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História The Clash 2 - The Distance, The Overcoming and The Change - A Dama e o Vagabundo


Escrita por: TakaishiTakeru

Notas do Autor


Esse é o capitulo que começa a moldar a história dos protagonistas da trama, e além dos três, Sarah e o Robert... Tem uma pegada meio Pretty Little Liars, mas não se preocupem que não to puxando pra isso não... Espero que de certo O.o...

Enfim... Capitulo narrado pela Lucy!

Capítulo 6 - A Dama e o Vagabundo


Depois de nos despedirmos Max finalmente criou coragem e voltou para casa, e eu depois de um dia exaustivo apenas tomei um banho e me joguei na cama.

 

— Acordada? — meu pai pergunta batendo na porta.

— Pode entrar. — digo me sentando na cama.

 

   Quando eu aceitei fazer aquele teste com o Jeff ano passado eu não esperava que as coisas fossem acontecer tão rapidamente. — Desde que assinamos o contrato não paramos de trabalhar, e somos sempre nós dois juntos, somos o rosto de uma companhia de beleza, o que por um lado é bom, mas por outro é realmente desgastante. — Eu quase não tenho mais tempo para nada, eu acordo e vou para escola, treino com as lideres de torcida e já corro para agencia. Tem dias que não vejo o meu pai, quando o pai do Max se afastou da empresa ele assumiu seu lugar por um tempo, o que realmente me preocupou, pois ele ficou diretamente ligado a Jéssica Johnson esse tempo.

 

— Como você está? — ele pergunta sentando-se do meu lado. — Parece cansada.

— Cansada é pouco. — reclamo. — Sinto como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. — brinco. — Mas eu estou feliz, é o que eu sempre quis e agora estou realizando meu sonho.

— Você me lembra a sua mãe quando mais nova. — ele diz. — Ela vivia querendo chamar atenção, ela foi a rainha do baile em nosso último ano no colegial.

— Você acha que um relacionamento de escola pode durar tanto tempo? — pergunto.

— Sua mãe e eu ainda estamos juntos não é? — ele sorri. — Só passei para desejar boa noite.

 

   Ele me da um beijo na testa e me deixa sozinha.

 

— E será que eu vou ficar sozinha até me formar? — pergunto a mim mesmo.

 

(...)

 

   A manhã do dia quatro de março de dois mil e quinze chegou ensolarada. Quase não tem mais neve no caminho, a grama em frente à escola já brilha em verde novamente. A entrada da escola está toda decorada para o Baile de Primavera. — O que me lembra de que talvez esse ano eu possa perder meu posto de Rainha da Primavera, já que não me dediquei tanto a isso.

 

— Não se preocupa querida, eu serei uma ótima rainha. — Louise aparece me assustando.

 

   Ela está usando o uniforme das lideres de torcida, assim como eu.

 

— Não me preocupo mais com isso. — falo. — Tenho mais com que me preocupar. — digo andando.

— Claro que tem. — ela diz em voz alta. — Afinal a queridinha de Ohio não pode desgastar sua imagem.

 

   Limitei-me em lançar um olhar frio e continuei a andar. — Ter uma imagem publica às vezes significa aturar gente chata, é o que acontece o tempo todo. — Pessoas que nem conheço me abraçam e querem tirar fotos comigo. — No inicio foi legal, mas agora está chato, muito chato. — Então o diretor pediu para que Jeff e eu agíssemos de forma natural na escola, para não chamar muita atenção. — Eu tenho tentado, mas parece que minha simples presença causa um alvoroço enorme nesse lugar. — Assistir as aulas não é nem a parte mais chata do colégio, eu me esforço bastante para que os outros não pensem que estou sendo privilegiada. A única aula que eu tenho junto com o Max é justamente a que passa mais rápido.

 

— O que está fazendo? — Liam pergunta.

 

   Estou no campo de futebol americano, sentada na arquibancada foliando as paginas de um livro de história. O time está em campo treinando, Liam faz parte do time reserva, ele está usando o uniforme que o faz parecer mais forte do que realmente é.

 

— Quem te vê assim até pensa que é uma menina solitária. — ele diz sorrindo sentando do meu lado.

— Não estamos sozinhos. — eu digo.

 

   Aponto para os lados onde estão os grupinhos de torcida eufórica.

 

— É não estamos. — ele concorda. — Por que está aqui sozinha? Achei que ficaria com a Sarah, ou com o Max, ou as meninas da torcida.

— Só queria ficar sozinha um pouco, fingir por alguns segundos que sou uma pessoa normal. — respondo.

— Mas você é uma pessoa normal. — ele diz.

— Você entendeu o que eu quis dizer, não se faça de idiota. — digo levantando.

— Ei. — ele me segura no braço. — Não quis te ofender.

— Não ofendeu. — digo me soltando.

— Está fugindo de mim? — ele pergunta sorrindo.

 

   Okay, ele está dando em cima de mim. Que desconfortável.

 

— Não. — digo apontando para trás dele. — Estou fugindo dela.

 

   Desço da arquibancada assim que Louise chega e abraça Liam.

   Homens... Por mais que eu não suporte a Louise eu nunca ficaria com o Liam só para chatear ela.

 

(...)

 

   O horário do almoço se tornou um horário não tão agradável para mim. — Eu costumava lutar para ser o centro das atenções, mas agora que só me sinto como um rato no meio de milhares de gatos famintos. — No inicio era mais fácil quando o Jeff ficava comigo, mas agora que ele resolveu surtar e voltar a ser aquele babaca de antes... E ainda mais agora com a volta do Max. — Sigo em direção ao auditório, felizmente é um dos poucos lugares dessa escola que ninguém vem. — As luzes do palco estão acesas, subo e fico parada no centro. — Eu mudei tanto do ano passada pra cá.

 

— Estou exausta de tudo isso. — murmuro me sentando no chão do palco.

 

   As luzes, as cadeiras. Me lembro da minha apresentação com o Robert aqui, e também me lembro da apresentação que o Max fez para o Jeff. — Por que estou tão sentimental esses últimos dias?

 

— Preciso descansar. — digo a mim mesma.

 

   Repentinamente um holofote se acende sobre mim, a luz tão intensa que mal vejo as coisas em minha frente.

