As vezes Shownu se perguntava o por quê do namoro com Exy.
(Esse seria o momento perfeito para uma das reclamações de Luda. "Héteros são tão chatos", ela diria.)
Ela claramente gostava mais dele do que ele gostava dela. Não demoraria muito para que os outros comentassem sobre.
Porém aquele não era o melhor momento para comentar sobre isso, afinal, era aquele momento que definia a relação do casal.
Exy transava muito bem. E Shownu não deixaria uma garota dessas escapar.
Isso seria considerado egoísmo?
~
- Finalmente te achei. - Xiao disse para Eunseo ao acha-la naquela movimentada festa - Está gostando?
- É pra falar a verdade? - Eunseo disse, rindo um pouco - Eu sinto falta do meu hábitat natural.
Xiao deu um sorriso com a resposta.
- Mas subitamente melhorou. - Eunseo arriscou-se em dizer.
- Realmente, esse não é o seu hábitat natural.
- O quê?
- Não se fala palavras bonitas pra uma garota em uma festa dessas. - a chinesa ousadamente disse, e a outra sentiu as bochechas queimarem.
- Então o que se deve fazer em uma festa dessas, Xiao? - Eunseo disse e a chinesa parou por um tempo.
- O que foi?
- Eu gosto de você dizendo o meu nome. Vem. - Xiao disse e mal deu tempo de Eunseo pensar na declaração, pois Xiao a levara a pista de dança.
~
Minhyuk não conseguia se embebedar, e se odiava por isso. Ter Luda ao seu lado piorava.
- Olha lá, a Eunseo com a Xiao. - disse a baixa, tomando um gole de sua bebida - Tão bonitinhas.
- Mas a Eunseo não dança.
- E você não tem vergonha na cara. - disse ela.
- Que revolta é essa? - Minhyuk olhou ao redor e o menino novo, Changkyun, olhava para os dois - Ainda com raiva dele, Luda?
- Já disse, não gosto dele. - Luda dera um olhar raivoso para o menino em questão. Ele deu um sorriso para a menina. E então, saiu do banco onde estava sentado e começou a se aproximar.
- Ele ta vindo! - gritou para o amigo - Ele ta vindo!
- É.
- Quê que eu faço?
- Sei lá.
A garota de cabelos rosa deu um olhar desesperado ao amigo. E o menino de cabelos cinza sentou ao lado dele.
- Vocês viram a Seola? Quero reclamar da festa com ela. - disse ele.
- Eu posso reclamar com vocês? - perguntou Minhyuk.
- Vou procurar ela. - disse Luda, pulando do banco onde estava.
- Tão fofa.
A menor virou-se para o loiro mostrando o dedo médio.
- Muito fofa.
~
Se perder-se fosse considerado uma mania, com certeza Seola estaria em um quadro grave. Ela estava no 2º andar da casa de Exy. Ao perceber Shownu e Exy entrando no quarto desta, ela rapidamente desviou o caminho.
Entrara agora em uma biblioteca. Os pais de Exy deveriam ser ricos ou algo assim. A morena pensou até em chamar Eunseo. A biblioteca era vasta e ao analisar os livros, um exemplar roxo chamou sua atenção. Era um livro sobre bruxas. Seola nunca havia parado para pesquisar sobre o assunto. O livro era algo como guia, e estava em uma língua desconhecida para a morena.
Sua concentração fora interrompida.
- Ah, é uma biblioteca. - disse Bona, ao abrir a porta.
- Mas serve. - disse Wonho. Recebeu um olhar de reprovação da loira.
- A Seola está aqui. - e o menino devagar virou o rosto do pescoço da loira.
- Oi Seola! - disse ele, para logo após mostrar um olhar de confusão - Por que está lendo um livro de receitas? - perguntou e os dois saíram rindo.
Livro de receitas?
Ela estava claramente segurando um livro sobre bruxas. O que tinha de errado com aquele pessoal?
Com o pensamento, Seola bateu o corpo em um armário. Olhou para trás. A cena se passou rapidamente. O armário começara a cair com o impacto, ele cairia em cima de Seola. A menina fechou os olhos, prevendo o acidente.
Porém quando ela abriu os olhos, o armário estava sendo erguido.
Sendo erguido por Luda.
- Ai ai. - disse a menina, colocando o armário no chão - A gente pisca e a menina já está sofrendo atentado.
- Luda.
A baixinha olhou para a morena.
- O que diabos acabou de acontecer?
- Não chama que ele vem.
Seola estava impaciente, nervosa como nunca. Luda percebeu seu estado. Não tinha como evitar.
- Eu sou uma bruxa.
- O quê?
- Eu, o Minhyuk, a Eunseo e o Shownu. Somos bruxos.
