1. Spirit Fanfics >
  2. The Clash 2 - The Distance, The Overcoming and The Change >
  3. Quem Eu Realmente Sou? Par.1

História The Clash 2 - The Distance, The Overcoming and The Change - Quem Eu Realmente Sou? Par.1


Escrita por: TakaishiTakeru

Notas do Autor


Volteeei!

Capitulo narrado pelo Max

Capítulo 31 - Quem Eu Realmente Sou? Par.1


Não me sinto bem. Não fisicamente, mas ainda emocionalmente. Demorei semanas para poder sair de casa, e quando finalmente saio sinto como se os olhos de todos estivessem voltados para mim. — Eu estou assustado. — Todas as noites eu continuo tendo o mesmo pesadelo, onde continuo sendo espancado e a trilha sonora são os gritos agonizantes da Sarah. — Sinto um aperto no peito. — Spencer Green o homem que nos feriu e agora está morto... No fim eu não consegui compreender o seu ódio por mim. — O que tudo isso significou? E por que eu continuo a sentir que isso ainda não acabou?

 

   Recebi uma mensagem da Lucy, estou indo agora até ela. — Sinto-me estranho por ser um dos únicos a andar no corredor, já que estamos em horário de aula. — Chego à sala de química, mas não há ninguém aqui. — Devo esperar? — Entro e fico parado observando pela janela.

 

— Foi mal Lucy, fiquei preso com umas coisas e...

 

   Viro-me para a porta e enfim o vejo. — Meu coração acelera de uma forma perturbadora, meus olhos lacrimejam sem eu entender bem o motivo.

 

— Max! — ele exclama surpreso a me ver.

 

   Jeff então corre até mim e me abraça. — Ele é tão quente... Mas desejo que não me solte não me deixe.

 

— Desculpa. — peço de cabeça baixa. — Eu tentei por diversas vezes falar com você, mas...

— Não. — ele me impede de concluir. — Vamos... Senta.

 

   Meu coração está apertado. — Por que a presença do Jeff está me trazendo desconforto?

 

— Eu gostei do cabelo. — ele diz com um sorriso forçado no rosto.

— Não precisa mentir para me fazer sentir melhor. — peço. — Apenas seja honesto.

 

   Ficamos em silencio. — Temos muito que falar muito que conversar, mas ao mesmo tempo é como se essas coisas não pudessem ser ditas com palavras, não é algo simples de se dizer.

 

— Lucy me contou o que aconteceu com você e a sua irmã. — digo. — Sinto muito.

— Não precisa se preocupar com isso. — ele diz com um ar aliviado. — Nós somos vizinhos agora. — ele brinca.

— Pois é...

 

   Eu preciso ser honesto, há sim outro motivo além de toda essa história para eu não ter voltado à escola antes. — Sim, eu preciso ser franco quanto a isso. — Quando Jeff foi me visitar no hospital eu me senti tão humilhado, pois eu demonstrei a ele fraqueza, não naquele momento, mas quando eu considerei tirar minha própria vida só porque no momento parecia o mais fácil a se fazer, — Eu fui fraco. — Logo depois que ele se foi, minha mãe veio falar comigo, conversamos bastante sobre o meu relacionamento com o Jeff... E chegamos a um ponto. — Acho que na verdade eu sempre soube disso. — Minha válvula de escape sempre foi o Jeff, sua voz, sua presença... O seu nome. Eu não sei, mas quando se trata de Jeff Johnson é como se nada mais importasse, é como se só de saber que ele estará lá por mim eu consigo fazer as coisas. — Porém minha mãe está certa, e quando ele não estiver?

 

— O que eu significo de verdade para você? — pergunto de repente.

 

   Jeff me observa pensativo. — Creio que ele já percebeu que nossa conversa não seguirá para um rumo agradável.

 

— Eu te amo. — ele diz.

 

   Não se trata só de amor, pelo menos não agora.

 

— O que eu estou prestes a fazer vai contra tudo que meu coração está me dizendo para fazer. — digo.

— Então não faça. — ele pede. — Por favor...

— Eu venho me apoiado em você desde o ano passado, fazendo de você meu apoio para poder seguir em frente sem medo de nada. — digo. — Jeff eu não quero mais depender de ninguém para andar, quero poder sair sem medo, olhar e conversar com as pessoas sem medo de ser menosprezado.

— Eu jamais deixaria que...

— É exatamente isso que estou falando. — coloco em ponto. — Pode soar de forma egoísta, pode soar como se eu não me importasse, não me entenda mal, mas eu preciso... Eu preciso caminhar com minhas próprias pernas.

 

   Que bobagem é essa que estou tentando dizer? Eu não consigo simplesmente pedir um tempo para colocar minha vida em ordem?

   Jeff de repente sorri.

 

— Nunca pensei que fosse doer tanto assim. — lagrimas caem ao mesmo tempo em que sorri. — A dor consegue ser mais forte do que as outras vezes.

 

   Sinto uma vontade enorme de abraça-lo e pedir...

 

— Desculpa. — peço.

— Não. — ele diz me deixando surpreso.

 

   Jeff enxuga as lagrimas e fica em pé em minha frente. — Não torne as coisas ainda piores.

 

— Eu compreendo perfeitamente tudo o que você está passando. — ele diz. — E entendo que se distanciar de mim fará você crescer, e eu quero que você cresça, pois eu quero que você entenda que não sou só eu que te protejo.

 

   Ele então coloca a mão no meu peito.

 

— Mesmo sem saber, você me protege também.

 

   Lagrimas caem dos meus olhos. — Eu não quero acabar com ele, mas eu preciso... Eu preciso ser forte pelo meu bem.

 

— Então faremos o seguinte. — ele propõe. — Vamos ser amigos, assim como você é amigo do Robert e dos outros... E um dia nós vamos nos reencontrar, não como amigos, não como estudantes... Mas como homens que sabem aquilo que realmente querem.

— Eu amo tanto você que meu peito dói. — digo em lagrimas.

— Eu amo tanto você que para o seu próprio bem estou te deixando ir sem pestanejar.

— Anda lendo o meu dicionário. — digo sorrindo.

— Não chora. — ele diz enxugando minhas lagrimas. — Estamos tomando essa decisão em conjunto dessa vez não é? Vai saber o que vai acontecer no futuro.