 

— Quem está ai? — pergunto levantando assustada.

 

   Ouço uma risada e a luz se apaga.

 

— Não precisa se assustar. — ouço uma voz familiar.

 

   Vejo Patrick subindo no palco. — Ele fez isso?

 

— Idiota. — digo andando irritada.

— Espera. — ele diz. — Acabei de chegar.

— Desculpa, mas tenho mais o que fazer do que ficar com um mal amado como você.

 

   Ele fica parado no centro do palco me olhando. — Pela primeira vez ele está vestido com o uniforme da escola, o blazer, a gravata...

 

— Essa é a hora que você retruca. — digo indo até ele.

 

   Noto seus olhos vermelhos.

 

— Está usando drogas? — pergunto confusa.

— O que? — ele se assusta.

— Seus olhos. — aponto. — Ou você andou chorando, ou está usando drogas, como é uma criatura insensível eu apostei nas drogas.

 

   Viro-me e começo a andar.

 

— Você também chora. — ele diz. — E você é exatamente como eu.

— Nem de longe somos parecidos. — falo.

 

   Ele corre até mim e para em minha frente.

 

— O que foi agora? — pergunto irritada. — Me deixa ir.

— Com quem você vai ao baile? — ele pergunta.

 

   Olho confusa para ele. — Ele está me convidando. — E então sorrio.

 

— Espera. — levanto a mão. — Está me convidando?

— E se eu tiver?

— Nem que eu tenha que ir sozinha. — digo passando por ele. — E talvez eu nem venha nesse baile estupido.

— E por que não? — ele pergunta. — Achei que queria continuar sendo a Rainha da Primavera.

— Amanhã é o aniversario do seu primo. — falo. — Não que você se importe com ele.

 

   Patrick ergue uma das sobrancelhas e cruza os braços.

 

— E como que eu poderia saber? — ele pergunta parecendo frustrado. — Ninguém me diz nada, todo mundo me trata como se eu fosse algum tipo de praga. Até mesmo dentro daquela casa.

— E você acha que eles estão errados? — pergunto.

— Olha, eu fiz coisas que vocês consideram errado...

— O que fez foi errado. — o interrompo. — Você nos espionou, colocou nossas vidas em risco por causa de um orgulho besta.

— Você também fez coisas erradas. — ele lembra. — E muito piores do que eu, então porque só eu tenho que sair como vilão nessa história?

 

   Sinto um arrepio e um desconforto. — O que Patrick está falando é verdade, eu realmente fiz coisas muito piores que ele, e mesmo assim o Max foi capaz de me perdoar, e Paul Miller fez com que meus pais nunca soubessem da existência daquele dossiê, mas mesmo assim...

 

— Eu não tenho que ficar aqui ouvindo isso de você. — reclamo. — E se está tão incomodado com todo mundo te olhando torto, porque não vai embora? Você tem um pai e uma mãe em algum lugar do mundo não tem? Vai atrás deles e nos deixe em paz.

 

   Seus olhos estremecem e antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa... Ele, ele me bate, me dá um tapa no rosto.

 

— Nunca mais... — lagrimas caem de seus olhos.

— Lucy?! — ouço a voz de Jeff.

 

   Patrick passa por mim e desce do palco. — Permaneço parada em choque com minha mão em meu rosto. — Ele, ele realmente me bateu.

 

— Não está ouvindo?

 

   Vejo Jeff se aproximando do palco. — Ele já não está mais com o uniforme do time, apenas com o casaco da equipe.

 

— Aconteceu alguma coisa? — ele pergunta. — Tá fazendo o que aqui sozinha?

 

   Por que ele fez isso? Eu esperava qualquer atitude dele, gritar, me xingar, mas ele me bateu, me bateu de verdade. — Eu o irritei de alguma forma? — Isso não vai ficar assim.

 

— Eu, eu só estava praticando. — minto. — Tem o baile amanhã e se eu quero continuar sendo a Rainha da Primavera, preciso estar perfeita.

— Sei... — ele murmura. — Desce logo, nós temos que ir

 

(...)

 

   Como de costume um carro da agencia veio nos buscar. — Antes de Matthew, o atual marido de Jéssica Johnson, se mudar para Lima, não tinha uma agencia tão movimentada e grande assim. — O lugar é realmente grande e espaçoso, um galpão dividido em pequenos lotes que eles transformam em cenários. — Hoje as fotos são individuais, então Jeff provavelmente já deve estar tirando suas fotos, enquanto eu estou ainda aqui na maquiagem.

 

— Parece preocupada. — Thamny observa.

 

   Thammy Kyoh é uma das modelos da agencia, ela fez o teste na mesma época que eu e acabamos as duas selecionadas. Ela veio da Coreia do Sul, desconfortavelmente bonita, não acredito que vou dizer isso, mas ela seria um par perfeito para o Max, já que ambos parecem bonecos de porcelana. Seus cabelos são longos, não grandes... Realmente longos, suas madeixas descem um pouco abaixo da sua cintura. Sua pele é branca e delicada, seus olhos rasgados é seu charme, mas mesmo assim possui um olhar expressivo. Ela também é do segundo ano do colegial e também tem dezesseis anos, morava em Columbus, Ohio, mudou-se há pouco tempo para Lima. Estuda em uma escola particular não muito distante de onde estudo.

 

— Nada de importante. — digo me analisando no espelho em nossa frente. — Só estou ansiosa por um baile estupido que vai ter amanhã na escola.

— Baile? — ela pergunta surpresa. — Não sabia que ainda faziam essas coisas.

 

   Sorrio e coloco minha mão no local onde Patrick me deu um tapa.

 

— O que foi isso? — ela pergunta virando-se assustada para mim. — Seu rosto está machucado.

— Não foi nada. — minto. — Eu escorreguei na educação física.

— Nada que um bom corretivo não esconda. — ela sorri.

— Thammy. — a fotografa a chama.

— Nos vemos depois. — ela diz saindo.

 

   Quem aquele garoto pensa que é? Não importa se eu o ofendi, não importa se feri seus sentimentos que ninguém sabia que existia, ele não tinha o direito de tocar em mim, ele não tem o direito de me bater.

