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História Hiatus - The Contract - Hailey


Escrita por: nastyabennett

Notas do Autor


Oi amores, cheguei com mais um cap! Desculpem a demora, acabei ficando sem internet :(

Capítulo 16 - Hailey


Kai POV

Oito anos atrás

"Olhei pela multidão que saia do portão de desembarque, em busca de um rosto já tão conhecido por mim. Eu estava nervoso. Merda, eu estava muito nervoso.

Era a primeira vez, depois de quase três anos, que eu a veria. Nem sabia como agiria ou se ela, pelo menos, reconheceria-me. Bem, eu rezava internamente para que sim. 

Dei mais um olhar em direção, estalando os dedos repetidas vezes. Onde ela estava? Olhei o relógio de pulso, vendo que eu estava no horário previsto. Suspirei pesadamente. 

E se ela não tivesse vindo? E se ela decidira ficar em Londres? O pensamento entristeceu-me. Eu sentia tanto a falta dela e não poderia sequer imaginar algo assim acontecendo. 

De repente, enquanto menos esperava, eu a vi. 

Ela caminhava rapidamemte, arrastando duas grandes malas atrás de si. O barulho que seus saltos altos faziam no chão ecoavam pelo local, atraindo todos os olhares masculinos para ela e seu estonteante corpo. 

Senti uma pontada de ciúmes. 

Controle-se, Kai.

Caminhei tropegamente até ela, interceptando-a. Ela pareceu assustar-se um pouco e pela sua expressão, parecia que ela poderia xingar-me a qualquer instante. Segurei uma risada. 

— Hailey Kaspen. — murmurei, como costumávamos fazer há alguns anos, sempre que nos encontrávamos. Seu olhar fixou-se em mim e pude ver um sorriso passar por seus lábios quando ela finalmente me reconheceu.

— Kai Parker... — ela sussurrou. Sua voz era um misto de surpresa e alegria. Sorri amplamente. Ela largou as malas de qualquer jeito, jogando-se em meus braços e apertando-me contra si. Suspirei satisfeito, rodeando sua cintura.

— Eu senti tanto a sua falta! — disse, sua voz abafada por ela estar com seu rosto enfiado em meu peito. Hailey era uns bons centímetros mais baixa que eu.

— Eu também senti sua falta, Hai. — respondi, beijando seus cabelos.

Ficamos assim por alguns instantes, abraçados em meio ao aeroporto, com as pessoas passando ao nosso redor e sorrindo ao nos ver assim. Era um reencontro perfeito. Melhor do que eu havia imaginado.

— E onde está Luke? — perguntou repentinamente assim que me soltou. Fiz uma careta. Sério que ela estava perguntando-me isso?

— Ele... Está esperando em casa, a essa hora. Esteve ocupado durante toda a manhã na faculdade e não pôde vir. — respondi secamente.

— Ah, é uma pena... Mal posso esperar para vê-lo! Nos falamos sempre por e-mail, mas não é a mesma coisa. — ela riu alegremente. Acenei, dando um sorriso forçado.

Em alguns minutos já estávamos no carro, seguindo em direção à minha casa. Hailey ficaria alguns dias ali até que seus pais pudessem vir para Nova York. Por um erro de agendas, eles não puderam chegar dois dias antes, pois tinham compromissos no Japão. Eles eram arquitetos, assim como meu pai e como eu seria, futuramente.

Durante todo o caminho Hailey contou-me suas aventuras em Londres, além dos amigos que fez ali. Fiquei surpreso ao ouvir que ela morava com uma amiga em um pequeno apartamento. 

— Bem, você omitiu essa parte em seu último telefonema. — comentei, parando em um sinal vermelho.

— Desculpe, é apenas uma coisa recente. Mudei-me há três dias e com tudo isso de organizar a viagem para Nova York, acabei esquecendo de avisar. — riu.

— E o apartamento é perto da faculdade? — perguntei, interessado. Eu adorava o modo como ela falava de Londres. Ela parecia tão... Apaixonada pelo lugar. Era nítido em sua voz.

— Sim! O que é ótimo, certo? Devo levar, no máximo, cinco minutos para chegar à faculdade. — respondeu animada, vendo algo em seu celular.

Quando o sinal abriu novamente e pus o carro em movimento, Hailey mexia no rádio do carro. Ela selecionou uma música qualquer dos anos 90 e logo passou a cantarolar a música que tocava. Sorri de sua desafinação, mas ela cantava alegremente, então, isso não importava.

