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História The Clash 2 - The Distance, The Overcoming and The Change - Surpresa


Escrita por: TakaishiTakeru

Notas do Autor


Desculpem a demora! Fiquei enrolado com um bocado de coisas, mas já estou de volta!

Capitulo narrado pelo: Max

Capítulo 10 - Surpresa


Surpresas, para alguns são bem vindas, para outros até desejadas, mas para mim é como abominações, algo que surge para atrapalhar o fluxo do planejado. — O que aconteceu com o Robert me fez pensar em diversas coisas, e em uma pessoa, uma pessoa que sempre está em nossos assuntos, uma pessoa que desde que pareceu em nossas vidas, tudo começou a dar errado: Jéssica Johnson. — Até antes da prisão do Robert eu não tinha motivos plausíveis para acreditar que ela poderia estar por trás desses ataques, mas agora eu tenho minhas duvidas, mas eu não sei como as responder. Eu sei que Patrick e Jeff estão mentindo para mim, e provavelmente a Lucy também, eles realmente sabem mais do que querem nos dizer. — E como se não bastassem às ameaças que estamos sofrendo da Gangue dos Trilhos, nossos pais resolveram agir como pais preocupados pela primeira vez na vida, só que o estranho disso tudo, é que eles parecem saber mais sobre o que está acontecendo do que nós. — Lucy e Jeff não me dão respostas, não podemos confiar na policia por enquanto, então eu preciso agir, preciso entender com o que estou lidando.

 

— Sr. Miller.

 

   Antes que se perguntem, não, não estou na escola. — Vim até a empresa do meu pai, já que ele simplesmente foge de mim dentro de casa, daqui ele não tem para onde correr.

 

— Oh... — murmuro sem graça. — É você.

 

   Tita, a amante do meu pai. — Eu simplesmente não consigo olhar em seus olhos, é como se enquanto eu falasse com ela, eu também estivesse traindo a minha mãe.

 

— O que faz aqui tão cedo? — ela pergunta.

 

   Ela usa uma saia longa, que vai até abaixo de seus joelhos, sapatos de salto alto, um terninho, e seus cabelos pretos estão preso em um rabo de cavalo. Ela segura uma pasta em suas mãos.

 

— Quantos anos você tem? — pergunto mesmo parecendo rude. — Desculpa, é que... Você parece tão jovem.

— Eu tenho vinte e dois. — ela responde sorrindo.

 

   Okay... Meu pai é um pedófilo.

 

— Eu vou subir. — falo passando por ela.

— Espera. — ela corre até mim. — Mesmo sendo quem é o senhor não pode subir sem a permissão do seu pai, e ele ainda não está aqui.

— Eu sei, e é exatamente por isso que eu estou aqui. — continuo entrando no elevador.

 

   Eu já disse que odeio lugares fechados não é? Eu simplesmente odeio elevadores, mas me recuso subir catorze lances de escada só para chegar à sala do meu pai.

 

— Sr. Maximilian. — Tita me assusta assim que a porta do elevador se abre.

— Como chegou aqui tão rápido? — pergunto assustado.

 

   Ela aponta para o elevador do lado.

 

— Aquele é mais rápido. — ela responde. — Desculpe-me, mas não pode ficar aqui sem a permissão do seu pai.

 

   Todos sabem que eu odeio fazer isso, mas uma coisa que meu relacionamento com o Jeff me ensinou foi mentir... E mesmo eu odiando mentiras, há aquelas que vêm para nos ajudar.

 

— Você sabe que meu pai está me preparando para assumir o lugar dele. — falo. — Eu pensei em vir aqui e começar a entender melhor o que ele faz com quem ele trabalha... Eu quero impressioná-lo.

 

   Tudo bem... Isso não foi uma mentira. — Droga, eu não sirvo nem para bancar o mentiroso.

 

— Isso é bom. — ela diz pensativa. — Eu acho... Mas porque vim escondido?

— Jéssica Johnson. — digo em sussurros. — Todos sabem que aquela mulher é louca, eu preciso que você me ajude a encontrar arquivos, ou qualquer coisa dela antes do desaparecimento anos atrás.

— Isso é loucura. — ela diz indo até sua mesa. — Jéssica Johnson é uma das poderosas desse lugar, se eu fizer isso vou perder meu emprego.

— E se não fizer eu conto para todo mundo que está tendo um caso com meu pai, faço você ser demitida e aposto que ele te jogaria na primeira poça de lama que visse na frente! — ameaço.

