História The Crystal Moon - Capítulo 7 - Novo Ezarel

     Depois de tudo o que tinha acontecido eu tentei descansar um pouco, bom, parece que tanto o mascarado não gosta da Guarda, como a Guarda não gosta do mascarado, ainda estou nessa sala, agora que reparei bem ela parece uma enfermaria, nunca gostei de lugares que lembram hospitais, e aqui não está sendo diferente.

     - Como está se sentindo?

     - Estou um pouco melhor. Leiftan?

     - Sim?

     - Porque vocês ficaram tão atordoados quando eu mencionei sobre aquele homem que usava uma máscara?

     - São problemas da Guarda que não devem te preocupar pequena Alana, mas acho melhor você não comentar mais sobre ele aqui na no QG – Leiftan diz calmo, porém sério, nunca vi ele assim.

     - Está bem – Sorri fraco.

     - Tem certeza de que está bem, parece um pouco preocupada.

     - Sim, só estou um pouco confusa.

     - Confusa?

     - É, sabe? Não é muito fácil ir para um mundo alternativo, onde você não conhece ninguém.

     - Na verdade eu não sei – Ele dá um sorriso encantador – Mas saiba que pode confiar na gente, vamos te ajudar a entender tudo o que está acontecendo.

     Eu sei que vão, mas será que o Mascarado disse a verdade? Existe mesmo uma forma de sair daqui? E se existe, porque ele não me ajuda a voltar para casa? O que ele iria me dizer que subitamente se arrependeu? São tantas perguntas, e nenhuma resposta. Leiftan ficou conversando comigo a manhã toda, mas eu fiquei preocupada, ele deve ter vários afazeres, lembro-me que quando cheguei aqui raramente o via, só nos encontramos algumas vezes, agora, ele não parece se preocupar tanto com sua posição na Guarda, e o seu trabalho é tão importante quanto o da Miiko e do Kero, já que eles fazem parte da guarda reluzente, que comanda as outras guardas em suas funções.

     Fico pensando, como estará em casa? Como estará meus pais? Castiel? Será que ele está sentindo a minha falta? Apesar de estar sentindo falta deles, também quero voltar pelo motivo de tirar a máscara da Debrah, não acredito no que ela fez, como pode descer tão baixo? Nem Ambréga seria tão fria e calculista a esse ponto. Não posso deixar que ela pense que venceu, que eu fugi, que sou fraca e não consigo enfrenta-la.

     - Posso entrar?

     - Claro – Sorri serenamente.

    - Eu vim aqui me desculpar decentemente – Coloquei a mão em sua testa, ele hesitou um pouco, mas não fez nenhum movimento – O que foi?

     - Ezarel, você está se sentindo bem? – Ele revira os olhos.

     - Quem faz piadas aqui sou eu mocinha que isso fique bem claro por aqui.

     - E quem manda em mim sou eu mocinho que isso fique bem claro por aqui.

     - Ei!!!... – Ele parece pensar por um momento – Até que você não é tão chata, idiota e inútil assim.

     - E até que você não é tão implicante, sem noçã... espera você me achava inútil? – Em seu rosto aparece um sorriso ligeiramente lembrando o Gato Risonho.

     - Achava! Não acho mais.

     - Então quer dizer que agora eu sou útil? Por qual motivo?

     - É útil como uma desculpa.

     - Desculpa?

     - Sim, Miiko disse para que Alajéa ficasse lembrando o laboratório de alquimia, e eu sinceramente não aprecio a sua companhia – Eu reviro os olhos.

     - Estava bom demais para ser verdade.

     - O que quer dizer?

     - Eu aqui pensando que você tinha mudado.

     - Ta, a Alajéa foi um dos motivos de eu ter vindo aqui.

     - O que você tem contra a Alajéa – Seu semblante mudou bruscamente – Digamos que Alajéa não é muito confiável, se eu fosse você tomaria cuidado com ela.

     O dia passa lentamente, Ewelein, a enfermeira que estava cuidando de mim, disse que eu poderia voltar a minha rotina normal amanhã, finalmente, acho que já está na hora de dormir, provavelmente Miiko não se deixará ser abalada por causa de meu acidente, e me dará alguma outra missão, ou se não for ele, será o Nevra, ou algum outro rapaz.

     Quando já estava sonolenta, escuto um barulho, penso que provavelmente de ser alguém do QG que estaria com fome, pois o ruído vinha da despensa, mas não satisfeita com a minha própria hipótese decidi ir verificar para comprovar. Desço as escadas cautelosamente, se alguém me ver poderá me dar alguma bronca por não estar no quarto, chego na despensa, olho pela porta que está entre aberta, mas não vejo ninguém, “que estranho”, como só tinha consumido coisas leves, meu estomago estava reclamando, já estava em frente a despensa, então poderia entrar e comer alguma coisa.

     Vejo um alimento em uma prateleira um pouco alta, esses dias vi Valkion comendo isso, ele me ofereceu um pouco e eu aceitei, tem um sabor muito bom. Ergo o braço para que possa alcança-lo, assim que me viro vejo o Mascarado atrás de mim, estávamos bem próximos.

     - Como entrou aqui? – Digo sussurrando, um pouco surpresa e talvez assustada.

     Ele nada respondeu, mas continuou me encarando, estava um pouco escuro, não arrisquei acender a luz, alguém poderia ver a luminosidade e acabar me dando bronca, somente a luz do salão principal do QG entrava naquele local, o que não era muita coisa, apenas o chão ficava iluminado, e uma luz sutil na despensa.

     Ele tirou a máscara, mas não foi possível ver seu rosto, estava tão extasiada por ele ter conseguido entrar no QG, que nem me importei muito com isso. Ele foi se aproximando lentamente, minha primeira reação foi fechar olhos, nesse momento senti seus lábios quentes tocarem um o meu, um toque calmo, porém desesperado. Nos separamos lentamente, demorei alguns segundos para que entendesse tudo o que estava acontecendo e abrisse os olhos, quando o fiz, ele não estava mais lá.

     Chego no quarto e encontro Ezarel.

     - O que faz aqui?

     - Vim apenas ver como estava, mas obviamente não a encontrei – Ele franze o cenho demonstrando uma expressão confusa.

     - Estava na despensa – Ele sorri.

     - Quer dizer que você também tem fome a noite? – Ele sorri.

     - Pois é – Correspondo – Está com a consciência tão pesada assim? Ou foi a Miiko que te mandou aqui?

     - Bem... – Ele ficou levemente envergonhado – Nenhum dos dois, só estava preocupado mesmo.

     - Ah sim – Abaixo a cabeça envergonhada.

     - Acho melhor eu ir, se alguém me ver aqui com você, pode pensar em coisas erradas.

     - Que tipo de coisas? – Fiquei confusa.

     - Bobinha – Ele dá novamente aquele sorriso do Gato Risonho.

     Acho que agora sim vou dormir, mesmo achando que não irei conseguir de início.