Pouco tempo depois estavámos estacionando em frente à mansão. Ajudei Hailey a retirar as malas do carro e seguimos para a entrada. Tirei a chave de casa do bolso e abri a porta, fazendo um gesto para que ela entrasse primeiro. Seu sorriso de agradecimento foi lindo.

— Uau, esta casa continua tão linda como há quase três anos. — sorriu encantada. Caminhei ao seu lado, indo para a sala. — Sinto falta de nossos momentos de travessuras quando Sinéad preparava brigadeiro e sujávamos tudo.

— Inclusive as paredes. — ri, lembrando-me de nossa governanta. Hailey soltou uma deliciosa risada.

— Eram bons tempos... — murmurou. Guiei-a até o sofá, indicando que ela sentasse e sentei-me também. Coloquei as malas ao nosso lado.

— E Jo? Ela já deve estar tão grande! — perguntou, cruzando as pernas. Tentei desviar o olhar de seu corpo, mas falhando miseravelmente.

— Está na escola. — respondi. — E sim, bem, ela realmente está crescendo cada vez mais. Ela já tem quase dezesseis.

— Deus, as crianças crescem tão rápido! — falou. Olhei-a.

— Você fala como se tivesse oitenta anos. — ri, cruzando os braços.

— Bem, eu tenho quase vinte com a mentalidade de oitenta. — deu de ombros, rindo. 

— Estão divertindo-se sem mim? — a voz de Luke ecoou pela sala. Olhamos ao mesmo tempo para o lugar onde ele estava. Luke mantinha um pequeno sorriso nos lábios.

— Luke! — Hailey gritou animada, correndo em direção ao meu irmão. Baixei a cabeça olhando para minhas mãos. Eu não esperava por aquilo.

— Hey, Hai. — eu podia notar o sorriso em sua voz. Respirei profundamente, levantando-me do sofá. 

— Vou levar suas malas para o quarto. — falei, arrastando-as pela escada, desviando deles. A última coisa que vi foi Luke afastando uma mecha de cabelo de Hailey do seu rosto e ela sorrindo para ele.

Os dias passaram-se rapidamente e Hailey havia voltado com os pais para casa, mas todos os dias ia até a mansão.

Conversávamos durante horas enquanto escutávamos, em meu quarto, os cds que ela havia trago. Nossas conversas abrangiam tudo, inclusive relacionamentos amorosos. Hailey e eu sempre fomos sinceros um com o outro e não escondíamos nada.

— Eu tive apenas um namorado em Londres. — ela comentou um dia, enquanto assistíamos o seu filme favorito: P.S. Eu te amo. Bem, eu não comentava que esse filme deixava-me entediado. — Chamava-se John, mas bem, ele me traiu com uma colega de turma.

Olhei para ela, surpreso. Como alguém poderia ter feito isso com Hailey? Quero dizer, ela era linda e era impossível pensar em alguém trocando-a por qualquer outra. 

— Ele é um idiota. Não sabe o que perdeu. — comentei, pegando um pouco de pipoca e comendo.

Hailey permaneceu calada, o que estranhei. Encarei seu rosto. Ela sorria para mim. O que eu disse?

— Você acha, realmente? — perguntou, sem desviar o olhar.

— O quê?

— Que John é um idiota por ter me traído?

— Bem... Sim... Eu... — gaguejei, ajeitando-me no sofá. — Quero dizer, olhe para você. Você é linda, simpática e bem humorada. Ele foi um idiota de ter trocado você por outra.

Senti meu rosto arder com a sinceridade.

— Kai... Isso foi tão fofo. Obrigada. — disse. Ela parecia estar encantada com o que eu falei. 

Sem que eu esperasse, ela aproximou-se de mim e deu-me um beijo estalado na bochecha direita. Sorri contente.

                              ***
 

— Qual você acha melhor? O azul... Ou o vermelho? — ela perguntou, mostrando-me os dois vestidos. Dei de ombros, sem saber o que falar.

— Hai, eu não sei... Bem, o vermelho? — tentei, apontando para o escolhido. Hailey pareceu pensar por alguns segundos e sorriu, aprovando a escolha.

