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História The Cursed Blood (O Sangue Amaldiçoado) - Perdida


Escrita por: DropCandy

Notas do Autor


Antes de tudo, pra não assustar quem ainda lembrava da estória, sim, eu exclui o capítulo anterior, não porque achei ruim ou algo do tipo, nem pq foi feito algum comentário negativo sobre ele, mas sim pq decidi q a estória iria tomar um rumo um pouco diferente. Do jeito que tava antes, eu "acelerei" um pouco demais as coisas pra chegar logo na parte que eu queria, então muita coisa acabou ficando detalhada demais, enquanto uma ou outra foi mal escrita e acabou ficando vaga demais.

Bom, mas espero que ainda assim gostem desse capítulo "atualizado", por assim dizer kkkk
Ah, e mais uma coisinha, as imagens de começo do capítulo, vcs têm alguma preferência por elas, ou tanto faz? Pq to sem o editor xD e não sei o quanto gostam ou não de ter capítulos com aquelas imagens no começo kkkk

Mas enfim, boa leitura <3

Capítulo 22 - Perdida


[Micaela]  

  

  

  

“Eldarya”. 

 O nome ressoou em minha memória.  

-Eldarya. - Pronunciei baixinho; sentia já ter escutado aquele nome antes.  

  Amanda sorriu, e depois de tudo o que houve aquilo deveria significar algo ruim.  

  -Me leve de volta pra casa. - Tentei soar autoritária, mas assim que pronunciei as palavras sabia que não era eu no comando ali. Amanda sabia o que estava acontecendo; ela havia me causando tudo aquilo. Já eu sabia apenas que estava assustada e, literalmente, perdida.  

  -Já está em casa. - Foi a única resposta que recebi, servindo apenas para me deixar mais conturbada.  

  -Escuta. - Senti que iria desabar. Surtar. Gritar e chorar. - Eu não sei o que está havendo, nem o que te fiz pra... - Funguei, olhando ao redor. A  paisagem seria linda e de tirar o fôlego se a situação fosse outra. - Pra você fazer o que fez comigo lá na rua. Mas...  

Mas o que? O que exatamente Amanda tinha feito comigo?    

Mordi o lábio. Precisava de um tempo (de muito tempo) pra absorver tudo aquilo. 

Balançando a cabeça passei por Amanda; suspeitava que a forma dela não fosse de matéria física, mas naturalmente desviei de seu corpo e penetrei na mata fechada, precisando caminhar somente alguns minutos até que não escutasse mais o som do mar na praia.  

As folhas em decomposição aos meus pés eram macias, e apesar de parecerem secas não faziam o barulho de estalar sob o caminhar, então tudo o que me restava eram meus pensamentos conturbados e dor latejante do ferimento em seu braço.  

  
 

Encostei-me em uma árvore de troncos torcidos e textura quase felpuda; há quanto tempo andava? O Sol daquele mundo não parecia ter se movido. Só se passaram poucos minutos? Mas eu já arfava como se estivesse caminhando há horas.  

Aproveitei a pausa para examinar o ferimento. A pele em volta já se tornara arroxeada, e o sangue seco grudara na pele exposta. Se algum dia conseguisse cuidar daquilo devidamente, sabia que iria dor horrores. Tinha a impressão de que naquele lugar não existiriam anestésicos como o...  

Como era o nome?  

Tinha certeza de que já tinha usado aquilo muitas vezes nas aulas de enfermagem. Ou teriam sido nas aulas de medicina?

Na verdade, eu  já havia feito faculdade? O que eu fazia da vida antes de ir para ali?  

-Ai meu Deus... - murmurei com a voz trêmula, colocando as mãos na cabeça.    

Meu nome era Micaela, felizmente isso ainda estava bem claro. Mas qual meu  sobrenome?    

“Drakoenne”.    

Sentei-me encolhida na base da árvore. Não conhecia aquele nome que ressoava perdido nas memórias tumultuosas.  

“Drakoenne”. 

Entretanto, a sensação de familiaridade ao repeti-lo para mim mesma era inegável.  

“Micaela Drakoenne”.  

  

  

  

      

[Nevra]  

    

Usar minhas roupas normais era centenas de vezes melhor do que aquilo que era obrigado a “dar aulas” no mundo humano. Como os humanos se moviam com tanto tecido apertando as articulações?  

  E apesar de ter passado quase um ano fora daquele lugar, a correria e problemas para resolver me assolaram com tanta força assim que cheguei, que a viagem ao mundo humano é o que parecia ter ocorrido em outro vida. Nem sequer tivemos tempo de passar na enfermaria.  

-... nada nas Terras do Leste, nem no Templo FengHuang ou nas áreas próximas. Só nos resta esperar notícias das tropas que estão na Ilha dos Kappas, se voltarem de lá também sem notícias, todos os esforços e sacrifício de recursos pra irmos atrás da Herdeira...   

  -Foram em vão. - Ezarel cortou Miiko e um silêncio melancólico pesou na sala. Acreditava eu que boa parte daquele pesar era mais pelos gastos do que pela provável morte de Micaela.  E aquilo me deixava mais irritado do que poderia admitir. Tinha que ter outro jeito de resolver essa situação sem que envolvesse repetir o passado.  

Olhei de lado para o chefe da Absinto. Qualquer um ali o veria com o semblante sério focado apenas na missão e nas prováveis consequências. Mas eu sabia bem aonde a mente daquele elfo estava.    

