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História The Cure - Jikook - 30


Escrita por: AP_Moura

Notas do Autor


Nesse capítulo eu mudei um pouco a escrita
Só um teste, nada definido
Espero que gostem <#

Capítulo 30 - 30


  -X- Jimin -X-

 

  Desde que ele foi para a cozinha que não o vejo. 

 

  Esperei que saíssem de lá, mesmo a porta tendo sido fechada de forma que indicava que não queria que mais ninguém ouvisse aquilo, o som que me fez pular no sofá. Estavam demorando demais, eu estava ficando entediado. Então me levantei e subi para o meu quarto, onde folhas e folhas de redações me esperavam para serem lidas e estudadas para o concurso de redações, faltava um mês para que eu concorresse e só haviam liberado as redações vencedoras anteriores a pouco tempo. Também havia me faltado tempo para lê-las, ultimamente minha mente vem sido ocupada por um certo garoto, que me tira do sério milhões de vezes e me distrai o tempo inteiro. Jungkook brinca com a minha mente, e com meu corpo de vez em quando. 

 

  Pego o bolo de redações na minha bolsa da escola, a coloco sobre a cama e as espalho por lá. Redação vencedora de dois mil e dez a diante, temas diferentes, estruturas diferentes, tudo isso para me ocasionar dor de cabeça, como se meu mal estar por causa do cachorro-quente não fosse o suficiente para um dia. Porém eu buscava distração, algo que me tirasse da cabeça a conversa lá embaixo. Será que ela nos viu no sofá, ou em outra ocasião, talvez tenha nos visto em Namsan. Não, ela nos encobertou quando voltamos para casa, talvez queira terminar com o meu pai e está pedindo ajuda ao filho. Também acho difícil essa opção. 

 

  Me forço a voltar para as redações, a mais próxima de mim é ecologia, a pego e começo a folheá-la, queima de árvores, papel inutilizado. Concordo, aquele papel cheio de letras que não me interessam são inúteis e fazem mal a natureza, muito contraditório. Deixei-a de lado. Não conseguia me concentrar em estudar mais nada naquele momento, mesmo que eu já fosse acostumado, mas antes eu não tinha muito mais do que isso para fazer, agora eu tenho uma preocupação de verdade. Jungkook está lá embaixo, com a mãe, falando de mim ou eu estou me iludindo, ela podia estar reclamando dos preços no mercado. O mundo não gira ao meu redor, mas essa casa gira, gira sobre mim e Jungkook, somos os alvos principais dessa casa. 

  Me levanto, dou duas voltas no quarto até ouvir passos na escada, eram passos pesados, quase um aviso. Espero que eu tenha entendido bem, o recado foi claramente "não venha agora", Jungkook estava fingindo estar muito bravo, ou estava e não queria que eu o visse daquela forma. Corri para minha cama, a bolsa estava no encostada nela, peguei meu celular no bolso da frente, e procurei seu número, não tínhamos muitas mensagens já que vivíamos um ao lado do outro, a última foi do dia em que assistimos filme na sala. Digitei, e apaguei, repeti isso umas três vezes até mandar só um 'oi'. Me sentei impaciente esperando ele responder e finalmente o celular vibrou. 

  "Oi." Ele respondeu. "Não se preocupe, ela não sabe de nós dois, só suspeita." 

  Eu posso imagina-lo, sentado na cama, segurando o celular e apoiando os cotovelos nos joelhos, os ombros curvados, com raiva da mãe.  

  "Então nos vemos no almoço." Mandei e ele devolveu um rostinho triste. "Não. Sem tristeza."

  "Passo aí pela noite, mochi." 

  "Cuidado"

  A conversa terminou aí, eu deixei o celular de lado, e voltei para o meu ninho de papel, controlei minha curiosidade em perguntar oque ela havia dito, mas pela raiva dele suponho que seja melhor eu não saber. Li e grifei várias vezes na nova redação, fiz anotações em post-it's, isso me levou umas duas horas, para ler duas redações e separar suas estruturas. Era cansativo e tedioso, queria sair do quarto e ir até o quarto ao lado, deitar com ele, mesmo que para não fazer nada, mas ouvi-lo reclamar ou até ficar me irritando. Eu queria ele. E isso parecia tão errado antes, agora eu acho que só fico certo se estou com ele.