— Eu sei que nunca vou deixar de te amar. — digo em sussurros. — Mesmo que eu vá embora, mesmo que me mandem para outro internato, ou que paremos de nos ver... Eu só sinto de verdade o que é o amor quando eu estou junto de você.

 

   Jeff então me beija. Bem aqui na sala, onde qualquer um poderia nos ver. — Sinto como se fosse o beijo da despedida, sinto como se nunca fosse tocar seus lábios novamente.

 

— Adeus. — digo em sussurros, enquanto o afasto de mim.

— Até logo. — ele me corrige.

 

   Vê-lo sair por essa porta faz meu mundo desabar. — Apenas aguente firme. — Sento-me do lado do armário de vidro onde ficam guardados os apetrechos para a aula, e começo a chorar. — É o melhor... Tenho certeza que iremos nos reencontrar dessa forma que ele disse... Mas mesmo assim, mesmo assim dói.

 

— Alguém, por favor, faz essa dor sumir de mim.

 

   Sei que ainda nos veremos, ainda mais agora ele sendo meu vizinho... Mas não será a mesma coisa, a partir de agora temos que aprender a nos tratar como amigos, independente de nossos sentimentos... Antes de correr de volta para ele, eu preciso andar sozinho, preciso enfrentar o mundo sozinho, preciso ser quem eu realmente sou. — Mas quem eu sou? Max o herdeiro dos Millers, aquele vive uma vida de mentiras...

 

— Até logo... — digo em sussurros, enxugando as lágrimas e levantando. — Nós definitivamente voltaremos a ficar juntos.

 

 

------------------------------------------------ // ------------------------------------------------

 

POV Narrador

 

   Os raios do sol iluminam seus extravagantes cabelos vermelhos. — Suzy Evans está parada na entrada de seu restaurante, recebendo com um sorriso no rosto Michelle Miller que acaba de descer do carro.

 

— Desculpa chama-la assim de repente. — Suzy a recebe.

— Eu agradeço. — Michelle diz. — Não aguentava mais aquele clima pesado em casa.

 

   As duas entram e sentam-se a mesa perto do piano.

 

— Os rapazes tem estado ocupados com essa nova bomba da Jéssica. — Suzy diz um pouco apreensiva.

— Era de se esperar, não é? — Michelle pergunta. — Paul foi ingênuo em acreditar na Jéssica.

— Ele não teve escolha, e você sabe bem disso.

— Você acha que agora acabou? O Yan foi preso, Jéssica sumiu de novo, e Spencer está morto.

 

   Suzy pega de sua bolsa um envelope e entrega a Michelle, que faz uma expressão de confusão quando o abre e vê o conteúdo do envelope. — Uma foto. Nela está Spencer Green, Jéssica Johnson, Patrick Miller e outra mulher.

 

— É o Patrick. — Michelle diz confusa. — Por que você tem uma foto do Patrick junto com Spencer e Jéssica?

— Essa é a sua surpresa? — Suzy pergunta. — Seu sobrinho sabia desde o inicio que o Spencer estava vivo. — ela diz agora em sussurros. — Michelle... Quem é esse garoto?

 

   Michelle mostra-se nervosa ao ver a imagem de Patrick junto a Jéssica e Spencer.

 

— Eu não posso simplesmente perguntar isso a ele, posso?

— Ele está morando na sua casa. — Suzy diz. — Ele anda com bandidos e faz coisas estranhas, e agora está namorando a minha filha.

— Eu entendo sua preocupação, mas com Spencer morto, Yan preso e Jéssica longe, a ameaça da G.T acabou. — Michelle diz guardando a foto de volta no envelope.

 

   A mulher dos cabelos expressivos parece se irritar quando Michelle se levanta.

 

— Você sabe tão bem quanto eu que Spencer não era a G.T — Suzy finalmente revela.

— Não sei do que está falando. — Michelle tenta desconversar.

 

   Suzy vai até Michelle a segura pelos braços.

 

— Nós fizemos um pacto aquela noite, lembra? — Michelle então derrama lagrimas. — Não volte com isso...

— E você vai simplesmente permitir que nossos filhos continuem correndo perigo?

 

   Suzy solta Michelle que volta a se sentar a mesa. — As duas ficam se encarando apreensivas.

 

— Eu sou a única pessoa que sabe o que realmente aconteceu naquela noite, à noite em que fomos todos sequestrados por Spencer, à noite em que Spencer e Lily Green sofreram aquele atentado... E você Michelle, é a única pessoa para quem eu contei isso.

— Eu não consigo entender o que a Jéssica está ganhando com isso... Se passando pela G.T. — Michelle diz confusa. — Está bem Suzy, você venceu, eu vou dar um jeito de descobrir o que o Patrick realmente sabe.

— E com isso nós finalmente vamos descobrir quem é a verdadeira G.T, não Spencer, e não Jéssica, mas sim aquela que vem nos atormentando desde o dia em que o Maximilian nasceu.

 

 

------------------------------------------------ // ------------------------------------------------

 

POV Maximilian

 

   As horas finalmente passaram nossas atividades de aula finalmente terminaram por hoje. — Por algum motivo sinto-me mais cansado que o normal. — Pedi ao meu motorista que me trouxesse a um lugar, um lugar que a muito eu não vinha. — O penhasco, onde ano passado, revelei a Sarah que sou gay.

 

— Maximilian. — meu motorista me chama. — O que o senhor pretende aqui?

— Não sei. — respondo. — Respostas, eu acho.

 

   Um táxi se aproxima, e Sarah desce. — Ela está usando o uniforme das lideres de torcida, sua mochila amarela ainda está em suas costas, seus cabelos cor de mel estão amarrados em um rabo de cavalo com uma franja lateral. — Sarah abre um sorriso assim que me vê, e corre até mim. — Seu táxi vai embora.

 

— Recebi sua mensagem. — ela então abre um sorriso.

 

   Meu motorista volta para o carro, nos deixando sozinhos agora a beira do penhasco. — O sol está se pondo, o céu está alaranjado, e as luzes de Lima começam a se acender lá em baixo.

 

— Lembra desse lugar? — pergunto.