— Eu amo esse vestido! Valoriza meus seios. — ela disse como se comentasse sobre o tempo enquanto entrava no banheiro do seu quarto. Engasguei-me com a própria respiração e tossi diversas vezes. Alguns segundos depois, Hailey voltou.

— Você está bem? — ela perguntou, vindo até mim. Balancei a cabeça afirmando, sem conseguir falar algo. Hailey estava apenas de lingerie na minha frente. Engoli em seco.

Ela deu de ombros, caminhando até a cama e pegando o vestido vermelho, entrando no closet. Alguns minutos passaram-se e eu já conseguia respirar normalmente. 

— Pronto? — ela perguntou, colocando apenas a cabeça para fora. Sorri, confirmando. Ela saiu, receosa. 

Minha boca abriu em surpresa. Uau.

O vestido adequava-se com maestria em seu corpo, acentuando todas as suas curvas. Suas pernas pareciam infinitas e em seus pés, saltos vermelhos, combinando com o vestido. Seu cabelo caia solto em cachos, emoldurando o rosto. Fiquei sem fala durante algum tempo.

— Uau, Hai... — suspirei, dando uma última olhada nela da cabeça aos pés. — Você está linda.

— Verdade? — perguntou, girando um pouco. Caminhei até ela, parando à sua frente.

— Sim. Você está muito linda. — respondi, sorrindo bobamente. Ela retribuiu, dando um demorado beijo no canto de minha boca. Meu coração acelerou bobamente.

— Obrigada, Kai. — sussurrou, sorrindo sensualmente.

Mais tarde, naquele mesmo dia, saímos juntos para uma festa realizada por Stefan Salvatore, um de meus melhores amigos de infância.

Quando chegamos lá, observamos que estava bem lotado. Hailey segurou minha mão, com receio de acabar me perdendo de vista no meio de tantas pessoas desconhecidas. Caminhamos pela festa e eu a apresentei a cada um de meus amigos. Todos estavam encantados com ela, mas também, não era para menos. Hailey era incrível.

Em poucas horas, já estávamos completamente bêbados, sentados no jardim da casa de Stefan. Lembrava vagamente de ter pego duas garrafas de uísque e levado para Hailey, que agradeceu com um grito de animação.

Secamos as garrafas em poucos minutos. Tudo girava e eu começava a ver algumas coisas meio embaçadas. Hailey ria de algo ao meu lado, que eu não havia entendido o que era. Sua risada era tão linda.

Circulei seus ombros, abraçando-a. Ela encostou a cabeça em meu peito e suspirou.

— Eu amo estar com você. — ela murmurou de repente.

— Eu também amo estar com você, Hai. — falei, olhando em seus olhos. Ela sorriu timidamente, aproximando seu rosto do meu lentamente. Fiquei ali, parado, tentando acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. 

Quando seus lábios tocaram os meus, eu suspirei, puxando-a ainda mais para mim. Naquele momento, eu percebi algo que tentava negar para mim mesmo... Eu estava apaixonado por Hailey. 


                                             ***
 

Depois daquele beijo, Hailey e eu começamos um romance. Eu estava feliz e tinha a plena certeza de que Hailey era a mulher de toda a minha vida.

Ela era perfeita. Entendia-me como ninguém mais e adorava cantar para mim, mesmo que desafinada. Eu sentia que a amava.

Mas, em meio à toda felicidade, passei a notar que Luke não gostava de nos ver juntos. Ele fazia de tudo para atrair a atenção de Hailey e sempre que queríamos ficar sozinhos, ele estava ali.

Diversas vezes, notei que eles conversavam baixo, ou passavam algumas horas desaparecidos. Ocupado com o início de minhas aulas na faculdade, nunca percebi o que aquilo realmente significava. Um dia, resolvi esclarecer a história.

Luke estava no sofá, mexendo em algo no celular. Hailey havia saído com Jo para fazer algumas compras e nosso pai estava na empresa. Era o momento perfeito.

— Precisamos conversar. — falei, aproximando-me. Luke encarou-me cinicamente, arqueando as sobrancelhas. 

— O que você quer? — seu tom de voz era rude.

— O que você está planejando? Por quê fica rodando a Hailey? — fui direto, cruzando os braços. Luke riu. 

— Oh, se não é um garotinho ciumento! Que foi, medinho de perder ela para mim? — falou, levantando-se e parando à minha frente. 

— Você é patético. Hailey é minha namorada. — frisei, encarando-o furiosamente. 

