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História The Clash 2 - The Distance, The Overcoming and The Change - A Distância, A Superação, e a Mudança


Escrita por: TakaishiTakeru

Notas do Autor


Falta pouco para a segunda temporada terminar... Então, vamos lá

Narração da Lucy

Capítulo 30 - A Distância, A Superação, e a Mudança


Onde estou? — Está escuro quase não vejo nada. — Encontro um interruptor, ascendo à luz, e de repente lâmpada por lâmpada começa a ascender, revelando que estou em um longo corredor. Vejo uma porta no final. Corro apressada, assim que abro a porta dou um grito ao ver Spencer morto no chão.

 

— É sua culpa. — a voz de Robert ecoa pela sala.

— Robert?

— Por sua culpa meu pai está morto...

 

   Ele de repente surge da penumbra da sala e se senta ao lado do corpo do pai. — O que está acontecendo? — Sinto algo em minhas mãos, assim que as abro vejo tufos de cabelos.

 

— É sua culpa. — a voz do Max então ecoa.

 

   Max também surge da penumbra da sala, ele está ferido e seus cabelos raspados. Sarah e Jeff também aparecem.

 

— Não se preocupe minha querida. — vejo então Jéssica parada do meu lado. — Eu posso concertar isso!

 

 

   Acordo em um grito assustado! — Meu pai entra apressado no meu quarto, ele está de terno, acho que acabou de chegar em casa.

 

— Querida você está bem? — ele pergunta vindo até mim.

— Foi só um pesadelo. — digo sentada na cama me cobrindo com o edredom. — Está tudo bem.

— Você sabe que pode confiar em mim, não sabe?

— Eu confio no senhor pai. — afirmo. — Eu só estou cansada, de tudo isso.

 

   Eu fui obrigada a contar toda a verdade para o meu pai, contei sobre a Gangue dos Trilhos, tudo o que fiz para proteger o Max e o Jeff, e por mais que eu tenha errado tentando fazer o certo ele não me castigou nem nada. — Às vezes eu sinto falta de alguém que brigue comigo. — Eu não contei ao meu pai sobre a gravidez, já estou gravida de dois meses e minha barriga já está começando a crescer, eu tenho tanto medo de contar e perder o seu amor.

 

— Acha que já vai estar melhor para ir a aula amanhã? — ele pergunta.

— Acho que sim. — respondo. — Mas antes eu vou passar no hospital para ver como está a mamãe e o Max.

— Certo. — ele então me dá um beijo na testa. — Vou deitar, vê se tenta descansar, Okay?

— Boa noite pai. — digo me deitando novamente na cama.

 

   Eu não estou mais com sono, na verdade acho que estou com medo de dormir e ter outro desses sonhos malucos. — Levanto-me da cama e visto meu hobby. — Nada discreto, um hobby rosa que vai até metade de minhas coxas, e manga longa. — Desço as escadas e fico andando de um lado para o outro. — Abro a porta de casa e vejo que já não esta mais chovendo. Saio e caminho um pouco pela calçada. Paro em frente à casa do Max.

 

— Tudo o que fiz foi para protegê-lo e no fim eu não pude fazer nada para ajuda-lo. — digo a mim mesma. — Me perdoe Max.

 

   Às vezes eu me sinto forte e destemida, aquela que sempre sabe tudo, que sempre vai encontrar um jeito para resolver as coisas, mas outras vezes eu me sinto como se as coisas que eu fizesse não fossem o suficiente. — Eu tenho medo... Medo de que um dia essas coisas voltem a se repetir.

 

 

   Os minutos vão passando, e então as horas e então os dias...

 

---//---

 

   Hoje dia vinte e dois de maio de dois mil e quinze, faz treze dias desde que tudo aconteceu. Minha mãe e o Max já voltaram para casa. Durante esses dias Robert, Sarah, e eu, fomos obrigados a ter sessões em conjunto, com um psicólogo, e Sarah uma extra por conta das torturas que sofreu.

 

   Sarah e Robert contaram a mim o que aconteceu com Jeff, e conversando com Matthew descobrimos sua intenção de adotá-lo. Por isso hoje estamos aqui. — Sarah, Robert, Liam, Louise, Jasper, o treinador Alec, um rapaz que não conheço, e eu, estamos assistindo a audiência de adoção. — O juiz entra e todos nos levantamos, ele pede para que sentemos e inicia a sessão. — Jeff ainda não está aqui. — Os únicos lá na frente são Matthew, Jenny, o advogado do ator, e uma assistente social.

 

— Como está o Max? — Sarah pergunta em sussurros.

— Acho que está melhor, mas os pais dele não o deixam sair de casa, sozinho, mais. — conto. — E parece que ninguém contou a Michelle ainda sobre ela não ser a mãe do Max.

 

   Não que o Max e a Sarah estejam cem por cento, quero dizer, os dois foram torturados, a Sarah nem fala sobre isso com a gente, justo a Sarah que eu acreditei que nunca mais sairia de casa encontrou em Jasper forças para continuar, e eu tenho certeza que a força que o Max está precisando agora tem nome e sobrenome...

 

— Jeff Johnson! — o juiz então chama me assustando.

 

   A porta então é aberta e Jeff entra acompanhado de outra assistente social. — Ele parece abatido. — A audiência teve inicio novamente, onde a primeira assistente social falou bastante sobre a condição de Jenny nos últimos anos, a forma como Yan e Jéssica foi negligente com ela, e ainda enfatizaram que sem o apoio do irmão ela não estaria aqui hoje. Já a assistente social que entrou com o Jeff, falou sobre a condição da casa, as bebidas espalhadas por todo o canto, o fato de Yan estar preso por assassinato, e até as ameaças da mãe no ano passado. No fim o advogado de Matthew apresentou os papeis assinados por Yan e por Jéssica, entregando a guarda de Jeff e Jenny para ele. — O juiz anuncia um recesso de quinze minutos.

 

   Saímos todos do tribunal. — Liam e Louise foram buscar algo para beber, Sarah e Jasper estão sentados no banco ao lado da porta do tribunal, Matthew está conversando com o advogado. Robert, Alec eu vamos até Jeff, que está sentado em outro banco junto a Jenny.

 

— E ae campeão! — Alec o levanta para um abraço. — Como está tudo?

— Como acha que está? — Jeff pergunta olhando para Jenny. — Hey! Por que não vai com ela pegar algo para beber? — ele diz apontando para a assistente social que veio com ele, que prontamente vem.

 

   A assistente social leva Jenny para pegar algo.

 

— Como está sendo esses dias lá? — Robert pergunta curioso. — Nem quero imaginar como deve ser um abrigo militar.

— Aquele lugar é um inferno. — ele finalmente fala. — Eles obrigam a gente a fazer coisas estranhas, e queriam cortar meu cabelo.

— Jeff. — o advogado de Matthew o chama.

 

   Sento-me no banco onde Jeff estava. — Alec sai andando pelo corredor, deve estar procurando o banheiro eu acho. — Robert então senta ao meu lado.

 

— E você como está? — pergunto.

 

   Ele cruza os dedos e abre um sorriso forçado.

 

— Bem. — ele mente. — Bem melhor.

 

   Eu sei que não é verdade, mas manter uma conversa com ele me deixa assustada, pois posso sem querer deixar escapar que o pai do filho que estou esperando, é ele.

 

— Sua mãe? — ele pergunta.

— Bem melhor. — respondo sorrindo. — Ela já voltou à rotina louca dela, e seus gritos estão mais irritantes do que nunca.

 

   Ficamos em silêncio por um tempo. — Jenny volta acompanhada da assistente social, e se junta a Jeff. Assim como Liam, que também volta e fica parado, ao lado de Sarah e Jasper estão.

 

— Acha que as coisas vão voltar a ser como antes? — ele pergunta. — Acha que todos nós vamos um dia superar isso tudo?

 

   Tenho que admitir estou com vontade de abraça-lo. — Nunca o vi dessa forma. Onde está aquele Robert que brinca com tudo e fala besteira nos momentos mais inesperados?

 

— A secessão irá começar. — um homem anuncia chamando nossa atenção.

 

   Voltamos todos para dentro do tribunal. — Agora Jeff e Jenny estão na frente do juiz.

 

— Antes de anunciar minha decisão. — o juiz diz. — Eu gostaria de ouvir um pouco dos dois. Você... Jenny Johnson, o que significa para você voltar a viver com seu meio irmão?

 

   Jenny está usando um vestido preto com detalhes em dourado, seu cabelo loiro está solto, revelando que cresceram, estando um pouco abaixo dos ombros. — Ela olha para Jeff e abre um sorriso tão terno que me deixa arrepiada.

 

— Antes do ano passado eu nunca tinha conhecido a minha mãe. — ela começa a contar. — Eu achava que ela estava morta. Quando eu tinha cinco para seis anos fui diagnosticada com leucemia, e meu pai... Meu outro pai, Yan começou a beber e a machucar a gente, até que o Jeff começou a receber toda a ira dele, até mesmo em meu lugar.