 

   Sarah faz que sim com a cabeça e se aproxima de mim.

 

— O que aconteceu? — ela pergunta confusa.

— A primeira vez que eu te trouxe aqui, eu te pedi ajuda para eu descobrir quem eu realmente era você até aceitou fingir ser minha namorada.

— Eu não fingi ser sua namorada. — ela resmunga. — Nós fomos namorados. — ela abre um sorriso bobo.

 

   Eu fui capaz de amá-la, da mesma forma que fui capaz de amar o Jeff, porém apenas não sentia com ela a chama que eu sentia com ele.

 

— Agora estou aqui de novo para pedir sua ajuda novamente. — digo sem jeito.

 

   A abraço e começo a chorar de repente.

 

— Max... — ela diz surpresa. — O que está acontecendo?

 

   Contei tudo a ela, sobre minha conversa com o Jeff mais cedo na escola. Expliquei meus motivos, e ela claro que concordou comigo. — Ao cair da noite, meu motorista nos trouxe a essa lanchonete no centro da cidade, onde Sarah eu continuamos a conversar... Dessa vez nosso papo foi além do Jeff, ou do Jasper... Finalmente eu criei coragem para conversar sobre o que aconteceu conosco. — Sarah foi tortura tanto quanto eu, talvez até mais... Eu não consigo imaginar os horrores que ela deve ter passado, pois quando a encontrei ela estava vestida em trapos e toda machucada.

 

— Às vezes é difícil sair de casa. — ela diz em tom baixo. — Toda vez que eu escuto um sussurro eu acho que alguém virá me atacar.

— Desculpa por fazer você lembrar essas coisas.

— Não é isso... Na verdade eu até me sinto bem podendo falar isso com você. — ela conta. — A Lucy tenta me ouvir, mas é diferente, eu não tenho com nenhum dos outros o que eu tinha com você. — ela agora abaixa a cabeça. — Eu sinto falta do meu amigo.

— Eu estou aqui. — digo.

— Admita que até você notou que está diferente. — ela abre um sorriso. — Não leve isso a mal, isso é bom... É só que tudo aconteceu tão rápido, você amadureceu tão rápido.

— O que quer dizer com isso?

— Ano passado eu era alguém que você precisava, e esse ano eu me tornei alguém descartável para todo mundo. — ela diz me deixando confuso. — Max, eu sinto falta da relação que tínhamos antes.

— E o Jasper?

— Não falo de relação amorosa. — ela continua. — Falo da nossa amizade, cumplicidade... Nossa eu nem sei mais o que acontece com você, tudo o que eu sei é que você foi para o internato, voltou, e fomos sequestrados, acabou.

 

   Por que tudo isso de repente?

 

— Eu prometo que daqui pra frente às coisas vão voltar a ser como antes. — prometo.

— Como antes? — ela pergunta. — Com a Lucy te odiando e você amando o zagueiro do time secretamente?

— Sem esses dois pontos. — sorrio. — Sério... Eu quero resgatar tudo o que eu perdi, quero poder sorrir de novo e parar de me preocupar com tudo.

— Olha a gente. — ela cai em gargalhada. — Parecemos dois adultos conversando...

 

   Sorrio junto com ela. — Eu sentia falta disso, sentia falta da sua companhia... Eu não quero mais ficar longe dos meus amigos, eu quero poder caminhar lado a lado com eles e poder disfrutar de cada coisa curiosa que esse mundo tem a oferecer... Eu quero voltar a me tornar aquele Max curioso, aquele Max perseverante.

 

— E o Robert?

 

   Sinto um arrepio de repente. — Durante essas semanas eu quase não pensei nisso, mas uma hora eu teria de encarar... Aquela noite não me trouxe só trauma, aquela noite me revelou duas coisas: Uma, eu não sou o filho biológico de Michelle, e a segunda é que eu sou filho de Lily Green, o que me torna irmão do Robert... Irmão, eu tenho um irmão. — Abro um sorriso de repente.

 

— Vamos? — pergunto desconversando. — Está ficando tarde.

— Claro. — ela diz.

 

   Deixamos Sarah em casa, e enfim seguimos para casa.

 

   Chego por volta das 20h00min, e assim que entro em casa sou surpreendido pelo olhar repreensivo do meu pai.

 

— Onde esteve até essa hora? — ele pergunta.

— Desculpe. — peço. — Eu precisava respirar um pouco.

 

   Realmente acreditei que ele iria fazer um escândalo, mas tudo o que fez foi abrir um forçado sorriso para mim e voltar para o seu escritório. — O que exatamente foi isso? — Vou para o meu quarto e encontro Patrick sentado na minha cama.

 

— O que acha que está fazendo? — pergunto. — Sai do meu quarto.

 

   Patrick, meu primo, minha família... E teve a coragem de me enganar, teve coragem de me entregar a Spencer, o homem que me queria morto. — Dessa vez é impossível, eu não conseguirei perdoá-lo.

 

— Parece que nosso Maximilian voltou realmente. — ele diz levantando da cama. — Sua arrogância também está de volta.

— Patrick, saia do meu quarto. — peço novamente.

— Sabe... Eu realmente me preocupei com...

 

   Sinto meu corpo aquecer de repente, fecho meu punho direito, e em um ato de pura raiva soco o seu rosto, o fazendo cair em minha cama.

 

— Max? — ele me olha surpreso.

 

   Eu, eu realmente bati em alguém? — Por que me sinto arrependido de ter feito isso?

 

— Eu odeio você com todas as forças e sentido dessa palavra. — digo em lagrimas. — Eu tenho vergonha em dizer que você faz parte da minha família.

— Você tem vergonha? Justamente o...

— Cala a boca! — grito. — Sai do meu quarto, ou eu juro que vou pessoalmente a delegacia entregar você.

 

   Patrick me olha surpreso. — Nesse exato momento meu pai aparece no meu quarto.

 

— Você não teria coragem de fazer isso comigo. — ele diz levantando.

— Apenas... Apenas sai.

 

   Patrick passa por mim e pelo meu pai. — Eu me sinto tão perdido, eu me sinto tão vazio por dentro.

 

— Maximilian, eu sinto muito. — meu pai diz de uma forma que me faz chorar ainda mais.

