História The Bride - Chapter Ten

                       Aumentei o volume do celular, escutando as batidas de Into You – Ariana Grande começar. Mexi os meus pés no ritmo da música, esperando Justin terminar de se arrumar para irmos jantar. Fazia pouco tempo desde que ele tinha acordado, e eu aproveitei para me arrumar.

                       Senti um vento frio entrando pela janela aberta, decidindo colocar uma jaqueta branca por cima para não passar frio. Parei em frente ao espelho, me olhando de cima abaixo, analisando a calça jeans preta com a camiseta longa também preta. Apertei um pouco mais o rabo de cavalo para não soltar, escutando a porta abrir.

                       Justin saiu do banheiro arrumando o cabelo, ele vestia uma blusa de manga comprida azul escuro, com uma calça bege. Ele deu um sorriso assim que me viu, terminando de ajeitar o cabelo. Depois de mexer mais um pouco, ele se virou em direção a porta do banheiro, com um sorriso satisfeito.  

-O que achou? –Ele perguntou com um sorriso, enquanto dava uma volta para mim conseguir ver a roupa completa dele. –Está bom para o lugar que vamos? –Ele me perguntou, me olhando enquanto calçava um sapato social quase da mesma cor da calça.

-Está ótimo. –Falei com um sorriso. Voltei para perto do meu celular, desligando a música. –Está pronto? Podemos ir? –Perguntei para ele, enquanto ele passava um perfume. Olhei para as horas no celular percebendo que já era 20h.

-Agora sim. –Ele falou, terminando de se ajeitar. –Vamos precisar do carro? –Ele perguntou, segurando as mesmas. Eu assenti com a cabeça, enquanto ele concordou. Peguei o cartão da porta abrindo a mesma. Quando Justin passou por mim, pude sentir o seu cheiro, me deixando com vontade de sentir mais de perto.

-O que acha de comida indiana? –Perguntei, enquanto descíamos as escadas. Eu já estava ficando tão acostumada as escadas, que quando voltar a minha vida, eu nem use mais o elevador como antes, sem contar o meu metabolismo que se acostumou a esse exercício. –Achei um restaurante pelas redondezas. –Falei, olhando para Justin atrás de mim.

-Não me lembro de ter ido em um, mas parece uma boa ideia. –Justin falou com um sorriso, me deixando animada. Abri a porta as escadas, segurando para ele passar logo em seguida.

(...)

-Como era a sua rotina? –Perguntei para Justin, enquanto esperávamos o nosso pedido. Ele molhou os lábios, se ajeitando mais em seu lugar, como se estivesse pensando no que me responder. Passei a mão sobre o meu cabelo, esperando ele começar a falar.

-Eu costumo trabalhar bastante como motorista, para ajudar um pouco a minha mãe a pagar as contas de casa, mas quando não estou trabalhando, eu saio com os meus amigos, eles são bastante festeiros. –Ele falou, dando de ombros, como se não tivesse nada de interessante a contar.

-E quando você acha tempo de namorar? –Perguntei, percebendo a expressão de Justin endurecer, como se eu tivesse acabado de falar algo que não deveria. –Disse algo ruim? –Perguntei preocupada, Justin olhou para mim, com um sorriso, antes de pegar um palito de dente, se distraindo com ele.

-Eu fui casado. –Ele falou, me olhando com a cabeça abaixada. Molhei os lábios, sem saber o que responder. –Com 18 anos fui forçado a me casar com a minha namorada da época, porque ela estava grávida, e os pais dela eram religiosos fanáticos, por assim dizer. –Justin revirou os olhos. –Eu estava feliz, claro. Era a mulher que eu achava que eu amava, e ela teria um filho meu. –Justin riu, como se fosse a coisa mais ridícula do mundo. Ele olhou para outro lugar, parando de falar.

-Ela não estava grávida? –Perguntei, tentando adivinhar o fim. Justin me olhou, com uma expressão diferente. Ele parecia estar em outra dimensão, como se estivesse revivendo tudo. –Se não quiser falar. –Falei, colocando a minha mão sobre a dele, tentando consolar ele.

-Ela estava grávida, mas não era meu. –Justin falou, largando o palito. –Ela disse que estava grávida de dois meses, mas fazia mais do que dois meses que não fazíamos nada mais do que beijos. –Justin estava sem expressão naquele momento, parecendo um Justin que eu nunca tinha visto antes. –Além do mais sempre usei camisinha, eu não queria ser pai cedo. –Ele deu de ombros. –Então eu peguei as minhas coisas, voltei para a minha casa, e pedi o divórcio, a deixando. –Justin ficou olhando para a mesa, e eu me senti culpada por ter tocado no assunto.

-Desculpe te fazer falar sobre, eu não esperava isso. –Falei mordendo os lábios. Passei a Mao sobre o meu rosto, sem saber o que falar para ele, e ele não parecia querer falar mais nada. Eu havia pisado em uma mina sem querer.

-Você meio que me contou o que houve, sem mesmo me conhecer. Está tudo bem por mim. –Justin deu de ombros. Ele ergueu o olhar para o meu rosto, abrindo um sorriso. –Isso está no passado, estou vivendo o presente agora. –Ele falou, virando a mão para cima, segurando a minha. Arregalei os olhos, sentindo o meu coração começar a bater mais rápido. –Agora, por que não me conta a razão pela qual você está estranha comigo? –Ele perguntou com um sorriso. Ele havia me posto contra parede, ele havia percebido.

