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História The Cursed Blood (O Sangue Amaldiçoado) - Perto Demais...


Escrita por: DropCandy

Notas do Autor


^^

Capítulo 4 - Perto Demais...


Fanfic / Fanfiction The Cursed Blood (O Sangue Amaldiçoado) - Perto Demais...

[Mykaela]

 

Fiquei em silêncio enquanto Ezarel falava, contando os detalhes desde sua brincadeira estúpida com meu trabalho até o ponto em que ele me tirou do sério, que foi quando o desafortunado professor se intrometeu.

A diretora nos encarou por um tempo, sem saber muito como agir agora, e ficou ainda mais perdida depois que recebeu um telefonema falando que Rogério estava bem, que não sofrera nada muito grave.

Ela suspirou aliviada, mas o alívio maior era meu.

–Bom... Acho que... Talvez chamar seus pais e... Discutir esse problema de vocês e talvez... – ela apoiou os cotovelos na mesa e nos encarou – Vocês são bons alunos, nunca deram problemas, então não posso suspendê-los de primeira.

Ezarel sorriu vitorioso e cruzando os braços, se recostando na cadeira.

–Mas não posso deixar isso passar. Talvez terminar a pintura do pátio seja um bom castigo pra vocês.

O sorriso do garoto desapareceu aos poucos, mas o meu cresceu timidamente. Pintura nunca seria castigo para mim.

Ezarel abriu a boca para protestar e a diretora o silenciou com um gesto.

–Depois das aulas, estejam no pátio. Sem “mas”.

Levantou-se e abriu a porta, nos mandando sair, coisa que fiz com prazer; algum passos depois parei para esperar por Ezarel e perguntar o que o levou a assumir aquilo, mas o olhar que ele me lançou quando passou por mim deixou bem claro que ele não queria conversa.

 

–Ainda não acredito que vou ter que fazer isso – ele reclamou assim que cheguei ao pátio depois do almoço; o chão forrado por lonas azuis, as latas de tintas, pincéis e rolos já nos aguardando espalhados pelo lugar.

Passei quase saltitando por ele, tomada por um bom humor que não parecia ser meu, vesti logo um avental e separei os pincéis, estendendo um para ele.

–Não fique assim, vai acabar mais rápido do que pensa. – sorri para ele que me olhou cauteloso, como se eu o estivesse ameaçando; pegou o objeto de minhas mãos bufando e foi para uma das paredes.

–Eu cuido dessas, você se vira com as outras duas. – ele começou a separar seu material e eu cocei a nuca, nervosa, olhando de relance para a escada que teríamos de usar para pintar as partes altas.

–Então. – comecei a falar, rindo sem graça, e ele se voltou para mim de braços cruzados – que tal você pintar a parte alta de todas, e eu cuido do resto?

Ele ergueu uma sobrancelha, abrindo o sorriso que precede alguma zombação.

–Que foi? Não me vá dizer que tem medo de altura.

Desviei rapidamente o olhar, corando, e ele entendeu o recado.

–Francamente – suspirou – É só tomar cuidado, garanto que mesmo que caia você não vai morrer– ele riu brevemente.

–Mas... – comecei a protestar e ele já estava colocando uma das latas de tinta em minhas mãos.

–Vamos apenas terminar logo com isso.

O fuzilei com o olhar enquanto me dava as costas e fui para uma das paredes, mordendo o lábio só de imaginar ter que subir algo tão alto depois.

Xinguei Ezarel mentalmente por não levar nada a sério e comecei meu trabalho.

 

Já era fim de tarde quando tomei coragem para armar a escada, a subindo com o estômago revirando, o chão parecendo bem mais distante do que realmente estava. Mas chegou uma hora que desisti, apoiei a lata num dos degraus e parei; o coração parecendo estar preso na garganta.

–Falta muito pra você terminar? – Ezarel perguntou se apoiando na base da escada, um gesto até que natural, não fosse o fato de ela ter oscilado e isso me gelou o corpo inteiro.

–Seu idiota! - gritei sem pensar – Nem pense em fazer isso outra vez!

Depois que fechei a boca consegui imaginar o sorriso maldoso que ele sem dúvida havia dado antes de perguntar:

–Isso o que?

Nem me atrevi a olhar para baixo, só senti quando ela tremeu outra vez e eu gemi baixinho, me agarrando com força ao metal.

–Ezarel, é sério, pare com isso – falei entredentes, criando coragem para começar a descer, mas mal coloquei o pé no degrau de baixo e ela tremeu outra vez. – EZAREL!

Ele riu.

–Ora, não estou fazendo nada!

Atrevi-me a olhar para ele, pensando em atirar o pincel em sua cabeça para que saísse dali, e nessa hora senti tudo girar e, com a sensação de que iria cair, agarrei-me com força exagerada á escada, que balançou e ameaçou ceder se Ezarel não a tivesse segurado, mas isso acabou me fazendo escorregar do degrau em que estava sentada e ir de encontro ao chão, gritando.

