História The Camp - Sete

Billie trocou poucas palavras com seu pai durante o curto percurso até seu condomínio. Ao chegarem, pegou as próprias bagagens deixando o motorista um tanto quanto confuso e seguiu para o elevador selecionando o último andar.

Girou a maçaneta dourada e foi recebido por Amanda e seu sorriso falso. Não se esforçou em agradá-la e passou direto subindo para seu quarto.

- Temos um jantar importante hoje, se arrume Billie. – escutou o pai gritar antes de bater a porta.

Ele respirou fundo e se jogou na cama. Olhou o visor do celular e se perguntava se Tré já tinha chegado em casa. Talvez ele precisasse de um tempo para conversar com os pais e descansar da viagem, e Billie tinha medo de parecer inconveniente.

O telefone vibrou e ele olhou sem muito animo lendo o nome de Mike.

- Oi. – atendeu olhando pela janela do quarto que dava para a torre norte onde o amigo morava.

- Eu nem vi você depois que desci do ônibus...

- Eu falei com a mãe do Tré e depois entrei no meu carro. – ele respondeu forçando os olhos para enxergar o outro.

- E a mãe dele ?

- Ah ela é uma fofa. – Billie sorriu para si mesmo.

- Por que você não vem aqui ? Não tenho nada para fazer....

- Meu pai tem um jantar importante hoje e pediu que eu me arrumasse, inclusive. Eu não quero ser rebelde á esta altura sabe ? Melhor eu fazer o que ele disse, e evitar mais um inferno.

- Tá certo, eu fico feliz que você esteja se ajeitando... Bom de qualquer forma, nos vemos amanhã.

- Tá bom Mike. – disse e o outro desligou.

Billie suspirou e seguiu para o banheiro. Lavou os cabelos e demorou um longo tempo debaixo do chuveiro, enquanto pensava em Tré. Ele queria estar preparado para encarar sua vida de volta e olhar todos os dias para Amanda mas não estava. Queria uma pequena casinha simples de dois cômodos e Tré ao seu lado, como foi durante a semana toda.

Quando terminou seu banho, vestiu uma calça preta e uma camisa de mangas longas da mesma cor. Colocou uma gravata vermelha e ajeitou os cabelos para baixo como o pai provavelmente o mandaria fazer.

Mostrou a língua para seu próprio reflexo no espelho e saiu do banheiro. Pegou seu celular novamente e discou depressa o número de Tré, que atendeu logo no primeiro toque.

- Oi amor, o que houve ? Sua voz está estranha...

- Eu achei que você não ligaria mais. – Té falou.

- Me desculpe, estava esperando dar tempo de você chegar.

- O prédio que estamos morando é bem perto da escola.

- Sério ? Isso é ótimo Tré, porque eu também moro perto da escola, então provavelmente moramos perto.

- Eu ainda preciso aprender o nome do condomínio, mas assim que eu souber te falo. – Tré disse com sua voz simpática de sempre.

- Está bem, você falou com seu pai ?

- Sim, ele disse que teremos algum tempo para conversar melhor, e quer conhecer você.

- Eu também quero conhece-lo, e eu já estou morrendo de saudade de você.

- Eu também estou. – Tré respondeu. – Eu tenho que desligar por que vamos ao jantar com meu pai.

- Ok, eu também tenho um jantar em casa hoje... eu te ligo para dar boa noite, e você pode me ligar também agora que tem meu número.

- Está bem meu amor. Ate mais.

- Até mais. – Billie desligou e ficou sorrindo por um tempo sem ao menos se entender.

Ouviu o pai chamar por ele e revirou os olhos. Desceu as escadas e foi para a sala de jantar, onde a mesa já estava posta e devidamente organizada com pratarias e cristais.

Billie sentou-se na ponta ao lado de Amanda. Seu pai sentou-se na outra ponta e deixaram outros três lugares á frente para os convidados. Ele pouco se importava com quem viria ou o que viriam falar, mas ficou por ali esperando que tudo acabasse logo.

A campainha tocou e a empregada abriu a porta. Andrew se levantou e cumprimentou os convidados. Billie não podia acreditar no que via a sua frente. Abriu um enorme sorriso e se segurou para não beijar Tré logo ali.

- Olá senhora Edwin. – Billie levantou-se para cumprimenta-la.

- Oi de novo querido. Que surpresa !

- Vocês já se conhecem ? – Andrew perguntou enquanto todos ocupavam seus lugares.

- Eu a conheci mais cedo na escola, e conheci o Tré no acampamento. Inclusive eu queria mesmo que ele aparecesse por aqui afinal estamos namorando.

- Você namorando ? – Andrew o encarou.