 

— Lucy. — a fotografa me chama.

 

   Eu preciso fazer alguma coisa, não posso deixar isso sem uma resposta, se não ele vai acabar pensando que tem o direito de fazer o que quiser comigo sempre que achar conveniente.

 

   As sessões não duraram muito tempo. Procurei o Jeff para irmos embora juntos, mas aparentemente ele terminou primeiro, e o pai da Thammy veio busca-la.  — Saio da agencia, está frio, escuro e esqueci completamente de ligar para o meu motorista e... — O som de uma buzina me assusta.

 

— Lucy. — vejo Max parado com o carro.

— O que está fazendo aqui? — pergunto indo até ele.

 

   Ele desce do carro e abre a porta para mim. — Graças a Deus, pelo menos não precisarei ir de taxi há essa hora.

 

— O que estava fazendo desse lado da cidade? — pergunto assim que acelera.

— Robert e eu fomos comprar um blazer. — ele conta. — Resolvemos que vamos juntos para o baile amanhã.

— O que? — pergunto quase em um grito.

 

   Max sorri.

 

— Não é do jeito que você está pensando. — ele diz ainda sorrindo. — Só vamos juntos porque estamos sem companhia.

 

   Que vergonha! Por um segundo realmente pensei que o Max estava tentando dar em cima do Robert.

 

— Mas é o seu aniversario amanhã. — digo confusa. — Não vai fazer nada?

— E o que eu iria fazer? — ele pergunta. — Ano passado só teve aquela festa por sua culpa lembra? E eu não sou muito fã dessas coisas, então prefiro ir a esse baile e agir como um adolescente normal.

— Está é evitando ficar em casa com seu pai e seu avô lá né. — arrisco. — Por falar nisso como estão às coisas por lá?

— Estranhas. — Max responde tenso. — Meu pai não brigou comigo nem nada, acho que ele meio que ficou feliz por alguém responder meu avô, mas algo está me incomodando um pouco, Patrick.

— O que tem ele? — pergunto curiosa.

— Não sei. — ele diz. — Esse é o problema, desde que meus avós chegaram, ele esta agindo estranho como se estivesse sentindo falta de alguma coisa. E hoje quando chegou da escola estava alterado e se trancou no quarto.

 

   Definitivamente tem algo errado com aquele garoto. — Mas não posso sentir pena dele, ele me atacou mais uma vez.

 

— Quando vi você parado na frente da agencia cheguei a pensar que estava seguindo o Jeff. — confesso.

 

   Ele me olha de forma estranha, mas não nega nem confirma.

 

— Eu o beijei. — ele murmura. — O beijei aquele dia em que o Robert e o Liam queriam me dar uma festa de boas vindas.

 

   Meu corpo de repente estremece. — Eu ainda sinto algo pelo Max, isso é nítido e tão forte que não entendo de onde vem tudo isso. E ele me contar essas coisas me deixa horrível.

 

— Eu achei que os dois não tinham mais volta. — digo desconfortável.

— E não temos. — ele afirma. — É que... Vê-lo foi um choque, e eu precisava ter certeza do que estou fazendo, e agi por impulso, ele estava me provocando.

 

   Não sei o que o Max espera ouvir de mim, e tampouco sei o que dizer.

 

   Passamos o resto do caminho conversando sobre o baile. Ele me contou que o tal do ex-colega de quarto Zac, fica ligando e mandando mensagens para ele o tempo todo. — Na verdade ele já me ligou também para saber do Max, a questão é como ele conseguiu meu numero.

 

(...)

 

   Chego em casa noto estar sozinha. — Meu pai provavelmente está na empresa e minha mãe deve ter lembrado que tem um restaurante para cuidar. — Subo para o meu quarto e vejo um lindo vestido azul claro, e do lado uma carta escrita: “Divirta-se no baile.”... Assinado...

 

— “G.T”. — leio

 

   Corro até a janela e vejo um furgão preto se afastar.

 

— Só pode ser brincadeira. — digo a mim mesma. — Vai começar tudo novamente.

 

   Meu telefone toca e me assusto. — É o Jeff?!

 

— Desculpa, mas não posso falar agora. — digo apressada.

— Espera! — ele grita do outro lado. — Eu recebi um presente, isso foi ideia sua?

 

   Olho para o vestido em cima da cama.

 

— Que tipo de presente? — pergunto curiosa.

— Um terno. — ele diz. — E tinha uma carta dizendo para eu me divertir no baile e...

— Assinado em nome de G.T. — arrisco.

— Como você sabe? — ele finalmente fica curioso.

— Jeff eu também recebi um presente desse tal G.T, com a mesma carta. — digo assustada. — Jeff... Acho que sua mãe está brincando com a gente novamente. — aposto. — Ou alguém está tomando controle da Gangue dos Trilhos novamente.

— Mas nós dois não temos mais nada com isso. — ele diz. — Estamos fora.

— Você sabe melhor do que eu, uma vez dentro...

 

   Então vejo Patrick, pela janela do meu quarto o vejo trancar a janela do seu quarto.

 

— Jeff eu preciso desligar. — digo sem nem o deixar terminar de falar.

 

   Desligo a ligação e corro para fora do quarto. — Se tem uma pessoa que pode me esclarecer isso é ele, ele é o espião daquela mulher, não duvido nada que tenha sido ele a colocar esse vestido na minha cama.

 

— Lucy. — Guadalupe abre a porta da mansão Miller.

 

   Entro na casa e vejo Michelle Miller conversando com um casal de... Claro, são avós do Max.

 

— Lucy. — Michelle me recebe surpresa. — O que faz aqui à uma hora dessas? O Max já está dormindo.

— Desculpa Sra. Miller, mas eu não vim falar com ele, vim falar com o Patrick. — digo sem graça.

— Com o Patrick? — ela pergunta ainda mais surpresa.

— Qual o espanto? — o senhor diz. — Ela deve ser a namorada dele.

— Namorada? Daquele babaca... Faça-me um favor. — digo irritada. — Eu sei o caminho, eu vou subir.

— Estou vendo que meu neto é muito adorado nessa cidade. — ele ironiza.

 

   Subo as escadas apressada, ando em passos largos pelo corredor, sua porta está apenas encostada, abro-a rapidamente e...