 

   Ai meu Deus! Não acredito que tive coragem de dizer isso. — Minhas mãos estão tremendo.

 

— Você procura. — ela diz. — Você tem vinte minutos até seu pai e os outros chegarem.

— Obrigado. — agradeço. — E desculpa.

 

   Corro até a sala do meu pai. — Está tudo exageradamente organizado, no mais perfeito estilo Miller de organização, seus livros organizados em ordem alfabética, seus arquivos organizados... — Enfim, foco Max.

 

— O que eu deveria estar procurando? — pergunto a mim mesmo.

 

   As gavetas de sua mesa estão trancadas, e seu computador tem senha. — Não acredito que vim aqui para não conseguir nada.

 

— Pense como seu pai. — digo me sentando em sua cadeira. — Que senha eu, uma pessoa egoísta e pretenciosa colocaria no...

 

   “Paul Miller” – Senha Confirmada — Só pode ser brincadeira.

 

— Vamos lá pai. — digo a mim mesmo. — O que está escondendo de todo mundo?

 

   Alguns de seus arquivos têm senhas, e obviamente a senha não é a mesma que a de entrada. — Ele tem pastas com vários nomes que eu não conheço... Yan Johnson, ele tem uma pasta sobre o pai do Jeff.

 

— Serviços, dispensas... — leio na tela. — Algo de útil, por favor.

 

   Nada de útil... “Yan, Jeff, e Jenny Johnson”. — Abro a pasta e vejo diversos arquivos escritos, como um diário, fotos... — Meu pai fez um dossiê da família do Jeff? — Se ele tem da família do Jeff ele pode muito bem... — Clico no botão de pesquisar e procuro Lucy Evans, e lá está meu pai também fez um dossiê da família Evans.

 

— Desculpe. — Tita diz agitada do lado de fora.

 

   A porta de repente se abre e meu pai e Tita entram.

 

— Deixe-nos sozinhos. — meu pai diz estranhamente calmo.

 

   Levanto de sua cadeira, mas ele faz um movimento pedindo para que eu volte a sentar. Ele se senta na cadeira em frente à mesa.

 

— Me dê um bom motivo para não surtar com você agora. — ele pede ainda mais calmamente.

 

   Eu nunca o vi assim. E desde que ele me pegou na casa do Jeff ano passado, não nos sentamos frente a frente assim.

 

— Desculpa. — peço envergonhado.

 

   Ele me olha daquela forma de sempre. Reprovador, como se tivesse nojo de mim.

 

— Por que você tem um dossiê da família da Jéssica e da família do Leonard? — pergunto correndo o risco de apanhar.

 

   Meu pai então faz algo que realmente me deixa surpreso... Ele me responde.

 

— Quando eu fui traído pela Jéssica eu comecei a acreditar que não podia mais confiar em ninguém. — ele começa. — Então eu contratei alguns detetives que a seguiram durante um tempo e...

— Espera você sempre soube onde ela estava?

— Digamos que sim. — ele responde. — Eu precisava de algo para quando ela voltasse algo que a colocasse na cadeia, mas tudo que eu consegui foi...

— Informações sobre o Jeff. — completo. — Você poderia ter o colocado na cadeia, ter a vingança que queria e...

— E humilhar você. — agora ele conclui. — Independente da nojeira que você faz na cama com outros homens, você ainda é meu filho, e suas ações repercutem sobre mim e essa empresa.

 

   Acho que seria demais para ele dizer: “Eu fiz para te poupar de sofrer mais.”. — Mas isso é pedir demais do grande Paul Miller.

 

— Então você já aceitou o fato de eu ser gay? — pergunto confuso.

— Isso me dá arrepios só de ouvir. — ele diz virando o rosto. — Eu já percebi que nada que eu faça vai mudar essa condição, e a Lucy também já deixou isso bem claro.

— Lucy? — pergunto confuso.

— Em todo caso, não é por isso que estamos aqui é? — ele pergunta.

— Claro que não. — respondo.

 

   Espera então ele aceitou eu ser gay? Simples assim?

 

— O que realmente aconteceu entre nossa família, à família Evans, e a família Johnson?

 

   Eu já esperava que ele não me dissesse muito, mas o pouco que ele me disse já me vez abrir um pouco os olhos para o perigo que estamos enfrentando.

 

(...)

 

   E cá estou novamente...