 

   Seus olhos azuis enchem-se de lagrimas.

 

— Jeff nunca desistiu de mim, ele sempre trabalhou duro para conseguir comprar meus remédios, tinha dias que ele nem ia para a escola por minha causa. — ela diz enxugando as lagrimas.

 

   Jenny então aponta para nós.

 

— Então essas pessoas entraram na vida do meu irmão. — ela continua a contar. — E mais um também que não pode estar aqui hoje, Max. — Jenny sorri quando pronuncia seu nome. — Juntos eles foram até Nova York para procurar nossa mãe, e a encontraram, e graças a eles eu estou viva hoje.

 

   Jenny caminha até Jeff e segura em sua mão.

 

— Você perguntou o que significa para mim, viver com ele novamente. — ela repete. — Acontece que independente de Yan não ser meu pai de sangue, independente da minha mãe não nos amar, independente do Matthew ser meu pai biológico... Eu só consigo chamar de lar o lugar onde o Jeff está. Acho que essa é a minha resposta.

 

   Jeff abraça a irmã.

 

— Para de chorar Lucy. — Robert diz em sussurros.

— Eu não estou...

 

   Vejo então Robert enxugando suas lagrimas. — Devo admitir que as palavras de Jenny foram tocantes. — Jenny então é convidada para voltar a sentar. — Jeff agora é o único de pé em frente ao juiz.

 

— Jeff Johnson. — o juiz diz lendo alguns papeis. — Dezessete anos, capitão do time de futebol americano da escola. — e então faz uma cara feia. — Envolvido com uma gangue, envolvido em dois sequestros, vitima de perseguição... Muita coisa para um jovem da sua idade.

 

   Jeff permanece em silencio.

 

— Eu não posso obriga-lo a aceitar essa adoção. — o juiz diz. — Você já é quase um adulto e aqui o seu desejo é levado em consideração. Então me diga Jeff, você quer ser adotado pelo Senhor Matthew K.P Jones? Se sim ou se não, por qual razão?

 

   Jeff então se vira para Jenny, olha para todos nós. — O que ele está fazendo? Está realmente considerando em recusar a adoção?

 

— Por muito tempo eu tive que me virar sozinho, trabalhar, fazer até besteiras... Tive que me tornar um adulto desde criança, então quando me diz que estou aqui para ser adotado soa como uma piada horrível, porque eu tenho um pai, eu tenho uma mãe tenho a Jenny, eu tenho uma família então pra que? Pra que tudo isso?

 

   Ele olha para o juiz que o observa fixamente, e então volta o olhar para a gente.

 

— Desde que eu conheci essa gente, cada um deles pelo menos uma vez já me disse para eu ser honesto comigo mesmo. — Jeff conta. — Eu... Eu vou fazer dezoito anos daqui a dois meses, e eu fico pensando o quão ridículo é essa história de adoção, pois daqui a dois meses eu serei livre, não é?

 

   Jeff então percebe o olhar assustado de Jenny.

 

— Mas então eu percebi, que mesmo se eu fizer dezoito anos, nada vai mudar... Eu ainda vou precisar de uma família para me apoiar nos momentos difíceis, para se alegrarem quando eu finalmente me formar... Para mostrar o que é uma verdadeira família, para quando eu tiver a minha eu poder ter uma base.

 

   Jeff vai até o juiz e respira fundo.

 

— Eu aceito. — ele diz nos acalmando. — Eu quero ser adotado pelo Matthew.

 

   O juiz abre um sorriso e bate seu martelo. — Jeff e Jenny são agora aos olhos da lei, filhos de Matthew K.P Jones.

 

   Alec, Liam, Robert, Sarah, Jasper, Louise, aquele rapaz que não sei quem é, e eu, saímos do fórum. — Assim que Jeff, Jenny e Matthew saíram fomos todos cumprimenta-los.

 

   Alec, Liam e Louise foram os primeiros a irem embora. — Acompanho Jasper, Sarah e Robert até um ponto de taxi.

 

— Não vem? — Robert pergunta?

— Quero falar uma coisa com o Jeff antes. — digo. — Vão à frente.

— Tchau! — Sarah se despede.

 

   O taxi acelera, e eu volto para a entrada do fórum, onde agora só estão Matthew, Jenny e o advogado dele.

 

— Onde ele está? — pergunto.

— Ele disse que iria andar um pouco, ele foi por ali. — Jenny diz apontando para trás do fórum.

— Obrigada. — agradeço em um sorriso.

 

   Caminho apressada e ao chegar à parte de trás do fórum começo a ouvir vozes. — Certamente é a voz do Jeff. — Continuo a andar, e então vejo aquele rapaz que estava assistindo a audiência se aproximando dele.

 

— Fico feliz que tudo tenha acabado bem. — o rapaz diz com um sorriso no rosto.

— Valeu Nicholas. — ele agradece. — Sem você eu não teria aguentado aquele inferno.

— E agora nós dois estamos livres. — o tal Nicholas levanta os braços em comemoração.

 

   O rapaz que Jeff chamou de Nicholas, repentinamente coloca as mãos no ombro dele e se aproxima. — O que ele está fazendo? — Assim que seus lábios estavam prestes a se tocar Jeff o empurra.

 

— Eu já não disse para parar com isso! — ele reclama irritado.

— Não entendo achei que...

— Achou errado. — Jeff insiste. — O beijo foi um erro, você não devia ter feito àquilo comigo.

 

   Jeff e esse rapaz se beijaram? — Acabo dando um suspiro alto, revelando minha presença.

 

— Lucy?! — Jeff diz assustado.

— Oi Jeff. — digo tão friamente que ele pode notar que eu ouvi e vi tudo. — Olá também... Nicholas.

— Como ela sabe meu nome? — ele pergunta assustado.

— Ela ouviu seu idiota. — Jeff diz. — Vai embora Nicholas, depois a gente se fala.

 

   Nicholas então lança um sorriso para mim e vai embora. — Não posso acreditar nisso. — Vou até Jeff e dou um tapa em seu rosto.

 

— Está louca? — ele pergunta.

— Depois de toda aquela historia, de todo aquele sofrimento você vem agora beijar outro cara!

— Não foi bem assim.

— E o Max?

— Isso não tem nada a ver com o Max?

— Não tem? — pergunto. — Pelo que eu saiba o Max ainda acredita que vocês dois tem alguma coisa, Jeff eu demorei a conseguir aceitar vocês dois, não vou deixar que faça o meu amigo de bobo outra vez.

— O que quer dizer com isso?

— Ou você conta a ele sobre esse tal Nicholas, ou conto eu. — digo virando de costas. — Você decide.

— Lucy isso não é da sua conta. — ele vem até mim. — Eu vou repetir o mesmo que eu disse para o Nicholas, não existe nada entre eu e ele. — ele agora sussurra. — Ele me beijou uma vez e só, não venha colocar coisas nessa sua cabeça de imaginação fértil.

— Jeff...

— Jeff o cacete... Lucy para de se meter na minha vida ou na vida do Max, você não é mais a namorada dele, ou irmã, você não tem que ficar vinte e quatro horas pensando em como o Max deve agir, deixe ele agir por conta própria. E quanto a isso que acabou de ver, pode ficar tranquila, eu nunca machucaria o Max desse jeito.

 

   Jeff anda apressado me deixando sozinha. — Se ele acha que eu vou esquecer o que vi e ouvi aqui ele está muito enganado, é bom ele não estar mentindo para mim.

 

   Nem sequer despeço-me de Jenny e Matthew. Pego um táxi e vou embora.

 

---//---

 

   Chego em casa por volta das 16h30min, assim que entro noto o silencio. — Meus pais não estão em casa. — Desde que minha mãe acordou do coma, ela tem passado grande parte do tempo fora, ela diz que cansou de ficar presa em casa o tempo todo. — Subo para o meu quarto, assim que abro a porta vejo Patrick sentado em minha cama. — Meu coração está batendo forte! Como ele entrou?

 

— Você definitivamente precisa parar com essa mania de invadir a minha casa e o meu quarto. — reclamo.

— Eu quero conversar sobre...

— Sai daqui! — grito o interrompendo. — Não temos nada o que conversar... Cara eu nem sei quem é você de verdade. Você mentiu para todos nós, nos fazendo acreditar que a G.T estava atrás de você, quando na verdade você está trabalhando para a verdadeira G.T... Sim eu já sei, Jeff me contou tudo.

— Você quer saber quem eu sou? — ele então se levanta, me arrasta pelo braço e me coloca sentada na cama.

 

   Sinto-me nervosa e ansiosa, quero que ele saia, mas ao mesmo tempo algo dentro de mim clama para que ele fique.