 

— Nós precisamos conver...

— Opa! — ele se assusta.

 

   Ele está completamente nu com uma toalha enxugando os cabelos. — Fecho a porta rapidamente.

 

— Que vergonha. — murmuro tremendo.

 

   Minhas mãos estão vermelhas, tenho certeza que todo o resto do meu corpo está.

 

— O que está fazendo aqui? — ele pergunta em risada.

— Por favor, coloque uma roupa. — peço em sussurros.

 

   Longe de mim acordar o Max. Imagina ele me pega nessa situação?

 

— Pode entrar. — ele diz.

 

   Abro a porta devagar, o vejo colocando a toalha sobre a cadeira da escrivaninha. — Ele está usando apenas uma bermuda, seu corpo continua molhado e seus cabelos bagunçados.

 

— O que acha que está fazendo? Fica pelado desse jeito. — reclamo fechando a porta do quarto.

— Desculpa, mas foi você que invadiu meu quarto sem pedir licença. — ele diz me deixando constrangida.

 

   Droga! Não consigo tirar essa cena da minha cabeça. — Alguém, por favor, me dê uma paulada para ver se eu apago essa cena embaraçosa.

 

— O que veio fazer aqui? — ele pergunta curioso. — Achei que queria distancia de alguém como eu.

— E quero você me dá nojo. — digo repulsivamente.

— Se veio aqui para continuar a me ofender...

— O que é isso? — jogo a carta em sua direção.

 

   Ele se abaixa para pegar e me olha confuso

 

— Isso seria? — ele pergunta analisando a carta.

— É o que eu quero saber. — digo já irritada. — Por que colocou aquele vestido na minha cama?

— Espera. — ele me interrompe. — Que vestido? Do que você está falando?

— Não se faça de idiota. — aumento o tom de voz. — G.T. — leio. — Isso veio de alguém da Gangue dos Trilhos... Por que ainda está trabalhando para eles?

— Você não tem o direito de vir a minha casa me acusar dessa maneira. — ele se exalta. — Eu já disse que minha relação com aquele pessoal era nula, meu único envolvimento foi com a Jéssica e foi rápido.

— Então foi a Jéssica que me enviou aquilo. — deduzo.

— Eu não sei. — ele diz irritado.

 

   Alguém bate na porta.

 

— Agora não. — ele grita. — Estou ocupado.

— Desculpa, mas deixaram uma encomenda para o senhor. — Guadalupe diz.

— Encomenda? — ele repete surpreso.

 

   Ele abre a porta e pega das mãos de Guadalupe um pacote, fecha a porta e se dirige a cama, curioso.

 

— Para de me ignorar. — reclamo. — Patrick me diz de uma vez por todas, por que eu recebi esse vestido da Gangue dos Trilhos?

 

   Patrick não me responde, me aproximo e vejo que dentro do pacote tem um... Um terno?

 

— Se eu sou o responsável por te mandar isso. — ele levanta uma carta idêntica a minha. — Então por que diabos eu também recebi um.

— O que? — digo surpresa.

 

   Isso não faz sentido. Deveria ser ele, tem que ser ele.

 

— Isso é uma armação. — acuso. — Você se enviou isso para não criar suspeitas.

— Está vendo muitos filmes policias. — ele diz. — Não seja idiota. Não vê que tem alguém brincando com a gente? Aposto que foi coisa daquele marginal boneca. — ele diz referindo-se ao Jeff.

— Não foi o Jeff...

— Como pode saber? Ainda a pouco estava aqui me acusando e...

— Ele também recebeu um presente. — conto. — Ele também recebeu a mesma carta.

 

   Seu olhar de repente muda. Patrick se senta na cama e permanece em silencio.

 

— Se não foi você...

— Não fui eu merda. — ele grita. — Quantas vezes vou ter que dizer isso.

— Então quem foi? — pergunto. — Quem diabos nos daria roupas para um baile estupido do colegial?

— É o que nós vamos descobrir amanhã. — Patrick se levanta e tira o terno do pacote.

— Nem pensar. — recuso. — Eu é que não apareço naquele baile, não depois disso.

— Se quisermos descobrir quem nos enviou temos que ir naquele baile. — ele diz. — Não percebe que isso que eles querem?

— Não importa o que eles querem. — digo indo em direção à porta. — Prometi ao Max nunca mais me envolver com essas pessoas.

— Então faça isso por ele. — ele se aproxima de mim. — Pensa comigo, você, Jeff e eu. O que nós três temos em comum?

— Nada. — murmuro.

— Estou falando sério. — ele diz.

— Eu também. — falo já cansada disso. — Olha, eu cansei de bancar aquela garota forte, aquela não era eu, meus dias de dupla identidade acabaram.

— Você sabe que não é verdade. — ele diz. — Sei bem que Jéssica estava te cercando no hospital, você sempre foi a favorita dela.

— Essa conversa está se estendendo demais. — digo abrindo a porta.

— Pense no Max. — ele sussurra trancando a porta.

— O que o Max tem a ver com isso? — pergunto.

— O que você, Jeff e eu temos em comum Lucy? — ele insiste.

 

   Tudo que temos em comum é que nos metemos com essa Gangue dos Trilhos, mas eu só fiz isso para proteger o Max, enquanto o Jeff fez para... Espera.

 

— O Max. — digo em sussurros. — Tudo o que fizemos foi para tentar preservar o Max.

— Exatamente. — ele confirma. — Lucy você está nisso desde o momento que decidiu bancar a heroína... O Max vai estar naquele baile amanhã, vai mesmo deixar ele lá com alguém que está tentando matar ele?

— Quem disse matar? — pergunto assustada.

— Eles tentaram uma vez não foi? — ele pergunta. — Atiraram no Robert e ele não tinha nada a ver com isso, imagina o que farão com o Max, e até mesmo com o Jeff, porque convenhamos, aquele garoto de cabeça quente jamais deixaria alguém encostar no Max, então é bem capaz de ele fazer alguma besteira amanhã na frente de todo mundo no baile.

 

   O que ele está dizendo faz sentido, mas eu não quero acreditar, não posso acreditar que tudo isso está acontecendo novamente. — Eu não posso me envolver novamente com essas pessoas. — Mas se eu não fizer, eles podem fazer algo contra o Max, ou até mesmo com a minha família.

