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História The Chinese Child - Capítulo Único - Nênia


Escrita por: NicoleteSsS

Notas do Autor


Olha eu aqui na deadline.

Gostei muito do resultado, apesar dos pesares, espero que gostem!

Super obrigado pra Alice que me ajudou muito mesmo nisso e pra Cah que me aguentou.

Capítulo 1 - Capítulo Único - Nênia


Nênia

1. Lamento fúnebre

 

Acredito que agora, quando todos que faziam parte dessa história já morreram e ninguém pode ser afetado por ela, é tempo de contá-la exatamente como aconteceu.

É uma história conhecida, uma história sobre um barco, um iceberg, um naufrágio e alguns amores, porém a parte que conto não fala dos mesmos amores conhecidos, fala de outros amores, ainda mais fortes, do ultimo imperador da china e de algumas moedas de ouro.

Porém, tenho que me desculpar, pois minha história começa muito longe do esperado, longe da Inglaterra ou até mesmo da Europa, começa no lugar onde se dizia que o sol tocava primeiro e mesmo assim as pessoas possuíam a pele clara como se nunca expostas á tal sol.

Nossa história começa em um lugar que hoje se conhece como República Popular da China, porém, naquele tempo, o nome de República ainda iria ser firmado, firmado a muito sangue e muitas guerras e é no meio desse sangue que nossa história começa.

Depois da morte do Imperador, em 1908, seu sobrinho, Pu Yi, de apenas 2 anos, foi colocado ao trono, em 1912, foi forçado a abdicar, quando a República se instalou. A História de Pu Yi já é conhecida, não irei me ater a ela, porém, se a história de terras longínquas nunca lhe interessou e tem curiosidade de saber, direi um rápido resumo:

Pu Yi nasceu em 1906, subiu ao trono em 1908, foi deposto em 1912, continuou morando na China e manteve os títulos, foi colocado no trono de novo em 1917, mas foi deposto em 12 dias, os japoneses invadiram, ele ocupou o trono de 1934 a 1945, foi preso pelos soviéticos na Segunda Guerra, foi mandado para um campo de reeducação para criminosos de Guerra até 1950, volta pra Pequim, onde trabalha em diversos lugares até morrer de doença em 1967.

Se isso não supre sua curiosidade acerca do homem, peço que vá procurar outro narrador, pois a enrolação já me aborrece e eu devo seguir logo para o que importa, ainda temos um navio para pegar.

O que nos interessa disso tudo e que poucos se lembram é que Pu Yi tinha um irmão, mais novo que ele, nascido em 1910, com dois anos apenas quando a rebelião teve seu fim e sua família perdeu tudo. Ele era uma criança doce, de covinhas nas bochechas e batizado de Yi Xing.

A mãe dos dois não ficou feliz ao ver seu filho subir ao trono, como era o esperado, pelo contrário, ficou assustada e receosa, sabia que o Império não estava em um bom momento e que Pu Yi estava apenas sendo usado como um joguete político por outros que tinham muito mais poder. Sabendo que nada podia fazer pelo filho mais novo, a mulher decidiu zelar pelo menor, o enviando para longe antes que algo acontecesse.

Não podemos dizer se aquela foi uma decisão sábia, afinal já lhes contei que Pu Yi viveu até seus 61 anos, mesmo com tudo que lhe aconteceu, porém, não estou aqui para julgar os atos desesperados de uma mãe e sim para contar uma história.

Ela decidiu que seria menos suspeito se pedisse para alguém que não fosse chinês levar YiXing para longe, assim decidiu por dois coreanos que já haviam prestado algum serviços para o império antes.

Seus nomes eram Kim Minseok e Kim Jongin e, apesar do que o nome indica, não possuíam nenhum grau de parentesco, longe disso.

O que faziam entre quatro paredes não era considerado algo para se fazer com alguém que compartilhava o sangue na maioria das sociedades.

O que faziam entre quatro paredes na verdade era algo que muitas sociedades não aprovariam entre dois homens.

Foi por isso que fugiram para a China, que não era um país mais permissivo nessa questão, mas onde pelo menos eles não eram conhecidos e poderiam se esconder melhor.

O que sentiram ao receber tal proposta foi surpresa e medo, não queriam aceitar a princípio, porém o coração humano é fraco e eles cederam depois de algumas lágrimas e a promessa de algumas sacolas de ouro.