 

— Meu nome é Patrick Parker Miller, tenho dezessete anos nasci dia nove de junho de mil novecentos e noventa e sete, tenho um metro e oitenta, sou filho de um babaca que nunca está presente, e de uma mãe que nem lembra que eu existo. Com onze anos conheci um hacker em minha escola que me ensinou tudo o que ele sabia, um dia, acabei Hackeando por acidente os e-mails de uma mulher chamada Jéssica Johnson, desde então trabalhamos juntos, pois ela foi a única pessoa a acreditar em meu potencial, mas agora acabou, pois a partir do momento que ela machucou minha família eu percebi que tudo isso era um erro. — ele diz tudo tão rápido que soa como um ataque. — Eu posso ser tudo, um bandido, um espião, um mentiroso, mas nunca, nunca ninguém pode dizer que eu menti sobre você.

— Não começa. — peço.

 

   Ele então me entrega um envelope pardo. — O que é isso? — Abro com receio, e lagrimas caem dos meus olhos quando vejo dentro uma copia do exame médico, que confirma pela data de gestação que esse filho não pode ser do Patrick.

 

— Está feliz agora? — pergunto sem conter as lagrimas. — Satisfeito?

 

   Patrick então senta ao meu lado na cama e aponta para o envelope. — Tem mais alguma coisa dentro. Abro novamente e vejo uma foto, somos nós dois no dia do Baile de Primavera. Na foto nós dois estamos sorrindo e parecendo um casal. — Ele se parece tanto com o Max quando sorri.

 

— O que está tentando fazer? — pergunto confusa. — Me torturar.

— Eu realmente fiquei muito feliz quando descobri que o filho não é meu. — ele diz me deixando chocada.

— Nossa Patrick, você é tão sensível. — digo em deboche.

— Mas ao mesmo tempo eu fiquei triste e não conseguia entender o motivo, até que eu percebi que o motivo é que mesmo sem me dar conta eu estava feliz, pois sendo o pai dele, ou dela, eu sempre teria uma conexão com você, e agora não temos mais nada que nos ligue.

 

   Droga... Eu ainda gosto dele, eu queria que tudo fosse diferente, eu queria não estar gravida e poder viver minha vida normalmente.

                                                            

— Mas... Mesmo esse filho sendo do Robert e não meu isso não quer dizer que eu vá deixar de te amar. — ele afirma. — Eu ainda te amo.

 

   Olho surpresa para ele. Lágrimas caem dos meus olhos ao ver seu belo sorriso direcionado a mim. — Não importa tudo o que tenha acontecido, se ele é um monstro, se ajudou nisso tudo... Eu não consigo fingir que eu não o ame. — Ele então enxuga minhas lágrimas, coloca as mãos em meu rosto e me beija. — O quão diferente nós somos? Acho que não somos diferentes em nada. Muito pelo contrario, eu teria coragem de fazer tudo o que ele fez, e ele provavelmente faria tudo o que eu fiz. — Ele então segura minhas mãos e fica me olhando.

 

— Eu não posso fazer isso. — digo levantando da cama.

— Não entendi?

— Como não consegue entender? Você é o cara que todos odeiam aquele que só faz besteira e só pensa em si mesmo.

 

   Vou até a janela e fico aqui parada. — Não estou errada, estou cansada... Eu passei o último ano sendo julgada por todos, e agora estou tendo a chance de me redimir, não posso simplesmente jogar tudo o que já conquistei para o alto.

 

— E você vai deixar de ser feliz só pelo que os outros pensam ou possam dizer? — ele pergunta ainda sentado.

— Olha quem fala aquele que julga o primo por ser gay.

— É diferente.

— Não, não é. — afirmo.

 

   Ele então se levanta e vem até mim na janela.

 

— O que nós somos Lucy? Somos só crianças com mente de adulto, você tem dezesseis e está gravida, eu tenho dezessete e se a Jéssica cismar de me trair posso passar o resto da vida na cadeia. — ele diz um tanto apreensivo. — Sem falar de mim agora. Você passou por muita coisa no ano passado também, tanto quanto o Jeff e o Max, talvez até mais, pois você era a única que sempre soube de tudo e a única que sempre teve o poder de mudar as coisas.

— E olha como tudo acabou. — digo. — Max foi embora, Jeff voltou a ser um idiota. Agora esse sequestro de novo, o surto do Max...

— Nada disso é culpa sua, para de ficar se culpando por tudo que acontece ao seu redor, nem tudo tem a ver com Maximilian Miller, ou Jeff Johnson... Quando será a vez de Lucy Evans ser feliz?

— Eu não posso encarar tudo isso agora, me desculpa. E também não é justo você querer ficar comigo, eu estou gravida de outro homem.

— E está me vendo reclamar disso por acaso? — ele pergunta.

 

   Patrick me beija novamente.

 

— Lucy eu não sou o homem mais perfeito do mundo, mas sei que eu sou o único que te entende de verdade. — ele diz em sussurros tão perto de mim que tenho certeza que estou corando. — Lucy... Aceita namorar comigo?

 

   Viro-me de novo para a janela.

 

— Desculpe por desperdiçar o seu tempo. — ele diz se afastando. — Eu já entendi o recado, eu não vou mais me aproximar de você, ou de qualquer um de vocês.

 

   Meu coração está batendo tão forte que sinto que posso desmaiar a qualquer momento. — As coisas deviam ser tão mais simples, por que eu não posso me apaixonar pelo Robert que é o pai dessa criança? Não seria tão mais fácil? Mas meu coração não pertence a ele, pelo menos não dessa forma... Talvez, só talvez o Patrick esteja certo, eu desejo demais a felicidade do Jeff e do Max e acabo esquecendo a minha... Quando será a minha vez? — Viro-me novamente e percebo que ele já não está mais em meu quarto.

 

— Patrick? — o chamo.

 

   Lagrimas caem de meus olhos. — Eu não tenho o direito de ser feliz independente de quem eu escolha para compartilhar essa felicidade comigo? — Corro para fora do quarto, desço as escadas apressada, saio de casa e o vejo atravessando a rua. — Não sei se é o certo a se fazer, se estou agindo de forma egoísta, também não quero saber se o Max, Jeff, Robert, Sarah ou qualquer outro irá me julgar e me crucificar por isso... Eu cansei de esconder o que eu sinto de verdade por ele.

 

— Eu não quero que se afaste de mim! — grito em plenos pulmões.

 

   Patrick então se vira surpreso.

 

— Não quero que vá. — insisto em gritar.

 

   Ele então sorri para mim. Corremos um até o outro e nos encontramos bem no meio da rua.

 

— Isso quer dizer que...

— Isso quer dizer que eu aceito ser sua namorada independente de tudo. — digo beijando-o.

 

   Não importa as barreiras que surgirão daqui pra frente. — Uma coisa que aprendi com o amor do Max e do Jeff, é que não existe limite para o amor, não importa se você ama alguém do sexo oposto ou do mesmo sexo... O que importa é o sentimento e a alegria que aquilo irá te trazer. E eu só consigo sentir isso com ele... Ele é o meu vagabundo, e não importa o resto. — Sorrimos um para o outro.

 

— Como quer fazer as coisas daqui pra frente? — Patrick pergunta.

— Como assim?

— Quer manter isso só entre nós dois...

— E eu lá sou mulher de me esconder? — pergunto sorrindo. — Você estava certo... Eu também mereço ser feliz, eu também passei por muitas coisas, perdi muita coisa, eu não vou perder isso também.

— Não, não vai.

 

   Ele abre um sorriso tão perfeito que me deixa louca. — Me pergunto quando foi que comecei a me sentir assim por ele.

   Voltamos para a minha casa. — Estou um pouco nervosa com tudo isso, mas sei que estou fazendo a coisa certa. — Fico sentada em minha cama enquanto ele olha os porta-retratos em cima da mesa do computador.

 

— As pessoas vão perguntar e vão falar de nós dois na escola. — digo. — Sobre o bebê.

— Deixem falar. — ele diz. — Eu posso assumir o filho do...

— Para! — o interrompo. — Não crie grandes expectativas. Eu aceitei não abortar essa criança, mas não quer dizer que eu vá ficar com ela... Eu não posso cuidar de um bebê eu sou só uma adolescente com um futuro brilhante pela frente.

— E vai abandonar seu filho?

— Por favor, a gente pode não falar disso?

 

   Ele sorri para mim. — Ele está sorrindo demais desde que apareceu no meu quarto. — Então vem até mim e me beija novamente.

 

— Você é perfeita. — ele sussurra.

— Não, eu não sou. — digo desviando o olhar. — Uma garota perfeita ficaria gravida? E por azar na primeira vez dela?

— Okay... Então suas imperfeições a tornam, perfeita. — ele diz.

— Nossa que meloso. — reclamo.

— Ah que bom! — ele fica em pé direito. — Estava me dando nos nervos falar e agir desse jeito.

— Oi?

— Desculpa, eu estava querendo saber o modo como te tratar, eu não sabia se gostava dos românticos ou...

 

   Puxo-o pela manga do blazer escolar, o fazendo cair do meu lado na cama.

 

— Não pense demais. — digo encarando seus olhos. — Seja apenas você.

 

   A porta do meu quarto abre de repente. — Meu coração quase sai pela boca. — Vejo então minha mãe parada nos encarando

 

— Suzy! — Patrick diz seu nome enquanto se atrapalha para se levantar

— Interrompi alguma coisa? — minha mãe pergunta.

