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História The chronicles of a lost love - A despedida


Escrita por: AnaCharlotte

Notas do Autor


Olá, obrigada por todos os comentários e favoritos ❤ vocês são foda!

HARPIAS: Monstro mitológico com cabeça de mulher, corpo de pássaro e garras afiadas.

Capítulo 15 - A despedida


Fanfic / Fanfiction The chronicles of a lost love - A despedida

"Uma resposta em breve vou lhes dar.


Depois que se desliga a alma feroz

do corpo que ela própria leva à morte, 

à sétima foz rende-a Minós. 


Na selva cai onde quiser a sorte, 

onde o azar dá fortuna o arremesse

para o grão germinar e ficar forte 


O broto só faz planta e enfim floresce, 

Harpias que comem brotos que comemos 

Causam-lhe dor que se transforma em prece


Para nossos despojos ver viremos 

mas não temos a dirieto de querer 

o de que já nós mesmos nos tolhemos.


Inferno — Dante Alighieri.


As pessoas que estavam indo para a capela temiam que uma tormenta voltasse a cair novamente, estavam abalados, fisicamente e mentalmente. O rei merecia um funeral digno e com essas chuvas rigorosas que provavelmente se aproximava ele não teria esse direito. 

Os camponeses que ainda não tinham ido dar seu último adeus ao rei, apressaram-se ao sair de casa. E logo o espaço que cercava a capela fora pequeno para tantas pessoas, o reino de Gloriam estava todo ali, tinha pessoas por todo o lado. Impressionava-se com o número de nobres e reis que estavam ali. Marcus não era tão popular. Mas pelo visto, os reinos vizinhos foram solidários. 

Carlota atravessou a multidão cercada por soldados, agora, ela e rainha precisavam de mais proteção do que nunca. Coisa que Carlota odiava; andar com soldados ao seu lado. 

Seus brilhantes olhos negros, desta vez brilhavam de lágrimas salgadas, as poucas que ela deixará escapar. O vento gélido abraçou-a com cautela e ela fechou os olhos, imaginando um abraço caloroso que quisera agora. Ela tinha esperado por Felipe em seu quarto, mas ele não apareceu. E Lilian, tinha sumido do castelo. Sua mãe estava longe o bastante apenas para pensar em como o reino funcionaria daqui por diante. E não restava mais ninguém com que ela pudesse dividir esse momento, estava sozinha. 

Sozinha no meio de milhares de pessoas. Por mais que as pessoas estivessem alí ninguém sentia o que ela sentia, ela era a única pessoa que o amava verdadeiramente. Ela gostaria de tocar-lhe mais uma vez e dizer a ele o quanto ele era maravilhoso, mas ao mesmo tempo tosco e covarde. Queria uma segunda chance. Chance essa que não teria. Não nessa vida. 

Ela respirou fundo e os pelos do seu corpo se enrijeceram, ela estremeceu. Ouvia tudo, mas não escutava nada. As pessoas lhe aplaudiam enquanto ela caminhava para dentro da capeta, e a multidão ia se espremendo como podia. Quando chegou na primeira fileira onde estava horas antes, Edmundo estendeu sua mão quente para ela. 

— Estou triste por vê-la assim. — sussurrou ele. 

— A dor é uma imensidão, e se não sentir, ela não passa. Eu vou ficar bem. — respondeu Carlota. 

Ele olhou com seus olhos azuis e a prendeu no olhar, Edmundo tinha um olhar mais penetrante do que o de Felipe e, sem dúvidas mais azuis, um azul tão incandescente, tão majestoso e profundo que a falta de ar se fazia presente. 

— Meu pai está morto — Sussurrou, evasiva. — Pensei que ele ficaria para sempre comigo. 

— Para sempre não é o correto, existe a plenitude. — Respondeu ele, de imediato. 

— Você é enigmático. 

Carlota tentava o máximo não olhar para o caixão que se prostrava a sua frente. Mas quando o viu novamento se sentiu tonta e questionou sua presença alí, já que não queria ver seu pai dentro de uma caixa, ele era mais que aquilo. 