— É mesmo? Então por quê, quase todas as noites, ela me procura? — perguntou, também cruzando os braços. Vacilei um pouco, dando dois passos para trás.

Isso não era verdade. Não poderia ser. 

— Você está mentindo. 

— Não estou! Irmãozinho, se você soubesse o que fazemos entre quatro paredes... Tenho certeza de que ficaria corado. — debochou, rindo. Eu estava cansado de Luke intrometer-se em meu relacionamento e aquilo apenas foi a gota d'água para mim. 

Parti para cima dele, desferindo-o um soco. Luke tombou para trás, tentando manter-se de pé. Ele rosnou irritado, vindo em minha direção rapidamente e acertando-me no rosto. Pude escutar o horrível estalo em meu maxilar. 

Não vacilei. Desferi outro soco em Luke, dessa vez em seu estomâgo. Ele se curvou, rosnando de dor. 

— Nunca mais... Aproxime-se de Hailey. — falei, limpando o sangue de meu rosto. 

— Meio impossível... — ele falou, sem fôlego. — Eu a amo, Kai. Não irei permitir que você se dê bem nessa. 

— Veremos. — retruquei, dando um último chute em Luke, deixando-o gemendo de dor, caído no chão da sala. 

Segui furioso até o meu quarto, batendo a porta. Não podia acreditar que meu próprio irmão estava fazendo isso. Certo, ele não gostava de mim, mas por quê querer tomar minha namorada? O que eu havia feito de tão errado para ele planejar isso? Era inacreditável!

Dei um soco na parede. Eu não deixaria isso acontecer. Sabia que Luke havia inventado aquilo somente para me desestabilizar. Eu não deixaria ele obter esse poder sobre meu relacionamento. 

Eu estava limpando o sangue de meu ferimento quando Hailey entrou no quarto, assustada.

— O que você fez?! — ela perguntou alto. Encarei-a, sem entender porra nenhuma. — Por quê Luke está completamente ferido na sala? 

O quê?

— Ele apenas inventou absurdos sobre você e eu dei-lhe uma lição. — respondi, dando de ombros. Hailey parou à minha frente, obrigando-me a olhá-la.

— O que ele disse? — perguntou. Ponderei por alguns instantes, mas logo resolvi contar. Hailey e eu não tínhamos segredos.

— Ele... Disse que você o procurava todas as noites e... Bem, é claro que eu não acreditei nisso, você sabe. 

Hailey ficou calada e baixou o olhar, mordendo os lábios. Franzi a testa. Por quê ela estava agindo assim?

— O que foi, amor? — perguntei, segurando suas mãos. Notei que ela tremia levemente. — Eu sei, é algo horrível de se falar, mas Luke é um idiota... Não ligue para ele. 

— N-não é isso... É que... — gaguejou. 

— O que foi? Você está sentindo algo? Está ficando pálida... — murmurei preocupado. Hailey parecia a ponto de chorar quando encarou meus olhos. 

— Eu não queria que você descobrisse assim... — permaneci calado, olhando seu rosto.

— Do que você está falando? — perguntei, minha voz saindo rapidamente. — Hailey... De que merda você está falando?! 

— Luke... Luke, não... Ele não mentiu. — confessou, evitando contato visual. Senti o chão sumir aos meus pés. 

— O quê? — sussurrei. 

— Luke e eu dormimos juntos. Algumas vezes. Eu... Eu sinto muito, Kai. Mas, eu... 

— Você, o quê? — agarrei seu braço, forçando-a a olhar para mim. — Você. O. Quê. Hailey? 

— Eu sinto algo por Luke, ok? Algo que não consigo explicar. Eu amo você, Kai. Mas... Eu sinto que também o amo. Talvez nós... Possamos ficar juntos! Os três. Seremos felizes, Kai. Eu prometo... — disse baixinho, esperançosa. Soltei-a, passando as mãos pelo cabelo, sem poder acreditar no que ela estava falando. 

— Sai daqui. — falei amargamente.

— Kai, deixa-me... 

— Sai daqui, agora! Você está louca o quê?! — gritei. Hailey assustou-se, dando um passo para trás. Havia lágrimas em seus olhos. 

— Por favor, Kai... Eu... Estou... Grávida. — soltei uma longa risada, olhando para ela. 

— É sério? — perguntei, ainda rindo ironicamente. Eu estava fervendo de raiva.