 

-X- 

 

  Quando chegou a hora do almoço, parei com as redações e fui tomar banho. Eu estava nervoso para vê-lo, certo que apenas algumas horas haviam se passado, mas eu queria qualquer sinal de que ele estava bem, qualquer meio sorriso me faria continuar o dia melhor. Não demoro muito naquele banho, só o suficiente, saio e me visto, tenho que parecer um pouco doente. Ainda me sinto um pouco mal, não como de manhã, mas mesmo assim estava me incomodando. Dando uma última olhada no espelho, noto que eu nunca me importei com aquele espelho, ele ficava colado ao guarda roupa, e eu só o usava para ver se o cabelo estava bagunçado, mas agora eu o olhava procurando me ver mesmo, minha aparência. O que você fez comigo Jungkook? 

  Desço as escadas tentando não mostrar interesse. A escada termina na sala, e na segunda porta à direita leva a sala de jantar, a primeira é a cozinha, o som da porta batendo hoje de manhã volta a minha mente. Dou passos largos até lá, a porta está se aproximando, estou nervoso, tomara que isso não esteja estampado no meu rosto. Paro diante ela, seguro a maçaneta e vou abrindo-a como faria em qualquer outro dia, os três estão na mesa. Tento não correr meus olhos para ele, então me sento na cadeira oposta à ele, assim olhá-lo não vai parecer proposital. A cadeira dela está vazia, minha madrasta está a poucos passos perto da janela, falando com alguém no celular, parece preocupada. Tentei ignora-lá, comecei a me servir, meu pai estava calado enquanto comia, normal, ele normalmente não falava mais que o necessário, em excessões para falar mal do Jungkook. Coloco meu prato na mesa novamente e consigo ver ele do outro lado, parece calmo e bem normal para quem subiu a escada com passos tão violentos. Ele não me olha, esta comendo como se estivesse perdido em pensamentos, também não devo cobrar isso, temos que ser mais discretos do que nunca. 

  -Está melhor? -quase salto com a voz do meu pai, ele não me olha, continua focado no seu prato. 

  -E-Estou. Estava estudando as redações para o concurso. -vejo Jungkook se mover diferente, como se estivesse prestando atenção agora. 

  -Avise quando for o dia do concurso, não sei se vou poder ir. 

  -Claro. -ele nunca ia para essas coisas, ele cobrava resultados, mas eu não podia cobrar sua presença ou ele ficava com raiva.

  Não disse mais nada, nem ele, nem eu, a mãe do Jungkook voltou para a mesa pouco depois, foi um almoço um pouco desconfortável, tudo muito quieto. A única coisa boa é que meu pai não notou, ele não sabia da conversa deles, não sabia de nada, isso era bom. Terminei de comer e levei meu prato para a cozinha, uma porta a mais ligava os dois cômodos, o pousei na pia e apoiei a base das minhas costas nela. Essa manhã está sendo desagradável, em um nível que me lembra momentos ruins, quando eu não conseguia nem falar de medo, minhas mãos tremiam e eu estava chorando quase a todo instante. Isso foi a dois anos atrás, mas a lembrança é tão real que minhas mãos começaram a tremer de novo. As enfio nos bolsos das calças, respiro fundo, tenho que parar de me lembrar disso, me faz mal.

  Enquanto tentava me acalmar, Jungkook abriu a porta e entrou com o prato vazio nas mãos, assim como eu fiz, ele sorri e caminha até mim, isso é perigoso, nossos pais estão na sala ao lado. Ele deixa o prato na pia, propositalmente me prendendo entre os seus braços. 

  -Jungkookie. -sussurro e ele se inclina mais, com um sorriso tentador. -Vamos lá para cima. 

  -Você sai primeiro, okay? -ele me beijou e eu me dirigi a porta principal, a que levava a sala.

  Eu subi as escadas, já estava no patamar para o primeiro andar, meu quarto está a poucos passos, mas o espero encostado na balaustrada, ele sai pouco depois pela porta da cozinha e me procura com o olhar, ele me ver ali em cima e sorri dando passadas mais abertas para chegar rápido. Já no penúltimo andar, eu corro para a paredinha entre nossos quartos e me encosto lá. Ele chega em pouco tempo e para de frente para mim.

  -Meu quarto, ou o seu? 

  -Pensei que fossemos ficar afastados enquanto eles estivessem aqui. -sussurrei, ele me puxou pela mão para a porta da direita, ou seja, o quarto dele. Entrei e o vi sair de novo, contar até dez e bater a minha porta. Claro, pareceria que havíamos entrado em nossos quartos, mas e se meu pai viesse falar comigo? Não importa do que seja, levei uma bronca nessa manhã, e se ele me pegar aqui vai ser muito pior. Meu braço ainda estava marcado. -Jungkook. -sussurrei puxando-o pela camisa para que me olhasse. -Eu gostaria muito de passar a tarde aqui, mas... 