Yixing, como todo bebê de 2 anos, relutou em sair de perto da mãe, mas, como todo bebê de 2 anos, não teve força para resistir ou sua voz ouvida, então acabou por ir junto dos dois coreanos e logo se apegou a eles, afinal era uma criança realmente muito doce.

Minseok e Jongin também se apegaram ao pequeno descendente do trono muito rápido, eles nunca haviam pensado em ter filhos, mas ficar perto daquela criança despertava instintos paternais neles que eles nem sabiam existir. Os seres humanos eram engraçados desse jeito, podiam criar laços muito facilmente, laços que se enraizavam e se tornavam mais fortes do que a compreensão terrena das coisas pode entender.

Não irei me ater a viagem por terra, nada de muito diferente do esperado aconteceu, então não acho que seria uma narrativa muito interessante e sou eu que escolho o que desejo contar ou não aqui. Talvez, em um outro momento, quando estiver com vontade, retorne a esta parte da história.

Falemos então da chegada no porto onde tomariam o tal navio. Nenhum dos três nunca havia ido até a Inglaterra e o inglês de Minseok era ruim, o de Kai era péssimo e Yixing estava progredindo bem, havia aprendido a dizer “Tio Xiumin e Tio Kai” em coreano.

Os dois mais velhos acharam o lugar incrível, a China e a Coreia já era países com um desenvolvimento notável, porém, nada comparado ao berço da industrialização que a Inglaterra ainda era na época. Por um momento foi difícil lembrar que eles estavam ali a trabalho e não de férias e se convencerem a ir direito para o porto.

O plano era levar Yixing para o Novo Mundo, que na época já não era tão novo assim e a maioria das pessoas já não o encarava como promessa de um lugar muito melhor para se viver, mas a esperança da mãe do pequeno descendente do trono era que aquilo não fosse esperado e Yixing pudesse viver ali sem ser notado.

Eles pegariam um transatlântico em Southamptom que iria até Nova Iorque, eles haviam pesquisado muito antes de decidir pelo RMS Titanic, segundo da Classe Olympic, que possuía os maiores, mais confortáveis e mais seguro transatlânticos da época.

Ele era inafundável e foi por isso que Minseok e Jongin haviam decidido por ele no final. O mais importante era que chegassem em segurança.

Ah, meninos...

Me pergunto se teriam mudado de ideia se fossem alertados do que aconteceria, se alguém houvesse chegado neles e dito que aquela não era uma boa ideia, teriam eles ouvido ou teriam insistido naquilo?

Essas eram perguntas que atormentam a mente de todos que escutaram as diversas histórias daqueles que tiveram seus destinos entrelaçados ao de Titanic, mas são também perguntas que estão e continuarão para todo o sempre sem resposta.

Gostaria eu de encerrar essa história por aqui, com eles felizes entrando no navio ou até mesmo criar um fim alternativo, em que eles chegassem os três bem até seu destino e conseguissem fundar uma vida na América, sendo a família que estavam começando a aprender a ser.

Porém, como não me cabe mudar os fatos e o mínimo de palavras ainda está longe de ser atingido, continuemos de onde estávamos.

Eles embarcaram no Titanic. Na primeira classe, com tudo aquilo que lhes era privilégio por tal fato, o luxo não lhes interessava, porém acreditavam que uma classe mais alta seria mais respeitada e lhes daria maior tranquilidade para cumprir a viagem sem incômodos e o dinheiro que tinham para as despesas da viagem era farto.

Porém, jovens como eram, não se seguraram antes de correr pela longa extensão da suíte e se jogar na cama de casal, rindo como os dois garotos que há muito tempo não se permitiam ser.

- Baico! – Yixing disse com a voz infantil, começando a correr pelo quarto até achar uma escotilha, seus bracinhos se erguendo na tentativa de se pendurar e ver o mar através dela, porém ainda era muito alto para ele.

- Calma, pequeno... – Minseok se aproximou e pegou o bebê nos braços, o deixando na altura certa para poder ver o lado de fora. Ele sorria, depois de tanto tempo em viagem poderia finalmente descansar um pouco naquele quarto luxuoso até que chegassem á América.

- No que está pensando? – Jongin perguntou ao se aproximar dos dois e abraçar o menor pro trás.

- Em você. – Minseok respondeu e virou o rosto para poder beijar os lábios do mais novo, fazia tempo que eles não podiam ter um contato mais intimo, sempre com medo de serem pegos por alguém, porém ali, atrás de portas trancadas, eles se sentiam seguros para mostrar o amor que sentiam um pelo outro.