— O que você acha?

 

   Minha mãe me assusta quando começa a saltitar e a por os dedos na boca como se tivesse tentando mordê-los.

 

— Você é o novo Ken? — ela pergunta animada.

— Ken? — Patrick pergunta confuso.

— Sim! — ela responde.

 

   Minha mãe então simplesmente se senta entre Patrick e eu na cama. — O que ela acha que está fazendo? Sai daqui mãe!!!

 

— Sabe o seu primo Max era o primeiro Ken, ai veio o segundo Ken, o Jeff. — ela conta. — Mas sabe aquela história que dizem que o Ken parece ser gay? Pois é acabou que aqui virou verdade e os dois Ken acabaram juntos. — ela gargalha sozinha. — Espero que você não seja um Ken que vá fazer minha filha sofrer, se não eu juro por tudo que é mais sagrado que eu corto o pequeno Ken fora e uso como colar toda vez que formos jantar em sua casa.

 

   Não acredito que ela disse isso! — Mãe! Está tentando me matar de vergonha? — Patrick apenas observa completamente apavorado.

 

— Como um colar? — ele repete fazendo uma cara esquisita.

— Chega! — os interrompo. — Mãe eu preciso tomar um banho e me trocar, tem a recepção na casa do Matthew daqui a pouco. — digo a empurrando. — Você também Patrick, vai embora, depois a gente se fala.

— Ainda estamos namorando?

— Sim idiota, ainda estamos namorando! — digo também o empurrando.

— Ai que bonitinhos! — minha mãe insiste em falar com essa voz fina que me irrita.

— Não acha? Também acho que somos bonitinhos, mas sua filha cega me fez esperar por quase um ano.

— Não se preocupe, ela não conseguiu ver que os outros dois namorados dela era gay.

— Saiam daqui! — grito já irritada.

 

   Os dois saem e finalmente me deixam sozinha! — Jogo-me na cama.

 

— Era só o que me faltava. — resmungo.

 

   A porta do meu quarto abre de repente, Patrick entra correndo me rouba um beijo e corre para fora novamente. — O que diabos foi isso?

 

— Bobo. — sussurro entre sorrisos.

 

   As horas então passam. — Matthew anunciou uma festa em sua casa para receber os novos integrantes de sua família. Claro que a imprensa não ficou de fora. — Matthew aproveitou a oportunidade para deixar Jeff ainda mais conhecido, e claro que ele me ajudou também, mesmo eu não estando mais na agencia, ele fez questão que eu fotografasse junto ao Jeff. — Mais uma vez de todos nós, o Max foi o único a não aparecer e pude notar que Jeff ficou sentido com isso, pois no inicio da madrugada o vi saindo da festa e ir até em frente a casa dos Millers, mas logo retornou. — Eu quero tanto que o Max melhore e tudo isso acabe de uma vez...

 

---//---

 

   A sexta-feira finalmente passa, e o sábado chegou realmente lindo. Os pássaros estão cantando, as flores em nosso jardim estão mais belas, o sol brilha... Tudo está perfeito, com exceção de...

 

— Esse vestido não cabe mais em mim! — digo a mim mesma apavorada ao ver meu reflexo no espelho.

 

   Estou grávida de onze semanas ou mais exato, dois meses e alguns dias. — Me sinto uma baleia. — Minha barriga ainda não está chamando tanta atenção, mas para aqueles que vivem sempre perto de mim é obvio que notaram que ela está crescendo. — Isso é assustador demais... Tem uma vida crescendo dentro de mim...

 

— Lucy! — ouço a voz do meu pai.

 

   Pego uma jaqueta de frio e visto assim que ele entra no quarto.

 

— Está doente? — ele pergunta confuso.

— Só com um pouco de frio. — respondo sem graça.

— Claro que está com frio, suas pernas estão de fora.

 

   Para ter uma ideia de como o vestido não está cabendo direito em mim, ele batia nos meus joelhos antes, agora ele bate na metade das minhas coxas. — Estou imensa de gorda, alguém faça isso parar!

 

— É a moda pai, você não entenderia. — digo desconversando. — O que foi? Achei que tinham concordado em eu ir para a casa da Sarah hoje.

— Sim. — ele confirma. — É que o Paul quer falar com você sobre um assunto delicado.

— Comigo? — pergunto confuso. — Max?!

 

   Tudo que consigo pensar é nele, só consigo lembrar aquela cena em que ele pega o revolver e aponta para si mesmo. — Respiro fundo e meu pai me ajuda a me acalmar.

 

— Isso não tem relação alguma com o Max. — ele afirma. — Pelo menos não dessa forma que está pensando.

— Então o que o pai do Max iria querer comigo?

 

   Não me contenho de curiosidade. Coloco uma bota marrom que vai até metade de minhas canelas. — Se eu não estivesse com essa jaqueta estaria arrasando e causando inveja nas meninas do condomínio.

 

   Chegamos à mansão Miller, a primeira pessoa que vi foi Patrick. Ele não veio até mim, apenas ficou me observando da escada. — Será que ele está com medo ou vergonha de encarar meu pai? — Andamos até a sala de estar, e assim que chegamos Paul abre a porta de seu escritório e convida apenas a mim para entrar. — Olho, confusa para meu pai, mas ele insiste para que eu entre. — Paul se senta em sua cadeira, e eu me sento na cadeira da frente. — Por que sinto como se fosse vir noticia ruim por ai?

 

— Estou um pouco confusa. — confesso. — O que exatamente estou fazendo aqui?

 

   Acho que nunca contei, mas Paul Miller é o meu padrinho, ele ajudou a me criar, para falar a verdade, ele acompanhou mais a minha infância do que a do próprio filho.

 

— Como têm passado essas semanas? — ele pergunta.

— Estranha. — respondo. — Tenho pesadelos todas as noites e na maioria deles o Max sempre aperta aquele maldito gatilho.

 

   Sinto um arrepio e de repente toda aquela cena retorna a minha mente. — É inevitável não chorar.

 

— Fica calma, já acabou. — ele afirma. — Todos vocês estão bem e é isso o que importa.

— E quanto ao Max? — pergunto. — Quando vamos poder vê-lo? Ele fica trancado dia e noite aqui dentro e vocês não nos deixam vê-lo.

— Acredite que não é uma escolha minha. — ele revela. — O Maximilian pediu para impedirmos a entrada de todos vocês, até mesmo do Jeff.

— Como se fosse permitir que o Jeff viesse aqui.

— O Jeff salvou meu filho de diversas formas aquela noite. — ele diz de uma forma que me deixa chocada. — Eu odeio admitir e ter que dizer isso, mas se o Jeff não estivesse lá, se o meu filho não o visse e não ouvisse sua voz, ele estaria...

— Eu entendi. — o interrompo.

 

   Eu sei como é difícil para Paul ter de aceitar os sentimentos do Max para com o Jeff, mas ele de alguma forma está tentando... E isso ninguém pode discordar ou duvidar, ele está tentando aceitar o filho. — Isso me deixa feliz.

 

— Certo, chega! — ele respira fundo e se ajeita na cadeira. — Lucy eu preciso que seja honesta comigo.

— Eu sempre honesta com o senhor. — afirmo.

— Até demais. — ele observa. — Quero falar sobre a Jéssica.

— Pelo que eu entendi ela sumiu, foi embora de novo e largou os filhos. — conto. — E não que se importe, mas seu vizinho e noivo, marido ou namorado da Jéssica adotou Jeff e Jenny.

— Adotou? — Paul se surpreende. — Esses garotos já passaram por tanta coisa. — ele diz a si mesmo. — Enfim... Jéssica não sumiu assim do nada, desde o inicio a volta dela foi uma armação.

— Armação?

— Jéssica fugiu levando uma quantia absurda em dinheiro. — Paul revela. — Lucy... Nós estamos a ponto de falir.

 

   Oi? Falir? Ficar pobre?!

 

— Isso é brincadeira não é? Nós somos ricos e...

— Eu fundei a empresa junto com Leonard e Jéssica. — Paul conta. — Jéssica e seu pai possuem ambos vinte e cinco por cento da empresa... Jéssica convenceu os sócios de que ela se tornaria a nova presidente, e com a ajuda deles conseguiu roubar grande parte do nosso patrimônio.

— O que isso quer dizer?

— Que se não encontrarmos a Jéssica nós vamos perder tudo.

— E é por isso que eu estou aqui? Acha que eu sei onde ela está? — pergunto um pouco ofendida.

— Eu não disse isso. — ele diz. — Seu pai não pode imaginar que estou te pedindo isso, nem eu acredito que estou pedindo isso para falar a verdade... Mas preciso que volte a contatar aquela tal Gangue dos Trilhos, e descubra onde ela está.

— Eu não sei. — digo em sussurros confusos. — Todos eles fugiram depois de tudo aquilo, mas... Talvez aja uma pessoa que possa me ajudar.

— Quem?

