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História The Cursed Blood (O Sangue Amaldiçoado) - Confiança...?


Escrita por: DropCandy

Capítulo 3 - Confiança...?


Fanfic / Fanfiction The Cursed Blood (O Sangue Amaldiçoado) - Confiança...?

[Micaela]


           O dia seguinte prosseguiu como sempre: monótono e estressante, com os professores passando cada vez mais matéria devido aos vestibulares que prestaríamos no final do ano, e chegou o ponto de eu não dar mais conta de tanta tarefa.

–...Micaela!

Olhei sobressaltada para a direção do professor, percebendo então que ele estava me fazendo alguma pergunta enquanto eu divagava sobre a vida.

Senti todos os olhares sobre mim e minhas bochechas coraram.

–Er... Desculpe, poderia repetir? – falei baixinho tentando manter o corpo reto na cadeira, mas senti que na verdade o estava encolhendo.

Ele bufou e balançou a cabeça, me ignorando completamente. E lá ia mais um ponto negativo na média por não estar prestando atenção na aula.


 

O sinal do intervalo tocou e corri para a sala dos professores; precisava entregar um trabalho de história (atrasado, mas estava valendo) antes que a professora fosse embora. Foi quando me esbarrei nele.

De novo.

Não sei da onde Ezarel surgiu, só sei que fui reparar que era ele quando estávamos os dois no chão, ele praguejando e eu procurando pelo meu trabalho enquanto ignorava os risos de alguns ao redor.

–Qual é o seu problema? – ele perguntou já de pé acima de mim quando finalmente uma menina da outra turma entregou o trabalho que fora parar debaixo do banco.

Agradeci á ela e olhei para cima.

–Não era eu quem deveria perguntar isso?

Ele revirou os olhos e me encarou ainda sentada no chão.

–O que foi? Não está esperando que eu te estenda a mão, né?

Corei; na verdade, era o mínimo de gentileza que eu esperava dele.

–Claro que não – falei entredentes me levantando e limpando a sujeira da calça.

–O que é isso? – e arrancou o trabalho de minhas mãos antes que eu me voltasse para ele.

–Devolve! – quase grite e tentei arrancar dele, mas ele me deu as costas e com uma das mãos me segurou longe enquanto passava os olhos pelo texto.

–Por favor, não entregue isso. Está ofendendo a história. – ele falou e deu alguns passos para trás.

–Cala a boca – murmurei e tentei pegar dele de volta, que estendeu o braço para mais longe de mim enquanto me segurava distante com o outro.

Ele riu e balançou a cabeça.

–É sério, tenho que entregar HOJE! – tentei puxar dele e ele só se afastou de mim outra vez, se esbarando em algumas meninas que passavam.

–Me desculpe – ele se esqueceu de mim e virou para elas, preocupado – não machuquei vocês, certo?

Aquilo me ofendeu profundamente, e antes que alguma delas respondesse eu pisei no pé dele e puxei meu trabalho, o amassando todo, mas isso nem me importou no momento, o que me importava era fazê-lo parar de rir daquele jeito para mim.

–Se você tem algum problema comigo, vá até a direção reclamar – falei apontando o dedo para ele, sem me importar com o grupinho que havia parado -, mas até lá...

–Micaela! – alguém me chama e me segura pelo pulso enquanto avançava para Ezarel. Na hora eu não havia percebido que era o professor coordenador da minha sala, então eu apenas o empurrei para trás e avancei para Ezarel, sem saber ao certo se eu teria coragem para bater nele ou não, e SE conseguiria fazer isso.

Parei a centímetros dele quando ouço o som de algo pesado e metálico caindo no chão, junto do gemido abafado de alguém, e na hora toda a raiva esvaiu-se de mim e eu fechei os olhos abaixando a cabeça.

Ezarel se inclinou para mim e riu baixinho.

–Acho que você assassinou nosso querido professor.

O empurrei para trás e vire-me para o professor, jogado no chão debaixo da escada que estavam usando para pintar a parte alta da parede.

Os alunos começaram a se reunir em volta e olharam embasbacados ora para mim ora para aquele homem, começando a inventar estórias absurdas e distorcidas sobre o que tinha acontecido. Como sempre faziam.

As monitoras chegaram no local gritando e perguntando o que estava acontecendo, enquanto outras ligavam afobadas para a emergência e tentavam fazer o professor manifestar consciência.

Vire-me para o garoto de cabelos azuis que tinha um sorriso nos lábios.

–Ezarel... – murmurei sentindo o sangue gelar quando ouvi alguém mencionar meu nome ao contar o que havia acontecido.

Ele olhou para mim e abriu ainda mais o sorriso; que mesmo sendo de zombação para comigo, ainda era encantador. Argh, o que eu estava pensando?