O cutuquei com o cotovelo,sussurrando logo em seguida. - Ela está bem. É mais durona do que parece.  

Achei que ele fosse me ignorar ou dar um jeito de transformar aquilo em piada, mas a resposta foi um tanto inesperada. - Aquilo vai infeccionar. Ela vai morrer. Vai ser nossa culpa. Minha culpa.    

Fechei os olhos. Esse detalhe me tinha escapado.    

A bruxa a feriu.  

Amanda a feriu.

Olhei para baixo, encarando o piso lustroso da sala do cristal. Permitindo a mim mesmo mais alguns minutos de devaneios no meio da reunião.

Eu nunca havia encontrado aquele rosto antes, mas assim que a vi correndo naquela escola humana... Era mais do que desejo, beirava a necessidade. Parecia com saudade.  

  Eu literalmente sentia falta de Amanda. 

  

  

  

[Micaela] 

  

    O corte já estava queimando há um tempo, me deixando febril e suando frio. O inchaço fez meu braço parecer duas vezes maior e desproporcional. E doía como nada que eu sentira antes. 

-Se está esperando um pedido de desculpas preciso te avisar que não vai receber um. - Amanda estava encostada na mesma árvore que eu, os braços cruzados e o olhar fixo no nada mas ao mesmo tempo eu sabia que estava alerta a tudo.

-Por que...? - a garganta seca não tornava mais fácil a situação; percebi o aumento das sombras sobre mim, indicando o pôr-do-sol. Sabia que deveria temer a escuridão da noite naquela terra desconhecida. Precisava achar abrigo, mas sentia-me tão desamparada e dolorida que talvez cair de vez nas trevas e não precisar lidar com aquilo fosse uma escolha mais satisfatória. 

-Eu só estava com raiva de você, achei que te matar resolveria tudo. Mas sou covarde, e ainda te vejo como minha irmã. - Amanda chutou uma pedrinha para longe de si, fazendo-a quicar pela folhagem macia. Não entendia o que ela queria me dizer com aquilo. Deveria ser as desculpas que disse que não me daria? Ou talvez fosse só uma tentativa de aliviar a própria consciência, isso se tivesse uma.

-Raiva ... De mim? - queria rir daquela situação, mas a tentativa me fez sentir que minha consciência se esvairia se fizesse outro esforço além de respirar. 

Era eu quem deveria sentir raiva de Amanda.

Sabia que ela me causara algum mal no passado, não me lembrava exatamente o que era, mas guardava o rancor ainda preso no coração. - Eu... Perdoei você, mas... - um gemido escapou e preferi deixar a discussão pra lá. 

Queria minha mãe, um médico, uma maca de hospital e um sermão por ter sido irresponsável em sair sozinha durante a noite. 

Queria qualquer coisa, menos estar ali. 

Não entendia o que Amanda dizia, e estava fraca demais para questionar. Sentia fome e dor junto do medo e angústia. Já se sentira mal muitas vezes durante a vida, mas nada se comparava com aquilo.

"Ainda te vejo como minha irmã".  Que tipo de brincadeira de mal gosto era aquela?

  

"-Não corre, Amanda! Mammãe disse que... 

-Larga de ser careta! Não me diga que tem medo de fazer um arranhãozinho de nada na perna? Credo, Mica. E ainda dizem que vc é minha irmã mais velha. 

-São só dez segundos! E... Ei! Se ela te pegar mexendo nisso...

    

Resmunguei. O que era aquela lembrança serpenteando na minha mente já conturbada?

E como eu poderia saber que era uma memória? Era mais provável ser um delírio provocado graças as palavras de Amanda; o trauma, a fome, a sede e a dor finalmente começavam a cobrar o preço em meu corpo.

  

    

  Horas haviam se passado, e tudo o que restava era escuridão. Amanda já não estava mais por perto, e me se sentia melhor assim. Não exatamente melhor, mas no mínimo menos irritada. 

O céu parecia estar bem estrelado, mas as folhas grandes da copa bloqueavam  metade da  visão. Não que isso fizesse diferença, minha consciência já estava cedendo e não acho que conseguiria lutar contra o desmaio; mesmo se quisesse, minhas forças estavam sendo focadas em não gritar de dor pelo ferimento quase enegrecido em meu braço. 

Comecei a contar minha respiração entrecortada, me perguntando quantas ainda daria antes de chegar na última. Os olhos pesaram demais e deixei que se fechassem, sabendo que era questão de instantes até perder noção do que acontecia ao meu redor.

  

 

 

[...]

 

E poucos segundos depois ela era só um corpo febril largado ao pé de uma árvore, alheia aos guardas de armaduras exóticas e armas variadas gritando por seu nome a pleno pulmões, vasculhando praias e matas, interrogando kappas ou qualquer outra criatura capaz de formar frases coerentes. 

Eram guardas bem treinados carregando nas vestimentas o símbolo a qual serviam. E já estavam prontos para classificar a missão como falha quando, nos primeiros raios de sol do dia seguinte, uma mulher da última equipe de buscas volta com o corpo inerte e pálido da Herdeira nos braços. 


Notas Finais


Espero que tenham gostado ^^
como eu disse, enferrujei muito kkkk então críticas construtivas são mais do que bem vindas ^^/
Não deixem de dizer no comentário se gostaram, gosto de receber o feedback de vcs <3
Bjinhos, e até o próximo ^^


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