 

   Eu sou tão patético, eu sou fraco... Eu não quero ser mais fraco, eu não quero sofrer, não quero continuar a chorar. — Meu pai então senta em minha cama.

 

— Me perdoe por tudo isso. — ele diz.

 

   Caio de joelhos em sua frente e repouso minha cabeça sobre suas penas. — Por favor... Alguém me diz como é ser um homem. Como é ser forte, como é viver sem medo. — As mãos do meu pai de repente tocam minha cabeça.

 

— Vai ficar tudo bem. — ele promete. — Eu tenho certeza que vai.

 

   Quando foi que ele se tornou carinhoso dessa forma. — Caio em lagrimas novamente. — Acho que essa é a primeira vez em dezessete anos que choro nos braços do meu pai, e de alguma forma, toda essa dor que eu estou sentindo, está sendo aos poucos preenchida com um acolhimento e um sentimento que a muito tinha esquecido que existia por ele... Amor.

 

— Vai ficar tudo bem Max. — ele diz agora em sussurros.

 

   Max? Eu acho que ele nunca me chamou assim antes. — Levanto-me do chão e de relance percebo que minha mãe está nos observando da porta do meu quarto.

 

— Aconteceu alguma coisa? — minha mãe entra no quarto, preocupada.

— Não foi nada. — meu pai responde. — Coisas de homem.

 

   Coisas de homem? — Sinto vontade de rir, mas se eu começar a rir agora sei que irá arruinar todo esse momento pai e filho. — Coisas de homem... O que ele diria se eu contasse que estou assim porque terminei com o Jeff? Como ele reagiria? — Para falar a verdade não estou assim só pelo Jeff, mas sim por uma explosão de emoções dentro de mim que não consigo controlar, que não consigo entender de onde vem, eu sinto amor, eu sinto ódio, sinto fúria, angustia, medo, solidão... Eu quero parar de me sentir refém dos meus próprios sentimentos.

 

— Como foi a volta à escola? — minha mãe pergunta ansiosa.

 

   Tento não me lembrar do Jeff.

 

— Normal. — respondo. — As coisas estão voltando a ser como antes. — afirmo. — Já não tenho medo de sair do meu quarto.

 

   Meu pai se levanta da minha cama e abre um sorriso. — É muito esquisito vê-lo sorrir, já que sempre está com a cara fechada.

 

— Viu Michelle? — meu pai diz a minha mãe. — Eu disse que não tinha com o que se preocupar, nosso garoto está bem.

 

   Ele simplesmente beija a testa da minha mãe e sai do meu quarto. — Estou um pouco confuso sobre seu comportamento. — Sento-me na cama e minha mãe se senta ao meu lado.

 

— Tem alguma coisa errada com ele? — pergunto confuso. — Ele está tão... Tolerável.

 

   Desculpe, mas não encontrei uma palavra melhor para defini-lo nesse momento.

 

— Muita coisa tem acontecido ultimamente. — ela diz. — Talvez o seu pai tenha parado para finalmente ver o maravilhoso filho que ele tem.

 

   Forço um sorriso.

 

— Se eu não soubesse que já não sou mais aceito no colégio interno juraria que toda essa encenação era só para me mandar de volta.

— Não diga essas coisas do seu pai. — ela pede. — Ele está tentando de verdade se aproximar de você, e além de tudo isso que vem acontecendo tem aquele seu proble... — ela interrompe a frase.

— Aquele meu o que? — pergunto. — Problema? — concluo. — O que em mim é um problema para vocês? Minha asma, o fato de eu ser autista...

— Não é nada disso querido. — ela acaricia meu rosto.

— Então, problema ao qual se refere é o meu interesse pelo mesmo sexo? O fato de eu ser gay?

 

   Minha mãe engole em seco, se levanta e prende seus cabelos em um rabo de cavalo.

 

— É isso? — pergunto em um sorriso irônico. — Achei que você já tinha...

— Não sou eu Maximilian!

 — Maximilian. — repito em sussurros.

— Eu já te disse antes e repito você é o meu menino independente de qualquer coisa, se você gosta de meninos ou de meninas... Você continua sendo meu filho, e eu o amo pelo que é não pelo que seu pai e eu desejamos que seja.

— E o que desejam que eu seja? — pergunto. — Vocês não tem ideia não é? De como é difícil ser filho de Paul Miller nessa cidade onde todos o odeiam e de brinde odeiam a mim. Eu venho tentado a vida inteira agir de acordo com o que ele queria, mas o que ele quer, não é o que eu quero.

— Então vai ficar sentado e ver tudo o que construímos desmoronar? — ela pergunta tão friamente que sinto um arrepio. — Será egoísta e orgulhoso o bastante para deixar tudo o que seu pai construiu ser destruído?

— Do que está falando? — pergunto confuso.

 

   Por que nossa conversa tomou esse rumo? — É culpa minha?                     

 

— Estamos em crise Max, nossa empresa está desmoronando, não só aqui, mas nossas filiais também estão sendo afetadas.

— Isso tem a ver com o Spencer? — pergunto.

— Isso tem a ver com a Jéssica. — ela conta. — Jessica fugiu e levou com ela uma quantia absurda em dinheiro.

— Nós podemos resolver isso, não é?

— Nós? — ela pergunta. — Leonard e Paul estão trabalhando dia e noite para tentar concertar os estragos que Yan e Jéssica fizeram. Seu pai está doente... E seu avô só está esperando para tomar tudo o que é seu Maximilian, você é o herdeiro do seu pai, você é a esperança da empresa.

— E o que eu posso fazer? — pergunto confuso. — Eu sou só um adolescente que mal sabe o que quer da vida.

— Você é Maximilian Miller, herdeiro das Corporações Miller, cabe a você a decisão de salvar a empresa, ou de deixar ela ruir.

 

   Minha mãe sai do meu quarto. — Deito-me em minha cama pensativo.

 

— Era só o que me faltava. — digo a mim mesmo. — Eu não aguento mais toda essa pressão.

 

   Eu odeio admitir, mas todos estão certos, a Lucy, o Jeff, a Sarah, meus pais... Até mesmo o Zac. — Eu preciso parar de fugir dos meus problemas, parar de fingir que as coisas não me afetam. — Eu sou Maximilian Miller, o herdeiro dos Millers, eu não posso deixar que tudo o que minha família construiu seja destruído, eu só preciso descobrir um jeito de ajuda-los.