Safira olhou para ela passando um olhar de confiança, e levou seus olhos para Edmundo, olhando-o atentamente. E a desconfiança estava nítida em seu rosto durante o tempo que​ olhava para o rei. Carlota não percebeu isso, estava ocupada demais tentando controlar suas fortes emoções. 

Sua pele arrepiou-se quando um estrondo foi ouvido e um forte vento adentrou na capela fazendo as roupas e chapéis voarem para todos os lugares. Trouxe uma poeira e folhas secas arrastadas do jardim. As velas foram apagadas e uma porta que ficava nos fundo da capela bateu com força sobre a parede. 

Os olhares das pessoas foram divididos por todas as partes, e a segurança ao lado dos reis aumentou. A princípio temeram uma invasão, estavam tão assustados com o ocorrido que tudo era motivo de dúvida, logo depois perceberam que tinha sido apenas o vento bravo. 

Carlota lançou um olhar para o rei, e talvez pudesse perceber que o sofrimento dele era mútuo e que de nenhuma forma gostaria de vê-la assim outra vez. A dor acaba com as pessoas. 

Edmundo apenas a trouxe para mais perto e a envolveu com seus braços musculosos, ela sentiu conforto no abraço enquanto ele afagava seus cabelos. Não hesitou, e nem queria. Carlota colocou seu rosto delicado entre o peito dele, e isso só fazia com que ela se parecesse menor. Um mero detalhe em uma vastidão de coisas complexas e talvez incompreensíveis para ela naquele momento. 

Perguntas lhes surgiam a todo instante, perguntas que, mais cedo ou mais tarde teria as respostas. E possivelmente, não seriam o que ela queria. Uma das primeiras perguntas que se fez foi: Por que papai está fora do seu quarto naquela hora? Onde será que ele estava? Onde o encontraram? Por que o matá-lo? 

Felipe que antes se encontravam sem nenhuma reação, agora estava com uma postura ereta e o maxilar trancado. E então, um rosto perverso surgiu no príncipe encantado de Carlota. 

***

— E como parte da tradição, a filha mais velha mulher tocara em homenagem a seu pai e rei uma música — Anunciou Tom, conselheiro do rei. 

Carlota pegou sua lira com cuidado e se dirigiu para o meio da capela, estava atômica, o povo seu reino inteiro estava ali e olhavam para ela como se fosse a esperança. Lá fora parecia que o reino tinha sido coberto por um véu sombrio e carregado de ódio, o céu gritava sua dor em estrondos de fazer as coisas tremerem e os raios rasgavam as nuvens arrocheadas sem nenhuma hesitação. 

Seus dedos finos alcançou as cordas da lira, e então ela começou uma melodia suave, lembrando de quem a ensinou tocar aquele instrumento. Ela não podia olhar para as pessoas, não queria ver suas expressões, tudo que queria era tocar sua melodia sozinha.

Quando fechou os olhos, a princesa se teletransportou para um mundo seu. Estava tudo branco, era um cenário incandescente, e tudo que podia-se ver era luz. Muita luz. 

Um coral católico começou a entoar um cântico de despedida, acompanhando a muisac de fundo, que estava sendo produzida por uma princesa inerte e cheia de desilusões. 

"Subites ao céu agora; 

Mas por que não deu adeus? 

Estás na casa do pai agora; 

Então que ilumine onde viveu 

Seu caminho está a ser escrito em outro lugar 

Alma de luz 

Oh, Deus pai, o perdoa 

Oh, Deus pai, o perdoa" 

Quando terminou foi aplaudida e referenciada, ela apenas os olhou e acenou. Então a chuva lá fora começou com pingos grossos e a ventania ficou mais forte. Safira aproximou-se de sua filha e abraçou, depois deu um beijo em sua testa. 

— Precisamos seputa-lo antes que vire uma tempestade — Disse a rainha, e Carlota concordou. 

Marcus seria enterrado no jardim do castelo, na parte que ele mais ficava, e tudo já estava pronto. Carlota só não queria acreditar. 




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