— Seu sobrinho, Patrick. — digo deixando-o surpreso.

— Não! — ele então muda o tom de voz. — Patrick é culpado por tudo isso estar acontecendo, o culpado do meu filho não conseguir sair daquele quarto. E independentemente dele ser o pai do seu filho, eu não vou...

— Prefere ficar pobre e ter que fazer como Yan quando ele perdeu tudo? Trabalhar em uma oficina?

— Certo, vá falar com o Patrick! — ele diz prontamente.

 

   É incrível como o dinheiro tem poder sobre ele. — Não posso dizer que também não esteja preocupada. Claro que estou, mas... Fico tão feliz em saber que Paul confia em mim a ponto de me pedir algo assim.

 

   Saio do escritório e vou em direção à escada. Encontro-me com Patrick no segundo andar. — Ele esta parado apoiado na parede com os braços cruzados, seus cabelos pretos estão jogado para lado em uma franja lateral. Está usando uma bermuda jeans escura, uma camisa preta com uma caveira estampada, uma munhequeira preta, um colar estranho com um pingente que não faço ideia do que seja. — Deve ser daqueles desenhos que ele assiste... Acho que isso é a única coisa que ele e o Robert têm em comum, ambos gostam daqueles desenhos japoneses... Animes. — Também está usando um all star, que pra variar na cor, também é preto.

 

— Bom dia. — ele me cumprimento de forma fria.

— Nossa! Cadê aquele sorriso todo de ontem? — pergunto sorrindo.

 

   Vou até ele e me coloco na ponta dos pés para beijá-lo. — Eu não sou baixa, para falar a verdade sou até alta para uma garota, eu tenho um metro e setenta. — Ele enfim sorri para mim.

 

— Eu preciso falar com você, um assunto sério. — digo deixando-o desconfortável. — Mas primeiro eu quero ver o Max.

— Não pode o...

— Por acaso perguntei se posso? Eu disse que vou! — afirmo fazendo-o abrir outro sorriso.

— Vou te esperar no meu quarto, vê se não demora.

 

   Faço que sim com a cabeça. — Ando pelo corredor até chegar à porta do quarto do Max. — Me sinto nervosa, mas eu quero muito vê-lo. — Forço a maçaneta e percebo estar aberta, abro-a e entro. — Meu coração acelera ao vê-lo deitado na cama. — Me aproximo e me ajoelho no chão ao seu lado. — Seus cabelos estão raspados, parecido com o estilo que o Jeff usava no ano passado. Seu rosto ainda está ferido. Ele está dormindo tão profundamente que parece estar dopado.

 

— Max? — o chamo. — Pode me ouvir?

 

   Nenhuma resposta.

 

— Fique bom logo viu? — digo em sussurros. — Nós precisamos de você, e eu mais do que ninguém preciso de você. — então choro. — Deixando de falar de mim... O Jeff agora é nosso vizinho, isso não é legal? Vocês vão se ver sempre agora.

— Lucy?

 

   Assusto-me ao ver Michelle parada na porta.

 

— Desculpa. — digo levantando. — Eu não queria...

— Está tudo bem. — ela diz sorrindo. — Ele vai sair dessa.

— Vai sim. — afirmo. — Eu sei que vai.

 

   Dou-lhe um beijo na testa, volto para a Michelle e a abraço. — Sinto-me desconfortável. — Saio do quarto e caminho apressada até o quarto de Patrick. — Assim que abro a porta o vejo sentado na cama mexendo no celular.

 

— O que foi?

 

   Por alguns instantes consigo sentir raiva e ódio do Patrick. — Como ele teve coragem de ajudar a Jéssica em tudo isso mesmo sabendo das consequências que isso traria ao Max, seu próprio primo... Sua família.

 

— Estou bem. — minto. — Precisamos conversar sobre algo sério... Jéssica Johnson.

 

   Eu já estive em seu quarto antes, mas nunca tinha notado o quão bagunçado é aqui. — Bagunça me irrita. — Sento-me na cadeira da escrivaninha e ele fica me olhando confuso. — Acho que estava esperando que eu me sentasse em seu lado.

 

— Não está com calor? — ele me pergunta.

 

   Tinha até me esquecido da jaqueta. — Tiro a jaqueta e a coloco no braço da cadeira. — Foi nítido o olhar de Patrick para a minha barriga. — Que constrangedor.

 

— O que quer falar? — ele volta a perguntar.

— Eu vou ser direta. — aviso. — Paul me chamou aqui hoje e revelou que Jéssica fugiu levando uma grande quantia em dinheiro

— Novidade... Ela já fez isso antes, não entendo a surpresa dessa vez.

— A surpresa dessa vez é que ela não levou só o que pertencia a ela. — conto. — Patrick, Jéssica deixou um rombo na empresa, nós estamos falindo.

 

   Patrick não expressa nenhuma reação. — Ele não tem nenhuma ligação com a empresa. Todo o dinheiro que tem e usa para se manter aqui vem de sua mãe e de seu pai, então mesmo que a família do seu tio venha a falir, ele continuará tão rico como sempre. — Mas ele não pode parar de pensar só em si mesmo?

 

— E o que eu tenho com isso? — ele pergunta.

— Você vai me ajudar a encontrar a Jéssica. — digo.

— Não vou não. — ele se ajeita na cama. — Eu finalmente consegui cortar tudo o que eu tinha com ela, não vou me meter com aquela mulher de novo, e além do mais toda essa família me odeia, por que eu os ajudaria?

— Como pode ser tão egoísta? — pergunto. — Você vive na casa do Paul, o mínimo que deve a ele é respeito e gratidão, e não vem com essa de menino sofredor, você sabe que todo mundo te odeia.

— Até você?

— Nesse momento sim! — respondo tão friamente que o faz arregalar os olhos. — Desculpa, mas você está agindo como um idiota.

 

   Vou para a porta irritada.

 

— Eu não posso encontrar a Jéssica. — ele insiste. — Mas vocês não precisam se preocupar.

— Como não? — pergunto irritada.

— Apenas... Não faça mais perguntas, só espere. — ele pede.

— É inacreditável, até quando nós dois estamos bem nós não estamos.

 

   Abro a porta.

 

— Ainda estamos juntos? — ele pergunta.

— Nos vemos segunda na escola. — digo saindo do quarto.

 

   Desço as escadas apressada e encontro-me com Paul e Michelle.

 

— O sobrinho de vocês é um idiota. — reclamo. — Ele sabe mais do que realmente fala, e pelo que ele disse não devemos nos preocupar.

— Como não? — Paul pergunta. — Vocês não entendem a gravidade da situação?

— Paul eu também estou preocupada com isso, acha mesmo que eu nasci para ser pobre? Eu não confio muito no Patrick, mas estou aos poucos aprendendo a entendê-lo... Eu acho que devemos confiar nele agora.

— Obrigado por tentar ajudar. — Michelle me agradece. — Mas peço que não interfira mais nisso, vai fazer mal ao...

— Está tudo bem! — a interrompo. — Eu acho que vou para casa agora. Quando o Max acordar diga que eu estive aqui, por favor.

— Direi. — ela diz sorrindo.

 

   Saio apressada da casa dos Millers. — Eu realmente não sei agir direito quando ficam falando dessa gravidez.

 

— Droga. — praguejo atravessando a rua.

 

   Quando chego em frente de casa, vejo um jovem de bicicleta na rua. — É o tal do Nicholas, aquele que estava no fórum ontem. — Vejo ele se distanciar. — Deve estar indo para a casa de Matthew. Isso está começando a me irritar, eu vou ter que falar com o Jeff de novo.

 

— Voltei. — digo entrando em casa.

 

   Vou para a cozinha pego um pote de sorvete, uma colher e sento-me na bancada. — Eu preciso parar de pensar no Jeff e no Max um pouco.

 

— Lucy nós vamos sair, precisa de alguma coisa? — minha mãe pergunta vindo até a cozinha.

— Não. — respondo. — Está tudo bem.

 

   Noto então seus olhares para mim.

 

— O que foi? — pergunto assustada.

 

   Os olhos do meu pai se enchem de lagrimas.

 

— Lucy... Você está, está. — ele engole em seco.

 

   O que está havendo? — Sinto um vento gelado passar por mim, e só então me dou conta de que não estou mais com a jaqueta. — Vejo o volume que minha barriga forma por causa do vestido justo.

 

— Mãe, pai. — digo levantando.

 

   O que dizer? Como dizer? — Eles não são cegos, obvio que já notaram.

 

— Me desculpem. — peço de cabeça baixa. — Me desculpem por desapontar vocês.

 

   Estou tão envergonhada, mas ao mesmo tempo me sinto aliviada. — Nunca gostei de mentir para os meus pais. — Sinto vontade de chorar, mas é como se já não houvesse lagrimas mais para serem derramadas.

 

— Eu preciso de um pouco de ar. — meu pai diz, e então sai da cozinha.

 

   Vê-lo dar as costas para mim pela primeira vez faz meu coração doer.