- Sim... foi o que eu disse. – Billie respondeu tentando ser o mais educado possível.

- Bom, seja bem-vindo então. Tré ?

- É Frank, mas sempre me chamam de Tré, por que meu pai também chama Frank. – respondeu tímido.

- Ah claro, seu pai também chama Frank, eu sei. – Andrew respondeu simpático. – Ele é um ótimo funcionário e o trouxe para mais perto de nossa matriz. Espero que gostem da cidade e do apartamento.

- Estamos adorando. – Frank por fim falou.

Eles iniciaram o jantar e uma conversa monótona sobre negócios. Tré e Billie se encaravam e sorriam durante todo tempo.

- Pai, será que podemos ir um pouco para o quarto ? – Billie perguntou e Andrew ficou um tempo encarando o filho que há muito tempo não o chamava de pai.

- Eu acho que sim... – desviou o olhar para Frank.

- Tudo bem. – ele falou e Andrew autorizou os dois a subirem.

Billie mostrou brevemente o restante do apartamento e o levou até a área da piscina em sua cobertura e depois foram para o quarto dele.

- Uau, que quarto legal.

- Ah, é normal Tré.

- Não é não. – ele respondeu e Billie riu.

- Você mora aqui tão perto de mim... eu não estou acreditando ainda.

- Pois é, eu moro num apartamento menor que esse, não tem dois andares mas é maravilhoso. É na torre norte, apartamento 26.

- Eu já decorei. Vou bater lá todo dia. – falou rindo. – Mike mora na cobertura de lá também.

- Sério ? Então estamos todos em casa.

- O importante é que você está aqui comigo. – Billie falou puxando o outro para a cama.

- Você acha que seus pais gostaram de mim ?

- Amanda não é minha mãe, ela não passa de uma aproveitadora. – ele respondeu bravo.

- Desculpe, eu lembro que você falou que sua mãe morreu no parto, não falei por mal.

- Eu sei Tré, mas eu não gosto dela. E meu pai gosta de você sim, ele gosta de todo mundo. – Billie sorriu abraçando o namorado. – Amanda tem um tipo de amor que só o ódio pode entender...

- Não fale mais dela, amor. Não quero você chateado. – Tré pediu deixando um beijo na testa dele. – Vamos apenas aproveitar esse tempo.

- É tem razão. – Billie respondeu sorrindo e começou a beijá-lo.

[ 1 ano depois ]

- Eu estou orgulhoso de você filho. – Andrew falou colocando a mão no ombro de Billie.

- Obrigado pai, mas é apenas uma formatura.

- Não é só da formatura, mas do homem que você se tornou ao longo deste ano.

- Isso você deve atribuir ao Tré. – respondeu sorrindo.

- Ele é um ótimo rapaz. – Andrew disse sorrindo.

Billie sorriu de volta e ajeitou sua gravata subindo no pequeno palco onde uma banda se apresentava. Pediu espaço quando terminaram a música e pegou o microfone, começando a falar.

- Boa noite á todos, inicialmente eu gostaria de agradecer a presença de meus familiares e do meu único e velho amigo Mike, e aproveitar para parabeniza-lo pela formatura. Eu tenho duas coisas importantes a dizer, e a primeira é que eu errei por muito tempo com você pai, e eu não me orgulho disso. Obrigado por nunca ter desistido de mim quando eu mesmo já teria me dado um belo soco. – respirou fundo e sorriu para o homem ao lado do palco. – A segunda coisa importante que eu quero dizer é que toda minha mudança se deve principalmente á uma pessoa que conheci um ano atrás num acampamento, e que desde então tem feito milagres com este pobre rebelde que vos fala. Tré, você é um homem incrível, é inteligente e fofo, é um filho perfeito e um namorado maravilhoso. Eu não seria nada do que eu sou sem você, e eu te amo mais do que tudo que existe e que ainda vai existir. Eu quero você do meu lado para sempre e que se dane quem achar que sou novo demais para escolher meu futuro, eu quero você Tré, e eu estou aqui para pedir que aceite se casar comigo.

Billie deixou o microfone com o vocalista da banda e correu para mesa onde o namorado tímido tentava não ficar tão vermelho. Tré o abraçou e depois de um beijo urgente aceitou o pedido.

Mike começou a aplaudir e todos os outros convidados fizeram o mesmo. Tré apenas abraçou Billie até que a banda começou outra música e a atenção geral voltou-se para o palco.

- Você é maluco Billie ?

- Por você sim, meu amor. – ele respondeu dando um selinho nele.

- Eu te amo. – Tré respondeu com os olhos fixos no dele.

- Eu te amo. – Billie respondeu sorrindo e sentaram-se novamente á mesa com seus familiares.