História The Crystal Moon - Capítulo 22 - Finalmente

     Desde o dia daquela proposta que as coisas não estão indo muito bem, sem pensar duas vezes eu dei um tapa no rosto dele me esquecendo da máscara que acabou por machucar minha mão, e apesar de não saber se ele sentiu alguma dor tenho certeza que joguei sua dignidade no lixo, digamos que voltei a estaca zero. Mesmo assim não me arrependo do que fiz.

Afinal essa seria a reação normal de qualquer garota, agora vejo que o mascarado não tem escrúpulos, mas não me darei por vencida tão facilmente.

- Vejo que já está acordada.

- Sim.

- Eu fiquei pensando por um tempo... – Ele fez uma leve pausa fazendo o meu coração se acelerar rapidamente, eu finalmente poderei sair daqui? – Considerando que não tenho nada a temer posso revelar pra você quem eu sou de verdade.

- Como assim nada a temer? – Mesmo afetada pela curiosidade fiquei preocupada com a sua confiança.

- Simples minha doce Alana, desde que você me negou pude comprovar que você ainda o ama – Ele se aproxima ameaçadoramente – E não posso deixar que vocês fiquem juntos.

- Isso não é questão de amar outra pessoa e sim de dignidade.

- Não minta pra mim.

- Não estou mentindo, ir pra cama com você em troca de algo seria o mesmo que vender meu corpo, aliás eu que deveria estar irritada com você por me fazer essa proposta.

Ele pareceu refletir, acho que finalmente está se dando conta do que disse pra mim no outro dia e então... ele simplesmente deixa o quarto em que eu estava. Será que eu consegui afetar ele?

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Algumas coisas melhoraram apesar de ele ter mudado de ideia com a possibilidade de eu ver o seu rosto, mas isso é uma coisa boa, não? Significa que ainda tenho chances de sair daqui.

Voltei a visitar o laboratório que ele tinha, e só para garantir voltei a pensar sobre como sair daqui, acho que já tenho algo em mente. Aos poucos tenho que ganhar a confiança dele novamente. Recentemente ele anda distante de mim, as vezes tenho a impressão de que está envergonhado. Ao menos se sente arrependido.

- Alana, a partir de amanhã não poderei mais ficar aqui o tempo todo cuidando de você.

- Por que?

- Tenho que voltar para o QG.

- Por que? O que vai fazer com eles?

- Não seja tola, eu trabalho lá.

- Trabalha?

- Sim, como acha que eu conseguia entrar no seu quarto?

- Se isso é verdade então como pôde ficar tanto tempo afastado?

- Digamos que eu estava em uma missão importante, pelo menos é o que eles pensam.

- Se descobrirem a verdade você estará com problemas – Então ele se aproxima.

- Está preocupada comigo doce Alana? Não fique, ninguém poderá me punir.

Ele acaricia meus lábios com os dedos e se afasta me deixando sozinha no quarto novamente. Ninguém pode punir ele? Se isso é verdade então ele deve ter um cargo importante no QG, talvez eu já tenha encontrado com ele algumas vezes nos corredores e nem mesmo saiba. Amanhã hein? Será essa minha chance? Mas espera, se ele trabalha no QG então posso dizer que o inimigo estava mais perto do que eu pensava, a única pessoa que posso confiar é no Ezarel.

Que saudade que eu sinto dele, vejo que a única razão de estar aguentando tudo isso é por ele, senão não pensaria duas vezes antes de voltar para casa, se recusei a primeira proposta do mascarado foi pelo meu amor ao Ezarel, é ele que está me dando forças, aliás foi ele que sempre me apoiou desde que descobri a verdade através daquele exame, também tenho laços aqui.

A verdade é que estou dividida com a ideia de voltar para casa, eu amo Ezarel é verdade, mas também amo meus pais, e sinto falta de meus amigos, com tudo o que vivi aqui até me esqueci da Debrah, certamente deve estar muito feliz agora com o Castiel, mas quer saber? Eu não me importo. Depois que descobri meus sentimentos pelo Ezarel, os dois parecem insignificante para mim. Me sinto até idiota por ter sofrido tanto.

Se cheguei até aqui não posso parar agora.

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Assim que os primeiros raios solares apareceram ele me acordou, disse que voltaria somente a noite por isso deixou eu ter acesso a cozinha, ao banheiro e ao laboratório, mas trancou todas as outras portas. Mas com isso descobri mais uma coisa, se é possível que ele vá ao QG e volte a noite isso quer dizer que não estamos tão longe assim. As coisas finalmente estão indo muito bem, melhor do que eu esperava.

Estou sozinha aqui, é minha chance de procurar por informações sem preocupações. Vou ao laboratório que tem muitos pergaminhos e ingredientes para poções, me pergunto a razão dele ter um lugar assim escondido, deve ser alguém muito inteligente.

A primeira coisa que eu faço é ir em direção aos pergaminhos, mesmo sabendo que ele não seria tão idiota a ponto de deixar alguma coisa comprometedora, mas a esperança é a última que morre. Talvez tenha alguma coisa que pode me ajudar, mesmo que seja minimamente.