 

— Feliz agora? — pergunto abrindo a porta do quarto.

— Feliz? Pelo que? — ele pergunta confuso.

— Acaba de conseguir um par para o baile, não vai mais bancar o perdedor e mal amado e aparecer lá sozinho. — digo dando de costa.

 

   Antes de sair não pude deixar de notar um sorriso se formar em seu rosto.

 

— Para alguém que não considera meu neto... — o avô de Patrick e Max me aborda assim que desço as escadas. — Até que tiveram uma conversa um tanto barulhenta e duradoura.

 

   O que esse velho quer comigo?

 

— Sobre o que estavam conversando? — ele me questiona.

— Por que não vai lá e pergunta para ele. — digo passando por ele.

 

   Suas mãos firmes agarram meus braços. — Ele está me assustando.

 

— O que acha que está fazendo? — pergunto confusa.

— Você parece uma garota inteligente, eu sei coisas do seu último ano que...

— Se sabe quem eu sou. — o interrompo. — Sabe que não deve se meter comigo.

— Ou o que? O que uma criança poderia fazer contra mim?

 

   Não pensei duas vezes, até porque se tivesse pensado não teria feito isso. — Começo a gritar e me jogo no chão. — Nesse exato momento Paul Miller e Michelle aparecem.

 

— O que está acontecendo aqui? — Paul ajuda a me levantar.

— Esse velho maluco tentou me agarrar. — grito em lagrimas.

— Ele fez o que? — Max pergunta.

 

   Só então vejo Max e Patrick no topo da escada, os dois descem e veem ao meu encontro.

 

— Você está louco? — Patrick grita furioso. — Nunca mais ouse tocar um fio de cabelo dela!

 

   Por que ele está tão bravo?

 

— Você está bem? — Max pergunta. — Vamos, eu te levo para casa.

 

   Os olhos daquele velho nojento fixam-se em mim. — Eu sei que isso não acaba aqui, acabei de criar mais um conflito entre os Millers, ótimo Lucy, você nunca muda.

 

   Já é bem tarde. As luzes dos postes iluminam nossa rua. — Está muito frio, mesmo já tendo começado a primavera. — Ainda há indícios dá neve.

 

— Eu peço desculpas pelo o que aconteceu. — ele diz envergonhado. — Eu realmente não sabia que ele era capaz de fazer uma coisa dessas.

 

   Meu coração está batendo tão forte

 

— Por favor, não conte nada aos meus pais sobre isso, e peça para os seus pais não contarem nada. — imploro.

— Se for o que você quer. — ele diz em um brilhante sorriso.

 

   A luz brilha em seus olhos, seus cabelos são soprados com gentileza pelos ventos gelados. — Ele está lindo, como sempre esteve.

 

— Eu vou entrar. — digo sem jeito. — Nos vemos amanhã.

 

   E de repente eu o beijo. — Droga! Por que eu fiz isso?

 

— Lucy, eu...

— Max! — interrompo. — Desculpa. Tchau.

 

   E então corro para dentro de casa. Subo as escadas apressada e corro até a janela do meu quarto. — Ele ainda está ali, parado em minha porta. — Por que eu fui beijá-lo? Foi impulso, sei lá. — Ele coloca a mão direita nos lábios, abre um breve sorriso e caminha de volta para casa.

 

— Eu ainda o amo? — pergunto a mim mesma.

 

   Vejo o vestido azul ainda em cima da minha cama. — Patrick está certo, Jéssica Johnson criou a gangue dos trilhos para vigiar a família Miller, e a primeira ação violenta deles foi sequestrar Paul Miller, o Max, e até mesmo meu pai. E como se não bastasse até eu fui levada. Com a ajuda de Jeff, Liam, Robert e Yan, alguns membros da gangue foram presos, mas por algum motivo que não entendo todo o processo foi arquivado. — Temo que aqueles bandidos já estejam livres, e com certeza vão buscar vingança contra todos nós. — Então se eu tenho a oportunidade de reverter esse jogo agora, é o que eu devo fazer, eu vou a esse maldito baile e descobrir quem está dando as cartas agora na Gangue dos Trilhos... E dessa vez, eu não posso falhar.

 

   Dormir essa noite não foi algo fácil. Fiquei pensando em tudo que me aconteceu em um só dia, mas acabei adormecendo e tive um sonho um tanto bizarro. — Eu estava sozinha no baile. De repente Patrick e Robert surgiam, e nós três dançamos juntos. — Acho que estávamos dançando tango. — Então acordei, acho que não fiquei assustada pelo fato de estar sozinha naquele sonho, mas sim por ter sonhado com aqueles dois... Isso foi estranho.

 

(...)

 

   E finalmente chega o grande dia. Hoje dia cinco de março de dois mil quinze, além de ser o dia do baile de primavera, é o dia do aniversario do Max, é o dia que completa dezessete anos.

   Hoje o dia na escola está bem movimentado. Está uma correria para arrumação da quadra de basquete, onde será o baile, não só alunos, mas até alguns pais se voluntariaram para ajudar na arrumação. — E como faço parte do clube de teatro, também estou ajudando na arrumação, e obvio que não estou sozinho, arrastei o pessoal para nos ajudar.

 

— Não entendo porque tantas flores. — Robert murmura enquanto carrega junto com Jeff um arco de rosas vermelhas.

— Talvez porque seja primavera. — Jeff diz sorrindo. — Ainda não acredito que me obrigou a te ajudar nisso.

— Você me deve lembra? — digo. — Você me abandonou ontem lá na agencia.

— Tenho uma vida também lembra? — ele reclama. — Não estou disponível o dia inteiro.

 

   Convencer o Jeff a nos ajudar foi realmente irritante, ainda mais sabendo que o Max também estaria aqui.

 

— O que eu faço com isso? — um rapaz pergunta.

— Coloque ali. — Sarah aponta para perto da arquibancada.

 

   Aqueles dois estão andando juntos já tem um tempo... Não que eu me importe com quem a songamonga vai para a cama, mas...

 

— Quem é aquele? — pergunto a Jeff. — Ele também está usando o casaco do time.