 

— Dê um tempo a ele. — minha mãe então me abraça. — Vai ficar tudo bem querida, vai ficar tudo bem.

 

   Minha mãe e eu saímos da cozinha e viemos para a sala de estar, onde meu pai está sentado.

 

— Pai me escuta. — peço. — Por favor.

— Eu não estou com raiva. — ele diz ainda sentado no sofá. — Não vou mentir, não estou nem um pouco feliz com isso, você é minha menina, minha princesa.

— E nada disso mudou. — digo me ajoelhando em sua frente. — Pai eu continuo a mesma, eu...

— Levanta. — ele pede.

 

   Ele respira fundo e bagunça seus cabelos loiros.

 

— Quando sua mãe engravidou de você ela tinha acabado de se formar na escola. — meu pai diz. — Tinha só dezoito anos, eu estava na faculdade ainda... Tudo aconteceu tão rápido, uma hora ela estava gravida, meses depois você estava em meus braços.

 

   Meu pai chora, me fazendo enfim chorar junto com ele.

 

— Pai...

— Eu não me arrependo. — minha mãe finalmente fala. — Olha o que conseguimos depois que você veio ao mundo? Seu pai era tão jovem quando conheceu o Paul e se juntou a ele... Você é nossa estrela da sorte, e em momento algum pense que iremos virar as costas para você por causa disso.

 

   Meu pai confirma.

 

— Eu... Não vou ficar com ele. — digo os surpreendendo.

— Como assim? — meu pai pergunta assustado.

— Eu não vou tirar já me convenceram a não fazer isso, mas... Eu não posso, eu tenho dezesseis anos, o que vai ser de mim?

— Pensasse nisso antes. — meu pai finalmente fala firmemente.

— Você fala como se eu tivesse planejado isso. — digo. — Eu não queria isso, eu ainda não quero essa coisa dentro de mim! — então grito.

 

   Então acontece algo que nunca esperei em toda a minha vida. A mão firme do pai voa contra meu rosto. — Ele me bateu! Meu pai me...

 

— Leonard! — minha mãe grita irritada.

 

   Fico encarando-o por alguns segundos. — Eu não sei o que dizer meu pai nunca me bateu antes, nunca. — Viro de costas e ameaço sair da sala.

 

— Durante todo o ano passado até agora você se mostrou uma garota forte e decidida. — ele diz me fazendo parar. — Você mudou seu estilo, começou a fazer coisas estranhas... Passou por tanta coisa que eu me sinto uma merda como pai por não poder ter te protegido contra tudo e contra todos...

— Não é sua culpa. — digo em sussurros.

— De todos os seus amigos envolvidos nessa história, você foi a única com sangue frio o bastante para pensar em algo. — ele volta a falar. — Você salvou a vida dos seus amigos diversas vezes... E agora esta dizendo que vai desistir?

— Eu não estou desistindo de nada...

— Não está? — ele então aponta para a minha barriga. — E ele? Que culpa tem de você não ter planejado isso?

— E quanto a mim? — pergunto. — E quanto a minha vida? E os meus sonhos?

— Eu me perguntei a mesma coisa quando engravidei de você. — minha mãe fala. — Eu sempre sonhei em ter um restaurante. — ela então sorri.

— Você tem um. — digo.

— E também tenho você. — ela coloca em observação. — Filha, você não pode mais pensar por um, comer por um, dormir e descansar por um... Existe mais alguém ai, alguém que vai precisar de você quando finalmente abrir os olhos e vê esse mundo.

— Eu não posso. — choro novamente.

 

   Sento-me no sofá menor. — O que estou dizendo? É realmente verdade... Eu não quero esse filho, eu nunca quis, e ver meus pais contra mim por causa dessa decisão está me matando.

 

— Quem é o pai dessa criança? — meu pai pergunta.

— Não importa. — digo.

— Claro que importa. — minha mãe diz. — Responda Lucy, quem é o pai?

 

   Não posso contar a verdade e dizer que é do Robert, se eu contar eles vão dizer para ele, e se ele ficar sabendo vai tornar as coisas ainda mais difíceis.

 

— É o Patrick? — minha mãe pergunta.

— Patrick? — meu pai pergunta confuso. — O sobrinho dos Millers?

— Não! — afirmo. — Ele não é o pai.

— Então quem?

— É o Max. — minto. — Max é o pai dessa criança.

 

   Meu pai anda de um lado para o outro e volta até mim.

 

— O Maximilian é gay! — ele grita. — Não subestime nossa inteligência Lucy.

— Vocês me amam? — pergunto.

— O que isso tem...

— Respondam, por favor. — peço levantando.

— Obvio que sim. — os dois afirmam.

— Então vão ter que confiar em mim, eu estou gravida, e esse filho é só meu, responsabilidade só minha. — insisto. — E o que eu for fazer com ele é decisão minha então eu peço que me respeitem.

— Você é uma criança. — meu pai volta a falar. — Não é assim que as coisas funcionam.

— Tudo bem. — desisto. — Façam como quiser, mas não voltem a me perguntar sobre o pai dessa criança, nunca mais. — peço. — Por favor.

 

   Saio da sala e saio de casa. — Droga, o que estou fazendo?

 

   Vou até meu motorista e peço para que me leve até a casa da Sarah. — Preciso me distrair esquecer tudo isso, nem que seja apenas por algumas horas.

 

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POV NARRADOR

 

   Os flashes incansáveis o deixam um pouco atordoado, na verdade nem ele sabe ao certo o que está fazendo ali.

 

— Água? — uma mulher oferece.

— Obrigado. — Robert agradece.

 

   Robert foi convidado por Thammy para assistir uma sessão de fotos da jovem. — Provavelmente ele esperava encontrar a Lucy por lá.

 

— Ela é bem bonita não é? — a mulher insiste.

— Sim. — ele concorda. — Você sabe que horas isso acaba? Estamos aqui a um tempão.

— Essas coisas são demoradas assim mesmo.

 

   Robert se levanta e atrai a atenção de Thammy, que pede uma pausa das fotos e vem até ele.

 

— Não está se divertindo? — ela pergunta.

— Nossa, pra caramba! — ele mente. — Até fiz amizade com aquela moça super gentil. — ele aponta para a mulher que lhe ofereceu água.

— Que mulher? — ela pergunta. — Lance? Lance é um homem. — Thammy sussurra baixinho.

 

   Robert abre a boca como se fosse gritar e então começa a rir.

 

— Tá né... — ele diz ainda sorrindo. — Mas é sério, esse lugar é chato... Quando me chamou achei que faríamos alguma coisa diferente.

— Desculpa, é que achei que...

— Quer ir ao baile comigo? — ele pergunta a ela.

— Baile? — Thammy pergunta confusa.

— Sim. — ele confirma. — Na minha escola, o baile de formatura.

— Será uma honra. — ela aceita.

 

   Thammy se aproxima ainda mais dele, e então o beija. Deixando-o claramente envergonhado.

 

— Desculpa. — Robert diz sem jeito.

— Eu que peço. — ela diz corada. — Eu devia imaginar que você e a Lucy...

— Não, não entenda errado. — ele a interrompe. — Não existe nada entre a Lucy e eu.

— Que bom. — ela então sorri. — Estava começando a pensar que você era o pai do filho dela, mas o boato que corre por aqui é que o filho é do Jeff.

 

   Robert então sorri.

 

— Qual é a graça? — ela pergunta confusa.

— Jeff não é o pai. — ele afirma. — O pai é um babaca qualquer, metido a sabichão.

— E você está bem com isso?

 

   Robert então a beija.

 

— Estou ótimo com isso. — ele mente.

 

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POV LUCY

 

   O fim de semana finalmente terminou. — Passei quase que o tempo todo na casa da Sarah evitando os meus pais. — Ontem tivemos outra conversa, e eles finalmente aceitaram parar de perguntar sobre o pai dessa criança.

 

   Hoje é dia vinte e cinco de maio de dois mil e quinze, segunda-feira!

 

   Cheguei à escola um pouco atrasada hoje, mas determinada a falar com o Jeff. — Procuro ele por quase toda a escola, até que tenho a brilhante ideia de ir para o vestiário masculino.

 

— Estou entrando. — anuncio. — Cubram suas coisas!

 

   Os rapazes do time se assustam quando me veem entrando. Finalmente o encontro!

 

— Lucy?! O que está fazendo aqui? — Robert pergunta confuso.

— Jeff eu preciso falar com você, urgente! — digo saindo do vestiário.

 

   Vou para o campo de futebol de futebol americano, e logo em seguida ele sai do vestiário.

 

— O que achou que estava fazendo entrando ali daquela maneira? — ele pergunta irritado.

— Não importa, já foi. — digo. — Jeff eu vim falar sobre aquele garoto, o Nicholas.

— De novo isso. — ele reclama dando de costas.

— Jeff eu o vi no nosso condomínio no sábado, não finja que não está acontecendo nada.

— Não está! — ele afirma. — Só porque eu tenho amigos homens significa que eu estou querendo transar com todos eles?

