História The Choicen Ones - A Seleção - Interativa - Mudanças e tapas

Christian Marshall Cambridge

— Cor do tapete? Temos rosa, rosa claro, azul, azul claro, verde, verde claro, branco, cinza, lilás e roxo escuro — Pergunta o designer que minha mãe contratou para arrumar tudo para as Selecionadas. Ele se chamava Geovani Castel e era muito antipático.

Já estava casado desse assunto de Seleção. Eu passará o dia inteiro só resolvendo coisas inúteis, como cor da cortina do quarto delas, cor do vestido, até acessórios! Agora vê se eu tenho cara de estilista? Não! Mas não havia outra opção, se eu desobedecer minha mãe ela me mata, literalmente!
Minha mãe é outra pessoa que ninguém nesse mundo, que à conheça de verdade, suporta.
— Acho que... o rosa. Não, esse não, o outro, aquele ali, rosa claro. — Falo para ele, apontando para um tapete simples que, para nada mais e nada menos, serveria como tapete de banheiro.

— Sim Alteza, mas...

— Olha, não sei o porquê de você ter só me chamado aqui se ainda tem outros dois que não estão fazendo absolutamente nada! Se me der licença, eu tenho outras coisas a fazer. — Retruco, e saio deixando o homem sozinho.

Talvez nem seja tão difícil, só é preciso presentear e bajular as meninas mais e mais até que eu resolva ficar com uma delas.

— Ei, está tudo bem? Você parece cansado... — Pergunta Audrey.

— Não, estou bem. Você está bonita hoje! — Falo. Ela estava usando um vestido cinza simples de manga e salto baixo preto. O que está acontecendo comigo? Eu nunca falo que ninguém está bonito, muito menos a minha irmã! Audrey olha desconfiada para mim.

— Ah, já sei o que está acontecendo! Meu irmãozinho está treinando pra falar com as Selecionadas! — Fala ela fazendo cócegas na minha barriga e rindo.

— Claro que não é isso! Só gostei do seu vestido, algum problema? — Pergunto. Eu realmente não poderia estar animado com a Seleção, não mesmo, só acho que será uma experiência nova que... Ai meu Deus, eu estava mesmo animado! Não, não, não!

Ela dá de ombros e segue seu rumo.

Vou direto para o salão dos homens onde eu e meus irmãos gostamos de ficar, eles só poderiam estar lá.

°•°•°•°•°

Como o esperado, Nicollas estava lendo um livro em um canto e Matthew tocando violão em um volume baixo. Eles simplesmente deram uma rápida olhada em mim e voltaram ao que estavam fazendo.

— Precisamos conversar. — Puxo uma cadeira para perto deles e me sento os encarando.

— O que foi? Cansou de escolher as cores das cortinas? — Pergunta Matthew fazendo uma cara de tédio.

— Pelo menos eu ajudei em alguma coisa, e você o que fez? — Retruquei.

Ele não responde, mas faz uma cara que já diz tudo: "Você vai ver só"

—  Foi o que eu pensei. Então, sou só eu ou alguém aqui também está ansioso para a Seleção? — Pergunto tentando parecer o menos maluco possível.

Nicollas passa a mão no cabelo, o que sempre faz quando está nervoso ou com medo.

—  Pareceu loucura quando Bridget disse, mas agora eu realmente quero uma Seleção. — Ele balança a cabeça.

Matthew parece estar prestes a rir das nossas caras.

— Vocês estão de bricadeira? Então parecendo um bando de bebezinhos chorando! Mesmo vocês não querendo, vão ter que fazer! Eu? Eu não quero, não estou ansioso e nem feliz, mas não adianta a minha opinião! Eu vou encontrar uma esposa e espero ser feliz, poder fazer viagens com ela e cantar. Vocês vão ter que fazer o que nossa mãe quer, querendo ou não. — No fim ele dá de ombros. Acabo batendo palmas para o provocar.

— Uau, isso foi contagiante! Obrigado! Falou igualzinho a Bridget! Virou seguidor dela Matthew? Ou só está sendo babaca? — Pergunto o provocando. Ele levanta querendo me dar um soco, mas Nicollas o segura enquanto eu rio.

— Meus meninos, estão todos aqui? Estão. — Fala a Rainha entrando no cômodo.

— O que você está fazendo aqui no salão dos homens? — Pergunta Nicollas, que larga Matthew e dá um passo a frete a fuzilando com o olhar.

Ela parece se segurar para não rir. Eu muito de entendê-la, uma hora está de bom-humor e em outro momento está completamente insuportável.

— Querido, eu faço o que eu quero, sou a Rainha e se eu quiser, mando você e Christian embora e fico com o único que me respeita: O Matthew. Então, me obedeça — Retruca ela completamente serena.

— O que você quer? — Pergunto seco e direto.

— Olha como fala comigo, garoto! Só fique sabendo que centenas de garotas ja estão se inscrevendo e que estão loucas para conhecer vocês. Estão animados? —  Pergunta ela. Sei que Bridget não está perguntando para realmente saber o que a gente acha, e sim para poder ver o quão infelizes nós estamos.
 
— O que nós fazemos ou deixamos de fazer ou sentir não é da sua conta — Falo enquanto saio da sala.

Talvez ela venha atrás de mim, talvez não, só sei que já estou cheio dessa mulher, mas tenho a esperança de que ela melhore.

"É inútil esperar por algo que você sabe que não vai acontecer" uma voz ecooa na minha cabeça.

Nicollas Maurice Cambridge

Quando Christian cruzou a porta, tive quase certeza que sairia fogo dos olhos de Bridget. Ela me encarou como se eu fosse o culpado de tudo isso. Apenas revirei os olhos e voltei a ler meu livro.

— Se você revirar esses belos olhinhos azuis de novo para mim Nicollas, garanto que você não vai tê-los por muito tempo — Bridget disse e saiu pela porta em seguida. Arqueei uma sobrancelha e olhei para Matthew, que nem estava prestando atenção na discussão.

Continuei lendo Macbeth, um livro de Shakespeare. Me deparo com o barulho da porta abrindo e Audrey surge, fechando a porta em seguida. Audrey é a única garota que pode entrar à qualquer momento no Salão dos Homens, mas Bridget desrespeitava essa regra constantemente. Ela se aproxima de mim com um pequeno sorriso do rosto, que retribuo. Audrey se senta ao meu lado e percebo uma marca vermelha na sua bochecha.

— O que foi isso? — Pergunto me referindo ao local avermelhado.

— Ah, isso... — Ela começa e eu a interrompo.

— Bridget? — Pergunto. Ela demora um pouco, mas assente — Como isso aconteceu?

— Eu esbarrei em um vaso, que caiu e quebrou. Bridget viu e acabou me dando um tapa. — Audrey respondeu. Não era à primeira vez que isso acontecia, mas Bridget nunca deu um tapa em Audrey que ficasse com a marca, ainda mais por um simples vaso! Estava prestes a me levantar e encarar Bridget, mas Audrey me segurou.

— Por favor Nicollas, não. Tenho quase certeza que ela fez isso justamente para você ir lá tirar satisfações. Fique, por favor. — Audrey me pediu e não consegui negar, mas irei me vingar de Bridget. Pode não ser hoje, pode não ser amanhã, mas farei ela se arrepender de tudo isso.