 

— Tudo aconteceu depois do meu nascimento. — conto. — Jéssica fez algum tipo de pacto com Suzy e meu pai, mas parece que Jéssica desfez o acordo e acabou fugindo com uma grande quantia em dinheiro.

 

   Estamos na sala de musica. Lucy, Jeff, Robert e eu. — Os três estão me olhando como se esperassem que eu dissesse mais alguma coisa.

 

— É só isso? — Robert pergunta. — Cara isso não ajuda em nada.

— Não? — pergunto desmotivado. — Eu achei que...

— Não se preocupe. — Jeff sorri para mim. — Foi corajoso em invadir o escritório do seu pai.

 

   Então... Isso foi inútil? Nossa me sinto tão idiota. — Acho que estou passando tempo demais com o Robert... Espero não ter dito isso em voz alta.

 

   Saímos da sala e nos deparamos com uma intensa movimentação. — A escola está ajudando a organizar esse “grande evento de primavera”, e quase todos os alunos estão ajudando. Acho que é só pelos créditos extras. 

 

— Eles estão brigando? — Lucy pergunta.

— Quem? — Robert pergunta.

— A songamonga e o boçal. — ela responde.

 

   Lucy realmente precisa parar de colocar esses apelidos horríveis nas pessoas. — Mas ela está certa, Sarah e Jasper parecem estar discutindo.

 

— Devemos ir lá? — pergunto.

— Não me importo. — Jeff diz se misturando na multidão.

— Não conte comigo. — Lucy também se afasta.

— Que foi? — acho que o Robert percebeu que eu o estava encarando. — Eu não vou falar com eles. — ele também sai.

 

   Ótimo, então eu vou. — Assim que me aproximo Jasper se afasta. — Sarah está obviamente, chorando.

 

— O que aconteceu? — pergunto.

— Max? — ela parece surpresa em me ver. — Você não ouviu isso né?

— Não. — respondo confuso. — E nós dois temos segredos agora?

 

   Deste que eu voltei para Ohio Sarah tem agido estranho, como se não fosse ela mesma. O que aconteceu com aquela garota que eu conheci? Aquela que dizia me amar mesmo sabendo das minhas preferencias. — Tá... Acho que estou agindo de forma egoísta.

 

— Briga de casal. — ela força um sorriso. — Você vai ao festival? — ela muda rapidamente de assunto.

— Não sei...

— Ótimo! — ela sorri de verdade agora. — Então vamos ao shopping, eu sei que você não tem muita roupa legal.

— Minhas roupas são legais. — protesto.

— Para um gay, você não tem o menor senso de moda. — ela brinca em sussurros. — E nem uma feminilidade, o que é estranho já que...

— Ei, chega. — a faço parar. — Não é porque eu sou... Você sabe. — digo em sussurros. — Que tenho que usar rosa e fazer e agir como uma garota, eu sou um homem.

— Vocês me confundem. — ela sorri.

 

   Eu realmente senti falta de sorrir junto a ela. — Eu realmente queria poder dar um jeito de tirar a Sarah de toda essa confusão.

 

   O dia hoje passou bem rápido. — Levando em consideração que só cheguei a tempo para pegar as duas últimas aulas.

 

(...)

 

   Como combinado, Sarah e eu viemos ao shopping. E ao julgar o quão cheio está aqui, aposto que todos estão à procura de alguma coisa para o festival de primavera.

 

— O que estamos procurando afinal? — pergunto. — Já estamos andando por horas e tudo o que eu fiz foi ver você experimento vestidos. — reclamo.

— Que horror. — ela brinca. — Você também comprou coisas.

 

   Levanto minha única bolsa de compras.

 

— Mas você não precisa de tanto coisa. — e então sorri. — Vamos comer alguma coisa?

— Claro.

 

   O espaço de alimentação do segundo andar está absurdamente cheio. — Sarah e eu conseguimos uma das últimas vagas em uma pizzaria. E depois de comer ficamos apenas sentados. — Acho que estou esperando ela criar coragem de falar alguma coisa.

 

— Desculpa por estar tão ausente ultimamente. — ela diz de cabeça baixa.

— Você está namorando agora. — falo. — É normal.

— Namorando. — Sarah repete um tanto desanimada.

— Aconteceu alguma coisa entre você e aquele Jasper? — pergunto.

 

   Sarah fixa seus olhos em mim. — Ela ainda está usando o uniforme de líder de torcida, e seus cabelos castanhos estão soltos.