— Quem? — ele pergunta confuso. — Ah! Aquele é o Jasper... Acho que eles dois estão ficando, o que de certo modo é bom, que agora ela me deixa em paz.

— Sei...

 

   As horas vão passando... E tudo começa a ficar arrumado. Liam e Max arrumam as últimas coisas do lado de fora. Robert e Jeff já foram embora, Sarah e aquele tal Jasper também.

 

— Lucy Evans? — alguém me chama.

 

   Vejo um homem alto e barbudo, ele me entrega um cartão.

 

— Policia? — pergunto assustada. — Do que se trata?

— Algum problema? — Max pergunta voltando.

 

   Ele e Liam param do meu lado.

 

— Você deve ser o Maximilian Miller. — ele diz me deixando ainda mais nervosa.

— O que é tudo isso? — pergunto.

— Não precisam se preocupar. — o policial parece relaxar. — Só vim avisar pessoalmente a vocês que...  Os seus sequestradores fugiram da cadeia e...

— O que? — Max pergunta assustado.

 

   Como se não bastasse tudo o que está acontecendo.  — Então se eles fugiram, aqueles presentes e a carta foram certamente enviados por algum deles, então definitivamente algo acontecerá nesse baile.

 

— Por favor. — digo entregando um convite ao policial. — Acho que gostaria de vir ao baile essa noite.

— Não me interessa. — ele recusa.

— Não. — grito sem perceber. — Você realmente quer vir a esse baile está noite.

 

   Ele me olha de forma estranha, como se soubesse que estou querendo contar algo, mas não posso, então tudo o que fez foi aceitar o convite e sair.

 

— Eu não acredito que isso esteja acontecendo. — Max murmura. — Não hoje.

— Relaxa cara. — Liam coloca a mão em seu ombro. — Lucy fez bem em chamar o policial, tendo segurança aqui ninguém terá coragem de atacar vocês.

— Então você acha que eles ainda querem vim atrás de mim? — ele pergunta assustado. — Eu preciso fazer alguma coisa. — Max anda apressado.

— Max espera o que vai fazer? — pergunto.

— O que acha? Não foi o Jeff que começou isso tudo? Então ele vai dar um jeito de explicar como os amiguinhos dele fugiram da cadeia.

— Não seja ridículo. — digo o fazendo parar. — Isso não tem nada a ver com o Jeff, entendeu?

— Lucy! Estou surtando, as pessoas que me sequestraram fugiram o que me garante que não vão voltar atrás de mim? Ou de você, ou do meu pai, ou...

— Chega! — enfim grito. — Max precisa relaxar. Acalma-se, ficar desesperado não vai ajudar em nada.

— O que quer que eu faça? — ele pergunta tremulo. — Eu estou assustado.

— Hoje é o seu aniversario. — digo. — Tenta esquecer isso, nada vai acontecer com você, eu prometo. Nós vamos vir a esse baile como se nada estivesse acontecendo, Okay?

— Como pode ficar tão tranquila?

— Não estou. — lanço um olhar para Liam. — Mas se ficarmos em casa será pior, e se realmente forem tentar alguma coisa seria o primeiro lugar que pensariam em ir.

— E além do mais todos vão estar aqui. — Liam tenta me ajudar. — Você não vai estar sozinho.

— Tudo bem. — ele finalmente concorda. — Mas eu preciso ir para casa agora, preciso avisar aos meus pais.

— Claro. — concordo. — Eu vou com você.

 

(...)

 

   O caminho de volta para casa foi silencioso. Antes de entrar em casa me certifico de que o Max entrara primeiro. — Max é frágil e confuso, uma noticia como essa pode simplesmente tirá-lo do eixo. — Conversar com meus pais sobre isso não foi a tarefa mais simples, minha mãe começou a chorar preocupada e um lado do meu pai que nunca tinha visto antes, ele ficou furioso e saiu dizendo que iria resolver essa situação, minha mãe e eu vimos quando ele entrou na mansão da família Miller.

 

— Posso entrar? — minha mãe pergunta já entrando. — Você está deslumbrante.

 

   Estou usando o vestido que recebi. E devo admitir que ele é incrível. — Ele é um tomara que caia azul claro, bem cortado, a parte da frente vai até metade de minhas coxas, enquanto a parte de trás dele se estende até meus joelhos, e tem um véu, azul quase transparente. — Estou me sentindo a própria Rainha Elsa do filme Frozen.

 

— Só falta a trança. — ela sorri.

— Nem pensar que usarei aquele penteado cafona. — brinco.

 

   Ela se senta em minha cama enquanto termino de me arrumar, fica me observando como se esse momento nunca mais fosse se repetir. — Isso está me deixando nervosa e ainda mais ansiosa.

 

— Talvez seja melhor você não ir. — ela finalmente diz alguma coisa.

 

   Paro em frente ao espelho e fico me observando.

 

— Eu não posso me dar ao luxo de ficar com medo mãe. — falo. — Pelo menos não agora.

— Por que eu sinto que você está escondendo alguma coisa de mim? — ela pergunta.

— Porque você é minha mãe. — respondo sorrindo. — Que mãe não acha que seus filhos estão escondendo alguma coisa?

— Deixa eu te ajudar com isso. — ela diz pegando um dos sapatos.

 

   Às vezes eu tenho vontade de pedir ajuda a ela. — Afinal ela nos alertou sobre Jéssica, então talvez minha mãe possa saber um pouco mais sobre ela.

 

— Posso saber quem é o felizardo de toda essa produção? — minha mãe pergunta.

— Não é bem por ele que estou me arrumando. — respondo sem graça. — Mas eu vou com o Miller.

— Hã... — ela fica surpresa. — Eu achei que ele fosse gay. — ela diz em sussurros.

— O outro Miller, mãe. — digo sorrindo. — Eu vou com o primo do Max.

— Sério? — ela pergunta confusa. — Quero dizer, ele é fofo e tudo mais... Mas achei que não se davam bem.

— E não nos damos. — admito. — Mas temos um assunto em comum, e o quanto antes resolvermos isso melhor para todo mundo.

— Você não está encrencada está? — ela pergunta assustada.