— Sim, eu... Descobri ontem. Estava planejando contar para você esta noite. — sorriu docemente, algumas lágrimas caindo por sua bochecha. — Você vai ser pai. 

— Você acha, realmente, que eu acredito que essa criança é minha?! — perguntei, aproximando-me dela. Hailey pareceu surpresa com minha fala. 

— Kai... Esse bebê... É seu. Eu... 

— Por favor, Hailey. Vá embora. Vá embora e seja feliz com Luke e essa criança ou com quem quer que seja. Apenas... Desapareça da minha vida. Agora. — falei seriamente. 

Ela soluçou, implorando para que eu a perdoasse e dizendo diversos "eu te amo". Ela continuou com a ideia absurda de sermos uma merda de triângulo amoroso, vomitando promessas de que seríamos felizes e criaríamos o bebê juntos. Fingi não prestar atenção. Sai do quarto, percebendo que ela não iria embora, deixando-a ali e desci as escadas, saindo rapidamente daquela casa. 

Não havia visto Luke por ali, mas, o que importava? Era ainda melhor eu não ter visto seu rosto agora ou poderia fazer alguma besteira. 

Eu estava sentindo-me o mais burro de todos os homens. Como eles puderam fazer isso comigo? Como nunca percebi que os sumiços de Hailey eram na verdade porquê ela estava com Luke? Eu era um burro.

Entrei no carro, dirigindo sem rumo. Rodei a cidade por horas, sem saber o que fazer a seguir. Tudo havia virado de ponta à cabeça em questão de minutos.

Eu amava Hailey, mas não poderia aceitar o que ela e Luke haviam feito. Poderia matar-me por dentro ver os dois juntos, mas seria melhor. Não me torturaria dessa maneira. E... Deus, ela estava grávida! De nenhuma maneira esse filho poderia ser meu. Quero dizer, sim, havíamos transado algumas vezes sem proteção, mas merda, ela também confessou que dormia com meu irmão ao mesmo tempo! Esse filho poderia ser dele. 

Minha cabeça parecia querer explodir à qualquer instante. Fiquei durante horas sentado em uma cafeteria, sem coragem para voltar à minha casa. Não sei o que faria se Hailey ainda estivesse por ali.

Respirei fundo, paguei a conta e entrei no carro, decidido a voltar. Já me sentia mais calmo, pronto para pensar em algo com clareza. Segui tranquilamente até encostar em frente à mansão. O carro de Hailey não estava ali, mas... Merda, haviam viaturas da polícia. Algo havia acontecido?!

Estacionei o carro de qualquer jeito, entrando em casa praticamente correndo. Encontrei Jo, Luke e nosso pai sentados em um dos sofás e em pé, ao lado deles, alguns policiais. No canto da sala pude reconhecer os pais de Hailey, eles estavam abraçados e pareciam chorar.

Caminhei pela sala devagar, com receio. Joshua levantou-se assim que me viu e veio até mim. 

— Filho... — murmurou baixo. Que porra estava acontecendo? 

— O que houve, pai? — perguntei, olhando todos na sala. Jo chorava silenciosamente e Luke parecia em estado de choque, olhando para as próprias mãos. 

— Kai... É a Hailey. Ela sofreu um acidente. 

— Um acidente?! Onde ela está? Ela está ferida? — perguntei rapidamente, nervoso. Joshua baixou a cabeça. 

— Ela... Hailey... 

— Diga... Diga de uma vez. — implorei, sentindo algumas lágrimas brotando em meus olhos. 

— Foi um acidente grave e... Ela não resistiu aos ferimentos, filho. Eu sinto muito. 


                                                ***
 

O enterro de Hailey Kaspen foi em meio à uma terrível tempestade.

Encarei o caixão à minha frente, enquanto meu pai dizia algumas palavras de conforto para os pais de Hailey, sentados ao meu lado.

Por mais duro que possa parecer, eu não sentia nada naquele momento. Nem dor, tristeza, raiva... Nada. Eu estava seco por dentro. Talvez ela quem tenha deixado-me assim. 

Hailey havia sido minha melhor amiga durante muitos anos e por algum tempo acreditei que ela fosse o amor da minha vida. Eu estava tão enganado...

As gotas da chuva caiam ao nosso redor, fazendo um barulho ensurdecedor, impedindo de ouvirmos agora o padre tecer elogios à Hailey, dizendo o quão boa filha, estudante e namorada ela era. Boa namorada? O pensamento me fez quase rir.