Eles, depois de toda a tensão que sentiam durante a viagem por terra, relaxaram e se deixaram simplesmente curtir o navio com tudo que tinham direito. Jongin começou a ensinar Yixing a nadar, eles experimentaram vários pratos do restaurante e conheceram de tudo que podiam fazer ali, com exceção do casino porque não eram muito fã de jogos.

Quero deixar registrado aqui que o que direi a seguir é algo que sempre quis dizer ao contar uma história:

Foi ai que tudo começou a dar errado.

Eles estavam se divertindo tanto naquele navio que se esqueceram que a relação deles não era bem vista pela sociedade no geral e acabaram trocando carícias onde podiam ser vistos e os outros passageiros pararam de cuidar das próprias vidas para cuidar da deles.

Em um dia bonito, parecido com o que um homem segurou a cintura de uma mulher de braços abertos na proa do navio, foi quando eles perceberam que deviam ter sido mais cuidadosos.

Eles levaram Yixing para almoçar como todos os dias no restaurante do navio, eles mal repararam nas outras pessoas, estavam focados demais um no outro e no fato de que o pequeno aprendia a comer sozinho.

Eles se amavam, não como aquele romance quase adolescente de quem se conheceu em pouco tempo e se envolveu rápido demais e intensamente demais, falo daquele amor maduro, de quem já tantos tapas da vida junto que consegue descrever as cicatrizes do outro como se fossem as suas próprias. Porque eram.

Não era aquele amor de romance barato, de cenas bonitas ou frases feitas, era aquele amor de todo dia, de segurar o outro enquanto quase caia de vomitar por causa do enjoo no navio e mesmo assim adorar beija-lo. Era aquele amor cru, bruto, calejado por anos de convivência e que mesmo assim estava ali, velho e marcado, não bonito e lustroso como os amores jovens, mas com uma sabedoria agregada que nunca seria imaginada por aqueles romances que duravam dias.

E agora havia Yixing, que sem esforço algum havia se colocado naquela quase bagunça que eram Jongin e Minseok, os abrindo de um modo que eles acreditavam não ser possível e os obrigando a se moldar a ele, pois agora eles não eram mais uma, era um trio, em que os dois mais velhos assumiram com facilidade a posição daqueles que cuidariam para que o mais novo não sofresse com os mesmos calos de que eles sofreram.

Mas imersos naquela bolhinha de amor novo e puro que era Yixing erros foram cometidos e precauções esquecidas, naquele jantar Jongin e Minseok trocaram um leve selinho entre sorrisos, algo muito simples para os dois, porém que chocou muitos dos que ali se encontravam.

Pois naquele tempo os seres humanos eram assim, definiam sua única forma de amor e julgavam todas as outras e a forma que unia os três naquele momento não era uma das aceitas.

Peço por favor que se você, leitor, é um desses seres humanos que acredita em tal fato que define um amor como mais certo que o outro, que feche aba deste navegador e vá procurar outras formas de se entreter, pois o mundo que você vê é um mundo onde esta história não tem sentido algum de ser contado.

Depois desde simples beijo um homem se levantou irritado, parecia ser inglês e de alta classe, não se sabe o nome dele, então irei chama-lo de John, acredito que esse nome seja tão apropriado quanto qualquer outro.

John era daquele tipo de pessoa que não leria essa história. John ficou bastante irritado com aquele simples beijo entre os dois e partiu para cima de Jongin e Minseok, os chamando de “bichas” e dizendo que aquele não era lugar para aquela pouca vergonha.

Jongin entendeu bem pouco do que ele realmente dizia por causa da língua, mas entendeu o sentimento que aquelas palavras expressavam, era aquele sentimento horrível que os atingia fundo e deixava marcas que não iam embora tão fácil, aquele sentimento que os fez fugir da Coreia e que estava perfeitamente estampado no rosto do pai de Minseok enquanto lhe atingia aqueles socos e o expulsava de casa.

Era um sentimento feio que Jongin queria manter longe de Minseok e Yixing, então disse para o companheiro tirar o bebe dali, porém Minseok não se afastaria de Jongin, não quando aquele homem parecia tão fora de si. Eles apanharia juntos, sempre fora assim.

Yixing começou a chorar, assustado com os gritos e John tentou se aproximar, Jongin o manteve longe e Minseok não sabia se ajudava o outro ou se protegia Yixing, agora tudo estava diferente, não era mais tão simples como quando estavam apenas os dois, agora havia mais um dependendo deles.