 

— Mas como? — pergunto a mim mesmo.

 

   Estou exausto, cansado de pensar demais. — Eu só quero um dia poder chegar em casa e ter uma conversa amigável com toda minha família, sem discussão, sem mentiras. — Eu não me importo se meus pais tem vergonha da minha sexualidade, mas isso não quer dizer que eu tenha que deixa-los, e ainda mais deixar que percamos tudo. — Eu não nasci para ser pobre. — Eu não estou querendo amadurecer? Talvez essa seja a oportunidade de provar a todos que eu consigo, se eu conseguir ajudar na empresa de alguma maneira, isso significará que de certa forma eu cresci, não é? E isso significará que estarei mais próximo de ter o Jeff de volta. — Estou sendo egoísta? — Não importa... Antes de qualquer coisa, eu sou um Miller, e como um Miller, devo fazer o que preciso for para proteger minha família.

 

---//---

 

   Acordo bem cedo na manhã de quarta-feira, vinte sete de maio. — Levanto, tomo meu banho, visto meu uniforme e fico parado em frente ao espelho do meu quarto. Passo a mão em meus cabelos e sinto um nó na garganta. — Eu sempre fui extremamente vaidoso, nunca gostei que tocassem em meus cabelos, talvez cortar meus cabelos foi algo até mais doloroso do que a surra que ele me deu durante o sequestro.

 

— Maximilian? — ouço minha avó me chamar à porta.

 

   A porta então se abre e ela entra. — Sinceramente eu não tive muito tempo para conviver com meus avós desde que eles vieram passar um tempo conosco, já que meu avô passa a maior parte do tempo no trabalho do meu pai o criticando, e minha avó parece mais uma turista que nunca para em casa. — Ela esta com os cabelos pretos soltos, esta usando um terninho rosa formal. — Minha avó tem cinquenta e sete anos, porém qualquer um que a olhe afirma ter menos, ela cuida muito bem da aparência e diferente do meu avô ela tem uma aura leve e animada.

 

— Bom dia. — digo quase que me curvando.

 

   Eu ainda não consigo agir de forma natural com eles. — Eu nunca havia os conhecido até uns meses atrás.

 

— Respira menino. — ela brinca indo até minha cama.

 

   Ela se senta, e só então noto que está segurando consigo uma pequena caixinha.

 

— Vem. — ela me chama. — Senta aqui perto de mim.

— Eu estou um pouco atrasado e...

— Por favor. — ela pede tão gentilmente que é impossível não atender.

 

   Sento-me em seu lado e ela então abre a pequena caixinha. — Similar a aquela de alianças. — Dentro da caixinha há duas correntes de ouro com um pingente, o pingente é uma pequena safira com um “M” cravejado nela.

 

— O que é isso? — pergunto realmente fascinado com a pedra.

— Durante anos. — ela diz colocando o colar em meu pescoço. — Pedras preciosas passam por nossa família, de geração em geração. — ela conta. — O ouro simboliza a sua pureza. — ela diz me observando. — A safira foi escolhida para te representar, pois se assemelham aos azuis de seus olhos.

— E o “M” é de Miller. — arrisco.

 

   O que é isso uma coleira?

 

— É o símbolo da nossa família, eu apenas gostaria que aceitasse esse presente.

— Eu fico grato. — agradeço tirando o colar. — Mas isso é algo que eu não posso usar por ai, então é melhor que fique aqui seguro, pois é algo importante.

 

   Minha avó abre um sorriso tão caloroso que me deixa envergonhado.

 

— Esse outro é para o Patrick. — suponho.

— Não. — ela diz levantando. — Patrick recebeu sua pedra há algum tempo já, a pérola negra.

 

   Só então noto que dentro da caixinha há outros dois cordões de ouro, porém a pedra não é uma safira, mas sim uma esmeralda e cravejada em ambas a letra “G”.

 

— Nossa família vem crescendo não é? — ela pergunta.

— Por favor, não. —peço. — Eu não quero falar sobre isso agora.

— Seu pai, o meu filho, mentiu para você toda a sua vida, fazendo você acreditar ser filho da Michelle, fazendo acreditar que você estava sozinho no mundo.

— Eu sou filho da Michelle. — afirmo.

— Claro que sim. — ela concorda. — Mas não podemos negar que você também é filho de Lily Green, e com isso é irmão de Robert e Melissa Green.

— Você fala como se os conhecesse. — digo.

— E os conheço. — ela afirma. — Acha que por acaso eu não ficaria curiosa em conhecer meus netos postiços.

 

   Sinto-me completamente desconfortável falando sobre isso. — Eu sei que uma hora terei de encarar o Robert e a Melissa, mas acho que ainda não estou pronto para vê-los dessa forma, não estou pronto para olhá-los e chama-los de irmãos.

 

— Quero que entregue isso a eles. — ela pede.

— Por quê? — pergunto confuso. — Por que você daria isso a eles?

 

   Ela então me entrega uma carta, assinada em nome de Lily Green, endereçada a Robert, Melissa... E eu.

 

— Eu conhecia os Green. — ela conta. — Lily estava desesperada quando descobriu estar gravida de você, e ela me procurou em Los Angeles pedindo ajuda... Ela sabia que alguma coisa iria acontecer, quando você nasceu o Paul o tirou dos braços dela foi o fim, ela sucumbiu à tristeza, mas antes do acidente que a matou, ela voltou a me procurar e me entregou essas pedras, ela disse que talvez seria uma forma de ligar nossas famílias, fazendo com que Melissa e Robert tenham algum mesmo símbolo que represente você, fazendo assim uma conexão entre vocês...

— Chega! — peço friamente. — Eu não quero ouvir mais isso, eu não sou o filho de Lily Green, minha mãe se chama Michelle.

 

   Viro-me de volta para o espelho. — A vejo guardar a caixinha e a carta dentro da minha mochila. — Não me entendam mal, eu não estou com dificuldades em aceitar essa realidade, eu já entendi e já aceitei que meu pai não presta, e que eu de fato sou filho de Lily Green e tenho dois irmãos, que coincidentemente um deles é o meu melhor amigo.

