, acha que segunda tudo vai ser diferente? Acha que vou deixar de ser a maldita princesa e o Thomas a porra do atleta? - seus olhos estavam marejados, doía falar disso, do peso das pressões de todos sobre si -Acha que seremos um grupinho?
-Então nada vai mudar? - Newt pronunciou, seu semblante começava a entristecer -Quer dizer, eu considero vocês meus amigos.
-Gostaria de dizer que somos - Teresa suspirou.
-Isso é sério? - Minho cuspiu -Você seria arrogante a esse ponto?
-Não fale isso. Nós não podemos nos dar ao luxo de sairmos com quem quisermos. E você está sendo um hipócrita. O que diria se segunda Newt caminhasse até você para dizer um “oi”? O que seus amigos iriam pensar de você?
-Não fale dos meus amigos, você não conhece os meus amigos. Você nem mesmo sabe quem eles são, você pisa neles e em todo mundo todo dia!
-Cala a boca! - esbravejou, estava cansada de todos dizendo o quanto ela era ignorante, mas ela queria gritar que não era, tirar todo o ar de seus pulmões e dizer que não era essa pessoa que todos pensam que é.
-Então quer dizer que todos vocês virariam a cara para mim no corredor? - o loiro estava de cabeça baixa, suas bochechas vermelhas eram sinal da sua tristeza.
-Eu não - Brenda disse.
-E não iria se importar com o que seus amigos pensariam de você? -Teresa perguntou.
-Eu não tenho amigos - deu de ombros -E o tipo de amigos que eu teria não se importariam.
-Então só eu e Brenda teríamos coragem de nos falarmos segunda?
-Não… -Thomas sibilou, estava nervoso com a situação.
-Qual é, Thom. Você sabe muito bem o que iria acontecer.
-O que? - Newt questionou.
-Se Newt parasse você no corredor você iria cumprimentá-lo, mas assim que desse as costas para ele, você falaria mal dele para seus amigos! - Teresa acusou, não queria sair como a vilão da história sabendo que seu amigo faria o mesmo.
-Você faria isso? - Newt já tinha os olhos marejados, encarou Thomas. O moreno não queria magoar o nerd, mas sabia que era verdade. Infelizmente, era assim que as coisas funcionavam.
-Queria poder não fazer, acredite. Mas quando se é popular, você precisa fazer as coisas contra a sua vontade.
-Impressionante. Somos um bando de idiotas - Minho anunciou, já estava cansado desse assunto.
-Sabem por que estou aqui hoje? - Brenda disse, tentando quebrar o gelo, todos a encararam de forma curiosa, como se a conversa anterior nunca tivesse acontecido -Nada. Eu só não tinha nada melhor para fazer.
Um a um, todos começaram a rir. Nem lembravam mais por quê estavam brigando, ali, naquele momento, eram amigos. E não importava se segunda se falariam ou não. Estavam apenas apreciando uns aos outros. Porque havia algo naquele lugar, naquelas pessoas, que os faziam ser eles mesmos. E isso era mais importante do que qualquer nota, coroa, troféu, detenção ou atenção.
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