~
- Há quanto tempo se mudou pra cá? - perguntou Minhyuk a Changkyun, sem motivo aparente.
- Meus pais morreram e eu vim morar com os meus tios.
- Meus pêsames.
- Obrigado. - pensou um pouco antes de perguntar - Há quanto tempo toca guitarra?
- Como sabe que eu toco guitarra?
- Eu te vi tocando dia desses. - confidenciou o menino, para a surpresa de Minhyuk.
- Enfim, a alguns anos. Eu a uso pra me esquecer um pouco das coisas sabe? Pra descontar toda a minha eletricidade.
A palavra chave, eletricidade.
- Mas não faz parte do clube de música. - afirmou Changkyun.
- Sim. Eu não gosto de seguir um padrão.
Minhyuk começou a tatear seu copo com os dedos.
- Eu gosto de seguir minhas emoções.
- Emoções são confusas. - Changkyun disse - Por exemplo - se aproximou do loiro - eu estou sentindo uma puta vontade de te beijar agora, mas eu não sei.
Minhyuk riu de nervoso.
- E a música não está ajudando.
Minhyuk aproximou seu rosto.
- Não deveria pedir permissão.
- Eu não estou.- disse Changkyun, antes de avançar nos lábios do loiro.
~
- Tá passando mal?
- O que você acha? - perguntou Seola a Luda - Eu acabei de descobrir que os meus amigos são bruxos! É claro que eu to passando mal!
- Esperei tanto por esse momento. - disse Luda com a mão no peito, inspirada.
A mais baixa sentou-se em uma cadeira a frente da mesa da biblioteca e Seola repetiu o gesto.
- Acho que eu tenho uma história pra te contar.
- Pode começar.
- A uns... - Luda pensou um pouco - 100 anos eu acho, uma bruxa teve um filho com um herdeiro de uma poderosa família.
"A família em questão não gostou nem um pouco da notícia. Porém, haviam outras três famílias também muito poderosas dessa região. Elas tiveram uma reação muito diferente. Elas disseram que seria uma proteção a mais, que a família deveria agradecer a graça recebida.
Quando o filho da bruxa cresceu, ele propôs um pacto entre os outros herdeiros das respectivas famílias. E aqui estamos, até hoje."
- Mas nunca nada ameaçou o pacto de vocês?- Seola finalmente falou.
- Eu sei que teve uma caça as bruxas em algum momento, mas não deu em nada.
- Por que quatro famílias e apenas dois sobrenomes?
- É porque destas quatro famílias só sobreviveram duas. Não sei o motivo.
A morena pôs as mãos na cabeça. Luda fez um carinho na cabeça dela, a fim de acalmá-la.
- Tudo bem? - perguntou, com uma voz mansa.
- É só muita coisa pra absorver.
- Entendo.
- Vocês são maus, por acaso? - perguntou Seola.
- Eu nunca invadi a casa de vovó de ninguém.
Seola bufou.
- Desculpa. Mas não, a gente nunca fez nada de ruim.
- Ufa.
- Pelo menos não intencionalmente.
Seola encarou a menina de cabelos rosa.
- Não me olha assim não...
- Mas você não são bruxos comuns. Tem poderes, como disse. - ela afirmou.
- Não gosto muito dessa palavra. Me faz pensar que eu sou uma super heroína. E eu estou bem longe disso.
- Enfim...
- Todos os quatro tem habilidades, digamos.
"Shownu pode manipular coisas relacionadas a terra. Ele poderia mover montanhas se quisesse. Mas ele é muito preguiçoso pra isso.
Eunseo domina o fogo. E ainda dá uma de vidente aqui e ali.
Minhyuk modela a água e afins. Ele é o protegido de Zeus, eu diria.
Já eu... Consigo brincar com o ar."
- Ainda não testou tanto o seu poder, né?
- O Shownu diz que é perigoso. Os mundanos perderiam seus juízos se soubessem que um clã povoa sua região a décadas.
- Vendo por esse lado...
- Mas eu queria treina-los ativamente. Vai que surge alguma ameaça? Temos que estar preparados! - disse Luda com vontade.
- Por que não conta isso ao Shownu?
- E ele vai ouvir? O Shownu não sabe nos liderar. E ao invés de tentar fazer alguma coisa, ele não faz nada.
- Calma. É tão grave assim?
- Bruxos colecionam inimigos. Vai que temos algum e nem sabemos?
Seola desviou o olhar de Luda por um momento. De repente o ar tornou-se pesado.
- Eu deveria estar ouvindo tudo isso?