  -É perigoso, eu sei. -ele suspira e me abraça. Sinto seu rosto afundar no meu pescoço, seus braços ao redor da minha cintura me prendendo a ele, também o enlacei, abraços e são tão simples e tão bons, quero ficar nesse para sempre. -Jiminie, eu não sei oque eu vou fazer se ficar sem você. -confidencia baixo. A respiração batendo na minha pele, me arrepiando. -Eles não podem te tirar de mim. 

  -Eles não vão fazer isso. -respondo passando a mão nas suas costas. -Não precisa se preocupar com essas coisas. 

  -Claro que preciso. -ele se afasta me segurando ainda. -Eu... eu... -Jungkook parecia nervoso, não me encarava nos olhos, apesar de me segurar firme contra si mesmo. -Yaegiya, minha mãe ameaçou me afastar de você se... ela descobrisse alguma coisa entre nós dois. 

  -Eu sei. -encosto o rosto de lado no peito dele, e o aperto nos meus braços, ouço as batidas aceleradas do coração dele. -Eu não vou deixar. 

  -Você? -ele levanta meu rosto e me beija. -O que meu mochi pode fazer? 

  -Eu posso ser mais do que você pensa, Jungkook. -sorrio e fico na ponta dos pés para ficar rosto a rosto com ele. -Quem sabe eu sou perigoso e você não sabe? 

  -Perigoso? -ele ri e passa as mãos pelas laterais do meu corpo. -Gostoso eu sei que é. Perigoso... 

  Faço uma careta e pulo, prendendo as pernas na cintura dele, Jungkook se desespera para me segurar enquanto eu fico rindo com o rosto no seu ombro.

  -Seu louco! -reclamou, e bateu na minha bunda, doeu um pouquinho, eu me agarrei mais a ele e o ouvi rir. -E se eu te deixasse cair? 

  -Você não ia. 

  Ele andou ainda me segurando até a cama e me deitou lá, ficando entre as minhas pernas. Toco seu rosto e passo os dedos nos lábios dele. 

  -Hum... Jungkookie... -sussurro e ele sorri. -Eu vou te proteger deles. 

  -Eu não quero você em problema por minha culpa. 

  Enfio as mãos debaixo da camisa dele para aquecer os dedos. Ele arrepia e fecha os olhos. 

  -Eu sei. -dou uma risada sem vontade e ele me  olha preocupado. -Acontece que... ele ja terminou oque poderia ser um relacionamento meu. Faz tempo. 

  -Você me disse que nunca...

  -Não. -desvio os dos olhos dele, sei que vou lacrimejar. -Nunca namorei, nem nada, mas já foi quase. Ele era meu vizinho, era de uma das melhores escolas então meu pai deixava que conversássemos. Eu gostava dele, de verdade, só não entendia, então um dia ele tentou me beijar, eu me afeastei, mas meu pai viu antes, ele bateu nele. -funguei, não gosto de lembrar daquele dia, chorei tanto no quarto, ouvindo ele gritar desaforos a ele, e depois o mandar para casa machucado. -Eu ouvi tudo sem poder fazer nada. Por isso eu fiquei magoado com você quando brigou com meu pai no museu, eu também não podia fazer nada. Só assistir no que aquilo ia dar. Acho que também é o motivo dele falar tão mal sobre o colega gay do trabalho, que eu nem sei se existe. 

  -Você falou com o seu vizinho depois disso? -ele pergunta acariciando meu rosto, já quase sentado sobre mim. Sei que está preocupado, consigo ver no seu rosto, mas sei que ele também está com raiva. 

  -Tentei, mas ele me ignorou e se afastou. Então mudamos de casa, foi em Busan ainda. Três, quatro anos atrás. -respiro fundo e mexo na sua camisa distraidamente. 

  -Tem medo que ele me bata? 

  -Não importa oque ele faça, eu tenho medo dele perto de você. Eu gostava muito do SangHun, eu me preocupei com ele. E infelizmente Jungkook, eu me importo com você como eu nunca me importei com ninguém na vida. Se ele tocar mais uma vez em você, que seja pouca, eu vou me meter nisso. -abaixei a voz com medo de me ouvirem demais. -Eu te amo, então eles não vão tocar em você enquanto eu ainda estiver aqui. Okay? 

  Ele parecia um pouco chocado, mas assentiu, piscando muito e com a boca levemente aberta. 

  -Okay.

 


Notas Finais


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