 

— Max eu... — ela hesita em falar. — Droga.

 

   Lagrimas caem de seus olhos.

 

— Sarah. — levanto. — Vamos embora?

 

   Ela faz que sim com a cabeça.

 

(...)

 

   Os pais de Sarah ainda não estão de casa, então resolvi trazê-la para minha casa.

 

   Estamos os dois sentados no sofá assistindo a um filme. — Nem me dei conta de que minha avó estava nos observando.

 

— Desculpa não queria assustar vocês. — ela diz entrando na sala. — Vocês formam um casal tão lindo.

— Nós não...

— Obrigada. — ela agradece, me deixando confuso.

 

   As mãos de Sarah estão geladas. — Por que ela está tão nervosa e agitada?

 

— Sra. Miller. — digo desconfortável.

 

   Ela me lança um olhar como se estivesse dizendo: “Fala direito ou afundo sua cabeça na televisão”.

 

— Vó. — então ela sorri. — Poderia nos deixar sozinhos?

— Claro querido. — ela é tão diferente do meu avô. — Amor adolescente, ardente, caloroso... Usem camisinha crianças. — ela diz saindo.

— Que? — digo espantado.

 

   Isso foi estranho.

 

— Max eu preciso da sua ajuda com o Jasper. — ela diz segurando minhas mãos.

— Devagar. — digo confuso. — Como assim precisa da minha ajuda?

— Depois do baile, Jasper me levou para casa e...

— Vocês dois...

— Não! — ela me interrompe como se fosse a coisa mais absurda do mundo. — Na hora eu travei, eu não consegui.

— E aonde exatamente eu entro nessa historia? — pergunto ainda mais confuso.

— Acontece que eu tinha dito ao Jasper que ainda sou virgem. — ela diz em sussurros.

— Mas não é porque nós dois...

— Eu sei o que nós dois fizemos idiota. — ela reclama me batendo com uma almofada. — Tem alguém me ameaçando.

— Como assim? — pergunto. — Isso tem alguma relação com a Gangue dos Trilhos?

— Não sei. — ela diz. — Mas tenho recebido mensagens estranhas dizendo que nós dois temos que ir juntos ao festival de primavera.

— E por quê? — isso está se tornando ainda mais estranho.

— Eu não sei tá legal. — ela cruza os braços. — Eu tenho medo do que essas pessoas possam ter contra mim, depois da prisão do Robert eu fiquei apavorada.

— Está tudo bem. — digo sorrindo. — Vai ser como nos velhos tempos... Se preciso for podemos até voltar a ser um casal, acho que sinto falta dos seus beijos heterossexuais.

 

   Rimos um do outro. — Mas por mais que eu ainda não entenda, parece que a Gangue dos Trilhos resolveu fazer da Sarah um alvo agora, mas eu não entendi essa de nos quererem juntos no festival. — Seja como for... Descobriremos.

 

— Hey! — Patrick aparece de repente.

 

   Ficamos os dois encarando ele na esperança de sair, mas ele simplesmente se sentou no sofá com a gente.

 

— Eu acho que já vou indo. — Sarah diz se levantando.

— Nossa. — Patrick murmura. — Eu tenho algum tipo de doença contagiosa? Toda vez que eu chego perto todo mundo corre.

— Por que será né? — pergunto levantando. — Eu levo você.

— Quer saber? — ele grita. — Eu não preciso de vocês, e nem daqueles outros lá, eu posso muito bem resolver isso sozinho.

— Claro Patrick resolva o jogo que você criou... Sozinho. — debocho.

— Cansamos de brincar com você. — Sarah diz. — Vê se cresce.

 

   Levar a Sarah e voltar para casa não demorou muito.

 

(...)

 

   Agora estamos todos sentados na mesa de jantar. — Meu pai está na cabeceira da mesa, com minha mãe sentada na primeira cadeira à direita, e eu a esquerda. Patrick está sentado do lado da minha mãe, e ao seu lado nosso avô, enquanto minha avó senta do meu lado.

 

— Como está indo a escola meninos? — minha mãe pergunta quebrando o silencio do jantar.

— Normal, eu acho. — respondo.

 

   Patrick dá de ombros.

 

— Responda a sua tia corretamente. — meu avô o encara.

 

   Os dois trocam olhares. — Realmente achei que Patrick fosse levantar e sair da mesa, mas ele limitou-se em acatar a vontade dele.