Alguns de seus amigos de Londres estavam ali e fizeram questão de fazer um pequeno discurso. Eu realmente não prestei atenção a sequer uma palavra.

Tudo durou aproximadamente duas horas. Eu fui o último a deixar o cemitério.  

Estava encharcado pela chuva, as gotas misturando-se com minhas lágrimas. Aquele foi o único momento em que eu finalmente deixei transparecer algo. Eu estava terrivelmente magoado. Com ela, com Luke... Comigo mesmo. O amor que sentia cegou-me completamente. Como pude ser tão idiota?

Encarei a foto que havia ali, mostrando uma Hailey sorridente e cheia de vida. Lembrei-me de nossos momentos juntos e inevitavelmente, imagens de sua traição povoaram minha mente. Fechei os olhos, tentando dissipar aquelas imagens. 

Eu as esqueceria. Poderia não ser hoje, ou amanhã, ou na semana que vem. Mas, eu esqueceria aquilo e seguiria minha vida sem sequer sofrer um único dia por isso.

E ali, diante de sua sepultura, prometi a mim mesmo que nunca deixaria alguém chegar à meu coração e machucá-lo novamente."

 

— E foi assim que tudo aconteceu... — finalizei, olhando para Bonnie. 

Eu estava com a cabeça em seu colo, nós dois encolhidos em seu pequeno sofá. Ela tocou levemente meu rosto e seguiu para meu cabelo, fazendo pequenas carícias. Fechei os olhos, aproveitando a boa sensação que seu toque trazia-me.

— Eu sinto muito... — ela sussurrou. Eu não poderia dizer do que ela se referia. Suspirei, tentando afastar lembranças tão amargas. — Agora... Eu consigo entender por quê você e Luke não se dão bem. 

— Como eu disse, Luke e eu nunca tivemos uma relação de irmãos. A história com Hailey apenas... Nos distanciou ainda mais. — dei de ombros. 

— Vocês nunca tocaram no assunto novamente? Depois que Hailey faleceu... — perguntou. Neguei.

— Luke nunca quis. Durante algum tempo eu tentei manter contato com ele, mas tudo ainda era recente, eu estava magoado e ele parecia culpar-me pelo que havia acontecido. 

— Mas, não foi culpa sua... — ela argumentou. Dei um leve sorriso, abrindo os olhos e admirando seu rosto. 

— Hailey sofreu o acidente pois foi atrás de mim. Ela me viu saindo e bem... Acho que queria explicar toda a situação. Durante o percurso, ela perdeu a direção do carro em algum ponto. — murmurei, recordando o que os policiais haviam contado àquela noite. Senti meus olhos arderem pela primeira vez em muitos anos.

Bonnie segurou meu rosto em suas mãos por um instante. Deus, eu adorava seu toque. 

— Quase não posso acreditar que você têm um coração. — ela falou em tom de surpresa. Ri de sua brincadeira, sabendo que ela havia falado aquilo somente para me distrair, não querendo me ver triste naquele momento. 

— É estranho confessar isso, mas sim, eu tenho. — ela sorriu, baixando sua cabeça e dando-me um leve selinho. 

— Obrigada por deixar-me conhecer um outro lado seu... — sussurrou, seus lábios ainda próximos dos meus. 

— Posso mostrar outras coisas minhas também, se você quiser. — retruquei baixinho, mordendo seu lábio inferior. Ela riu alto, afastando-se de mim.

— Você é um idiota pervertido. — falou ainda rindo. Sorri cinicamente, ajeitando-me em seu colo. Ela manteve uma de suas mãos em meu cabelo e a outra estava entrelaçada entre as minhas. 

— Kai? 

— Hmm?

— Desculpe voltar ao assunto, mas... Você nunca se perguntou, depois que tudo aconteceu, se aquele bebê realmente era seu? — falou receosa. 

— Mesmo que tenha tentado esquecer tudo, eu me pergunto isso todos os dias, — confessei. — Mas infelizmente, eu... Não posso mudar o passado. 

Ela concordou tristemente. Suspirei, resolvendo mudar de assunto. 

— Eu poderia ficar aqui para sempre, sabe? — murmurei, abraçando-a pela cintura.

— Sim, bem... Mas, não pode. Temos que ir ao casamento de sua irmã, lembra? — falou. Gemi em protesto. 