 

— A cria loira da Suzy está te esperando lá em baixo.

 

   Cria loira?

 

— Cria loira? — pergunto confuso.

— Aquela lá que vai ter o filho com o Patrick.

— Lucy? — pergunto confuso. — Cria loira. — repito em sussurros.

 

   Minha avó não costuma tratar mal as pessoas, porém ela não consegue entender o jeito de Lucy, que por muitas vezes ela chega a comparar com o temperamento e jeito da minha Tia Elizabeth, a irmã gêmea do meu pai que ainda não conheço. — Pego minha mochila e descemos juntos. Encontro-me com Lucy na sala de estar, onde ela está sentada no sofá junto ao Patrick. — O que eles dois estão fazendo juntos? — Eu sei que ela vai ter um filho dele, mas mesmo assim... É o Patrick, devemos manter distancia dele.

 

— Bom dia. — digo os interrompendo. — Lucy, devemos ir, não podemos chegar atrasados hoje.

— Bom dia. — ela se levanta.

 

   Então a vejo pela primeira vez usando uma roupa que permite ver sua barriga de dois meses de gravidez. — Ela está usando o uniforme da escola, porém sem o blazer, a camisa social branca está justa, justa a ponto de fazer sua barriga ganhar forma sob ela.

 

— Não me olhe assim. — ela diz. — Todo mundo sabe que tem uma coisa crescendo dentro de mim mesmo.

— Não fale assim. — reclamo. — É seu filho.

 

   Ela revira os olhos e pega a mochila em cima do sofá, lança um sorriso para Patrick, e me puxa pelo braço para que a gente saia de casa. — E aquele sorriso?

 

— Bom dia Sr. Miller. — meu motorista me cumprimenta. — Srta. Evans.

 

   Só esclarecendo uma coisa, eu ainda tenho meu carro, mas depois de tudo pelo que passei eu não me sinto seguro saindo de casa sozinho, então nem que seja com a companhia do motorista, eu preciso ter a certeza de que não estou sozinho. — Entramos no carro, que prontamente acelera.

 

— Está acontecendo alguma coisa entre você e o Patrick? — pergunto curioso.

— Como assim? — ela pergunta agitada.

— Sei lá, você estava lá sentada com uma cara de boba sorrindo para ele. — digo pegando meu celular do bolso.

— Ele é o pai dessa coisinha aqui lembra? — ela pergunta colocando a mão na barriga.

 

   Sério, o modo como a Lucy se refere à criança crescendo dentro dela está começando a me dar nos nervos.

 

— Você ainda se lembra de tudo o que ele fez não é? — pergunto. — Ele estava nos enganando esse tempo todo, outra vez, fingindo ser uma vitima, quando na verdade era ele que estava nos atacando.

— Não é bem assim. — ela diz em sussurros e se vira para a janela. — Talvez ele mude. — ela diz. — Eu mudei, não foi?

— Sério que está tentando se comparar a ele? — pergunto. — O que você fez e o que ele fez estão em...

— Ai chega! — ela pede. — Para de falar disso.

 

   Desde tudo o que aconteceu ano passado. — Ela se voltar contra mim por eu ser gay, namorar o Jeff só para me atingir. — Se tornou fácil para eu ler suas emoções, mas fácil do que já era. — Eu sei que agora ela está mentindo para mim. — Eu só não quero acreditar.

 

---//---

 

   Chegamos à escola, e assim que descemos do estacionamento, vejo outro carro estacionar do nosso lado. — Se não me engano é o carro que pertence ao Matthew K.P Jones. — O motorista desce do carro para abrir a porta.

 

— Pare de babaquice, eu tenho mãos posso abrir a porta sozinho. — sua voz grave me causa arrepios.

 

   A porta do carro então se abre, e Jeff sai. — Ele está usando o uniforme da escola! Acho que é a primeira vez que o vejo assim.

 

— Senhor...

— Para! Que chatice, já falei que meu nome é Jeff, para de me chamar de senhor. — ele grita irritado com o motorista. — Eu juro que se você aparecer aqui quando a aula terminar, eu faço com o que o Matthew o despida.

— Despeça. — corrijo me aproximando.

 

   Jeff nos encara envergonhado, anda apressado para dentro da escola, e nós o seguimos.

 

— Por que está vestido assim? — Lucy pergunta curiosa.

— Matthew acha que devo mostrar respeito com a escola e com a sociedade, não devo andar como um qualquer, como ele diz. — Jeff responde em tom irônico. — Isso é ridículo, eu não vou aguentar aquele cara mandando em mim como se fosse o meu pai.

— Agora é tarde. — Lucy diz sorrindo. — Mas quem te vê assim ate pensa que é um garoto exemplar.

 

   Jeff para de andar e se vira para encarar Lucy.

 

— Sério que vocês vão começar a brigar por causa disso? — pergunto. — Jeff deixa de ser bobo, é melhor usar o uniforme e ter alguém que se preocupe com você, do que passar alguns meses no abrigo e depois ficar largado no mundo.

— Merda. — ele pragueja.

 

   Fomos os três juntos para o auditório, onde o diretor discursou sobre o fim de mais um semestre, parabenizou todos aqueles que se esforçaram, e deu um puxão de orelha naqueles que ainda não se garantiram. Por fim ele falou sobre o baile, que ocorrerá no dia vinte e nove, na sexta-feira, falou sobre a proibição de bebida alcoólica. — O que causou risos em Jeff. — E para encerrar, ele anunciou que essa é a última formatura que ele irá realizar na escola, já que esta se aposentando.

 

   Um grande alvoroço toma conta do auditório quando o diretor nos libera. — Jeff, Lucy e eu saímos juntos, porém Jeff simplesmente nos deixou para seguir junto de seus amigos do time.

 

— Quanto ao baile. — digo sem jeito.

— Você virá? — ela pergunta parecendo surpresa.

— Eu quero. — respondo. — Parece uma boa depois de tudo.

 

   Lucy me lança um sorriso. — Vir ao baile sem companhia é algo deprimente, então como forma de arranjar um par e descobrir se ela esta saindo com o Patrick...

 

— Quer vir comigo? — pergunto. — Quer ser minha acompanhante?