 

— Ninguém se importa comigo naquele lugar, não faz a menor diferença.  — ele resmunga, fazendo com que todos os olhares da mesa voltassem para mim.

— Por que vocês dois não andam juntos na escola? — minha avó pergunta.

— É sério isso? — pergunto. — Ele fez da minha vida um inferno ano passado, e por causa das coisas que ele fazia, meu melhor amigo foi preso.

— Eu disse para deixar que eu criasse seu filho. — meu avô diz ao meu pai.

— Para que? — interrompo. — Para terminar igual a um marginal como ele? Bom trabalho o que o senhor fez.

 

   Acho que exagerei um pouco. — Patrick se levanta e sai andando, minha mãe e minha avó vão atrás dele.

 

— Ótimo. — meu pai sussurra. — Isso vai continuar por quanto tempo?

— Desculpa pai...

— Não estou falando com você. — ele diz. — Quanto tempo você pretende ficar na minha casa? — ele pergunta ao meu avô.

— Você sabe o motivo de eu estar aqui. — Sebastian diz o deixando tenso.

— Quer garantir que quando eu morrer você vai se apossar de tudo o que eu construí não é?

 

   Então é por isso que meu avô está aqui? Que horror eu realmente achei que meus avós estavam aqui para ajudar na recuperação do meu pai.

 

— Eu prefiro enterrar a empresa junto comigo a deixar tudo em suas mãos, ou nas mãos da Elizabeth.

— Não seja patético. — meu avô resmunga.

 

   Meu pai coloca a mão no peito. — Eu preciso fazer alguma coisa antes que meu avô acabe o provocando a ponto dele ter um novo ataque.

 

— Desculpe. — interrompo.

 

   Sinto que irei me arrepender profundamente do que estou prestes a dizer.

 

— Nem você e nem a sua filha irão tomar conta do patrimônio do meu pai. — digo com a voz tremula.

— Sim. — meu avô diz. — E quem por acaso faria isso? Você?

 

   Meu pai me olha de uma forma que nunca vi antes. — A questão é que meu pai e eu nunca conversamos, eu para falar a verdade não faço a mínima ideia do que se acontece naquela empresa, tudo o que eu sei é que somos uma das grandes construtoras do país. Meu pai sempre quis que eu assumisse seu lugar, mas eu nunca me interessei por isso. Então acredito que por finalmente falar disso estou despertando sua atenção, ou simplesmente sua curiosidade. — Mas se for para ver meu avô parar de fazer da vida do meu pai um inferno...

 

— Eu sou o único herdeiro do império criado pelo meu pai. — afirmo com certa arrogância na voz. — E serei eu a sucedê-lo daqui a muitos e muitos anos.

 

   Vejo meu pai abrir um pequeno sorriso de canto de boca. — Há tempos eu não o via sorrir.

 

— Desculpe por desrespeitá-los. — levanto. — Mas está tarde e tenho um teste amanhã.

 

   Nunca me senti tão desconfortável em toda a minha vida, é como se a presença do meu avô nessa casa não intimidasse somente ao Patrick e o meu pai, mas sim a todos.

 

   Essa noite eu pensei bastante, e pela primeira vez não pensei em nada que envolvesse meus sentimentos. — Talvez eu tenha dito aquelas coisas para o meu avô apenas para ele deixar de implicar com o meu pai, mas talvez isso possa ser uma oportunidade, pois uma vez dentro da empresa, eu terei acesso novamente aos arquivos, e dessa vez eu até consiga algo dos arquivos de Jéssica Johnson. — Isso é loucura, e também não é o meu sonho, me sinto horrível por usar a única coisa que meu pai tem para nos unir, a meu favor, mas se tem que ser feito, deve ser feito.

 

(...)

 

   A manhã de terça-feira, dez de março de dois mil e quinze, amanheceu realmente bonita.

   Levanto da cama e vou até a janela. — O céu está azul, sem sinal de nuvens, o vento sopra as folhas das árvores, as cores das flores engrandecem-se a luz do sol, os pássaros parecem cantar com mais emoção essa manhã. — Tudo está indo tão bem que sou obrigado a desconfiar. — Até mesmo do clima.

   Tomo meu banho e coloco meu uniforme, deixei meu gel de lado, e deixei meus cabelos normais.

   Assim que desço, vejo minha mãe conversando com Patrick. — É tão estranho vê-lo assim, de uniforme.

 

— Bom dia. — digo me aproximando.