— É  realmente preciso? — perguntei, fazendo um biquinho. 

— Sim. É preciso. — Bon falou, encarando-me. Revirei os olhos. 

— Ok. Tudo bem. Já que você está pedindo com tanto carinho... — reclamei, levantando-me do sofá. Parei em frente à Bonnie, esticando minha mão em sua direção. — Daria-me a honra de ser minha acompanhante? 

Bonnie riu, segurando minha mão e ajudei-a a levantar-se do sofá. Ela ficou em minha frente, um leve sorriso brincando em seus lábios. 

— Claro. — respondeu. 


                                            ***

Em menos de uma hora eu havia passado em casa e arrumado-me para ir ao casamento de Jo e Alaric. Eu seria o padrinho e responsável pelas alianças, o que era um grande cargo. 

Dirigi novamente para a casa de Bonnie. Relutantemente eu havia afastado-me dela por alguns instantes, para que ela pudesse se arrumar. Havíamos comprado um lindo vestido para ela ontem à tarde e eu mal podia esperar para vê-la nele. 

Sorri, pensando na garota que há algumas semanas vem tirando o meu sono. Uma semana havia passado desde o incidente com aquele verme do Jeremy. Minha garota parecia ter esquecido completamente desse episódio. Merda, ela é forte. 

Ao contrário do que pensei, Bonnie não pareceu desenvolver certo receio de ir novamente ao trabalho. Nada. Ela simplesmente acordou no dia seguinte e avisou-me que não ficaria em casa, pensando no que ela poderia ter feito para despertar uma atitude assim em Jeremy. Droga, eu fiquei orgulhoso.

Nosso "relacionamento" também modificou-se com o passar dos dias. Bem, eu não poderia dizer que estávamos namorando ou algo do tipo, mas nós ultrapassamos a fase amigos. Isso é certo. 

Todos os dias eu a visitava e passávamos algum tempo juntos, algumas vezes nós ficávamos conversando durante horas... Outras vezes, simplesmente ficávamos nos beijando. Não tenho o que reclamar. Eu adorava beijar Bonnie. Merda, eu adorava tudo nela. 

Porra, a quem quero enganar? Eu sentia algo forte por Bonnie e no fundo sabia que isso poderia ser amor. Quem diria que Kai Parker estaria tão caído por uma garota? Bem, eu nunca, pelo menos. 

Bonnie me faz ser uma pessoa completamente diferente, alguém se importa verdadeiramente. Alguém que conversa sobre o clima apenas para escutar sua voz. Ok, certo, eu estou tornando-me um idiota sentimental. 

O mais irônico disso tudo é que o que achei sentir por Hailey não chega aos pés do que eu tenho a certeza de que sinto por Bonnie. Enquanto Hailey causava-me leves borboletas estúpidas no estômago, Bonnie Bennett causava verdadeiros terremotos em todo o meu corpo.

Bem, foda-se contrato. Eu iria aproveitar cada segundo ao lado de Bonnie. Durante alguns dias temi as consequências disso, mas quem liga? Eu a quero ao meu lado. E nada mais importa. 

O primeiro passo foi contar tudo sobre Hailey para ela. Eu sabia que devia honestidade à ela. Então, revelei aquilo que há anos jurei esquecer. Bonnie ouviu-me atentamente durante horas, sem questionar ou reclamar. Ela confortou-me quando precisei, distraiu-me quando as lembranças tornaram-se insuportáveis. É por isso, por esses... Pequenos gestos dela, que ela merece mais. 

Na verdade, ela merece bem mais do que eu posso oferecer, mas sou um egoísta. Eu a quero demais para afastá-la ao fim do prazo de um ano, isso é certo.

Um dia de cada vez, Kai. 

Eu estou disposto à tudo para ter Bonnie Bennett e se para isso eu tenho que superar meu pavor à palavra "amor", enfrentaria essa merda. Por ela. Apenas por ela. 

Estacionei o carro em frente à sua casa. Meu coração batia violentamente em meu peito. Ultimamente, era essa merda toda vez que eu percebia que a veria logo.

Liguei o alarme do veículo, caminhando até a entrada da pequena casa/apartamento. Dei duas leves batidas na porta. 

Pude escutar um movimento dentro da casa seguido de um barulho de chaves. Aguardei ansioso.

— Olá, Kai. Novamente. — Abby riu assim que abriu a porta.