–O que? – ele perguntou como se não soubesse de nada.

O encarei por um tempo, perdida em seus olhos, até que senti os meus lacrimejarem e de repente fui tomada por uma vontade de ser consolada por ele. Mesmo sem saber quem ele era; mesmo ele fazendo aquilo tudo comigo.

Balancei a cabeça para tentar concentra-la no meu problema de agora.

–Deixa pra lá.

Virei-me para a inspetora furiosa atrás de mim, sem esperar pelo comentário de Ezarel, e deixei que me puxasse com força para a direção.

Por questão de orgulho não baixei a cabeça para todos aqueles alunos que me olhavam enquanto passava, e fuzilei com o olhar os que riam baixinho entre os amigos.

 

 

 “- fala que foi a Micaela. A diretora não gosta dela, mas gosta de você. Tenho certeza de que ela acreditaria em você.

Não me viram escutando isso dentro de um dos banheiros, enquanto Amanda, a que então era minha última amiga, chorava com medo da punição que iria levar por ter atirado uma bolinha de papel no professor.

Elas saíram do lugar, e fiquei parada onde estava, tentando convencer a mim mesma que ela não faria aquilo. Uma amiga não faria aquele tipo de coisa.

Uma aula depois, eu estava com a diretora e meus pais discutindo na sala de reuniões, Amanda de cabeça baixa num canto sem olhar para mim.

Eu iria levar a culpa; para ser sincera, eu não ligaria, dois dias de suspensão me fariam bem na verdade, meu medo era de levar aquilo sozinha. De ter que passar por essa vergonha sozinha.

Eu aceitaria levar a culpa JUNTO dela se ela tivesse me pedido, ela sabia disso, eu fazia tudo pra manter a amizade. Mas em vez disso...” 

 

Pisquei com força algumas vezes tentando afastar aquilo da mente, precisava me concentrar em amenizar meu castigo. Mas mesmo assim o coração pesou por eu ter que passar por esse tipo de situação de novo. Sozinha.

Quase fui jogada na sala da diretora que conversava freneticamente com uma das mulheres que fora lhe comunicar o ocorrido.

–Sente-se. – ela ordenou assim que entrei sem nem me olhar, ainda ouvindo o relato que a mulher lhe fazia em voz baixa.

Suspirei e me deixei cair na cadeira em frente á sua mesa, encarando o piso escuro, me sentindo algum tipo de prisioneira.

–Muito bem Micaela – ela começou se sentando em seu lugar a minha frente e separando uns papéis, que eu rezava em silêncio para não ser de expulsão -, já sei que você não tem uma relação muito boa com Rogério, especialmente as notas – corei, queria ver ela dizer isso para mim ANTES de tudo ter começado -, mas jogá-lo em cima da escada da reforma... Não acha que foi demais?

Encarei-a confusa por um tempo. Sério que foi aquela a estória que contaram? Tão simples assim?

Bufei; provavelmente metade da escola acreditava naquilo depois do que viu, então não adiantaria tentar contar outra coisa. Além do mais, se eu falasse o contexto real, Ezarel seria um tanto culpado também, e eu sabia como era horrível ser entregue aos leões por alguém.

–Sinto muito – foi só o que murmurei, sabendo que ela não sentiria pena de mim não importando a cena que fizesse.

Ela começou a assinar um dos papéis. Bom, até que fora rápida a “conversa”.

–Francamente, você é uma das alunas mais quietas que já vi, como teve coragem de fazer algo assim?

Revirei os olhos sem que ela percebesse. Só queria ir embora e ficar na cama até as coisas melhorarem sozinhas.

–Infelizmente terei de convocar seus pais e... – ela grampeava alguns papéis, com mais força do que a necessária, e ia estendê-los para mim quando abrem a porta e Ezarel entra, com cara de poucos amigos. – Estamos em reunião, por favor, venha em outra hora... – outra inspetora entra e a interrompe.

–Esse garoto contou uma versão um pouco diferente da situação; parece que ele teve culpa disso também. – e saiu batendo a porta, me fazendo dar um leve pulo na cadeira, o estômago uma pedra de gelo, mas sentindo-me muito mais leve.

Ameacei dar um sorriso sem saber ao certo qual era a graça quando ele veio se sentar ao meu lado.

–Não ria, antes que eu mude de ideia. - ele murmurou para que só eu ouvisse quando a diretora passou a pegar mais uma ficha.

–Muito bem, agora me contem o que realmente levou Rogério para o hospital agora há pouco.

Engoli em seco, pela primeira vez confiante para me defender, olhando extremamente agradecida para ele.


Notas Finais


<3


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