 

   Ele ajeita a mochila nas costas assim que me vê.

 

— Bom dia querido. — minha mãe me dá um beijo na bochecha. — Vai comer alguma coisa?

— Não. — respondo. — Já estou atrasado, e tenho um teste agora no primeiro tempo.

 

   Patrick e eu saímos de casa. Caminho até meu carro enquanto o vejo parado na porta.

 

— Quer carona? — pergunto.

 

   Ele me olha desconfiado, mas entra no carro.

 

— Valeu. — ele diz assim que acelero.

 

   Eu realmente queria ter uma relação legal com Patrick, mas ele simplesmente não facilita. Quando eu voltei para Ohio esse ano, ele armou para mim, e agora com essa história da gangue dos trilhos não temos certeza se podemos confiar nele, ainda mais que uma de suas fotos foi usada para colocar o Robert na cadeia, se não fosse pelo pai do Jeff, ele provavelmente ainda estaria lá.

 

— Patrick. — digo sem jeito. — Me desculpe por ontem, eu realmente não devia ter dito aquelas coisas sobre você.

— É. — ele concorda. — Não deveria.

 

   Achei que esse seria o momento em que ele também me pediria desculpas, mas tudo o que ele fez foi ficar em silencio todo o restante do caminho.

 

(...)

 

   E enfim a escola! — Meu primeiro tempo foi bastante tenso, eu não estudei muito para o teste, mas não é como se eu fosse tirar menos de nove mesmo...  — E agora estamos na educação física, acho que é uma das poucas aulas que todas as séries se juntam.

 

— Eu já disse o quanto eu não gosto disso? — Lucy resmunga.

— Como não? — pergunto confuso. — Não é praticamente a mesma coisa que fazem nos ensaios das lideres?

— Você entendeu. — ela diz.

 

   Não, não entendi.

   Estamos todos usando o uniforme de educação física. Uma camisa azul com o emblema da escola no lado esquerdo do peito, uma bermuda da mesma cor e sapatos brancos. A única coisa que se difere do uniforme feminino do masculino, é que a bermuda delas são bem menor e mais apertada.

 

— Ainda não entendi por que juntaram as meninas com os meninos. — Sarah diz.

— Não reclama. — Robert murmura. — Aproveite.

 

   A treinadora Holly e o trinador Alec se apresentam no campo de futebol americano, onde estamos. — Nem todas as turmas estão aqui.

 

— Como podem ver, vocês foram os sortudos do dia. — Alec diz.

— Do primeiro ano até o quarto. — Holly diz. — Foram selecionados quatro alunos de cada turma.

— Isso será como uma competição. — Alec completa. — Vocês irão se unir, formando um grupo de quatro, sendo cada um de uma turma diferente, então quando ouvirem seus nomes junte-se ao seu grupo.

— Grupo um. — Holly anuncia. — Vincent, Sarah, Jasper e Samuel.

 

   Sarah me lança um olhar estranho e se junta ao seu grupo.

 

— Gabriel, Lucy, Patrick e Rachel. — a treinadora continua. — Grupo dois.

— Só pode ser brincadeira. — Lucy resmunga se juntando ao seu grupo.

— Grupo três. — Alec anuncia. — Bella, Maximilian, Jeff e Liam.

 

   Estou no mesmo grupo do Jeff. — Não sei se fico feliz ou desconfortável com isso.

 

— Jeff. — a tal Bella o abraça.

 

   Só então noto que Bella é a mesma garota que estava com ele no baile.

 

— E grupo quatro. — ele continua. — Karen, Jacob, Robert e Ralph.

 

   Todos nos juntamos aos nossos respectivos grupos.

 

— Por que só a gente vai participar disso? — Liam pergunta.

— Não são somente vocês. — Alec diz. — Vocês são os primeiros quatro grupo, toda escola vai participar.

— E do que exatamente nós estamos participando? — Lucy pergunta.

— Será como uma pequena olimpíada dentro da escola. — Holly explica, onde cada integrante da equipe estará responsável por um esporte. E eles são: futebol, natação, vôlei e corrida.

— Mas não é justo colocar os três melhores nadadores da escola na mesma equipe. — Lucy reclama apontando para o meu grupo.

— Vamos ao sorteio. — Holly diz levando uma urna para o grupo um.

 

   Os grupos realmente ficaram bem divididos. Foi explicado também que as competições serão por sexo, homem contra homem, mulher contra mulher.