— Hey, Abby. — saudei, sorrindo brilhantemente. 

— Entre, querido... — ela cedeu-me passagem. — Uau, você está lindo! 

— Obrigado... Nada exagerado? — perguntei, dando uma pequena volta, para que ela pudesse me analisar. Ela pareceu pensar um pouco, mas logo riu. 

— Nada exagerado... Você está perfeito. — Sorri, agradecendo. 

Abby havia me acolhido como a um filho nos úlimos dias. Eu a conhecia há pouco tempo, mas era como se fossem anos. Eu a adorava. 

— E... Bonnie? Ela já está pronta? — perguntei, nervoso. Abby abriu a boca para responder mas no mesmo instante escutei alguns passos hesitantes. Virei-me a tempo de ver Bonnie caminhando até nós. 

O ar ficou preso em meus pulmões. 

— Como estou? — ela perguntou, parando à nossa frente. Soltei o ar que não percebi estar prendendo, analisando-a. 

— Você... Está... M-maravilhosa. — gaguejei como um idiota, notando que o vestido creme tomara-que-caia combinava perfeitamente com ela. 

— Tão linda que quase deixou Kai sem falas. — completou Abby, rindo. 

Quase? Pensei com ironia. Merda, eu estava sem falas. Bonnie estava indescritível. Ela sorriu tímida, olhando para baixo. Um leve rubor surgiu em suas bochechas. Foi extremamente fofo. 

Ok, eu estava mentindo. Aquilo não foi nada "fofo". Eu estava excitado pra caralho. Balancei a cabeça, afastando os pensamentos nada puros que passavam por minha mente. Caminhei até Bonnie, segurando suas mãos delicadamente. 

— Você será a mais linda de todas naquele casamento. — sorri. 

— Kai, a última coisa que quero fazer é ofuscar Jo em seu casamento. — brincou. Ri, circulando sua cintura e puxando-a para mim. 

— Isso é meio impossível. — sussurrei, olhando para seu rosto.

 

                              ***

 

— É uma pena Abby não ter vindo conosco. — comentei, ajudando Bonnie a sair do carro. Ela agradeceu com um sorriso. 

— Sim... Bem, ela disse que precisa arrumar suas malas, mas sinto que ela apenas inventou isso para deixar-nos algum momento sozinhos. — disse, ajeitando seu vestido. Coloquei minha mão em sua cintura possessivamente. 

— Sua mãe é a melhor. — falei, sorrindo maliciosamente. Bonnie revirou os lindos olhos verdes, rindo. 

— Já disse o quão linda você está?

— Sim. Durante todo o caminho até aqui. — sussurrou timidamente. Aproximei meu rosto do seu, nossos lábios quase tocando-se.

— Quero tanto beijar você...

— Irá borrar toda a minha maquiagem, Kai. Comporte-se. — falou.

— Tudo bem. Irei me comportar. Por enquanto... Após a cerimônia, você será toda minha e maquiagem nenhuma irá me deter. — provoquei, sussurrando em seu ouvido. Ela estremeceu levemente. 

— Isso é uma ameaça, Parker? — perguntou baixinho, encarando-me nos olhos. 

— Claro que não, Bennett... — sorri docemente, arrastando-a em direção à igreja, que estava lotando a cada minuto. — É uma promessa.


Notas Finais


GENTE!!!! Bem, vamos começar comentando esse capítulo. O QUE FOI ISSO, EIN MORES. Ao contrário do que imaginei primeiramente, Hailey foi bem... Digamos, "gulosa". Querendo os dois irmãos ao mesmo tempo. Um pouco de Katherine Pierce? Talvez. HAHAHA

Digam-me: vcs acham que o bebê que Hailey esperava (sim, ela realmente estava grávida qnd morreu, não foi uma desculpa) era de Kai ou Luke? Bem, apenas mais para a frente que irei revelar isso...

Espero que esse cap tenha explicado exatamente a personalidade de Kai: alguém que teve seu coração ferido e por isso decidiu usar as mulheres apenas para não sofrer novamente. Sim, é triste. Mas, agora parece que ele está finalmente aceitando que Bonnie chegou para abalar seu mundo.

E essa promessa dele no fim do cap? Hmmm, vamos aguardar o proximo. JDDVSJJDH

Obrigada pelos coments no cap passado, vcs são incríveis! ❤


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