-Aqui está o pedido de vocês. –Uma mulher, vestida com trajes típicos indianos apareceu, colocando o nosso pedido sobre a mesa. Dei um sorriso, me sentindo aliviada pela mulher ter chego bem na hora.

(...)

                       Liguei o rádio do carro, escutando a música Into You – Ariana Grande começar a tocar, me fazendo rir, assim que eu percebi que eu estava escutando ela enquanto esperava por Justin. Depois da mulher ter nos interrompido, Justin não voltou a perguntar nada, me deixando aliviada por não ter de explicar nada para ele.

-O que achou da comida? –Perguntei com um sorriso para Justin, enquanto ele prestava atenção no GPS que nos falava o caminho certo para o hotel. Percebi ele me olhar pelo canto do olho, voltando a prestar atenção na rua novamente.

-Eu só não gostei de uma coisa, Sam. –Ele falou, me deixando curiosa. Me inclinei um pouco para frente, arrumando o cinto de forma que ele não me enforcasse. –Ter sido interrompido por aquela mulher. –Ele me lançou um olhar, me fazendo morder os lábios, sem saber o que falar.

-Eu por outro lado gostei de tudo. –Falei, tentando mudar de assunto. –Como era o nome daquilo? Thali? –Coloquei a mão no queixo, tentando me lembrar o nome do prato. Justin virou o carro em uma rua, ignorando a informação do GPS. –Por que você virou aqui? –Perguntei, me sentindo um tanto nervosa.

-Porque assim ninguém vai nos interromper. –Ele falou, dirigindo mais um pouco, me fazendo perceber que estávamos em uma rua deserta. Ele desligou o carro, se virando na minha direção. Engoli em seco, sentindo o seu olhar penetrante sobre mim. –Agora, me conte Sam. –Justin falou, olhando diretamente nos meus olhos. –Por que está estranha comigo? –Ele perguntou, me fazendo olhar para cima, sem saber o que falar para ele. Eu não poderia me confessar ali, assim.

-Não é nada. –Falei, tentando desviar o olhar dele, mas algo parecia me prender ali, me hipnotizando, assim como nos conhecemos. –Podemos ir logo para o hotel? Estou cansada. –Falei, me encostando mais sobre o banco. Eu podia sentir o meu coração batendo cada vez mais rápido.

-Eu preciso saber, Sam. –Justin falou, com uma expressão diferente. –Eu estou trabalhando para você, vamos ter de conviver ainda por um tempo, até você querer voltar. Não quero esse clima estranho entre nós. –Ele falou, fazendo o meu peito doer. Então era assim que ele me via? Como um trabalho.

-Eu quero voltar para o hotel Justin, se você for ficar parado aqui, eu vou descer e ir atrás de alguém que possa me dar carona. –Desviei os olhos dos dele, para evitar que ele visse as lágrimas que eu estava segurando. Escutar dele que eu só era um trabalho, me atingiu como se mil facas fossem atiradas em minha direção. Fiz menção de sair do carro, mas Justin foi mais rápido, segurando o meu braço.  

-Desculpe. –Justin falou, com um suspiro. Voltei a minha posição inicial, escutando outra musica começar, mas sem prestar atenção nela de fato. –Desculpe se eu fiz algo que fez com que tudo ficasse estranho. Eu de certa forma não consigo te ver como a minha chefe com você me tratando assim. –Justin admitiu, me fazendo olhar para ele.

-Eu não quero que me veja como uma chefe, ou coisa assim. Quero ser a sua amiga. –Admiti baixo, na esperança que ele pudesse escutar. Senti o olhar dele sobre mim, me deixando nervosa. –Você não fez nada de errado. Sou só eu. –Falei, olhando para Justin ao meu lado. Ele tinha uma expressão confusa no rosto.

-Como assim? –Ele perguntou, me fazendo sorrir, sentindo o meu rosto esquentar. Justin se aproximou de mim, colocando uma das mãos sobre o meu ombro. Olhei para ele, no mesmo momento. Nossos olhares se encontraram, me fazendo soar frio. –Sam? Pode me explicar? –Ele perguntou direto. Seus olhos não desviavam do meu, me deixando mais nervosa.

-Desde que quase nos beijamos... –Comecei a falar baixo, sem me preocupar se ele ia escutar ou não. Estávamos tão próximos, que ela capaz que ele me escutasse de qualquer forma. –Eu tenho pensando coisas como, como é o seu beijo? Ou o que aconteceria se você me beijasse. –Neguei com a cabeça, me sentindo corar. Eu devia estar parecendo um tomate naquele exato momento. –Então, eu não conseguia te olhar direito por isso. –Falei, evitando falar sobre os meus sentimentos sobre ele.

-Era só isso? –Justin perguntou com um sorriso. –Podemos resolver isso já. –Ele falou, antes que eu pudesse falar algo, senti os seus lábios sobre os meus, me pegando de surpresa. Depois de alguns minutos, correspondi o seu beijo, o sentindo sorrir. Ele passou o braço ao meu redor, me puxando para perto, o tanto quanto o cinto de segurança permitia, enquanto ele afagava o meu rosto, com cuidado. Seu beijo me transmitia uma sensação diferente da que Scoot me transmitia, mas a sensação de familiaridade, me deixou confusa, como se eu já conhecesse aqueles lábios.