   Do grupo um Vincent do primeiro ano ficou com natação, Sarah do segundo ano com corrida, Jasper do terceiro, com futebol, e Samuel do quarto com vôlei. Do grupo dois, Gabriel do primeiro ano com futebol, Lucy do segundo ano com corrida, Patrick do terceiro, com vôlei, e Rachel do quarto com natação. Do grupo três, Bella futebol, eu do segundo com natação. — Ainda bem porque é a única coisa que eu sei fazer. — Jeff do terceiro, com corrida. — Nunca vi ninguém mais rápido que ele. — E Liam do quarto ano com vôlei. — E no grupo quatro, Karen do primeiro ano com natação, Jacob futebol. — Ele tem uma vantagem, já que ele sempre dizia jugar futebol no Brasil. — Robert do terceiro com vôlei, e Ralph do quarto com a corrida.

 

— A competição começa depois do “Spring Break”. — Alec diz. — Ou seja, como vocês terão a folga começando no dia vinte e três de março, as competições começaram no dia primeiro de abril.

— Por enquanto é isso. — Holly diz. — Estão dispensados.

— E porque trocamos de roupa? — Jeff reclama.

 

   Assim que saímos do campo, um novo grupo de alunos entra em campo, e junto a eles estão Louise e Christopher. — Me sinto horrível por ter esquecido o Christopher.

 

— Adorei a gente ter ficado no mesmo time. — Bella diz na entrada do vestiário masculino.

— Também gostei. — Jeff diz.

 

   Liam, Robert e eu entramos no vestiário, com a visão de Jeff e Bella se beijando. — Nós já não estamos mais juntos, e concordamos em sermos amigos, porque isso me incomoda tanto?

 

— Isso não é justo, eu preferia ficar com vocês. — Robert reclama.

— Fica frio. — Liam diz sorrindo. — Eu vou acabar com você na primeira partida.

— Droga! Você também está no vôlei. — Robert nos deixa praguejando.

— Pelo menos você sabe jogar. — digo sorrindo.

— Err... — ele resmunga. — Na verdade nunca fui bom no vôlei. — Pelo menos nós temos você na natação.

— Mas nós somos um time, temos que nos ajudar para podermos vencer. — digo. — Passa lá em casa depois da aula.

— Você vai me ensinar a jogar vôlei? — ele pergunta querendo rir.

— Eu não, mas eu sei quem pode te ajudar. — digo.

 

   Hoje o dia está sendo bastante esquisito. Depois da aula de educação física e do anuncio de Alec e Holly sobre as olimpíadas internas, a escola se tornou palco de jovens excitados e ansiosos pela competição, que ainda tem um tempo para acontecer. — Depois de mais duas aulas, marcamos os cinco. — Lucy, Jeff, Robert, Sarah e eu. — De nos encontrarmos no laboratório de química. — Sarah e eu contamos sobre a estranha mensagem que recebeu da gangue dos trilhos pedindo que ela comparecesse ao festival de primavera comigo.

 

— Não entendi. — Robert parece irritado. — Eles escolhem seis pessoas para atacar, e a única pessoa que se ferra de verdade sou eu... Enquanto isso o que eles fazem pela Sarah é conseguir um encontro? Isso é justo?

 

   Ninguém respondeu Robert, mas eu sei que todos estão pensando a mesma coisa. — Por que justamente o Robert é o mais atacados de todos nós?

 

— Mesmo sendo um pedido bobo, temos que ter cuidado. — Lucy diz. — Eles não agem por bobagem, não é?

— Sim. — Jeff concorda. — Vocês precisam tomar cuidado.

— Vocês? — pergunto. — Espera vocês não vão?

— Claro que vamos. — Lucy e Robert confirmam.

— Tenho mais o que fazer do que ir a um estupido festival. — Jeff diz, enquanto responde uma mensagem no celular.

— Sim... Claro que tem. — ironizo. — Quer saber, eu vou passar na biblioteca, tenho que pegar um material antes da próxima aula.

 

   Saio da sala e começo a andar pelo corredor em direção à biblioteca. — O que eu estou indo fazer lá afinal? — Jeff... Ele tem o poder de me dar e de me tirar qualquer paz que eu possa ter.

 

— Hey! Espera. — Jeff grita correndo até mim.

 

   Continuo a andar e ele me acompanha.

 

— Aconteceu alguma coisa? — ele pergunta realmente parecendo interessado.