John acertou o primeiro soco no rosto de Jongin, que revidou com um no estomago do inglês, Minseok se aproximou, deixando Yixing no chão e tentou proteger o mais alto, porém aquilo não foi necessário, pois um segurança apareceu e separou os dois.

Minseok suspirou enquanto limpava o machucado no rosto de Jongin aquela tarde, se sentia culpado pelo outro estar com um ferimento, achava que devia ter sido mais precavido já que era mais velho.

Porém, vou afastar a história desses dois por um momento, pois outras coisas importantes aconteciam naquele mesmo momento. Primeiro, um garçom contou a outra o que acontecera, que contou para os ajudantes de cozinha, que contaram para os músicos, conversa essa que foi ouvida por dois passageiros da segunda classe, que espalharam para dezenas de outros. Coisa similar aconteceu com a maioria dos outros que presenciaram a confusão no restaurante. Em horas o navio inteiro já estavam sabendo e as coisas das mais vis eram ditas sobre Jongin e Minseok.

“Eu sempre soube que havia algo errado com eles, Deus passa longe do oriente, você sabe.” Uma velhinha disse na terceira classe.

“Japoneses são todos estranhos, lá deve ser normal algo assim.” Um cozinheiro com pouco conhecimento sobre países da Ásia achou pertinente ressaltar.

Não me aterei mais a esses comentários mesquinhos, creio que vocês já entenderam onde quero chegar e se não, podem ler de novo.

Minseok e Jongin acharam melhor que ficassem dentro da cabine pelo máximo de tempo possível durante o resto da viagem, Yixing odiaria isso, porém era melhor do que correr o risco de qualquer agressão.

Aquela noite eles foram dormir assustados, deixaram que o bebê se deitasse entre eles e procuraram ter uma boa noite de sono, precisariam de energia para enfrentar o que sabiam que aconteceria no dia seguinte: Preconceito e ódio gratuito.

Minseok não conseguiu adormecer, estava ansioso com tudo então, então ele foi o primeiro dos três a ouvir.

O baque foi muito alto e o navio balançou, Minseok se levantou assustado e Jongin acabou acordando também com tudo aquilo.

- O que aconteceu, amor? – Jongin perguntou, coçando os olhos, ainda estava meio dormindo.

- Eu não sei, vamos, se vista, acho que aconteceu alguma coisa errada. – Jongin podia perceber como Minseok parecia tenso e assustado e aquilo acabou o assustando também, o mais velho sempre foi o mais racional entre os dois.

Tentavam se convencer de que tudo ainda estava bem, então se vestiram com calma e vestiram Yixing, que chorou e fez manha por estar cansado. Minseok sentia um mal pressentimento, então levou algumas coisas importantes em uma bolsa antes de sair, como documentos e dinheiro.

Assim que saíram do quarto tudo parecia um caos, o navio estava inclinando e eles demoraram alguns segundos para perceber que estavam afundando. Minseok segurou Yixing com mais força contra si e segurou a mão de Jongin, nenhum deles sabia o que fazer ou dizer, naquele momento foram guiados apenas pelos instintos e correram em direção à onde ficavam os botes salva vidas, por sorte o mais velho era muito observador e se lembrava onde era, mesmo estando tão assustado.

Peço que você que está lendo desça a esta cena comigo, eu serei o Jongin e você pode ser o Minseok. Peço que se imagine correndo pelo convés, segurando a mão daquele que ama e com o outro braço tentando segurar um bebê de dois anos que chorava assustado. Quero que pense no pânico ao perceber que o navio estava cada vez mais inclinado e que as pessoas corriam de um lado para o outro, esbarrando em qualquer um enquanto tentavam se salvar.

Quero que imagine os gritos.

Imagine a confusão de ter acordado e percebido que o chão que segurava seus pés não era mais firme.

Imagine o medo de perder aquele que era o amor da sua vida e aquele pequeno que havia lhe conquistado em tão pouco tempo.

Se conseguir imaginar isso, se conseguir ser Minseok por apenas um momento, talvez chegue perto de imaginar o que ele sentia.

Talvez você consiga entender porque o que aconteceu em seguida foi algo tão horrível que as pessoas se recusavam a lembrar, escondiam aquela história como se nunca houvesse existido, fingiam que Minseok e Jongin não estavam naquele navio.

Mas eles estavam e precisam ser lembrado, porque mesmo as piores histórias precisam ser contadas.