— Mãe. — coloco minhas mãos em seu rosto. — Não se preocupe Okay? Não está acontecendo nada.

 

   Minha mãe e eu descemos juntas, assim que chegamos à sala de estar vejo Patrick sentado no sofá com os dedos cruzados e trêmulos.

 

— Que gracinha. — minha mãe sussurra em meu ouvido. — Ele está nervoso.

— Mãe... — reclamo.

 

   Patrick finalmente nos vê. Ele se levanta, está realmente elegante e bonito, seus cabelos pretos estão jogados para trás em uma poça de gel. — Okay... Acho que os Millers tem um sério problema quando o assunto é cabelo e gel de cabelo.

 

— Você, você está linda. — ele diz com um sorriso bobo no rosto.

— Você não está mal. — digo me aproximando. — Julgando que só veste trapos que parecem ter sido mastigados e despois cuspidos, isso é incrível.

— Não se preocupe. — minha mãe se aproxima com a bendita câmera fotográfica. — Isso foi um elogio. Agora se juntem que vamos tirar a foto.

— Realmente não precisa disso. — protesto.

— Que mal tem? — Patrick pergunta. — É só uma foto.

 

   Mesmo não querendo fui forçada a tirar a foto.

 

— Que lindo ele é o novo...

— Não ouse chama-lo daquilo. — a interrompo. — Ele não.

 

   Os dois ficam me encarando até que caminho até a porta.

 

— Quero uma copia da foto. — ele diz saindo.

 

(...)

 

   Meu motorista nos trouxe até a escola. Estamos os dois parados na entrada, vendo as pessoas chegarem animada. — Não estou nada animada.

 

— Ainda dá tempo de desistir. — ele diz.

— Nem se eu quisesse. — falo. — O Max está lá dentro, e se eu não entrar não ganharei a coroa de Rainha da Primavera.

— Então você quer ganhar. — ele sorri me acompanhando.

— Obvio que eu quero ganhar.

 

   Entramos na escola e seguimos até a quadra de basquete. — Está realmente cheio aqui. — Entramos e a primeira pessoa que procuro é o Max, mas não o vejo.

 

— Aquele ali é o Jeff? — Patrick pergunta parecendo confuso.

 

   De fato é ele. Jeff está beijando uma garota perto da saída de emergência.

 

— Ele não era gay? — ele pergunta.

— Vamos.

 

   Finalmente o vejo. Max está com o Robert, os dois estão bebendo alguma coisa.

 

— O que devíamos estar procurando? — pergunto.

— Não sei. — Patrick parece disperso. — Mas alguém nos quer aqui hoje e...

 

   De repente as luzes se apagam e a música encerra.

 

— Patrick?

 

   Uma luz brilha na direção do palco, e de repente uma imagem começa a se formar.

 

— Aqueles não são... — alguém murmura.

— É o Jeff? —  outro pergunta.

— Lucy, aquela foto. — Patrick observa confuso.

 

   Um dos holofotes de repente acende e ilumina Jeff lá no outro lado da quadra. Mais dois se acendem e iluminam Sarah e Robert.

 

— É uma armadilha. — deduzo nervosa. — Vamos sair daqui.

 

   Mais um se acende e ilumina o Max.

 

— Só pode ser brincadeira. — digo a mim mesma.

 

   E mais um... E dessa vez ilumina a mim. — E então a foto se revela. É a mesma foto que nós cinco tiramos na ponte do Farout Park no ano passado.

 

— Que brincadeira é essa? — Robert pergunta.

 

   De repente as luzes acendem e a música volta a tocar. — Parece que ninguém deu muita importância para isso, pois voltaram a dançar.

 

— Me tira daqui, por favor. — peço nervosa.

 

   Saímos da quadra, e em seguida Max e Robert também.

 

— O que foi tudo isso? — Max pergunta assustado. — Isso fazia parte do baile?

— Obvio que não. — Jeff sai da quadra, seguido por Sarah. — Isso deve ser coisa da mesma pessoa que nos enviou a carta.

— Que carta? — Sarah pergunta confusa.

 

   Eu não entendo. Se a intenção da Gangue dos Trilhos era nos expor, por que fazer isso aqui? E por que envolver o Max, o Robert e a Sarah?

 

— Nós três recebemos uma carta da Gangue dos Trilhos. — Jeff confessa.

— Não diga isso assim. — Patrick o repreende.

— Eles dois sabem sobre isso. — ele refere-se ao Max e ao Robert. — Ela que eu não sei.

— Estou confusa. — Sarah diz.

— Claro que está. — resmungo.

— Chega. — Max nos repreende. — Alguém pode me explicar o que raios foi isso que aconteceu lá dentro? De onde eles pegaram nossa foto?

— Acho que eu tenho uma teoria. — digo. — Mas precisamos ir para um lugar mais calmo.

 

   Entramos em uma sala vazia.

 

— Quando quiser Lucy. — Max me apressa.

— Como vocês já devem saber, as pessoas que sequestraram a mim e ao Max fugiram da cadeia. — ela começa. — Eu acredito que eles estão atrás de vingança.

— Vingança? — Robert pergunta. — Pelo que?

— Pela prisão deles. — Patrick diz. — O que Lucy está tentando explicar, é que todos aqui de certo modo tiveram um envolvimento na prisão deles. — ele continua. — Lucy, Jeff e eu trabalhamos para eles como já sabem.

— O Robert me ajudou e acabou levando um tiro por isso. — digo sem jeito.

— E o que vocês dois tem com isso? — Jeff pergunta a Sarah e ao Max.

— Não faço ideia. — ela diz. — Isso é um mal entendido, eu não tenho nada a ver com isso.

— Ela tem razão. — digo. — O que ela poderia saber?

— No dia em que fui sequestrado. — Max diz. — No dia em que fui sequestrado eu e Sarah estávamos... Investigando.

— O que? — ela parece não lembrar. — Espera... Isso não tem nada a ver com essa tal Gangue dos Trilhos. — ela diz.

— Pense bem. — Max diz. — Talvez, estávamos nos aproximando demais de encontrar alguma coisa, e eles acreditam que sabemos demais.

— O que diabos estavam investigando que ligariam vocês dois a tudo isso? — Jeff pergunta.