E tudo que senti foi algo macio e um “humpft!” abafado soou abaixo de mim, junto do barulho da lata de tinta caindo em algum lugar ao meu lado, respingos do material me acertando o rosto.

Ergui meu tórax um tanto trêmula, e a primeira coisa que percebi foi corpo de Ezarel embaixo do meu.

Corei com aquela proximidade.

Abri a boca pra dizer algo, mas nada saiu, e nessa hora ele me fuzilou com o olhar, apoiando-se nos cotovelos com um gemido, deixando o rosto á centímetros do meu, fazendo meu rubor aumentar ainda mais.

–Tem que parar de me usar como amortecedor, você não é tão leve quanto pensa. – embora fosse claramente uma ofensa, eu levei um tempo consideravelmente grande para computar suas palavras, a luz do sol de fim de tarde refletida em seus olhos faziam suas íris parecerem algum tipo de pedra preciosa, e aquela beleza me manteve, inclinada sobre seu peito, os braços no chão ao lado de sua cabeça, a respiração se misturando com a minha.

Ele apoiou uma mão na lateral de minha cintura e me empurrou de leve para trás, para que pudesse se sentar; os olhos presos no meu. Começou a me puxar para mais perto pela cintura, e eu, desnorteada e com o coração descontrolado com aquela situação, não mostrei resistência nenhuma, nem quando seus lábios ficaram a centímetros do meu e sua mão acariciou o lado direito de meu rosto.

–Você conseguiu se sujar que nem uma criança – ele murmurou tão perto que tive a sensação de sua boca ter roçado na minha enquanto falava.

Ele levantou-se repentinamente limpando a mão com a tinta de meu rosto na calça e me dando as costas, tão rápido que mal consegui acompanhar seus movimentos.

Levei alguns instantes para fazer o coração parar de bater loucamente no peito e a respiração voltar a se equilibrar, mas o calor em meu rosto onde ele tocou não parecia querer diminuir tão cedo. Coloquei-me de pé virando na direção oposta à dele para que não percebesse o quanto havia mexido comigo e comecei a pegar as coisas do chão.

–Mikaela... – ele chamou de costas para mim e nem me virei, esperei que ele continuasse – Pode ir embora, eu termino o resto.

Não pensei duas vezes, na verdade, nem sequer parei para pensar, apenas peguei minhas coisas e sai dali, mas claro que, involuntariamente, acabei espiando por cima do ombro, o flagrando de cabeça baixa, perdido em pensamentos.

 

[Ezarel]


             O que é que eu estava fazendo? Ou melhor, o que é que eu IA fazer?

Quando percebi que ela tinha ido embora, fui até um lado do pátio e voltei; inquieto.

Quando caiu em cima de mim, outra vez, já estava pronto para começar a discutir, mas ao ver aqueles olhos fixos nos meus... E o corpo tão perto...

O coração voltou a pular com a lembrança do calor dela e parei onde estava; jogando o cabelo pra trás, me sentindo irritado com aquilo tudo. Especialmente com o modo como meu rosto queimava.

–Nem um mês na cidade, e já está em cima da vizinha – Nevra falou praticamente surgindo á minhas costas, me sobressaltando.

Praguejei evitando virar o rosto para que ele não visse como estava vermelho.

–Não estava em cima de ninguém; não começa. – falei entredentes e comecei a pegar meu material, deixando a bagunça de pintura para lá. A diretora que resolvesse depois como arrumar aquilo.

–Tem razão, você estava embaixo dela, na verdade – ele riu e começou a me acompanhar contra minha vontade.

Segundos após sua companhia indesejada voltei-me para ele.

–O que quer aqui?

Ele sorriu de lado e se apoiou na parede do corredor, como se tivéssemos parado para uma conversa casual, o que irritou ainda mais. Tudo que precisava era ir pra casa e tirar aquela cena da cabeça.

–Nada de mais; só Miiko que ligou várias vezes procurando por você.

Na hora todo aquele calor da menina que ainda residia em mim se esvaiu, e fui tomado por um gelo que me revirou o estômago.

–O que ela queria? – perguntei cerrando o punho. Rezava para que as coisas não tivessem piorado por lá enquanto perdíamos tempo ali atrás de uma suposta lenda.

Nevra deu de ombros, indiferente, como se nada daquilo o incomodasse.

–Você sabe bem o que é. Precisamos achar a Herdeira logo; as coisas por lá não estão fáceis sem os chefes das Guardas. – ele me deu um soco de leve no ombro e imediatamente lhe dei as costas.

–Hey, Ezarel – Nevra chamou e parei no meio do caminho, sem me preocupar em olhá-lo – Quanto á garota...

–Não te devo explicações de nada - o cortei, sentindo o desconforto voltar quando lembrei aquela cena – Mas, se isso te acalma, não tenho o menor interesse nela.


Notas Finais


<3


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