Eles correram até o primeiro bote salva-vidas, havia bastante gente dentro dele e ele começavam a subir, ignorando os outros, quando um homem os empurrou para fora, Minseok, sendo ajudado por Jongin, já estava com uma perna dentro do bote e foi ao chão com força, tendo tempo apenas de virar o corpo para que Yixing caísse por cima dele, sua cabeça rodou devido ao baque e ele não entendeu o que havia acontecido, até que ouviu as palavras.

- Não tem espaço pra bichas aqui. – Ele dizia isso com um requinte de crueldade, talvez estivesse apenas se agarrando àquela crueldade como uma forma de não pensar no pânico, de qualquer modo, não é nele que mora o pior daquilo.

Mesmo quando Minseok caiu, quase derrubando o pequeno que trazia nos braços, nenhuma das outras pessoas do bote fez nada. Agora peço que faça diferente, peço que seja uma das pessoas no bote, em pânico, tentando se salvar, talvez com os próprios filhos nos braços, pensando se vão conseguir sobreviver a isso. Então você aquele homem, pequeno e com traços diferentes do seu, olhos rasgados e uma criança pequena nos braços, peço que observe enquanto ele é jogado no chão e a criança chora ainda mais, completamente assustada. Observe e não faça nada.

Continue observando enquanto o outro homem ajuda o primeiro a se levantar, completamente preocupado com seu bem estar, mas o menor o ignora, para olhar para você e seus companheiros e gritar:

- Pelo menos levem o bebê! O bebê!

Peço que mesmo assim não faça nada, até desvie o olhar, se achar melhor.

Se ao fazer isso não se sente mal, sinto que precisarei parar essa história por aqui, pois um mundo onde uma atitude como essa possa ser considerada normal não é um mundo onde eu quero viver, quiçá contar histórias.

Eles desistiram rápido daquele bote, estavam agitados, assustados e não havia tempo para refletir sobre as ações dos outros, eles precisavam se salvar e tinham que ser rápidos.

Esse é mais um momento em que eu queria poder contar essa história de modo diferente, mas infelizmente creio que ela agora se aproxime de se tornar uma nênia.

Eles foram em todos os botes que encontraram, ma as respostas eram as mesmas, alguns inclusive temiam que leva-los junto faria com que Deus afundasse o bote, pois eles eram pecadores.

Minseok tremia em pânico e Jongin tentava acalma-lo, os dois gritavam para todos que encontrassem, implorando que alguém, pelo menos, levasse o bebê.

Eles não arriscavam soltar a mão um do outro, havia muita gente ali e muitos já haviam se perdido dos familiares, eles não podiam perder um ao outro, aquilo seria pior que um navio afundando.

Mesmo que fossem ignorados pela maioria das pessoas, não desistiram de perguntar para todos se alguém não poderia ao menos levar Yixing, não conseguiam aceitar o fato de que aquela criança tão doce pudesse ficar pra trás.

Porém um homem apareceu e se ofereceu para levar Yixing, ele tinha cara de ser da primeira classe com aquele cabelo cheio de gel e o terno caro, Minseok sentiu medo e seu coração apertou por ter que se afastar da criança, mas era a única esperança que eles tinham.

Yixing não quis se afastar dos dois e chorou muito quando foi entregue, mas o homem não pareceu se importar, saiu correndo dali com o bebê enquanto gritava:

- Eu tenho uma criança! Ela não tem outro responsável pela guarda!

Logo o ajudaram a subir em um bote, a regra era clara, mulheres e crianças primeiro.

Exceto se fosse uma criança junto daqueles que se atreviam a amar.

Minseok caiu no choro assim que o pequeno se afastou e Jongin o abraçou, naquele momento, eles sabiam que morreriam naquele navio.

- Vem, meu amor. – Jongin sussurrou no seu ouvido e o guiou pelo navio, o levando até onde os músicos ainda tocavam, ele abraçou Minseok e começou a dançar lentamente com o menor. – Eu sempre quis dançar com você em um salão chique...

Jongin também chorava muito, mas eles se abraçaram e dançaram, dançaram até que não aguentaram mais, até que a água molhou seus corpos e o frio se tornou insuportável.

Então eles deitaram e se abraçaram, não se afastavam um do outro, mesmo quando a vida se esvaiu dos seus corpos e eles se tornaram histórias no fundo do mar.

Mesmo assim, eles não se separaram.


Notas Finais


O que acharam?


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