 

   Okay, ele não precisava ter me dito isso! Que vergonha!

 

— Não foi o que eu falei.

— Mas é o que o parece. — ele diz irritado. — Droga Lucy, por favor, para com isso.

— Para você com isso. — insisto. — Olha eu não sei suas intenções com aquele garoto, mas ele definitivamente quer alguma coisa a mais com você... Então antes que um terceiro, saia machucado, faça alguma coisa.

— Um terceiro?

— O Max! — digo mais claramente. — Como o Max vai agir quando descobrir sobre vocês?

— Lucy não tem nada o que ele descobrir, para de ficar inventando coisas.

— Eu não inventei nada, você que disse que se beijaram lá no abrigo.

— Ele... Ele me beijou.

— Não importa quem fez o que... Ou você esclarece essa história de uma vez com o Nicholas e com o Max, ou quando o Max voltar eu mesmo conto a ele, e você sabe que eu consigo deixar as histórias bem mais interessantes.

— É uma ameaça? — ele pergunta.

— Por que todo mundo sempre acha que estou fazendo ameaças? Que horror. — digo sorrindo. — É sério Jeff... Dê um jeito naquele seu amigo, ou, seja honesto, consigo mesmo e com os dois.

 

   Deixo Jeff no campo e volto para dentro da escola. — Me julguem... Eu não consigo simplesmente deixar os meninos agirem por conta própria, eles são uns idiotas e vão acabar estragando tudo.

 

— Lucy. — Sarah me aborda no corredor. — Você viu o garoto que está circulando pelo colégio? Estão dizendo que ele vai entrar aqui no próximo semestre.

— Credo, até parece estar desesperada, e o Jasper?

— É só uma brincadeira. — ela se comporta. — Olha lá ele.

 

   Ela então aponta para o garoto. — Só pode ser brincadeira. É o Nicholas.

 

— Vem comigo. — puxo-a pelo braço.

 

   Chegamos em frente a Nicholas e ele parece me reconhecer.

 

— Vocês duas estavam no fórum aquele...

— Cala a boca. — interrompo de forma grosseira.

— Lucy. — Sarah me repreende.

— Vem aqui. — o chamo.

 

   Venho até uma sala que ainda está vazia, Nicholas e Sarah entram em seguida.

 

— O que foi? — ele pergunta desconfiado.

— Eu sei sobre você e o Jeff. — disparo, deixando ele sem graça.

— Oi? — Sarah pergunta confusa.

— E o que você tem a ver com isso?

— Jeff é o namorado do meu melhor amigo, eu não vou deixar você chegar assim do nada e acabar com tudo o que eles vêm lutando para...

— Certo! — ele me interrompe. — Você não tem nada a ver com isso, então para de se meter, eu não estou tentando fazer nada com o Jeff, se tiver que acontecer algo entre ele e eu, vai acontecer, e você não pode fazer nada para evitar isso.

 

   Nicholas se vira em direção à porta, Sarah sai da frente dele. — Quanta arrogância. — Assim que chega a porta ele coloca a mão na cabeça e se apoia na parede como se fosse cair.

 

— Você está...

 

   Ele então sai da sala.

 

— Quem é ele? — Sarah pergunta confusa.

— Ah! Desculpa sala errada. — Louise diz surgindo na porta da sala.

 

   Essa garota!

 

— Lucy aonde vai? — Sarah pergunta me seguindo.

— Tirar satisfações com a Louise.

— Você está barraqueira demais hoje, acho que são os hormônios.

 

   Abordo Louise no topo da escada para o segundo piso da escola.

 

— Como está a capitã agora? — pergunto.

— Do que está falando? — Louise pergunta em deboche.

— Lucy, eu sou a capitã. — Sarah diz em sussurros.

— Não importa. — grito. — Louise você destruiu minha vida social nesse colégio.

— Eu? Fui eu que dormi com metade da escola e agora nem sabe que é o pai do seu filho?

— Eu não dormi com... Você não presta, nunca prestou... Está fadada a ficar sozinha! Assim como o Jeff te deu um pé na bunda, o Liam vai embora daqui uns dias e você nunca mais vai ter ninguém e eu mesma serei aquela que garantirá isso!

 

   Em um ato repentino, sinto as mãos de Louise tocaram meus ombros e me empurrar. — Sinto uma pontada no peito. — Fecho os olhos...

 

— Lucy! — Sarah grita.

 

   O que aconteceu? Eu não caí? — Abro os olhos e me vejo nos braços de Nicholas.

 

— Você está bem? — ele pergunta tão assustado quanto eu.

— Sim. — digo me livrando de seus braços. — Obrigada.

 

   Louise corre.

 

— Você precisa reportar isso ao diretor. — ele insiste.

— Não, não daria em nada. — digo respirando ainda descontroladamente. — Mas de novo... Obrigada.

 

   Nicholas sobe as escadas, preocupado, e me deixa novamente sozinha com a Sarah.

 

— Você está bem? — Sarah pergunta.

— Droga... Eu realmente preciso aprender a controlar minha raiva.

 

   Louise realmente tentou me machucar? — Se o Nicholas não tivesse aparecido eu podia ter... Nem quero pensar nisso.

 

   A segunda-feira se estendeu, para falar a verdade quase não fizemos nada o dia inteiro, já que as provas já terminaram. — Fiquei assistindo ao treino das lideres de torcida. — Deprimente não é? — Fora isso nada de muito relevante aconteceu. — Quase não vi o Patrick hoje, e as poucas vezes que o vi ele estava ocupado com alguma coisa, então mal nos falamos.

 

   A segunda-feira então passa, dando lugar a terça-feira, dia vinte e seis de maio.

 

   Assim que chego à escola já ouço falar dos indicados a rei e rainha do baile: Louise e Sarah foram indicadas a rainha, assim como Liam e Jeff foram indicados a rei. — Claro que eu não seria indicada, ainda mais depois de Louise ter espalhado para a escola inteira a minha gravidez.

 

   Estou agora na biblioteca. — Os dias aqui estão ficando cada vez mais entediantes. — Vejo Robert entrar, mas assim que ele me vê vira de costas ameaçando sair.

 

— Oi! — o cumprimento.

— Oi... — ele retribui sem jeito.

 

   Desde que ele me salvou de ser morta, ele tem me tratado de forma estranha, como se estivesse me evitando.

 

— Como está? — ele pergunta apressado.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto. — Você está tão esquisito.

— Esquisito? Eu... Claro que não. — ele sorri forçadamente.

— Robert senta. — peço.

 

   Mesmo relutante ele se senta na cadeira do meu lado.

 

— Vai lá, agora me conta.

— Não tenho nada para contar, sério mesmo.

— Eu sei que está mentindo... — digo.

 

   Ele então respira fundo e finalmente me olha nos olhos.

 

— Eu estou saindo com a sua amiga, Thammy. — ele confessa.

 

   Como é? O Robert e a Thammy juntos? Sem essa...

 

— Jura? — pergunto ainda sem acreditar.

— Eu até a chamei para ir ao baile comigo. — ele diz agora animado.

 

   Aquela comedora de arroz está tentando tirar tudo de mim? — Espera... Eu não devia ficar incomodada com isso, eu devia ficar aliviada não é? Pelo menos agora o Robert vai parar de ficar correndo atrás de mim.

 

— Que legal! — digo com um sorriso no rosto.

— Tudo bem então? — ele pergunta confuso.

— Por que não estaria?

— Bom... Sei lá. — ele abre um sorriso.

 

   Pelo menos ele está feliz, se a comedora de arroz pode dar a ele a felicidade que eu não posso, então pra mim está tudo bem.

 

— Eu vou para sala, a aula já vai começar. — digo levantando.

— Claro. — ele diz sem tirar o sorriso do rosto. — A gente se vê por ai.

 

   “A gente se vê por ai”... Nossa isso soou de forma tão pesada para mim. — Mas eu fico contente, eu já o magoei demais, e não quero que ele sofra mais por minha causa, é um dos principais motivos de eu não poder contar que ele é o verdadeiro pai dessa criança.

 

   Saio da biblioteca e caminho, pensativa pelo corredor. — É tão irritante como todo mundo fica me olhando agora que sabem que estou gravida.

 

— Lucy! — ouço a voz de Jacob.

 

   O vejo vindo até mim. — O que esse chato quer agora?

 

— Ele voltou. — Jacob diz ofegante. — O Max está na escola.

— O que?

 

   Como assim o Max voltou? — Ando apressada e o deixo para trás. — Ele finalmente criou coragem para sair de casa... Ele finalmente voltou, eu quero vê-lo, quero abraça-lo, quero poder falar com ele. — Chego até a sala onde tenho a próxima aula, e lá está ele, sentado na primeira cadeira, usando o uniforme de forma impecável, me dá um aperto no peito em ver seus cabelos curtos, e sua pele tão branca está ainda um pouco machucada.

 

— Max? — o chamo.

 

   A sala está com alguns curiosos na entrada, mas logo saem. — Max está sozinho dentro da sala. — Sento-me na mesma cadeira que sempre sento, atrás dele.