— Diz você. — digo um tanto rancoroso.

 

   Acelero o passo, de primeira ele fica parado me observando, mas ele volta a me acompanhar, porém permanece em silencio. — Que droga Jeff, porque está fazendo isso comigo? Afaste-se de mim.

 

— Você não disse que ia para a biblioteca? — ele pergunta assim que chegamos a minha próxima sala, onde terei minha próxima aula.

— Mudei de ideia. — respondo sentando na primeira cadeira, da primeira fileira.

 

   Ele se senta na cadeira do meu lado. — A sala está vazia, ainda falta cerca de quinze minutos para a próxima aula começar. — Jeff está me encarando, isso está me deixando nervoso e ansioso por alguma coisa. — Eu sei que foi culpa minha, termos terminado, e quando ele quis voltar eu disse que não, e agora concordamos em ser apenas bons amigos, mas como se faz isso? Como se finge não gostar de alguém toda vez que o vê? Como não se sentir enciumado quando a pessoa que você ama está beijando e andando para cima e para baixo com outra pessoa?

 

— Tem alguma coisa te perturbando? — ele pergunta.

 

   O que eu deveria responder? — Claro Jeff, tem algo me incomodando, dá para você fazer a gentileza de parar de se agarrar com aquela tal de Bella por todos os cantos da escola? Ou pelo menos esperar um momento em que eu não esteja no mesmo ambiente que vocês dois.

 

— Não é nada. — minto. — Só estou com um pouco de dor de cabeça.

— Você nunca tem dor de cabeça. — ele diz sorrindo. — Sério, me conta o que foi?

— Você não sabe tudo sobre mim, Okay? — grito levantando. — Então... Então para de ficar me seguindo, é chato, é irritante... Vai fazer o que tem que fazer. — grito em uma explosão de fúria repentina.

 

   Definitivamente não sei o que me deu. Depois do meu ataque ficamos nos encarando por alguns segundos, até que pego minha mochila e saio da sala. — Droga, droga, droga! Eu odeio como todas as minhas emoções ainda estão ligadas a ele, mas o que eu poderia fazer? Como se arranca esses sentimentos de você mesmo?

 

   Vejo um grande alvoroço perto do escritório do diretor. — Liam está lá, Louise, e um grupo de pessoas. — O que está havendo?

 

— Max! — Liam grita sorrindo em me ver.

 

   Só então noto uma carta aberta em suas mãos. — E aquilo seria?

 

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto preocupado.

— Sim. — Louise diz eufórica.

 

   Liam me mostra a carta. — É uma carta de uma faculdade.  — É verdade, Liam é um formando, esse é o último ano dele aqui. — Abro a carta e leio... Tudo em que prestei atenção na carta foi: “Você foi aceito...”.

 

— Liam isso é...

— Eu consegui. — ele sorri realmente feliz. — Eu entrei em Yale! — ele grita.

 

   Ele de repente me abraça tão apertado que quase não consigo respirar. — Nossa, ele está realmente muito feliz com isso. E eu fico muito feliz por ele.

 

— Nossa... Eu, eu não sei nem o que dizer. — digo sorrindo. — Liam parabéns.

 

   Ano passado Liam conseguiu uma pontuação excelente no S.A.T, e com a ajuda de alguns professores escreveu uma carta de recomendação. — Acho que ele realmente não esperava já que ainda estava no terceiro ano, mas ele recebeu uma resposta dizendo que tinha entrado na lista de espera, o que já é grande coisa a se julgar que estamos falando de Yale. E agora isso... Ele conseguiu, ele realmente conseguiu entrar.

 

— Nós temos que comemorar. — ele diz. — Eu vou dar uma festa, e quero que você apareça.

— Eu? — pergunto confuso.

— Claro. — ele diz. — Somos amigos.

 

   Amigos...

                    

— Sim. — retribuo o sorriso. — Claro.

— Ainda está de pé à parada do vôlei hoje né? — ele pergunta.

— Sim. — confirmo. — Só aparecer.

 

   Liam volta a comemorar com os amigos, enquanto o diretor fica murmurando alguma coisa de sua sala, como se estivesse tentando os tirar de lá.

 

   Volto para a sala. — Ver o Liam tão feliz por conseguir entrar na faculdade que tanto queria me fez ficar animado também, me fazendo focar no que sei fazer de melhor. Estudar.


Notas Finais


Por enquanto é isso... Logo logo volto!!! :D


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