 

   Ela me olha pensativa, mas abre um brilhante sorriso.

 

— Eu ficaria honrada. — ela diz animada — E ficaria ofendida se não me convidasse.

 

   Então eu estava errado quanto a achar que ela e o Patrick... Ah! Quem se importa. A Lucy é a garota mais inteligente que conheço, ela nunca faria algo tão estupido.

   Lucy e eu seguimos para nossas últimas aulas. — Depois de muito tempo tive meu momento favorito na escola, a aula de educação esportiva, natação.

 

— Seja bem vindo de volta, campeão. — a treinadora Holy me recebe animada.

— Obrigado. — digo envergonhado.

 

   Os demais alunos já estão prontos, e alguns já até estão nas piscinas. — Dentre eles, Jeff... — Engraçado como parece estar sendo mais fácil reagir a isso agora.

 

— Anda, vá se trocar. — ela me apressa.

 

   Entro no vestiário no exato momento em que vários rapazes estão saindo, um deles me empurra, me deixando caído no chão.

 

— O que vai ser de você quando eu for embora?

 

   Viro-me curioso, e vejo Liam com a mão estendida para mim. — Ele me ajuda a levantar, e entramos juntos no vestiário. — Trocamos de roupas sem trocar uma palavra. — Vejo-o sentado no banco vestindo o roupão, com a toca e o óculo de mergulho em mãos. — Liam também estava lá, quando Sarah e eu fomos torturados, e ele também foi atacado, tudo por minha culpa, tudo por eu tê-lo envolvido nisso.

 

— Desculpa. — peço. — Desculpa por ter colocado você nisso.

 

   Liam abre um sorriso tão puro que me dá vontade de sorrir junto com ele.

 

— Você é incrível Maximilian, de verdade. — ele diz ainda sorrindo. — Depois de tudo pelo que passou naquele lugar ainda consegue se preocupar com as pessoas.

— E como não? — pergunto. — Por minha causa...

— Não foi sua culpa eu ter sido levado também, não foi sua culpa o que aconteceu com a Sarah, ou com o pai do Robert, ou com qualquer um lá... Você foi e é uma vitima como qualquer outro.

 

   Forço um sorriso. — Eu tento juro que tento acreditar nessas palavras, mas não consigo parar de pensar que se eu nunca tivesse voltado para Ohio nada disso teria acontecido.

 

— Já está tudo pronto? — pergunto. — Para ir embora?

— Sim. — ele responde. — Vou embora depois da formatura.

 

   Liam e eu nunca tivemos muitos momentos juntos, e nem posso dizer que ele se tornou um de meus melhores amigos, mas ele é meu amigo, e compartilhei com ele não só momentos de tristeza e sofrimento, mas também da alegria... Ano passado quando o conheci e graças a ele entrei para o clube de natação, foi um dos melhores momentos que tive aqui, e ir para aquelas competições junto com ele e o time foi uma experiência incrível que eu jamais esquecerei. — Então obrigado Liam, por ter me permitido entrar na sua vida, obrigado.

 

— Então... — ele parece criar coragem para falar algo. — E o Robert?

 

   Por que todos agora resolveram que eu tenho que ver e falar com o Robert?

 

— Quando foi a última vez que se viram? — Liam insiste.

— Não sei. — digo confuso. — Acho que foi quando ele foi até nosso condomínio revelar ao Patrick que a Lucy está gravida.

 

   Liam me olha confuso.

 

— Você não se lembra? — ele pergunta.

— Lembrar o que?

— Max, o Robert também estava lá quando Spencer revelou que vocês dois são irmãos.

 

   Estava? — Como eu pude me esquecer disso? — Então esse tempo todo tenho agido como se eu fosse o único, a saber, quando na verdade ele também já sabe. — Sento-me no banco.

 

— Eu não sei o que fazer. — confesso. — Eu nunca pensei em ter um alguém para chamar de irmão.

— O que tem de ruim em uma conversa? — Liam pergunta. — Acho que vocês três merecem isso.

 

   Liam então se levanta e caminha em direção à saída do vestiário.

 

— Hoje é o aniversario do Robert. — ele conta. — Vai ter uma festa na casa dele, e Melissa também vai estar lá, não acha que seria uma ótima oportunidade para resolverem isso de uma vez por todas?

 

   Ele então sai do vestiário, me deixando aqui sozinho. — Eu não posso, não posso simplesmente ir até a casa dele e dizer: “Oi, eu sou irmão de vocês”. — Por que tudo tem que ser tão complicado?

 

— Miller! — a treinadora Holy grita da entrada do vestiário. — Não me obriga a entrar ai.

 

   Abro um sorriso e saio do vestiário.

 

— Sua vez Miller. — Holy diz assim que saio do vestiário.

 

   Vou em direção à piscina maior, onde posicionado no trampolim um está Jacob, no trampolim dois, Liam, posiciono-me no trampolim três, enquanto Jeff fica no quatro.

 

— Acho que é a última vez que nós quatro vamos nadar juntos. — Liam diz colocando o óculo.

— Vamos aproveitar então. — Jacob diz arrumando a toca.

 

   Essa sensação é tão nostálgica. — Vejo Jeff posicionando-se no trampolim.

 

— Prontos? — Holy pergunta.

 

   Ao som do apito, pulamos os quatro ao mesmo tempo na piscina. — Ah... A água! Como eu senti falta disso. — Nadar é uma das poucas coisas que quando eu faço esqueço completamente as coisas lá fora, a empresa, meus pais, Jeff... Tudo! — Jeff, Liam e eu chegamos ao outro lado da piscina ao mesmo tempo, tomo um impulso que me faz tomar vantagem deles na volta. Liam e eu chegamos há mesmo tempo no inicio, e juntos demos um impulso para a última volta. — Nadar para mim, a água para mim... Eu já disse varias vezes, mas é como se quando eu entrasse na água, eu me tornasse parte dela. — Na ida de volta para o outro lado, Jeff consegue nos alcançar e nos ultrapassa, sendo o primeiro a tomar o impulso de volta. — Nado com mais ferocidade, dou uma cambalhota embaixo d’água e com os pés chuto a parede da piscina, me impulsionando com força para frente. — O Jeff sempre foi o melhor nadador da escola, mas por algum motivo desistiu de nadar, nunca entendi bem o motivo, mas sei que tem algo a ver com o seu passado com o Liam. — Aproximo-me dele, nadamos em total sincronia, e ao mesmo tempo tocamos a borda da piscina.