- Eu não sei. Quem sabe fazer o feitiço do esquecimento é a Eunseo. - Luda se levantou da cadeira, mas antes olhou para a mais alta - Fica ai que eu vou achar ela. - se voltou para a porta. Seola pode ouvir o barulho do andar de baixo quando a porta fora aberta.
- Por que eu ficaria esperando por alguém que vai me enfeitiçar? - perguntou Seola incrédula, que apenas recebeu um sorriso travesso da mais baixa.
~
Não era a primeira vez que se sentia assim, Eunseo sabia. No ano passado ela avistara Exy conversando com um ruivo no corredor do internato. Eunseo gosta de pessoas misteriosas. E ao ver o ruivo sorrindo de uma forma irônica que formava covinhas na parte superior de suas bochechas, ela sentiu que havia encontrado a pessoa perfeita para si. Ainda tinha visto ele outras vezes, mas não teve coragem em perguntar a Exy o nome dele.
Com Xiao era diferente. Xiao era concreta. Eunseo tinha de fato um nome para chamar.
Estavam as duas sentadas no sofá da sala, uma com a cabeça apoiada no ombro da outra, cansadas de tanto dançar, sorrindo feito bobas.
- Eunseo. - chamou a chinesa.
A castanha abriu os olhos devagar, a fim de apreciar o momento. Tocou a mão da outra, aproximou seu rosto. Xiao exibiu um sorriso.
- Nosso primeiro beijo não vai ser em uma festa, Eunseo. - simplesmente disse Xiao, passando o polegar pelos lábios de Eunseo.
Eunseo olhou desnorteada para Xiao por um longo minuto.
- Eunseo! - dissera uma afobada Luda, que parou ao ver as duas - Eu estou interrompendo alguma coisa?
- Te vejo depois. - disse Xiao, fazendo um carinho na mão da castanha e saindo de vista graciosamente, como sempre.
- O que foi, Luda? - Eunseo perguntou.
- Eu acho que eu fiz besteira.
- E quando que você não faz?
- É diferente, envolve o clã.
- Não diga essa palavra aqui. - Eunseo respirou fundo para o que viria a seguir - Já chamou os outros?
- O Minhyuk está ocupado. Ou melhor, a língua dele que está.
Luda apontou para a sua esquerda e ela viu Minhyuk sendo prensado contra a parede com o aluno novo, Changkyun. Os dois se beijavam fervorosamente.
- Ele merece. E o Shownu?
- Esse tá super ocupado. Ou é ele que tá ocupando...
- Luda. - a mais baixa parou com os pensamentos com o aviso.
- Foi mal.
- Só diz o que você fez.
- Eu disse a verdade pra alguém...
- VOCÊ O QUÊ?- Luda pode ver as íris castanhas da amiga se tornarem leves faíscas. Ela estava ferrada.
- Calma. Calma. - Luda puxou a amiga de leve para a escada que levava ao 2º andar da casa de Exy.
- Quem foi, Luda? - disse Eunseo um pouco mas não tanto calma.
- A Seola...
- ELA CHEGOU ESSA SEMANA LUDA! QUÊ QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA?
- Fala baixo! A Seola é confiável, eu tenho certeza. E com a situação que eu estava... Não tinha outra opção.
Eunseo não respondera ou retrucara o que a mais nova tinha dito. Luda tomou aquilo como um bom sinal. Logo as duas encontraram e adentraram a biblioteca.
- Oi Eunseo.
- Oi Seola.
- Então Eunseo, já pode fazer aquele feitiço do esquecimento lá.
- Não é desse jeito que as coisas funcionam. O que aconteceu aqui?
- Um armário ia caindo em cima de mim e a Luda simplesmente levantou ele. - Seola descreveu a cena, ainda um pouco incrédula.
- Tá vendo? Eu salvei uma vida. Sou uma super heroína.
- Mas você disse que não era uma super heroína.
- Não confie nas palavras de Luda. Já adianto.
- E agora? O que a gente faz?
- Eu não faço a mínima ideia.
~
- Sempre me impressionei de como você consegue usar as pessoas sem sentir nada. - disse Kihyun.
O garoto de cabelos rosa estava em uma poltrona que era encontrada dentro do quarto de Exy. Ela vestia a camisa do namorado. Este, dormia de modo que se podia ver seus músculos das costas.
- Saia logo desse seu mundinho. A vida não é uma festa. É uma guerra.
Kihyun revirou os olhos. Por que ele ainda tentava conversar com a irmã?
- E eles também estão fazendo muito bem.
- Que bom pra você.
- Pra nós. Me dói quando você não reconhece que o que eu faço é por nós dois.
Kihyun sabia que tudo o que saia da boca dela era mentira. Mas ele quis que fosse verdade, que um dia pudesse viver sua vida em paz...
Talvez em outra vida, quem sabe.
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