 

— Me desculpa. — ele então diz em sussurros.

 

   Meus olhos enchem-se de lagrimas, levanto e o puxo, e então o abraço.

 

— Idiota! — brigo em lagrimas. — Nunca, nunca mais faça algo como aquilo de novo. — peço sem soltá-lo, nunca mais se atreva a pensar em me deixar sozinha de novo!

 

   Ele retribui o meu abraço e posso ouvi-lo chorar também.

 

— Como você está se sentindo? — pergunto finalmente o soltando.

— Bem, eu acho. — ele responde um pouco confuso. — Foi estranho sair de casa, mas eu já não aguentava mais ficar lá.

— É bom estar aqui. — digo. — Cercado por pessoas que querem o seu bem.

— Talvez.

 

   O sinal toca e ele segura minha mão assustado. — Ele não está tão bem assim, mas eu fico tão feliz por ele ter conseguido vir à escola hoje.

 

   Quase não consegui me concentrar o dia inteiro, nas aulas que tivemos, juntos eu ficava o observando, vendo se estava realmente bem, nas aulas que temos separados, às vezes eu pedia para sair da sala só para poder espiá-lo.

 

   Agora estamos no intervalo, Max e eu estamos sentados na arquibancada do campo de futebol americano.

 

— Já o viu? — pergunto.

 

   Ele faz que não com a cabeça.

 

— A última vez que o vi eu ainda estava no hospital. — ele conta. — Ele foi me ver, e depois sumiu, mas...

— Mas?

— Desculpa Lucy, é algo que eu não posso falar com você agora. — ele diz sem jeito. — Na verdade estou criando coragem para falar isso para ele.

— Entendo. — digo um pouco frustrada.

 

   O que esse garoto está fazendo aqui de novo? — Vejo Nicholas no centro do campo, ele está sozinho e parece um pouco atordoado.

 

— Ele está me provocando? — pergunto a mim mesma em voz alta.

— Quem? — Max pergunta confuso.

 

   Nicholas então cai desmaiado no campo. — Droga! — Max e eu corremos até ele.

 

— Nicholas. — chamo. — Nicholas...

— Eu vou chamar alguém. — Max anuncia assustado.

— Não! — Nicholas murmura nos aliviando. — Eu estou bem.

 

   O que esse garoto tem? Toda vez que o vejo parece que ele está passando mal.

 

— Tem certeza? — Max pergunta o ajudando a levantar.

 

   Sinto um impulso repentino em separar os dois, mas não faço nada. — Será que Jeff já conversou com o Nicholas?

 

— Parece que o destino está realmente tentando nos aproximar. — Nicholas diz sorrindo quando me vê.

— Pro bem ou pro mal é que não sabemos. — digo levantando. — Vamos Max...

— Max? — Nicholas pergunta. — Então você é o famoso Maximilian Miller?

— Famoso, não sei. — Max sorri. — Mas sou eu sim.

— Jeff me falou bastante sobre você.

— Jeff? — Max pergunta confuso. — Quem é você mesmo?

— Desculpa. — Nicholas pede. — Nicholas Jackson, eu vou estudar aqui no semestre que vem. — ele se apresenta. — Eu conheci o Jeff no abrigo e...

— Abrigo? — Max parece mais confuso ainda. — Lucy o que está acontecendo?

— Max eu acho que precisamos conversar. — digo.

— Eu tenho certeza que precisamos.

 

   Nicholas se afasta ainda um pouco tonto. — Estou começando a me preocupar com ele. — Max e eu começamos a caminhar pelo campo e conto a ele tudo que aconteceu desde a morte de Spencer, e ele fica chocado ao saber o que aconteceu com Jeff.

 

— Ele deve me odiar por não estar com ele nesse momento. — ele diz.

— O Jeff entende tudo o que você passou. — digo.

— Sim, mas se eu não fosse tão fraco eu poderia ter feito alguma coisa.

— Você não é fraco. — digo sorrindo. — Olha pra você... Dois sequestros tentaram te matar varias vezes e você ainda está aqui.

— Isso não me deixa melhor, Lucy, só mais assustado. — ele diz.

— É sério Max. — agora digo um pouco melancólica. — Não pense que está sozinho Okay? Você não está.

— Eu sei. — ele diz sorrindo.

 

   Max pega o celular do bolso e faz uma cara engraçada.

 

— Meus pais ficam me ligando a cada dez minutos. — ele reclama. — Isso está me irritando.

— Daqui a pouco param. — digo.

 

   Continuamos a andar juntos, até que começo a me sentir enjoada.

 

— Você está bem? — Max pergunta.

— Só um pouco enjoada. — explico. — Acho que vou passar na enfermaria antes de voltar para a sala.

— Quer que eu vá com você? — ele pergunta.

— Não se preocupa. — digo. —Você já perdeu muita aula, não quero que perca mais uma por minha causa.

 

   Max e eu nos separamos assim que voltamos para dentro da escola. — Vou até a enfermaria e acabo me encontrando com Patrick.

 

— O que está fazendo aqui? — pergunta assustada. — Aconteceu alguma coisa?

— Não. — ele diz em sussurros. — Estou pegando dispensa da aula de educação física.

— Preguiçoso. — sorrio e sento-me em uma das camas. — Onde está o enfermeiro?

— Foi buscar uns papeis que acabaram aqui. — ele conta.

 

   Nossa conversa é interrompida com a entrada repentina de Robert. — Ele nos olha completamente sem graça.

 

— Oi. — Robert diz desconfortável.

— Oi. — Patrick retribui tão desconfortável quanto.

 

   Nossa! Que clima horrível. — Se não me engano a última vez que os dois se falaram foi quando Robert foi a minha casa e revelou ao Patrick que eu estou gravida.

 

— Vocês dois estão...

— Juntos? — Patrick pergunta. — Sim.

 

   Robert então me olha como se estivesse tentando perguntar o motivo de eu ter escolhido o Patrick e não ele.

 

— Nós vamos ficar aqui para sempre? — pergunto. — Onde esse enfermeiro está?

— Por que está tão desconfortável Lucy? — Patrick pergunta. — Está com medo de eu falar...

— Chega! — grito, irritada. — Patrick você está sendo um babaca, Robert você está me julgando? Você não está saindo com a comedora de arroz?

— Comedora de arroz? — Patrick pergunta confuso.

 

   Um silêncio repentino toma conta da enfermaria. — Que droga, acho que nós três nunca conseguiremos ter um relacionamento normal, estou começando a acreditar que se eu for realmente levar a sério essa história com o Patrick, eu vou ter que me afastar do Robert.

 

— Vocês por acaso sabiam que o Max veio à escola hoje? — conto.

— Eu moro com ele. — Patrick diz levantando. — Claro que eu sabia.

— Sério? — Robert pergunta um pouco confuso.

 

   Patrick simplesmente me beija na frente de Robert. — Ele só está querendo provocá-lo.

 

— Não vou esperar o enfermeiro não. — ele diz. — Vê se não tenta nenhuma gracinha com a minha namorada.

 

   Patrick sai, nos deixando sozinhos.

 

— Desculpe por isso. — peço.

 

   Robert se senta na cama em que Patrick estava. — Acho que mencionar o Max fez as lembranças daquela noite retornar para ele... E ainda tem o fato de que o Max é meio irmão dele.

 

— Eu vou conversar com ele. — Robert anuncia. — Eu estou adiando isso desde aquela noite, mas não tem mais motivo para fugir não é?

— Pega leve com ele, tudo bem? Ele ainda está frágil.

— Eu sei. — Robert diz de cabeça baixa, e então abre um sorriso. — Eu sempre quis ter um irmão, eu fico feliz que seja o Max esse meu irmão.

 

   Sorrio para ele. — Robert está certo, já está mais do que na hora dele ter uma conversa com o Max, assim como já está mais do que na hora do Jeff e do Max se encontrarem. — Pego meu celular e mando uma mensagem para o Jeff, em seguida mando uma mensagem para o Max.

 

— Por que está com esse sorriso estranho no rosto? — Robert pergunta.

— Digamos que estou fazendo minha boa ação do dia. — respondo.

 

   Robert se deita na cama, e eu também me deito à espera do enfermeiro. — Mandei uma mensagem para o Jeff e para o Max pedindo para me encontrarem na sala de química, que nesse horário não tem ninguém... — Espero que os dois consigam conversar e resolvam tudo de uma vez por todas. — Quem diria que seria eu aquela a tentar juntar os dois novamente.

 

— Mas é sério! — Robert não se contém. — O Patrick?

— Ah, por favor. — peço.

 

   Sei lá... Meus pais talvez tenham razão. — Não que eu esteja querendo considerar isso. — Mas se eu realmente vou trazer esse filho ao mundo, eu quero que ele se pareça com o Robert, tenha esse jeito e espirito livre e despreocupado. — Droga... Por que estou pensando nisso agora? — Que seja... O que tiver de ser será, para cada um de nós. 


Notas Finais


Por enquanto é isso! Até mais!


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