 

— Acabou! — Holy grita.

 

   Olho para Jeff, ele tira o óculo e a toca de mergulho mergulha lavando os cabelos e sai da piscina. — Sinto um desconforto. — Sua sombra de repente paira sobre mim, ele estende sua mão e me ajuda a sair da piscina.

 

— Até que pra quem está, enferrujado eu fiz bonito. — ele se engrandece.

— Convencido. — digo sorrindo

 

   Jacob e Liam saem da piscina. — Pegamos nossos roupões, e vestimo-nos. — Liam e Jacob ficam ajudando a treinadora Holy, enquanto eu me sento no topo da arquibancada. — A quadra das piscinas não está muito cheia, tirando a gente aqui, têm mais umas vinte pessoas, e dentre elas os colegas de time do Jeff. — Juro que não consigo entender como um cara como ele anda com esse tipo de gente. — Jeff então se levanta e vem até mim. — O que ele acha que esta fazendo?

 

— Como está? — ele pergunta sentando do meu lado.

— Bem, eu acho. — digo desconfortável.

 

   Mesmo não estando mais com ele, sinto como se todos aqui estivessem nos olhando. — Seus amigos de time eu sei que estão.

 

— Por que está falando comigo assim, com vergonha? — ele pergunta curioso. — A gente não tinha combinado de ser amigo?

 

   Amigo. — Pra ele é tão fácil assim? Porque pra mim não é, eu sinto uma vontade enorme de abraça-lo e beijá-lo toda vez que o vejo. Sou só eu que me sinto assim?

 

— Eu acho que vou falar com o Robert hoje. — digo. — O que acha?

— Acho que já deviam ter feito isso faz tempo. — ele diz. — Então isso quer dizer que você vem para o aniversario dele? — Jeff pergunta

— Talvez, não é certeza, eu estou tentando fazer disso uma realidade, mas é difícil admitir que ele seja meu irmão, ainda é difícil assimilar tudo o que meu pai fez.

— Vai dar tudo certo Max. — Jeff abre um brilhante sorriso. — Qualquer coisa, todos nós estaremos lá para apoiar vocês.

 

   E mais uma vez, ele está aqui por mim. — Como eu posso ser amigo dele, se mesmo sendo amigo ele continua a tentar me proteger? — Isso vai ser mais difícil do que eu imaginava.

 

 

------------------------------------------------ // ------------------------------------------------

 

POV Narrador

 

   As líderes de torcida treinam junto a Emilly e Anna. — Louise e Sarah se destacam na linha de frente.

 

— Vamos lá meninas! — Emilly as incentiva.

 

   A música que está tocando é Deja Vu, da Beyoncé. — As meninas estão representando a exata coreografia do videoclipe, e Sarah como a capitã está na linha de frente, tendo como apoio nas partes sensuais da dança, Louise.

 

— Ela é boa. — Anna diz referindo-se a Sarah. — Mas ainda acho que a Lucy...

— A Lucy desonrou nosso pacto. — Emilly desconversa. — Ela esta gravida.

 

   A música então termina, todas as meninas vão para o vestiário, exceto Sarah e Louise, que são chamadas por Emilly.

 

— O pilar fundamental do trio das Panteras Negras já não está mais conosco. — Emilly diz referindo-se a Lucy. — Vocês duas acreditam que dão conta sem ela?

— Obvio que sim. — Louise diz convicta.

— Não. — Sarah diz um pouco retraída. — Mas daremos nosso melhor para preencher o vazio que ela deixou.

 

   Sarah pede licença e vai para o vestiário.

 

— Não é justo a Sarah ser a capitã. — Louise protesta. — Eu era a capitã antes da Lucy, e por culpa da Sarah eu não sou mais.

— Nós ouvimos essa história. — Anna diz. — Mas pelo que sabemos não foi culpa da Sarah, alguém batizou a água dela, fazendo tudo aquilo acontecer.

— E até hoje não encontraram o responsável. — Louise reclama. — Quando a Lucy saiu, eu realmente achei que teria minha segunda chance.

— Esse é o seu problema. — Emilly a repreende. — Nós somos um time, uma equipe, onde um não consegue a perfeição sem a ajuda do outro, como esperava conseguir a perfeição com você e a Lucy uma sabotando a outra o tempo todo.

 

   Louise então para pensativa por alguns segundos, e então se vira e corre para fora da quadra. — A jovem chega até a quadra das piscinas, e parece estar procurando por alguém.

 

— Agora tudo faz sentindo, eu me machucar e ela se tornar a capitã. — ela diz a si mesma. — Lucy foi a responsável pelo que aconteceu comigo no ano passado.

 

   Louise procura a jovem pela quadra, mas tudo o que vê é Max e Jeff sentados um ao lado do outro no topo da arquibancada. — Irritada a jovem invade escondido o vestiário masculino, que está vazio, procura armário por armário, até encontrar a mochila do Jeff.

 

— Por alguma razão aqueles três sempre estão juntos. — ela murmura enquanto mexe na mochila do Jeff. — Então, por favor, tenha algo aqui me ajude a ferrar com a vida da Lucy e...

 

   A jovem então encontra a carteira do Jeff, ela a abre e uma foto dobrada cai da carteira. Curiosa ela desdobra a foto e vê a imagem de Max e Jeff... Juntos em uma cabine de fotos.

 

— Isso só pode ser brincadeira. — ela diz enojada.

 

   Ela então encontra outra foto, onde agora os dois aparecem de mãos dadas. — Louise guarda as fotos de volta na carteira, e guarda as coisas do Jeff de volta no armário. — Ela sai apressada do vestiário e volta os olhos para o topo da arquibancada onde Max e Jeff está. A jovem sai da quadra das piscinas e fica sentada no chão próximo a escada.

 

— O Jeff é gay? — ela pergunta a si mesmo. — E está tendo um caso com o Max...

 

------------------------------------------------ // ------------------------------------------------


Notas Finais


Já já voltou com a parte 2! :D


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...