Abro o primeiro pergaminho, e me decepciono ao ver que se trata apenas de molho de salada, ora Alana, você não esperava descobrir uma coisa importante logo de cara, né? Já foi mais do que provado que você não possui essa sorte.

O segundo pergaminho é sobre adubo mágico, agora eu sei porque o jardim de Eldarya é tão bonito, mas não é isso que eu estou procurando. Mais algumas tentativas foram feitas, então encontro um livro escondido bem ao fundo da estante. Ele está um pouco empoeirado mostrando que tinha sido esquecido naquele lugar.

Em sua capa está o desenho de um cristal, coincidência? Então eu o abro, no começo nada interessante, o livro tem muitas páginas, o começo é sobre a importância do cristal de Eldarya para os habitantes desse mundo, e então as coisas começam a ficar interessante o meu mundo é mencionado.

Parece que durante muitos anos as pessoas do meu mundo ficaram cobiçando esse cristal de Eldarya, por isso para que o cristal ficasse seguro tiveram que fazer uma barreira entre os dois mundos, e as memórias de todos os que sabiam sobre Eldarya foram apagadas. Mas essa barreira não era cem por cento confiável, a cada onze anos ela apresentava uma falha, sim foi uma das primeiras coisas que descobri.

E então parece haver uma maneira de voltar... meu coração dispara e eu fecho o livro parcialmente deixando apenas o meu dedo entre as páginas.

- Há uma maneira de voltar?

Sim, o mascarado já havia me dito isso, mas agora eu estava tão perto. Eu deveria ler o livro? Seria uma traição ao Ezarel eu ficar curiosa sobre como voltar para casa? Não, claro que não, isso é normal, eu quero saber.

Abro o livro novamente, dessa vez bem devagar e leio cada palavra atenciosamente, quem terá escrito esse livro? Aperto o colar que está em meu pescoço, eu preciso dele para voltar, mas não vou conseguir fazer isso estando aqui.

- Então é isso? É assim que eu volto para casa? Agora que eu sei de tudo isso o que eu faço?

Coloco novamente o livro em seu lugar juntamente com os pergaminhos, sei como voltar para casa mas e agora? Meu estômago faz um barulho avisando que já havia passado da hora de eu comer, toda essa procura me deu fome, estou confusa e minha cabeça está doendo.

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Enquanto estou comendo tenho uma ideia, lembro de ter visto um pergaminho com uma receita para quem tem dificuldade de dormir, paro de comer na hora e vou correndo para o laboratório. Procuro pelo pergaminho e leio, seguro ele em mãos e vou em direção a prateleira conferindo se eu tenho todos os ingredientes. Folha encantada, água purificada, poeira arcana, flor chama, óleo de oliva e vários outros ingredientes, estão todos aqui. Eu pego eles rapidamente e vou preparando tudo conforme a receita, a maioria dos ingredientes foram se desmanchando e ficando no estado líquido, ficando com a mesma aparência de um vinho branco.

Lembro que ele tem umas sete garrafas de bebida que fica em uma mesa no canto da cozinha e uma delas é de vinho branco, a sorte está do meu lado dessa vez.

A noite vai chegando e junto com ela a minha ansiedade, nada pode dar errado, ouço um barulho e a porta se abre, ele chegou tenho que agir o mais naturalmente possível.

- Ainda está acordada?

- Não consegui dormir – Era verdade, já beirada duas horas da madrugada e não sentia o mínimo de sono.

- Admito que estou um pouco cansado e com fome – Como eu pensei.

- Eu fiz muita coisa no jantar e não consegui comer tudo, se quiser...

Ele olha pra mim estranhamente e eu tento parecer o mais natural possível, não, ele não pode desconfiar de nada.

- Por que está sendo tão gentil?

- Não estou sendo gentil, bom, já que não quer problema seu – Ele então segura meu pulso quando estou indo em direção ao quarto.

- Está bem, eu vou querer, e me traga também algo para beber.

Faço como ele pediu, ele retira metade da máscara inferior e logo após comer tudo pega o copo que eu trouxe da cozinha com a bebida.

- Você não vai querer também? Para se sentir mais relaxada? – Eu estreito os meus olhos.

- Obrigada, mas eu não costumo beber – Sinto ele me olhando por longos segundos.

- Está bem – Diz isso e começa a beber.

Por um estante achei que não daria certo, uns cinco minutos se passam e ele começa apresentar sinais de sonolência, não sei muito bem como funcionam os calmantes do meu mundo, mas os daqui são tão eficientes como um sonífero, vejo ele apoiando os braços em cima da mesa até cair totalmente desacordado.

Procuro em seus bolsos a chave da porta que estava trancada, e a encontro facilmente, mesmo hesitando um pouco eu decido tirar a sua máscara, eu já estava um pouco desconfiada mas era difícil para mim ver que minhas suspeitas estavam certas. Me afasto dele e vou em direção a porta abrindo ela com a chave revelando uma noite escura iluminada somente pela Cryxx que era tão semelhante a Lua do meu mundo, ela estava iluminando meu caminho?

- É agora ou nunca.