— Você. — Sarah revela.

— Como assim? — ele pergunta parecendo ofendido.

— Eu precisava de resposta, precisa entender quem era aquela mulher ruiva que apareceu na escola e depois na sua casa, precisa entender porque meu pai e a Lucy diziam que você só estava comigo por interesse. — Max diz exaltado.

— Então é isso. — Patrick diz. — Investigando o Jeff vocês alguma hora chegariam a Gangue dos Trilhos, provavelmente eles descobriram que vocês dois estavam chegando perto de algo.

— Okay. — Robert interrompe. — O que isso tudo significa? Nós todos estamos correndo perigo com esses doidos por ai?

— É bem provável. — Patrick responde.

— Não, não, não. — Sarah se desespera. — Eu não fiz nada, eu não tenho nada a ver com isso. — ela grita.

— Fica calma perder a razão não vai ajudar em nada agora. — falo.

— Temos que avisar a policia. — Max diz.

— Não. — Jeff e Patrick dizem ao mesmo tempo.

— Se fizermos isso eles farão perguntas. — Patrick diz. — Perguntas as quais não temos respostas.

— E o que espera que façamos? — Max pergunta. — Que fiquemos sentamos esperando outra ameaça surpresa como a dessa noite?

— Max está certo. — Robert concorda. — A gente devia ter contado tudo desde o dia do sequestro, evitaria tudo isso.

— O que a gente faz? — Sarah pergunta se sentando. — Eu estou com medo.

 

   A situação é pior do que eu imaginava. Tudo... As cartas, as roupas, foram tudo uma forma de nos atrair aqui hoje, todos nós. — O que eu devo fazer? Da última vez que tentei agir sozinha eu estraguei tudo e o Robert foi baleado... Mas agora eu não estou mais sozinha, eles estão aqui comigo também, talvez juntos possamos acabar com isso.

 

— Nós podemos dar um jeito. — falo.

— Não podemos. — Max discorda. — Lucy, somos crianças, somos um monte de adolescentes querendo bancar os detetives, mas isso não vai dar certo, olha tudo o que aconteceu ano passado.

— Essa discussão não vai nos levar a lugar nenhum. — Jeff reclama. — O que nós vamos fazer é agir tranquilamente, tem policiais vigiando minha casa, e a casa de todo mundo aqui desde que esses caras fugiram, eles não vão tentar alguma coisa assim tão boba como nos sequestrar.

— Como pode ter tanta certeza? — Patrick pergunta.

— Por que ele é um deles. — Max dispara.

— Eu fui... Eu fui um deles. — ele retruca. — Não estamos aqui para acusar ninguém, estamos no mesmo barco, precisamos nos ajudar.

— Quer saber? Isso é demais para mim. — Sarah diz indo até a porta. — Eu não vou bancar a vitima desesperada, como eu disse, eu não tenho nada a ver com tudo isso, então eu vou voltar para aquele baile, continuar a dançar com o cara mais legal daquele maldito lugar e esquecer o que aconteceu.

 

   Sarah sai correndo da sala.

 

— Alguém precisa falar com ela. — Jeff diz.

— Eu vou. — Patrick vai atrás dela.

— Eu preciso de ar, depois nos falamos. — Robert diz também saindo da sala.

 

   Ficamos apenas nós três dentro da sala. Max está pensativo, sentado na mesa do professor. Jeff está parado na janela, e eu, inquieta andando pela sala.

 

— Isso tudo é minha culpa. — Max sussurra.

— O que? — Jeff pergunta. — O que é sua culpa?

— Tudo. — ele responde. — Essa tal Gangue dos Trilhos estava atrás da minha família, e depois de mim... Lucy, você só se envolveu para me proteger, eu coloquei a Sarah nisso tudo porque eu estava irritado demais por Jeff me esconder tudo, e o Robert... Ele te ama, sem mais... Se eu nunca tivesse voltado para Ohio nada disso teria acontecido.

 

   De repente ficamos em silencio, como se tivéssemos entrado em um acordo de culpa-lo por isso.

 

— Se alguém é culpado aqui sou eu. — Jeff finalmente se senta. — Você tinha razão, eu tinha uma escolha e na hora escolhi por impulso, eu joguei seu nome pra eles.

— Eu já pensei e repensei nisso milhões de vezes tentando encontrar uma desculpa para o que você fez, e então cheguei à conclusão de que mesmo se você não tivesse feito, outro faria, era uma questão de tempo, essas pessoas estão perseguindo minha família há anos. E eu ter voltado só piorou tudo.

— Podemos parar de querer culpar um ao outro? — pergunto. — É como Jeff disse, nós temos que nos ajudar.

— Se isso é culpa minha então eu não me arrependo. — Jeff diz com um sorriso no rosto.

— Como não? — pergunto.

— Se o Max não tivesse voltado para Ohio vocês dois nunca entrariam nessa escola, nunca entrariam na minha vida, e a Jenny provavelmente estaria morta. — ele diz. — Nem tudo o que aconteceu ano passado foi tragédia... Nós conseguimos um ao outro.

— E você fez questão de destruir isso também. — Max murmura. — Eu preciso sair daqui.

— E aonde vai? — pergunto.

— Qualquer lugar. — ele diz com um sorriso forçado.

— Se for por minha causa, pode deixar que eu... — Jeff diz.

— Nem tudo tem a ver com você. — e então ele sai da sala.

 

   As coisas se complicaram, fugiram mais uma vez do meu controle. Só que dessa vez eu sei quem meu inimigo é, eu sei quem estou confrontando. Jéssica Johnson... Ela pode não estar envolvida diretamente nisso, mas eu tenho absoluta certeza de que essa mulher ainda dá as cartas nesse jogo, e dessa vez não se trata de proteger somente ao Max, mas sim a todos nós. E uma vez que ela ameaça a nós, o que a impedirá de fazer alguma coisa com os nossos pais? — Jeff tem razão, mesmo com medo, mesmo receosos do que pode acontecer conosco, não podemos envolver a policia e nem os adultos... No momento, só temos uns aos outros, e de alguma maneira, temos que nos proteger.


Notas Finais


Uffa... Eu sei que ficou grande, me perdoem. Então por enquanto é isso! :D


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